Baixe Aplicações do estudo das derivadas e outras Notas de estudo em PDF para Cálculo Diferencial e Integral, somente na Docsity! 1 Aplicações do estudo das derivadas Máximos e mínimos de uma função Definição 6.1. Dada a função :f I → , um ponto Ix ∈0 é chamado de )(i ponto de máximo global (relativo) da função quando 0( ) ( )f x f x≥ para todo x I∈ ; )(ii ponto de mínimo global (relativo) da função quando 0( ) ( )f x f x≤ para todo x I∈ . O valor 0( )f x é chamado de máximo ou mínimo relativo (ou local) de f e ( )0 0, ( )x f x são as coordenadas do ponto de máximo ou mínimo relativo (ou local) de f . Os máximos e mínimos de uma função são também chamados de extremos relativos. Definição 6.2. Dada a função ( )f x , um ponto 0x onde f é derivável em 0x e 0'( ) 0f x = ou f não é derivável em 0x é chamado de ponto crítico da função f . Exemplo 6.1. Seja a função 3 2( ) 3f x x x= − , x∈ . Determinar os pontos críticos de f . Resolução: Sabemos que 3 2( ) 3f x x x= − é uma função polinomial derivável em todo x∈ . Calculando '( )f x temos ( )2'( ) 3 6 3 2f x x x x x= − = − Agora '( ) 0f x = implica em 23 6 0x x− = , ou seja, 0x = e 2x = são os pontos críticos da função 3 2( ) 3f x x x= − . Exemplo 6.2. Determinar o ponto crítico da função 2 3( ) ( 1)f x x= − , x∈ . Resolução: Calculando '( )f x , temos ( ) ( ) ( ) 2 11 3 3 1 3 2 2 2 1'( ) 1 1 3 3 3 1 f x x x x − −= − = − = ⋅ − , ou, 2 ( ) 1 3 2 1'( ) 3 1 f x x = ⋅ − . A função dada não derivável em 1x = , isto é, não existe '(1)f . Nesse caso, 1x = é o único ponto crítico de f . Exemplo 6.3. Calcular os pontos críticos da função 3 2( ) 1f x x x x= + − + no intervalo 1 2[ 2, ]− . Resolução: Inicialmente temos se 3 2( ) 1f x x x x= + − + então 2'( ) 3 2 1f x x x= + − . Fazendo (́ ) 0f x = , vem 23 2 1 0x x+ − = . Resolvendo a equação pela fórmula de Bháskara encontramos as raízes 1x = − e 1 3 x = . Portanto, 1x = − e 1 3 x = são os pontos críticos de 3 2( ) 1f x x x x= + − + em 12[ 2, ]− . Definição 6.3. Seja f uma função derivável em 0x . Se f tem um máximo ou mínimo relativo (ou local) em 0x , então 0(́ ) 0f x = . Por exemplo, a função 2( )f x x= , para ( 1, 1)x∈ − , tem derivada '( ) 2f x x= . Em 0x = , a função tem um mínimo relativo e '(0) 0f = . Definição: Dizemos que a função :f I → , f é crescente no intervalo I quando dados Ixx ∈21 , , quaisquer, com 1 2x x< , tem-se 1 2( ) ( )f x f x< e f é decrescente no intervalo I quando dados 1 2, x x I∈ , quaisquer, com 1 2x x< , tem-se 1 2( ) ( )f x f x> . O teorema a seguir estabelece um critério para determinar onde uma função f é crescente ou decrescente. Teorema 6.1. Seja ( )f x uma função derivável no intervalo ( , )a b , então (a) Se '( ) 0f x = em ( , )a b , então )(xf é constante em ( , )a b ; (b) Se '( ) 0f x > em ( , )a b , então )(xf é crescente em ( , )a b ; (c) Se '( ) 0f x < em ( , )a b , então )(xf é decrescente em ( , )a b . Exemplo 6.4. Seja 2( )f x x= . Determinar os intervalos onde f é crescente e decrescente. Resolução: Temos 2( )f x x= e '( ) 2f x x= . 5 Analisando para 0x = , vem 2(0) 12 0 8 0 8 8 0f ′′ = ⋅ + ⋅ − = − < , assim 0x = é um ponto de máximo relativo da função f e seu valor no ponto 0x = é 4 3 24(0) 0 0 4 0 0 3 f = + ⋅ − ⋅ = ou (0) 0f = . Analisando para 1x = , vem 2(1) 12 1 8 1 8 12 0f ′′ = ⋅ + ⋅ − = > , assim 1x = é um ponto de mínimo relativo da função f e seu valor no ponto é 4 3 24 4 8(1) 1 1 4 1 1 4 3 3 3 f = + ⋅ − ⋅ = + − = − ou 8(1) 3 f = − . Finalmente analisando para 2x = − , vem 2( 2) 12 ( 2) 8 ( 2) 8f ′′ − = ⋅ − + ⋅ − − 12 4 16 8 24 0= ⋅ − − = > . Assim 2x = − é um ponto de mínimo relativo da função f e seu valor no ponto é 4 3 24 4 32( 2) ( 2) ( 2) 4 ( 2) 16 ( 8) 4 4 3 3 3 f − = − + ⋅ − − ⋅ − = + ⋅ − − ⋅ = − , ou seja, 32( 2) 3 f − = − . Portanto, 0x = é um ponto de máximo relativo da função f , 1x = é um ponto de mínimo relativo da função f e 2x = − é um ponto de mínimo relativo da função f . Veja a figura abaixo Figura 6.2 Exemplo 6.8. Encontrar os extremos relativos da função 3 2( ) 6 9 1f x x x x= − + + usando o critério da segunda derivada. Resolução: Temos, 3 2( ) 6 9 1f x x x x= − + + então 2( ) 3 12 9f x x x′ = − + e ( ) 6 12f x x′′ = − . 6 Agora, para calcular os pontos críticos de f é só igualar '( )f x a zero, ou seja, ( ) 0f x′ = , isto é, 23 12 9 0x x− + = fatorando vem 3( 3)( 1) 0x x− − = . A partir desta fatoração fica claro que '( )f x será zero se, e somente 1x = e 3x = . Logo, 1x = e 3x = são pontos críticos de f . Vamos determinar agora os extremos relativos de f . Para 1x = , temos (1) 6 1 12 6 0f ′′ = ⋅ − = − < , logo 1x = é um ponto de máximo relativo da função f . Para 3x = , temos (3) 6 3 12 6 0f ′′ = ⋅ − = > , logo 3x = é um ponto de mínimo relativo da função f . Portanto, 0x = é um ponto de máximo relativo da função f e 3x = é um ponto de mínimo relativo da função f . Veja a figura abaixo: Figura 6.3 Concavidade e pontos de inflexão Definição 6.5. Seja :f I → uma função contínua no intervalo I e derivável em Ix ∈0 . Diz-se que o gráfico da )(xf tem concavidade positiva (negativa) em 0x quando existe uma vizinhança V deste ponto, isto é, um intervalo aberto contido no intervalo I e que contém 0x , tal que para todo Vx∈ o gráfico da função está acima (abaixo) da reta tangente ao ponto da curva com abcissa 0x . Um critério para se determinar a concavidade de uma função é dado pelo seguinte teorema: 7 Teorema 6.2. Seja f uma função derivável até segunda ordem no intervalo I e suponha que em Ix ∈0 , 0( ) 0f x′′ ≠ . Nesse caso, )(i se 0( ) 0f x′′ > , o gráfico da f tem concavidade positiva em 0x ; e )(ii se 0( ) 0f x′′ < , o gráfico da f tem concavidade negativa em 0x . Definição 6.6. Um ponto do domínio de uma função f , no qual f é contínua, é chamado de ponto de inflexão quando neste ponto a função muda de concavidade. Exemplo 6.9. Analisar a concavidade das funções a) 2( ) 3 2 1f x x x= − + , x∈ ; b) 3( ) 3 6f x x x= − + , x∈ . Resolução. a) Temos que ( ) 6 2f x x′ = − e ( ) 6 0f x′′ = > , x∀ . A função tem concavidade para cima em todo o seu domínio. b) 2( ) 3 3f x x′ = − e ( ) 6 0f x x′′ = > quando 0x > e ( ) 0f x′′ < quando 0x < . Portanto, a função é côncava para cima em (0, )∞ e côncava para baixo em ( , 0)−∞ . A função muda de concavidade em 0x = , então este é um ponto de inflexão. Teorema 6.3. Seja f uma função derivável até segunda ordem num intervalo I e suponha que Ix ∈0 é a abcissa de um ponto de inflexão do gráfico da f. Então, 0( ) 0f x′′ = . Observação: O teorema acima dá uma condição necessária porém não suficiente para que 0x seja um ponto de inflexão da f . Não basta que 0( ) 0f x′′ = em algum 0x para que em 0x ocorra um ponto de inflexão. Exemplo disso é o seguinte. Exemplo 6.10. A função 4( )f x x= , [ 1, 1]x∈ − , cujo gráfico é mostrado abaixo, tem 3(́ ) 4f x x= e 2´́ ( ) 12f x x= . Em 0x = , (0) 0f ′′ = , ( ) 0f x′′ ≥ , para todo x. x O y= x 4 y Figura 6.4 O gráfico tem concavidade sempre para cima. Portanto, apesar de termos (0) 0f ′′ = a função não tem ponto de inflexão.