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Nietzsche e os Anti-teóricos - Apostilas - Filosofia do Direito, Notas de estudo de Filosofia Política

Apostilas de Direito do Centro Universitário de Brasília – UniCEUB sobre o estudo de Nietzsche e os Anti-teóricos, Existencialismo, Ceticismo, Sofística.

Tipologia: Notas de estudo

2013

Compartilhado em 11/07/2013

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Baixe Nietzsche e os Anti-teóricos - Apostilas - Filosofia do Direito e outras Notas de estudo em PDF para Filosofia Política, somente na Docsity! Nietzsche e os anti-teóricos Na aula passada estávamos vendo o modelo nietzscheniano. ¹ Nietzsche, juntamente com Schopenhauer, são filósofos anímicos. Para todos os teóricos da filosofia anímica, a razão empreende um domínio: o domínio da impossibilidade de o homem ser autêntico. Isso significa que vamos agir conforme aquilo que se determina racionalmente como correto ou incorreto. Apesar de Nietzsche admitir que devemos estabelecer as paixões como valores do homem, também não podemos ser determinados por elas. Tomemos o exemplo do amor para os românticos: por mais que Schopenhauer admita que exista uma condição de determinação do homem pela vontade de poder, essa condição ainda estaria atrelada ao amor. Mas para Nietzsche, até mesmo o amor, se colocado como o elemento que vai dominar a vontade, esse amor se estabelecerá como meio de controle dos outros. Qual é o maior desejo daquele que ama? O que ele mais quer em relação ao objeto amado? Possuir. O amor cristão é um exemplo extremo disso, que Nietzsche critica severamente. Porque Cristo morre pelos homens? Para libertá-los? Nietzsche diz que não. Ele liberta de quem para o quê? Liberta o homem do pecado e leva para a Salvação. Mas o que significa essa salvação? Estar do lado de Deus. Assim, o amor cristão é uma forma de posse, de domínio: o homem livra-se do pecado ao mesmo tempo que se torna posse de Deus. É aí que vem a condição de determinar o bem e o mal. “O que comigo não ajunta, espalha, e o lugar daquilo que espalha é o lugar de choro e ranger de dentes” (Livro de Mateus). O amor de Cristo, apesar de ter a condição sacrifical, ainda deseja o outro sob sua tutela. Por mais que se diga que “o amor cristão liberta no sentido de que esvazia do próprio ego”, ainda assim esse ato esperaria o reconhecimento do outro, logo é outra forma de posse. De algum modo, se se deixa a fé, o amor ou a razão dominar a vontade, esta não será autêntica, e o homem, por conseguinte, também não será autêntico. A vontade é o alicerce do homem, a função da alma que detém a liberdade. O que é vontade de potência, na forma nietzscheniana? Para isso, é interessante anotarmos os dois espíritos que estão ligados à conduta de domínio tanto da razão, quanto da fé, quanto do amor: o espírito da ovelha. É o espírito do bicho burrinho, que tudo imita. Se você a deixa solta, ela se perde ou é comida pelo lobo. Por isso é interessante que mesmo no Cristianismo a ovelha é um bicho burro, portanto ela precisa de um pastor, que a leva para o abrigo e a guia. O cajado do pastor é uma defesa contra lobos, e também – diz Nietzsche – para bater na cabeça das ovelhas desgarradas. O espírito da ovelha é espírito do conformismo. Epiteto (55 – 135) é um filósofo grego que fala sobre isso. A atitude do homem frente ao mundo é: “não deseje que o mundo seja conforme você deseja, mas deseja ser conforme o mundo é, e tudo ficará bem. Ou você não terá nada.” É o conformismo total. Do outro lado, temos outro espírito, apesar de explicitamente diferente do da ovelha, mas pertencem aos mesmos indivíduos: os homens: o espírito do cego. Para ficar mais fácil de entender o espírito do cego, vejamos: qual é o maior desejo dele? Sabendo que só poderá recuperar a visão através de um milagre, o maior desejo do cego é, então, mandar e ser servido, que não pode fazer tudo por conta própria. O desejo de um funcionário é chegar a ser patrão. O espírito do cego é o espírito do domínio no sentido de que aquele que é cego sempre quer dominar o outro, só não teve oportunidade ainda. Então o espírito do cego, apesar de parecer contraditório, não é exatamente enxergar; ele apenas aguarda o momento da dominação. É um espírito inerente à condição do maior dominador. Pode ser um burguês, um proletário de Karl Marx, um capitalista de John Stuart Mill, um governante de Aristóteles (que é o único que tem sabedoria para tal), um sábio cristão de Santo Agostinho ou São Tomás de Aquino; todos eles, sem exceção, apesar de pensarem que estão dominando, na verdade não passam da ovelha com a sineta. Em outras palavras, de pensar que estão dominando, na verdade eles são dominados. Mas pelo quê? Pela própria civilização cristã ocidental. A confluência de todas as ovelhas e servos cria a civilização. Dominado ou dominante é apenas outro nome para alguém que se julga estar sobre os outros, mas na verdade ele é tão dominado por outros que vão mudando suas posições no dia-a-dia. O domínio então é oposto à idéia de autarkhéia: o domínio de si mesmo no sentido de a vontade ser totalmente livre a tal ponto que ela não está mais presa aos ditames da civilização. É de onde vem o termo autarquia. Autárquico é “aquele que tem o próprio governo”. A vontadeteráseupróprio governo, e nãodependerá da razão, nem da paixão, nem da fé. Na verdade, ela é o determinador de toda sua condição com referência ao controle. Daí, essa idéia de vontade de potência é a autonomia da vontade, que nesse sentido supera o desejo simples de dominar. Ela não quer dominar, mas só se tornar totalmente autônoma. Essa é a vontade de potência de Nietzsche. Todo o resto é heterônomo, que está dominado por algo da civilização, mesmo que seja o mais importante sábio ou rei. Cuidado: não significa que o homem de Nietzsche viverá isolado da sociedade. O super- homem não é um ermitão, como aquele que se retira para uma montanha ou ilha; este, na verdade, ainda carrega consigo a civilização. A vontade de potência é por causa da condição de “vir a ser”, ou da condição de superar. O termo em alemão é “vontade de poder”, mas em português carrega um conceito dúbio, de domínio, que é exatamente o que Nietzsche não quer passar. Então, a melhor tradução é vontade de potência, para ter a potência para estar além das condições da civilização. O que acontece de interessante é que o super-homem, que é o termo que Nietzsche usa, não no sentido de ser mais forte ou inteligente, mas de superar a humanidade da civilização, ou então aquele que se torna autenticamente homem, para determinar exatamente o que ele é. O super-homem não tem desejo de domínio. Ele pode estar dentro da sociedade, mas os ditames dela não interferem em suas convicções. Por isso que a noção nietzscheniana aparece numa obra chamada “Assim Falou Zaratrusta”. O que vem a ser? Zaratrusta é um andarilho que procura abandonar seu vínculo com a civilização, indo em busca da sabedoria. Ele percebe, ao longo da jornada, que ele vai carregando que ele era com ele. Ele percebe a autenticidade quando ele percebe que deve estabelecer sua vontade como totalmente autônoma. Disso não segue que o super-homem de Nietzsche viverá à margem da civilização; ele vive nela mas não se contamina por ela. O homem de Nietzsche não enfrenta; ele se coloca para além da civilização, e não tem intenção se enfrentar nela, como queria Marx, por exemplo. Ele só quer ser autônomo, mas a civilização não permite isso. É por isso que, numa outra obra de Nietzsche, ele coloca que o super-homem está “Para Além do Bem e do Mal”. Por quê? O homem que pensa que está no controle mas é mais uma ovelha, pois na verdade está sob o controle da civilização. Por isso esse homem vive criando cenários maniqueístas: sempre para ele haverá o bem e o mal; sempre haverá dois princípios. Quem determina o que é o bem e o que é o mal? O próprio controlador. Portanto, para se controlar, deve-se criar o bem e o mal. Então a civilização sempre coloca o que é bom e o que é ruim, o que é correto e incorreto. Isso é visível até mesmo no tempo de Platão, com a oposição entre trevas e luz, vista na Alegoria da Caverna. Sempre haverá, portanto, maniqueísmo. 1. Existencialismo; 2. Ceticismo; 3. Sofística. O existencialismo se funda na construção de uma teoria da realidade e da metafísica, que são nossos temas subseqüentes. Esta concepção faz uma construção da realidade segundo uma teoria, especialmente a realidade do homem, ou seja, a crítica dos fundamentos da metafísica. E aí se opõem a noção de essência e a de existência. Outro grupo é o dos céticos, o ceticismo. O ceticismo volta sua crítica não à construção da realidade, mas ao conhecimento humano. Daí eles estabelecem a oposição entre conhecimento teórico e conhecimento comum. E o último grupo é o dos sofistas. A sofística estabelece a questão da linguagem. Trabalha sobre o plano da linguagem, da retórica; a linguagem como construtora do mundo. Neste caso, estaríamos na teoria da linguagem. A oposição para os sofistas é exatamente entre a lógica e a linguagem. Para eles, a lógica é uma forma de domínio e controle da linguagem. Ao acabar isso, vamos encerrar toda a abrangência das Filosofias. Vamos começar pelo existencialismo. Existencialismo Para os existencialistas, qual a questão fundamental? É que todos os modelos que vimos até agora se baseiam numa condição que determinam o que o homem é a priori; em outras palavras, a definição do homem ou de sua natureza. Antes de ele agir, conhecer ou ser, o homem é determinado por uma natureza que o define, que estabelece como ele agirá. Logo, para as outras concepções da Filosofia, existe uma essência, que definirá o que o homem é e será. Essa essência contrapõe-se a idéia de existência, o modo de existência do homem na sociedade. Então, na verdade, esta é uma questão da realidade: a existência é o modo de o homem existir em tal ou qual condição. O modo do homem existir é algo que o próprio homem define, e não está previamente dado pela Natureza. É essa a idéia defendida pelo existencialismo: não há nada que predetermine o que o homem é ou será. Tudo é pura existência, e não há essência alguma. Qual nosso próprio modo de existir? Para Aristóteles, nosso modo de existir depende de nossa essência. E nossa essência é a racionalidade, elemento que outros animais não têm. Partindo da acepção de que o homem é um animal racional, segue que ele tem que ser um animal político. Essa é a definição de Aristóteles. Qual nosso modo de existir, então? Sempre temos que constituir uma cidade! Ele pode constituir a polis ou até uma cidade tirânica. Mas de alguma maneira o homem sempre constituirá a polis. Pode constituir o que quiser, mas vai constituir uma comunidade política. Por natureza, o homem não escapa: ele só pode constituir a polis porque o homem é racional. Isso porque por trás de tudo está a natureza do homem, sua essência. Ele pode até ter liberdade de ação, desde que dentro dos limites da essência. Daí existe um fundamento para o homem, que determina seu modo de existir. Os modos de existir do homem já estão, por natureza, determinados, mesmo os que vão violentamente contra a Natureza. Por isso que racionalmente podemos determinar o que é uma ação boa e uma ação má. O Cristianismo também determina um modo de existir do homem a partir de uma natureza, que é criada por Deus: Deus criou o homem bom, diz o livro do Gênesis. Foi o homem que, por sua livre e espontânea vontade, violentou a relação com Deus e pecou. Entretanto, de qualquer modo o homem foi criado por que motivo? Para amar e adorar a Deus. Santo Agostinho tem uma obra que conceitua o livre-arbítrio. O que é? Acredita-se que é a condição do homem de decidir entre bem e mal, certo e errado. Essa conceituação de livre-arbítrio é uma conceituação errada, que não entenderam direito da obra de Santo Agostinho. O agir no sentido de optar entre o bem e o mal é uma conseqüência. O livre- arbítrio é baseado numa noção de Aristóteles: ³. O homem foi criado por Deus. Então, qual é o lugar comum para o homem? O próprio Deus. A tendência do homem é para Deus; do mesmo modo que a caneta de quadro vai cair se abandonada no ar. Só que, diferentemente da caneta, o homem tem a vontade, e essa vontade leva o homem a poder violentar essa sua natureza para com Deus. O homem pode decidir pecar por livre vontade. À medida que o homem vai abandonando o pecado e escolhe Deus em todas suas ações, ele simplesmente vai se aproximando D’Ele. Ora, então o homem tem condições de escolha: ou Deus, ou ofender Deus. O livre-arbítrio é a tendência do homem a seguir na direção de Deus. É por isso que Nietzsche não aceitava essa tese do Cristianismo porque se trata do espírito da ovelha, de querer que todos sejam iguais a Ele. Mas, para o existencialista, algo semelhante se põe, não apenas com relação ao Cristianismo, mas com relação a todos os teóricos que admitem que há uma essência: o homem será e agirá a partir de tudo que o define. Por mais que o homem não queira, Deus é o seu lugar comum. A existência do homem pode ser em alguns modos: modo de existir segundo Deus e modo de existir segundo as paixões. ⁴ Pequeno paralelo com o empirismo: o empirista discorda que o homem tem uma essência, porque para ele tudo que é base do conhecimento são os sentidos. Não se vê a alma. Para o empirismo, não vemos a racionalidade. A alma seria o produto do cérebro; então não há coisas imateriais, e tudo é constructo empírico do homem. De qualquer forma o existencialismo critica o empirista porque este transfere a natureza humana para a condição social
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