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Indisciplina Escolar - Apostilas - Pedagogia, Notas de estudo de Pedagogia

Apostilas de Pedagogia sobre o estudo da Indisciplina Escolar, aspectos, autoridade docente,

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 07/03/2013

Gaucho_82
Gaucho_82 🇧🇷

4.6

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Baixe Indisciplina Escolar - Apostilas - Pedagogia e outras Notas de estudo em PDF para Pedagogia, somente na Docsity! A INDISCIPLINA ESCOLAR FRENTE À AUTORIDADE DOCENTE. Resumo Sendo a indisciplina escolar um dos grandes embates do sistema educativo o presente artigo pretende analisar, sob a luz da autoridade docente, alguns aspectos desta indisciplina. Dentro deste foco, busca-se compreender a chamada crise da autoridade docente, relatada por inúmeros professores em diversas escolas brasileiras. Se no passado tinha-se uma autoridade imposta e até mesmo desenvolvida de maneira autoritária pelo professor, hoje este modelo está falido, pois não consegue conter a indisciplina, e pelo contrário parece instigar o fenômeno indisciplinar. Dessa forma, a educação almejada pela Constituição Federal de 1988, pautada na educação em cidadania parece distanciar-se da realidade escolar. Palavras-chave: Indisciplina; autoridade; educação. O universo escolar enfrenta inúmeras situações e entre elas destaca-se a indisciplina. O fenômeno indisciplinar têm preocupado, gestores, pais, professores e a sociedade de modo geral. Para Rego (1996, p. 89), uma das origens da indisciplina esta relacionada à falta de autoridade do professor, de seu poder de controle e aplicação de sanções. Ainda, a indisciplina pode ser declarada a partir do momento que atrapalha o desempenho escolar tanto dos colegas quanto dos professores. A indisciplina, afirma Estrela (2002, p. 17), relaciona-se intimamente com a disciplina e tende normalmente a ser definida pela sua negação ou privação, ou pela desordem proveniente da quebra de regras estabelecidas. Todavia, a indisciplina pode caracterizar-se de diversas maneiras, em infinitas situações e de diferentes formas. O artigo não pretende esgotar as manifestações indisciplinares, mas dará ênfase em algumas situações em que a indisciplina entra em conflito com a autoridade docente, denunciando que algo não está em harmonia na relação entre professor e aluno e também de que a própria educação está sendo afetada. A indisciplina, segundo Xavier (2002, p. 89), demonstra um abastado espaço de informações sobre como os alunos vivem a escola e seus conteúdos. Para a autora, fugir ao controle é uma forma de questioná-lo, minando as relações de poder univocamente estabelecidas. Nesse sentido, parece que as questões acerca da indisciplinada tendem a provocar o poder hierárquico instituído e também a sua legitimidade. Além disso, a intervenção conseqüente na indisciplina escolar, segundo Xavier (2002, p. 105) está colada à sua compreensão, que por sua vez é decorrente da combinação da escuta da indisciplina escolar com o significado que possuem. As causas da indisciplina podem ter diferentes origens. Giglio (1999, p. 187) apresenta como origem mais comum o sentimento de injustiça entre os jovens. O autor acredita que os alunos, docsity.com quando acham que tenham sido tratados de forma injusta, ou submetidos a regras injustas, tendem a defenderem-se de modo explosivo, indisciplinado, podendo agredir fisicamente outrem. Ainda que, o docente, utilizando-se de sua autoridade, tente coibir e prevenir tais manifestações, não obtém êxito. Isto porque, os alunos estão diante de um professor com autoridade que eles não reconhecem. As manifestações tidas como indisciplina, podem ser indícios do desenvolvimento da liberdade dos alunos, por isso, se torna indispensável que estas sejam ouvidas, compreendidas e discutidas pelos professores, alunos e gestores. Sennett (2001, p. 163) acredita que todo ser humano é livre para descrer da autoridade e para declarar essa descrença, porém, afirma que essa liberdade é desconhecida em diversas pátrias, e o que se sabe é uma liberdade desconhecida no Brasil. O autor acrescenta que as imagens da autoridade são um convite a essa descrença, a essa rejeição. Na maioria das vezes, o profissional da educação, imagem de autoridade, ao desenvolver suas atividades, acredita que o aluno lhe deve obediência e respeito, pelo fato de ele ser o professor. Por outro lado, muitos são os casos em que o professor não está convencido de que possui autoridade em sala de aula e não sabe usá-la, entretanto agarra-se na tradição que lhe concedeu tal atributo, mesmo que com bases autoritárias e abusivas advindas do passado. Dessa forma, vislumbra-se uma crise na tradição que corrobora para o aumento dos eventos indisciplinares e contribui para o que se chama crise da autoridade docente na educação. Acredita-se que o respeito pelo passado está cada vez mais distante, fazendo com que inúmeros professores relatem com nostalgia o passado e desacreditem do futuro. (Guimarães, 1999, p. 171). A disciplina é tida como agente necessário para a construção do saber, pois é de posse deste conhecimento sobre o mundo que o aluno terá liberdade para contestar a autoridade quando necessário, bem como entender que o saber é a via que lhe proporcionará os esclarecimentos para usá-la adequadamente na luta por uma sociedade mais justa e igualitária. (Schmidt, Ribas, Carvalho (1989, p. 39). Contudo, questiona-se quanto às atuais inquietações escolares, em que o aluno parece estar reivindicando algo, e não apenas sendo indisciplinado. Suas atitudes conflituosas e indisciplinadas parecem ser reflexos da crise de autoridade pela qual passa o professor. Mas se o aluno vem de uma educação deficiente, em que não teve condições para refletir sobre a autoridade em que é (e sempre foi) submetido, é possível dizer que a indisciplina, enquanto modo de contestar a autoridade do professor é reflexo de uma educação que o preparou para contestar? O aluno de hoje questiona, quer mudanças, exige, mas dizer que foi a educação que esse aluno teve, ou está tendo, propulsora de liberdade para ele contestar a autoridade do professor parece ser contraditório. Se a autoridade do professor está em crise como corroborar para que se obtenha educação em cidadania, em que todos os sujeitos escolares desenvolvam seus papéis da melhor forma possível? docsity.com ele tem a função de estabelecer os limites da realidade, das obrigações e das normas, de outro, ele desencadeia novos dispositivos para que o aluno, ao se diferenciar dele, desenvolva autonomia e liberdade sobre o seu próprio aprendizado e sobre a sua própria vida. Volta-se a frisar que essa autoridade desenvolvida pelo professor gera indisciplina e a própria indisciplina faz com que aumente a fragilidade da autoridade vivenciada pelo professor, configurando-se o quadro da crise docente. Muitos professores concordam que a indisciplina e a falta de autoridade são os grandes problemas enfrentados em sala de aula. Porém, não conseguem indagar sobre o seu significado e extrair da sua própria ocorrência, não a solução, mas a transformação do cotidiano escolar que a engendra. Esta dificuldade pela qual passam os professores foi objeto de estudo desenvolvido por Xavier (2002, p. 104), no Projeto Escola Cidadã, na cidade de Porto Alegre - RS. Ainda sobre este tema, a autora constatou que professores e gestores não discutem os temas concernentes à autoridade e indisciplina para que juntos possam encontrar possíveis caminhos para a melhora do cotidiano escolar e conseqüente melhora no rendimento escolar. A indisciplina destaca-se em sala de aula contribuindo para as discussões acerca da autoridade docente, fazendo com que o relacionamento entre professor e aluno seja reavaliado dia-dia e mostrando que a autoridade deve ser estabelecida e respeitada tendo em vista a educação em cidadania, formadora de cidadãos aptos para a vida em sociedade e para isso é necessário um professor com autoridade. Desse modo, a autoridade do professor é importante para a educação. Ourique e Tomazetti (2004, p. 93) corroboram que se deve reconhecer a autoridade como parceira indispensável de uma educação que visa à formação de sujeitos comprometidos e transformadores de sua realidade social. A educação para Vasconcellos (2004, p. 54), não se faz sem autoridade, pois o educando precisa do referencial do professor a fim de ter base para a construção do seu próprio conhecimento. Normalmente, como dito anteriormente, o professor espera que o aluno venha para a escola reconhecendo sua posição de professor e autoridade dentro do espaço escolar, porém, o tratamento de respeito e autoridade tem que ser conquistado pelo professor. Aquino (2003, p.55) refletindo Dubet afirma que a autoridade docente na atualidade exige sustentação contínua por meio de práticas que a reafirmam sem cessar, não se tratando de algo de véspera. Além disso, pode-se acrescentar que não se trata daquela autoridade historicamente construída, que deve ser temida para ser respeitada, e deve ser temida porque tem o poder de decidir, de ameaçar e de reprimir. Disto decorre, conforme Aquino (2003), que os pilares da autoridade do professor precisam ser construídos e reconstruídos dia após dia no ambiente escolar. Não obstante, reconhecendo a importância da autoridade do professor, D’Antola (1986, p. 53) acrescenta que quanto mais confiança os alunos tiverem no professor, enquanto autoridade que dirige um curso produtivo, que pode manter a disciplina, que tem bom domínio de conhecimento, mais confiança os alunos terão nas intervenções do professor. E isso parece docsity.com possível desde que seja uma autoridade exercida dentro dos parâmetros constitucionais, ou seja, dentro da democracia e preocupada com a formação em cidadania. Quando se trata de autoridade com bases democráticas, Sennett (2001, p. 225) lembra: Uma estrutura de poder receptiva aos que lhe estiverem submetidos, a discussão e reformulação dos elos da cadeia de poder nos momentos de tensão, e pessoas fortes que despertem um confiança limitada, tudo isso pode ser um sonho impossível e utópico, mas não é nada além de levar a sério os ideais que, da boca pra fora, a maioria das sociedades do Ocidente afirma alimentar. Além disso, é preciso que o professor conheça a autoridade e supere o medo de exercê-la, conforme Vasconcellos (1997, p. 248) cabe a ele buscar a legitimação da autoridade através do diálogo e questionamento com seus superiores, pais e alunos, exercendo a sua cidadania. Mesmo que a autoridade com bases democráticas pareça longe da sala de aula, o momento atual permite, segundo Abud e Romeu (1986, p. 80), o questionamento das regras e normas estabelecidas, das atitudes de rebeldia, da crítica à autoridade imposta, por uma expressiva faixa social composta por jovens. Momento este propício para o debate, para a busca de novos e diferentes caminhos tendo em vista a construção de uma nova educação, de uma nova realidade social. Em conclusão, a autoridade seria a forma com que o professor exerce o seu papel de educador, responsável por transmitir conhecimento e formar cidadãos. A autoridade permitiria ao professor optar pelos melhores caminhos para se obter essa formação, comprometido com a educação e manejando a autoridade em prol de seus alunos, e não baseado em satisfazer seus ensejos pessoais e autoritários. Ainda, a indisciplina frente à autoridade se transformaria em oportunidade de amadurecimento dos sujeitos escolares, de uma oportunidade para se aproximar efetivamente as promessas constitucionais quanto à educação em cidadania. Referências ABUD, M. J. M.; ROMEU, S. A. A problemática da disciplina na escola: relato de experiência. In: D’ANTOLA, A. (org). Disciplina na Escola: Autoridade versus Autoritarismo. São Paulo: EPU, 1999. ARAÚJO, U. F. Respeito e Autoridade na Escola. In: AQUINO, J. G. (org). Autoridade e Autonomia na Escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1999. AQUINO, J. G. A violência escolar e a crise da autoridade docente. Cadernos Cedes. Ano XIX, n. 47, dez., 1998. AQUINO, J. G. 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