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Guias e Dicas
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1. Mateus (Moody), Notas de estudo de Teologia

1. Mateus (Moody)

Tipologia: Notas de estudo

2015

Compartilhado em 03/03/2015

edson-nobre-6
edson-nobre-6 🇧🇷

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Baixe 1. Mateus (Moody) e outras Notas de estudo em PDF para Teologia, somente na Docsity! MATEUS Introdução Esboço Capítulo 1 Capítulo 8 Capítulo 15 Capítulo 22 Capítulo 2 Capítulo 9 Capítulo 16 Capítulo 23 Capítulo 3 Capítulo 10 Capítulo 17 Capítulo 24 Capítulo 4 Capítulo 11 Capítulo 18 Capítulo 25 Capítulo 5 Capítulo 12 Capítulo 19 Capítulo 26 Capítulo 6 Capítulo 13 Capítulo 20 Capítulo 27 Capítulo 7 Capítulo 14 Capítulo 21 Capítulo 28 INTRODUÇÃO O autor. Abundante testemunho histórico atribui este Evangelho a Mateus, o publicano, também chamado Levi por Marcos e Lucas. Dúvidas recentes quanto à autoria de Mateus são o produto de hipóteses levantadas para explicação do Problema Sinótico. Mas essas hipóteses não podem alterar o testemunho da igreja primitiva, cujos escritores citaram este Evangelho com mais freqüência do que qualquer outro. Considerando que Mateus não era particularmente destacado entre os Doze, e não havendo uma tendência especial para se exigir autoria apostólica dos Sinóticos (isto é, Marcos e Lucas), não existe nenhuma razão a priori para se lhe conferir a autoria do Evangelho se ele realmente não tivesse escrito. Na qualidade de ex-cobrador de impostos, Mateus estava bem qualificado para produzir tal evangelho. Seu conhecimento comercial de taquigrafia capacitou-o a registrar totalmente os discursos de Jesus. Sua familiaridade com os números reflete-se na sua freqüente menção de dinheiro, seu interesse em grandes quantias (Mt. 18:24; 25:15), e a sua preocupação com estatísticas em geral (1:17 por exemplo). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 2 Redação e Data. A grande freqüência de citações e alusões feitas a Mateus encontradas na Didaquê e nas Epístolas de Barnabé, Inácio, Justino Mártir e em outros escritos prova sua antiguidade e seu uso muito difundido. As conexões literárias deste Evangelho devem ser consideradas no que se relacionam aos outros Sinóticos, e também à luz da declaração de Papias que "Mateus escreveu as palavras no dialeto hebreu, e cada um interpretou como pôde" (Eusébio, História Eclesiástica 3.39). Muitos explicaram a declaração de Papias, dizendo que se referia a uma forma original do aramaico do qual se traduziu o nosso Evangelho Grego. Mas o nosso texto grego não tem as marcas de uma tradução, e a ausência de qualquer traço de um original aramaico lança pesadas dúvidas sobre tal hipótese. Goodspeed argumenta detalhadamente que seria contrário à prática grega dar a uma tradução grega o nome do autor do original aramaico, pois os gregos apenas se preocupavam com aquele que passava a obra para o grego. Como exemplos ele cita o Evangelho de Marcos (ele não foi chamado de Evangelho de Pedro) e o Velho Testamento Grego, que foi denominado Septuaginta (Os Setenta) segundo seus tradutores, não segundo seus autores hebreus (E. J. Goodspeed, Matthew. Apostle and Evangelist, pág. 105, 106). Assim, entende-se, segundo Papias, que Mateus registrou (taquigraficamente?) os discursos de Jesus em aramaico, e mais tarde recorreu às anotações quando redigiu seu Evangelho Grego. Ainda que seja certamente possível que Marcos fosse escrito primeiro, e que estivesse à disposição de Mateus, não houve nenhum uso servil desse Evangelho mais curto por parte de Mateus, e muitos têm argumentado pela completa independência desses dois livros. A data do Evangelho de Mateus deve ser anterior a 70 A.D., pois não encontramos nele nenhuma indicação de que Jerusalém estivesse em ruínas (sendo claramente proféticas todas as predições de sua destruição). Passagens tais como 27:8 ("até ao dia de hoje") e 28:15 (idem) exigem um intervalo de certa duração, mas quinze ou vinte anos após a Ressurreição seriam suficientes. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 5 2. Purificação do Templo. 21:12-17. 3. Maldição da figueira estéril. 21:18-22. 4. Objeções à autoridade de Jesus e sua resposta alegórica. 21:23 – 22:14. 5. Jesus é interrogado por diversos grupos. 22:15-46. 6. Jesus denuncia publicamente os fariseus. 23:1-39. 7. Discurso no Monte das Oliveiras. 24:1 – 25:46. IV. A Paixão de Jesus Cristo. 26:1 – 27:66. A. Conspiração contra Jesus. 26:1-16 B. A refeição final. 26:17-30. C. Profecia da negação de Pedro. 26:31-35. D. Acontecimentos no Getsêmani. 26:36-56. E. Acontecimentos nos tribunais judeus. 26:57 – 27:2. F. Remorso de Judas. 27:3-10. G. Acontecimentos nos tribunais romanos. 27:11-31. H. A crucificação. 27:32-56. I. Sepultamento. 27:57-66. V. A Ressurreição de Jesus Cristo. 28:1-20. A. Descobrimento da sepultura vazia. 28:1-8. B. Aparecimento de Jesus. 28:9, 10. C. O que disseram os soldados. 28:11-15. D. A Grande Comissão. 28:16-20. COMENTÁRIO I. O Nascimento e Infância de Jesus Cristo. 1:1 - 2:23. Mateus 1 A. Genealogia de Cristo. 1:1-17. Esta linhagem de Abraão a Jesus, através dos reis da casa de Davi, tem a intenção explícita de apresentar os direitos de Jesus ao trono de Davi. Ainda que o trono estivesse vago por quase seis séculos, ninguém poderia esperar a devida consideração Mateus (Comentário Bíblico Moody) 6 dos judeus para com o Messias se Ele não pudesse provar sua ascendência real. (Lc. 3:23-38 apresenta outra genealogia, aparentemente a de Maria, para mostrar a verdadeira ascendência consangüínea de Jesus, que também era da família de Davi.) 1. O livro da genealogia. Uma expressão hebraica variadamente compreendida como sendo o título de todo o Evangelho de Mateus, dos dois primeiros capítulos, ou dos dezessete primeiros versículos. Uma expressão semelhante em Gn. 5:1 é bastante ampla para incluir tanto a genealogia como a narrativa entretecida (Gn. 5:1-6:8). Jesus é nome histórico; Cristo (o equivalente ao Messias hebraico, "o ungido") é o título do seu ofício. Os dois nomes não foram geralmente usados juntos como nome próprio até depois da Ascensão. Filho de Davi, filho de Abraão relaciona Jesus com as promessas messiânicas (Gn. 12:3; 13:15; 22:18; II Sm. 7:12, 13; 22:51). 2. A lista começa com Abraão, o pai da raça à qual Mateus escrevia particularmente, e o primeiro a receber a promessa messiânica. Judá e seus irmãos. Ainda que a linhagem passe por Judá (Gn. 49:10), todos os patriarcas eram herdeiros da promessa messiânica. 3-6. Tamar (veja Gn. 38). Não se costumava incluir mulheres nas genealogias dos judeus. Mesmo assim, quatro mulheres foram incluídas (ainda que a ascendência fosse através do homem em todos os casos). Duas foram gentias (Raabe e Rute); três tinham nódoas morais (Tamar, Raabe, Bate-Seba). Essa não seria outra evidência da graça de Deus no seu plano de salvar pecadores? A repetição do título o rei Davi destaca o caráter real desta genealogia. 7-11. Estes versículos mencionam reis, os quais todos também foram relacionados em I Cr. 3:10-16. Depois de Jorão, Mateus omite os nomes de Acazias, Joás e Amazias, e depois de Josias ele omite Joaquim. As omissões sem dúvida são devidas à sua intenção arbitrária de encurtar a lista para dar três grupos de quatorze, talvez para facilitar a memorização. Gerou indica descendência direta, mas não necessariamente uma descendência imediata. Jeconias, filho de Joaquim Mateus (Comentário Bíblico Moody) 7 e neto de Josias, era considerado pelos judeus no exílio como seu último rei legítimo; e as profecias de Ezequiel são datadas com o nome dele, ainda que Zedequias, seu tio, fosse o seu sucessor. 12-16. Salatiel (ou Sealtiel) foi chamado de filho de Jeconias (veja I Cr. 3:17). Isso não contradiz Jr. 22:28-30, pois a ausência de filhos refere-se a filhos reinantes. (A citação de Salatiel como filho de Neri em Lc. 3:27 seria melhor entender-se como sendo outra pessoa, e não o resultado de um levirato.) Deste ponto, os nomes, que não aparecem no VT, devem ter sido derivados dos registros da família de José. É preciso que haja descendentes da realeza para preservação de sua linhagem. De José não se diz que ele "gerou" Jesus, uma mudança digna de nota em relação às expressões anteriores, e uma óbvia indicação do nascimento virginal, que Mateus explica mais adiante. A forma feminina do pronome qual também omite José de implicação no nascimento de Jesus. Essa genealogia faz dele o pai legal de Cristo porque era o marido de Maria, mas nada mais. O notável texto da Versão Siríaca do Sinai, "José de quem estava noiva Maria, a virgem, gerou Jesus", não pode estar correcto, e se pretende negar o nascimento virginal, contradiz-se nos versículos seguintes. 17. Catorze gerações. Este agrupamento triplo arbitrariamente constituído (como o indicam as omissões), deve ser um arranjo de conveniência. Os três períodos da história nacional foram incluídos teocracia, monarquia e hierarquia. A computação de Mateus apresenta um problema porque ele só relaciona quarenta e Um nomes. Alguns o resolveriam contando Davi duas vezes finalizando o primeiro grupo e começando o segundo (parece que o próprio Mateus também o fez; v. 17). Outros contam o cativeiro como um item da lista. O problema não tem importância por si. B. Nascimento de Cristo 1:18-25. As circunstâncias do nascimento são apresentadas do ponto de vista de José, e alguns dos detalhes têm de ser formados a partir dele (vs. 19 e Mateus (Comentário Bíblico Moody) 10 2. Sua estrela. Todas as tentativas de se explicar a estrela como um fenômeno natural são inadequadas dada a razão dela conduzir os magos de Jerusalém até Belém e então permanecer sobre a casa. Antes, foi uma manifestação especial dada por Deus, primeiro quando apareceu indicando o fato do nascimento de Cristo, e depois quando reapareceu sobre Jerusalém e guiou os magos ao lugar certo. Considerando que foi registrada uma revelação direta para os magos (v. 12), nada há de improvável em aceitar uma revelação direta desde o começo para emprestar significado à estrela. 3-6. Quando Herodes ouviu dizer que os magos estavam procurando em Jerusalém o Rei dos Judeus, o rei consultou os principais sacerdotes e escribas, dois dos grupos que compunham o Sinédrio. Deram-lhe a profecia de Miquéias 5:2 que cita Belém claramente como o lugar do nascimento do Messias. 7,8. Herodes intimou os sábios, sob pretenso e sincero interesse, pedindo informações exatas sobre a primeira aparição da estrela (parece que ainda não fora avistada em Jerusalém). Seus motivos, entretanto, eram os de precisar a data do nascimento de Jesus, para poder mais facilmente localizá-lo e destruí-lo. 9,10. A estrela que viram no oriente reapareceu então para guiá- los de Jerusalém a Belém. 11. A casa (não a manjedoura) na qual os magos encontraram o menino Jesus aponta para o fato de que essa visita seguiu-se ao nascimento de Jesus com um considerável intervalo de tempo, talvez de meses (veja v. 16). As três ofertas deram lugar à tradição dos três magos. A tradição chega até a lhes conferir nomes: Gaspar, Melquior e Baltazar. Mas as tradições não são fatos necessariamente. Ouro, incenso e mirra eram considerados pelos antigos comentaristas como unta demonstração de reconhecimento de que Jesus era respectivamente Rei, Filho de Deus e aquele que estava destinado a morrer. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 11 12. Divina advertência. Uma especial e divina revelação orientou os magos a evitarem encontrar-se com Herodes na sua volta. D. A Fuga para o Egito e o Massacre das Crianças. 2:13-18. Novamente somos devedores tão-somente a Mateus por esta informação. Os dois incidentes relacionam-se com passagens do V.T. Essa relação entre passagens do V.T e N.T, é uma característica deste Evangelho. 13,14. Uma segunda vez José recebeu instruções por meio de um anjo (veja 1:20) e tomando Jesus e Maria, levou-os para o Egito. A partida apressada parece ter acontecido na mesma noite em que os magos partiram. No Egito, onde havia uma grande população de judeus, a família provavelmente foi bem recebida sem chamar a atenção. O apócrifo Evangelho da Infância conta milagres fantásticos ocorridos ali (cap. IV). 15. A morte de Herodes depois de uma enfermidade repulsiva foi detalhadamente descrita por Josefo (Antig. xvii 6.5). Para que se cumprisse relaciona esta experiência com Os. 11:1, uma passagem que se refere historicamente à libertação dos israelitas no Egito. Mateus vê Israel nessa profecia como uma figura de Jesus Cristo, o único filho de Deus. 16. Mandou matar todos os meninos. Esse ato assassino de Herodes (que incluiu não mais que algumas dúzias de crianças, por causa do tamanho pequeno de Belém) não ficou registrado em outros escritos históricos e o fato não causa admiração por causa das atrocidades freqüentes do rei. Assassinou sua esposa e seus três filhos. Josefo o chama de "um homem de grande crueldade para com todos os homens" (Antig. xvii 8.1). Dois anos para baixo mostra que Herodes não queria se arriscar a perder a sua vítima. Jesus não teria dois anos necessariamente. 17, 18. Raquel chorando por seus filhos. Uma citação de Jr. 31:15, que descreve a lamentação do tempo do exílio de Israel. Aquela calamidade, causada pelo pecado de Israel, foi a causa eventual de Mateus (Comentário Bíblico Moody) 12 Herodes ter subido ao trono e agora era a causa desta atrocidade. Mateus reúne as duas calamidades como partes de um mesmo quadro. E. Residência em Nazaré. 2:19-23. Lendo-se Mateus, poder-se-á supor que Belém era a residência original. Lucas explica, mostrando que Nazaré foi o primeiro lar. Parece que José pretendia ficar permanentemente em Belém até que seus planos foram divinamente alterados. 19-22. Já morreram. Uma referência a Herodes e conseqüentemente uma expressão idiomática retrospectiva de Êx. 4:19. Arquelau, filho de Herodes, o Grande, com Maltace, sua esposa samaritana, foi tão brutal quanto seu pai. Por isso José precisou ser avisado (ou advertido) por divina advertência quanto ao passo seguinte a ser tomado. 23. Nazaré parece ter sido escolha do próprio José, dentro da providência divina. Por que Mateus considerou isto como o cumprimento de uma profecia é difícil de se entender. Por intermédio dos profetas evita que procuremos apenas uma passagem do V.T, e conseqüentemente torna duvidoso que haja um jogo de palavras com base em nêser, "renovo" em Is. 11:1, ainda que este seja o ponto de vista comum. Parece melhor entender que Mateus achou que a pequena Nazaré era um lugar pouco adequado para residência do Messias (João 1:46), um cumprimento de todas as profecias do V.T, que indicam que o Messias seria desprezado (Is. 53:3; Sl. 22:6; Dn. 9:26). II. O Começo do Ministério de Jesus Cristo. 3:1 - 4:11. Mateus 3 A. O Precursor de Cristo. 3:1-12. Todos os quatro Evangelhos descrevem o ministério preparatório de João, e Lucas apresenta uma descrição completa do seu notável nascimento (Lc. 1: 5-25, 57.80). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 15 vento depois de debulhá-los. A palha mais leve seria carregada pelo vento, deixando os grãos amontoados em um monte. B. Batismo de Cristo. 3:12-17. A vinda de Jesus para ser batizado por João foi colocada em tranqüilo contraste com a vinda hipócrita dos fariseus e saduceus (v. 7). Todos os três sinóticos registram este batismo, e o Evangelho de João inclui o posterior testemunho de João Batista sobre o mesmo (Jo. 1:29- 34). 13,14. Ele, porém o dissuadia. O verbo em grego enfatiza um contínuo protesto. À luz de Jo. 1:31-33, pode-se perguntar como João reconheceu a superioridade de Jesus para falar assim. Não devemos deduzir, entretanto, que esses dois parentes fossem totalmente estranhos um ao outro, mas antes que João ainda não sabia que ele era o Messias oficial até que lhe fosse dado o sinal do Espírito que desceu do céu (Jo. 1: 33). 15. Porque assim nos convém. Ainda que fosse verdade que as posições de João e Jesus deveriam ser exatamente opostas, naquele momento (por enquanto) era a coisa oportuna a fazer. É claro que Jesus não se arrependia de nenhum pecado pessoal. Entretanto, como o Substituto que proveria a justiça para a humanidade pecadora, ele aqui se identifica com aqueles que veio redimir e começa, assim, o seu ministério público. Jesus, enquanto esteve na terra, sempre cumpriu com as obrigações religiosas de um judeu justo, tais como adorar na sinagoga, assistir às festas e pagar o imposto do templo. 16,17. O Espírito de Deus descendo cumpriu o sinal predito para João que Jesus era o Messias (Jo. 1:33; compare com Is. 11:2; 42:1; 59:21; 61:1). Tal como o Espírito vinha sobre os profetas do V.T. para orientação especial no começo dos seus ministérios, agora Ele vinha sobre Jesus sem medida. É claro que isso se relaciona à humanidade de Jesus. Pomba. Um antigo símbolo de pureza, inocência e mansidão (veja Mt. 10:16). A voz dos céus ocorreu em três lugares-chave do ministério Mateus (Comentário Bíblico Moody) 16 de Cristo; no seu batismo, na sua transfiguração (17:5), e exatamente antes da cruz (Jo. 12:28). Mateus 4 C. A tentação de Cristo. 4:1-11. O sentido mais óbvio desta passagem, com suas paralelos, é que foi uma experiência realmente histórica. Os pontos de vista que negam isto não diminuem as dificuldades de interpretação. Os diversos testes foram dirigidos contra a natureza humana de Jesus, e ele resistiu nesse reino. Entretanto, a perfeita união das naturezas divina e humana na sua pessoa fizeram que o resultado fosse esse, pois Deus não peca nunca. Mas isso não diminuiu de maneira nenhuma a força do ataque. 1. Foi Jesus levado pelo Espírito. Uma indicação da submissão (voluntária) de Cristo ao Espírito durante o seu ministério terreno. Para ser tentado. Uma palavra significando tentar ou experimentar, às vezes, como neste caso, um engodo para o mal. O Espírito conduziu Jesus para que esse teste fosse realizado. O diabo. O nome significa caluniador, e indica uma das características de Satanás, grande oponente de Deus e do povo de Deus. 2. Quarenta dias e quarenta noites. As três provas registradas aqui seguiram-se a este período de tempo, mas outras tentações ocorreram através do período (Lc. 4:2). 3, 4. Se és Filho de Deus não implica necessariamente uma dúvida da parte de Satanás, mas antes cria a base para a sua sugestão. A sutileza da prova está evidente, pois nem o pão nem a fome são pecados em si. Não só de pão viverá o homem (Dt. 8:3) foi a resposta escriturística de Cristo. Até mesmo Israel vagando no deserto ficou sabendo que a fonte do pão (isto é, Deus) era mais importante do que o próprio pão. Jesus recusou-se a operar um milagre com a finalidade de fugir ao sofrimento pessoal quando esse sofrimento fazia parte da vontade de Deus para ele. 5-7. A segunda tentação aconteceu no pináculo, ou aba do Templo em Jerusalém, talvez o alpendre que se elevava sobre o vale do Cedrom. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 17 Satanás usou as Escrituras (Sl. 91:11, 12) para que Cristo provasse Sua declaração de que Ele vivia de toda palavra que saía da boca de Deus. Também está escrito apontava para a totalidade das Escrituras como guia de conduta e alicerce da fé. Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt. 6:16; compare com Êx. 17:1-7). Tal atitude presunçosa de colocar Deus à prova não é fé mas dúvida, como a experiência de Israel comprovou. 8-11. Um monte muito alto é literal, mas sua localização é desconhecida. Por meio de algum ato sobrenatural, Satanás mostrou a Cristo todos os reinos do mundo. Tudo isto te darei indica que Satanás tem algo a conceder; caso contrário a prova não teria valor. Como o deus deste mundo (II Co. 4:4) e príncipe das potestades do ar (Ef. 2:2), Satanás exerce controle sobre os reinos da terra ainda que na qualidade de usurpador e dentro de certos limites. Ele ofereceu este controle a Jesus em troca de adoração, e com isto ofereceu a Cristo aquilo que conseqüentemente será dEle de maneira muito mais gloriosa (Ap. 11:15). A ligação entre adorar e servir na resposta de Jesus (de Dt. 6:13) é significativa, pois uma envolve a outra. Para Cristo inclinar-se diante de Satanás seria reconhecer o senhorio do diabo. Uma oferta dessas mereceu uma réplica direta de Cristo. A declaração de Mateus, com isso o diabo o deixou, mostra que a sua ordem das tentações é cronológica (contraste com Lc. 4:1-13). Jesus repeliu o mais poderoso ataque de Satanás não com um raio dos céus, mas com a Palavra de Deus escrita empregada na sabedoria do Espírito Santo, um meio à disposição de cada cristão. III. O Ministério de Jesus Cristo. 4:12 - 25:46. A análise de Mateus do ministério de Cristo foi baseada sobre quatro áreas geográficas facilmente notáveis: Galiléia (4:12), Peréia (19:1), Judéia (20:17) e Jerusalém (21:1). Como os outros sinóticos ele omite o anterior ministério na Judéia, que ocorre cronologicamente entre 4:11 e 4:12 (confira com Jo. 14). Talvez Mateus comece com Mateus (Comentário Bíblico Moody) 20 25. Além daqueles que vinham para serem curados, outros o seguiam, vindos de longe, sem esta motivação. Decápolis. Uma federação de dez cidades gregas independentes sob a proteção da Síria, à leste da Galiléia. Dalém do Jordão. A região do leste conhecida por Peréia. Assim, toda a Palestina, e as áreas adjacentes, tiveram a influência deste ministério. 4) Sermão da Montanha. 5:1 – 7:29. É o mesmo discurso registrado em Lc. 6:20-49, pois as diferenças podem ser harmonizadas ou explicadas, e a semelhança entre os começos, finais e assuntos tornam a identificação extremamente provável. Além disso, os dois registros falam da cura do servo do centurião logo a seguir. A objeção de que Matem coloca este discurso antes de sua própria vocação (9:9; contrasta com Lc. 5:27 e segs.) explica-se por sua falta de ordem cronológica estrita por toda parte. Daí, considerando que Mateus descreveu as atividades de Cristo na proclamação da chegada do Reino (4:17, 23), foi acertado incluir para os seus leitores um exame completo deste assunto feito por Jesus. Conclui- se que o Sermão da Montanha não é, em primeiro lugar uma declaração de princípios para a Igreja cristã (que na ocasião ainda não fora revelada), nem uma mensagem evangelística para os perdidos, mas um esboço de princípios que caracterizariam o reino messiânico que Cristo anunciava. Mais tarde, a rejeição do seu Rei por parte de Israel, atrasou a vinda do seu reino, mas ainda agora os cristãos, tendo declarado a sua fidelidade ao Rei e tendo sido preparados espiritualmente para a antecipação de algumas das bênçãos do seu reino (Cl. 1:13), podem perceber o ideal de Deus neste sublime discurso e concordarão com seus altos padrões. Mateus 5 1. Multidões. Uma referência à multidão do versículo anterior, é uma indicação de que este discurso não foi proferido até que o ministério Mateus (Comentário Bíblico Moody) 21 da Galiléia estivesse no auge. Outra prova está no nível avançado das instruções nele contidas. Ao monte. Uma elevação sem nome, ao que parece próxima a Cafarnaum, sobre a qual Jesus encontrou um lugar plano para falar (Lc. 6:17). Seus discípulos. Lucas mostra que a escolha dos Doze acabou (Lc. 6:12-16), e o sermão foi, em primeiro lugar, para eles (conferir com Lc. 6:20). Entretanto, uma parte dele foi ouvida pela multidão (Mt. 7:28; Lc. 6:17). a) Características dos Cidadãos do Reino. 5:3-12. 3. Bem-aventurados. Felizes. Uma descrição da condição íntima do crente. Quando descrevendo uma pessoa dentro da vontade de Deus, é virtualmente equivalente a "salvo", O Salmo 1 dá um quadro do V.T. do homem bem-aventurado, que evidencia sua natureza por suas atitudes. As Beatitudes, também, não são primordialmente promessas individuais, mas uma descrição do indivíduo. Não mostram ao homem como ser salvo, mas descrevem as características manifestas por aquele que nasceu de novo. Humildes de espírito. O oposto dos espíritos orgulhosos. Aqueles que reconheceram a sua pobreza nas coisas espirituais e permitiram que Cristo suprisse suas necessidades tornaram- se os herdeiros do reino dos céus. 4,5. Choram (confira com Is. 61:3). Um sentimento de angústia por causa do pecado caracteriza o homem bem-aventurado. Mas o arrependimento genuíno concede o conforto para o crente. Considerando que Cristo levou sobre si os pecados de todos os homens, o conforto do perdão completo está à disposição imediata (I Jo. 1:9). Mansos. Só mencionados por Mateus. Uma alusão óbvia ao Sl. 37:11. A fonte dessa mansidão é Cristo (Mt. 11:28, 29), que a concede quando os homens submetem-lhe a sua vontade. Herdarão a terra. O reino messiânico terreno. 6-9. Fome e sede de justiça. Uma paixão profunda pela justiça pessoal. Tal desejo é evidência da insatisfação como alcance espiritual atual (contrasta com os fariseus, Lc. 18:9 e segs.) Misericordiosos Mateus (Comentário Bíblico Moody) 22 (confira com Sl. 18:25). Aqueles que põem em ação a piedade podem esperar a mesma misericórdia tanto da parte dos homens como de Deus. Limpos de coração. Aqueles cujo ser moral está livre da contaminação do pecado, sem interesses ou lealdade divididos. Eles, na possessão da natureza pura de Deus, possuem a visão límpida de Deus, que atingirá o seu clímax na volta de Cristo (I Co. 13:12; I Jo. 3:2). Pacificadores. Assim como Deus é "o Deus da paz" (Hb. 13:20) e Cristo, "o Príncipe da Paz" (Is. 9:6), os pacificadores no Reino serão reconhecidos como participantes da natureza divina, e serão devidamente honrados. 10-12. Os perseguidos por causa da justiça. Quando se estabelecer o reino messiânico, essas injustiças serão sanadas. E mesmo dentro desse reino a presença de homens com natureza pecadora tomarão possível o mal, ainda que imediatamente julgado. Os profetas. Os videntes do V. T. que profetizaram o reino e proclamaram seu caráter de justiça encontraram a mesma oposição (Jer.; Jr. 20:2; Zac.; II Cr. 24:21). b) Função dos Cidadãos do Reino. 5:13-16. 13,14. Sal. Um conhecido preservador do alimento, muitas vezes usado simbolicamente. Os crentes são uma coibição da corrupção do mundo. Os incrédulos são muitas vezes afastados do mal por causa de uma consciência moral cuja origem pode ser encontrada na influência cristã. Se o sal vier a ser insípido. Se isto pode acontecer quimicamente é assunto controvertido. Thompson admite que o sal impuro da Palestina pode se tornar insípido (The Land and the Book, pág. 381). Entretanto, a ilustração de Cristo pode ser hipotética para mostrar que a anomalia é um crente inútil. Vós sois a luz do mundo. Os crentes funcionam positivamente para iluminar um mundo que está nas trevas, porque eles possuem Cristo, que é a luz (Jo. 8:12). A luz de Cristo deveria brilhar publicamente, como o agrupamento das casas de pedras brancas numa cidade da Palestina. Deveria também ser exibida em nossos relacionamentos individuais e particulares (candeia, velador, casa). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 25 pecado jaz, não no órgão físico, mas no coração. O coração perverso do homem precisa ser mudado se ele quer escapar à ruína final do inferno (Geena; veja comentário sobre 5:22). 31, 32. Terceira ilustração: divórcio. O regulamento mosaico (Dt. 24:1) protegia a mulher dos caprichos do homem, insistindo na carta de divórcio. O divórcio era, entretanto, uma concessão ao pecado humano (Mt. 19:8). As premissas mosaicas da "impureza" foram muitas vezes explicadas, a partir do adultério (Shammai) até o mais simples desagrado da parte do marido (Hillel). No costume judeu só os homens podiam obter divórcio. Relações sexuais ilícitas. Alguns restringem estas palavras ao costume judeu, como descritivo da infidelidade durante o período de compromisso (confira com o problema de José, 1:18, 19), e assim não encontram motivo para o divórcio hoje em dia. Outros acham que "fornicação" equivale a "adultério" nesta passagem, e assim é o único motivo que dá permissão para o divórcio segundo Cristo. Certamente não temos base além desta possível exceção. A expõe a tornar-se adúltera. Entende-se, geralmente, em tese, considerando que ela pode ser forçada a contrair outro casamento. Uma vez que isso não precisa obrigatoriamente acontecer, Lenski interpreta esta difícil forma passiva assim – ocasionar que ela seja estigmatizada como adúltera (Interpretation of St. Matthew’s Gospel, págs. 230-235), e considera o pecado como uma suspeita injusta atraída sobre a parte injuriada. 33-37. Quarta ilustração: juramentos. O alicerce do V.T, é Lv. 19:12 e Dt. 23:21 (confira com Êx. 20:7). Jurarás falso. Jurar em falso. O abuso que os judeus faziam dos juramentos, levou Jesus a dizer, de modo nenhum jureis. É difícil achar uma brecha nesta diretiva (veja também Tiago 5:12). Assim, o crente não deveria jurar para autenticar suas declarações. Até mesmo o Estado deveria geralmente permitir uma afirmação em lugar do juramento exigido. Pelo céu. Os judeus usavam a sua engenhosidade para classificar os diversos juramentos, e geralmente perdoavam aqueles que não mencionassem Deus especificamente. Jesus mostrou que tal raciocínio enganosamente sutil era falso, pois Deus Mateus (Comentário Bíblico Moody) 26 continua implicado quando os homens invocam os céus, a terra, ou Jerusalém; e até quando se jura pela própria cabeça está implicado Aquele que tem poder sobre a mesma. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim. Uma solene afirmação ou negação é o suficiente para o crente. O que passa disto. Acrescentando juramentos às nossas declarações, ou admitimos que não se pode confiar em nossas palavras costumeiras, ou nos rebaixamos ao nível de um mundo mentiroso, que vem do maligno. Confira com Jo. 8:44. 38-42. Quinta ilustração: vingança. Olho por olho (Êx. 21:24). Um princípio judicioso que fazia o castigo ajustar-se ao crime. Entretanto, não tinha a intenção de permitir aos homens que se vingassem com suas próprias mãos (Lv. 19:18). Não resistais ao mal. Provavelmente, "ao homem mau". Jesus mostra aos cidadãos do Reino como deveriam receber a injúria pessoal. (Ele não está discutindo a obrigação do governo de manter ordem.) Um filho de Deus deveria estar pronto a sofrer perda por assalto (v. 39), litígio (v. 40), regulamentos compulsórios (v. 41), mendicância (42a), empréstimos (v. 42b). Túnica. Roupa de baixo ou túnica. Capa. Vestimenta externa mais cara, às vezes usada como coberta de cama (veja Êx. 22:26, 27), e portanto não podia ser mantida durante a noite como garantia de pagamento de dívida (Dt. 24:12, 13). Te obrigar. Uma palavra de origem persa, descrevendo o costume dos correios que tinham autoridade de obrigar pessoas a prestarem serviços sempre quando fosse necessário (confira com Simão Cireneu, Mt. 27:32). Esse alto padrão de conduta deveria obrigar todos os crentes a se esforçarem até onde fosse possível em viver de acordo com a sua vocação e a ansiarem pelo dia quando o governo justo de Cristo tornará esse ideal inteiramente aplicável a todos os setores da vida. 43-48. Sexta ilustração: amar os inimigos. Amarás o teu próximo (Lv. 19:18, 34) resume toda a segunda tábua da Lei (confira com Mt. 22:39). Odiarás o teu inimigo. Esta adição que não é das Escrituras desvia-se da lei do amor; mas deveria ser uma interpretação popular. O Mateus (Comentário Bíblico Moody) 27 Manual de Disciplina de Qumran contém a seguinte regra: ". . . amar todos os que Ele escolheu e odiar a todos os que Ele rejeitou" (1 QS 1.4). Amai a vossos inimigos. O amor (agapao) prescrito é o amor inteligente que compreende a dificuldade e esforça-se em libertar o inimigo do seu ódio. Tal amor é parente da atitude amorosa de Deus para com os homens rebeldes (Jo. 3:16) e portanto é uma prova de que aqueles que agem assim são verdadeiros filhos do seu Pai. Publicanos. Os coletores judeus dos impostos romanos, odiados por seus patrícios por causa de suas flagrantes extorsões e sua associação com os conquistadores desprezados. A ordem Sede vós perfeitos deve se restringir à questão do amor neste contexto. Assim como o amor de Deus é completo, não omitindo nenhum grupo, assim o filho de Deus deve lutar pela maturidade nessa questão (confira com Ef. 5:1, 2). Isso não pode se referir à ausência de pecado, pois Mt. 5:6, 7 mostra que os bem- aventurados ainda têm fome de justiça e precisam de misericórdia. d) Atitudes dos Cidadãos do Reino. 6:1 – 7:12. Jesus passa a comparar a vida honesta que ele espera, coma hipocrisia dos fariseus e seus seguidores (5: 20). Mateus 6 1-4. Primeiro exemplo: esmolas. Esmola. O versículos 1 tem a palavra justiça nos melhores textos, e ela introduz toda a discussão. Tem-se em vista aqui a justiça prática. Diante dos homens. Embora tenhamos recebido a ordem de deixar a nossa luz brilhar (5:16), atos de justiça não devem ser praticados para auto-glorificação (com o fim de serdes vistos por eles). Esmola foi bem aplicado no versículo 2 e demonstra a oferta caridosa. Toques trombeta. Metáfora para "tornar público". Hipócritas. Da palavra grega que indica atores desempenhando um papel. Já receberam a recompensa. O uso comercial dessa palavra indica pagamento integral com recibo. A justiça exibicionista já recebeu o seu pagamento integral; Deus nada Mateus (Comentário Bíblico Moody) 30 terra são efêmeros, podendo ser perdidos por causa das traças (confira com vestido, v. 19). Ferrugem (uma tradução mais apropriada para brosis, conferir com mantimento, v. 25) e ladrões. O cidadão do Reino deveria antes ajuntar tesouros no céu, concentrando-se na justiça (veja v. 33). A lâmpada do corpo, que recebe e dispensa a luz, são os olhos. Se os olhos, usados aqui, figurativamente em relação à compreensão espiritual, fossem bons, não sofrendo da visão dupla em relação à questão das riquezas – uma perturbação que é má – então o indivíduo pode ver as riquezas na sua perspectiva correta. A impossibilidade de servir a dois senhores no relacionamento do escravo e senhor é uma ilustração pitoresca. Mamom. Ainda que a sua origem seja incerta, parece ser uma palavra aramaica indicando riquezas, aqui personificadas. Observe que Jesus não condena as riquezas mas a escravidão às riquezas. 25-34. Quinto exemplo: ansiedade. Aqueles que não têm riquezas podem acabar sendo vítimas da preocupação por falta de fé. Daí a transição natural. Não andeis ansiosos. Não uma proibição de previdência ou planejamento (confira com I Tm. 5:8; Pv. 6:6-8; 30:25), mas de ansiedade sobre necessidades diárias. Não é a vida mais do que o alimento? Considerando que a própria vida e o corpo foram providenciados por Deus, não deveríamos confiar nele para providenciar aquilo que tem menos importância? Considerando que Deus fornece o sustento às aves que não têm capacidade de semear, colher e armazenar, quanto mais deveriam os homens, que foram equipados com essa capacidade, confiar em seu Pai celestial! Acrescentar um côvado ao curso de sua vida. O alimento é essencial ao crescimento. Mas mesmo isso Deus controla. Conforme uma criança vai crescendo e se tornando adulta, Deus acrescenta muito mais do que um côvado (cerca de 45 cm) mas a ansiedade só pode atrapalhar e não ajudar. Alguns preferem traduzir para período de vida e não estatura, e tentam descobrir exemplos de côvado como medida de tempo. Entretanto, a primeira interpretação serve bem à passagem. Lírios. Qual a flor em particular indicada por esta palavra é duvidoso, mas elas deviam estar florescendo Mateus (Comentário Bíblico Moody) 31 naquela ocasião uma vez que Jesus se refere a qualquer deles. Salomão. O mais magnífico rei hebreu. Erva do campo. Os lírios acabados de mencionar, a beleza dos quais é breve, e que logo são cortados coma erva e usados como combustível para as necessidades do homem aquecendo no forno (Tiago 1:11). Vós, homens de pequena fé. Uma expressão usada quatro vezes em Mateus e uma vez em Lucas, como encorajamento para o crescimento na fé, e também como reprimenda carinhosa. Os gentios é que procuram. Uma referência à atenção que os gentios dispensam às coisas materiais porque não conhecem Deus na qualidade de Pai celestial (conferir com 6:7, 8). Buscai, pois em primeiro lugar. Os ouvintes de Cristo, que já se declararam às ordens do Rei, devem continuar buscando (verbo durativo) o Reino, concentrando-se nos valores espirituais e colocando toda a sua confiança em Deus; e Deus que conhece suas necessidades temporais suprirá o que for necessário. O amanhã trará os seus cuidados. Uma personificação notável. Basta a cada dia o seu próprio mal. Este mal é explicitamente físico, referindo-se aos problemas que podem surgir. Não tem sentido acrescentar os cuidados de amanhã aos cuidados de hoje. Mateus 7 7:1-12. Sexto exemplo: julgando outros. Não julgueis. O imperativo presente sugere que o hábito de julgar os outros é que está sendo condenado. Ainda que a palavra julgai seja neutra quanto ao julgamento, o sentido aqui indica um julgamento desfavorável. Aqueles que criticam os outros devem parar, tendo em vista o juízo final, pois os homens não podem julgar os motivos como Deus pode (conferir com Tiago 4:11, 12). Os crentes não devem fugir a toda crítica (conferir com 7:6, 16), pois os cristãos têm de julgar-se a si mesmos e aos membros ofensores (I Co. 5:3-5, 12, 13). Para que não sejais julgados. O subjuntivo aoristo entende-se melhor quando aplicado ao julgamento de Deus e não dos homens (conferir com 6:14, 15). Argueiro. Uma partícula de palha ou feno, ou uma lasca de madeira. Trave. Um tronco Mateus (Comentário Bíblico Moody) 32 ou tábua, usado como viga mestra em um telhado ou assoalho; aqui representa um espírito reprovador. A ilustração foi intencionalmente exagerada para mostrar a posição ridícula daquele que se coloca como juiz dos outros. Essa pessoa é chamada de hipócrita, pois pretende agir como médico, quando ela mesma está enferma. Esta ordem, entretanto, não exime os crentes de fazer distinções morais. Aqueles que ouviram o Evangelho e o apelo de Cristo, e pela sua atitude demonstraram que a sua natureza é inalteravelmente viciosa (cães e porcos eram especialmente repulsivos aos ouvintes de Jesus), não devem ter a permissão de tratar essas coisas preciosas com pouco caso (conferir com 13:11-15). Os seguintes versículos sobre a oração (cons. Lc. 11:9-13) respondem aos problemas que o crente possa ter à vista das instruções sobre o julgamento. A necessidade de discernir os cães e os porcos quando estiver fugido à trave do olho exige sabedoria do alto. Daí Jesus incentiva seus seguidores a pedi, buscai e batei, para que suas deficiências sejam supridas pela provisão divina. Os três imperativos estão em ordem crescente, e suas formas contínuas sugerem, além da perseverança, oração freqüente por toda e qualquer necessidade. Existe uma semelhança tosca entre o pão (um pãozinho pequeno e redondo) e uma pedra, e entre um peixe e uma serpente, mas nenhum pai enganaria assim uma criança com fome. Que sois maus. Uma referência à natureza pecadora do homem (até os discípulos têm esta natureza). Boas dádivas foi substituído em Lc. 11:13 (em outra ocasião) por Espírito Santo, o Doador de todo o bem. O versículo 12 aplica a instrução anterior. Ainda que maus por natureza, somos reconhecidos por Deus como seus filhos e temos a promessa de recebermos respostas às orações. Daí, em vez de julgarmos os outros, devemos tratá-los como gostaríamos de ser tratados. Este resumo do V.T. (a lei e os profetas) é uma reafirmação da segunda tábua da Lei (Mt. 22:36-40; Rm. 13:8-10), e repousa sobre a primeira, pois o relacionamento do homem com Deus sempre será a base do seu relacionamento com o próximo. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 35 5) Dez milagres e Acontecimentos Relacionados. 8:1 – 9:38. A narrativa desses dois capítulos está arrumada por tópicos, e a ordem difere um pouco de Marcos e Lucas. Entretanto, a descrição que Mateus faz da purificação do leproso logo após ao Sermão da Montanha deve ser cronológica (conf. 8:1), enquanto que nem Marcos nem Lucas são específicos quanto à ocasião. Mateus 8 8:1-4. A purificação de um leproso. Leproso. Para descrição da lepra bíblica veja Lv. 13, 14, e os dicionários bíblicos. No V.T., esta enfermidade repugnante foi transformada em símbolo dos efeitos do pecado sobre o homem. (As leis não eram primordialmente higiênicas, pois uma pessoa completamente coberta com lepra podia ser declarada limpa; Lv. 13:12, 13.) Adorou-o. A fé que o leproso demonstrou no poder de Jesus (Se quiseres; não "Se puderes") demonstra que o seu ato de prostrar-se era adoração religiosa e não cortesia oriental. Tocou-lhe. Um ato simultâneo com a declaração de cura pronunciada por Jesus, e assim não foi uma quebra do cerimonial relativo à impureza. Não digas a ninguém. Não teve a intenção de evitar publicidade, pois grandes multidões testemunharam o milagre, mas para evitar que a notícia chegasse prematuramente aos ouvidos do sacerdote, o qual poderia formar um preconceito contra o homem. Cristo queria que a purificação fosse oficialmente declarada primeiro, para que a explicação fosse um testemunho contra eles (isto é, contra os sacerdotes que se lhe opunham). Infelizmente, o homem não deu importância à advertência e conseqüentemente causou muitos inconvenientes a Cristo (Mc. 1:45). 5-13. A cura do servo de um centurião. Centurião. Lucas indica que ele apelou para Jesus por intermédio de anciãos judeus e outros amigos (Lc. 7:1-10). Os centuriões são uniformemente descritos no N.T, como homens de bom caráter (Mt. 27:54; Atos 10:22; 27:3, 43; e outros). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 36 Este homem era provavelmente um comandante gentio à frente do exército de Herodes Antipas, que mantinha tropas estrangeiras (Josefo, Antig. xvii. 8.3). Paralítico. A palavra grega paralytikos indica paralisia causada por uma variedade de doenças afetando os músculos e órgãos do corpo. Não sou digno. Este gentio, talvez nem mesmo um prosélito (ainda que tivesse construído uma sinagoga judia, Lc. 7:5), achou que era presunção de sua parte pedir a Jesus que fosse à sua casa. Eu sou homem sujeito à autoridade. O significado é: Se este oficial de baixa patente podia dar ordens aos seus subordinados, quanto mais Cristo, que possui toda a autoridade, pode dar uma ordem para que a Sua vontade seja feita. Admirou-se Jesus. Uma indicação de que a onisciência da natureza divina de Cristo não impedia as reações humanas normais. Apesar da riqueza de revelações que Israel possuía, foi a fé de um gentio na autoridade de Cristo que brilhou com mais intensidade. Assim Jesus anuncia que o seu reino messiânico será desfrutado por muitos que não são judeus. Tomarão lugares à mesa com Abraão. Ao se falar no Reino, usa-se muitas vezes a figura de um banquete (Is. 25:6; Lc. 14:15-24). Os filhos do reino. Os judeus, recipientes das profecias, e conseqüentemente os herdeiros originais, são informados aqui que sem fé, o simples fato de pertencer a uma raça não é suficiente qualificação para o reino de Cristo. Para fora nas trevas. As trevas do lado de fora do salão iluminado do banquete (conf. 22:13). Conforme a tua fé. O homem creu que Jesus podia curar à distância, e Ele o fez. 14-17. A cura da sogra de Pedro e outros. Tendo Jesus chegado à casa. Vindo de um culto na sinagoga (Lc. 4:38; Mc. 1:29). Ardendo em febre. Esperando hóspedes, esta enfermidade deve ter perturbado muito todos de casa. Servi-lo. A cura foi completa, sem recuperação gradual. A sugestão de que a esposa de Pedro já tinha morrido, considerando que sua sogra o serviu, contradiz I Co. 9:5. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 37 Chegada a tarde. Ao pôr-do-sol, ao findar do sábado, muitos doentes e endemoninhados foram trazidos em busca de cura. Ele mesmo tomou as nossas enfermidades. Mateus 9:6 mostra que a cura de doenças (um dos efeitos do pecado) efetuada por Cristo, indica sua competência em lidar com a causa principal. Assim, essas curas foram um cumprimento parcial de Is. 53:4, que foi completado no calvário quando o pecado do homem foi levado por Cristo. 18-22. Entrevista com possíveis seguidores. A ligação cronológica desta passagem complica-se quando comparada com Lucas (9:57 e segs), que a coloca muita mais tarde. Talvez a primeira entrevista acontecesse quando Jesus preparava-se para embarcar, e Mateus acrescenta o último incidente no mesmo parágrafo, enquanto que Lucas agrupa três incidentes parecidos na ocasião. Um escriba. Ainda que poucos desses mestres religiosos se sentissem inclinados a seguir Cristo (conf. com Mc. 12:28-34; contraste com Lc. 11:53, 54), este se ofereceu para se tornar seu discípulo permanente. Entretanto, Jesus evidentemente viu neste propósito a falta de estimar devidamente os rigores do verdadeiro discipulado. Filho do homem. Um título que os judeus entendiam pertencer ao Messias (Jo. 12:34) e equivalente a "Filho de Deus" (Lc. 22:69, 70). Era a maneira costumeira de Cristo se intitular, aparentemente de Dn. 7:13,14. Permite-me ir primeiro sepultar meu pai. Este homem, já um discípulo, foi convidado por Jesus a segui-lo (Lc. 9:59). Tendo acabado de receber a notícia da morte de seu pai, pediu um prazo. A sugestão de que o pai do homem ainda estivesse vivo (considerando que os sepultamentos judeus são feitos no dia da morte, e uma pequena demora não justificaria a resposta de Cristo), não diminui a dificuldade, pois entre os judeus a responsabilidade de um homem diante de um pai idoso era tão grande quanto o seu dever para com os mortos. Jesus viu na hesitação do homem uma fraqueza de fidelidade. Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 40 que os homens soubessem que ele tinha autoridade para tratar a sua causa, prefigurando assim a expiação. O Filho do Homem tem sobre a terra autoridade. A autoridade de Cristo para perdoar e curar são dons divinos para a humanidade. 9-13. Vocação de Mateus, e a festa na sua casa. Todos os sinóticos registram este incidente logo depois da cura do paralítico. Mateus. Também chamado Levi (Mc. 2:14; Lc. 5:27). Assentado na coletoria. Cafarnaum (9:1) ficava perto da estrada que ia de Damasco para as cidades costeiras, e era portanto um lugar favorável -para se recolher impostos sobre as mercadorias que iam pela estrada ou que teriam de cruzar o Mar da Galiléia. Edersheim descreve, com base em fontes rabínicas, os impostos aborrecidos que eram extorquidos, e as classificações dos coletores, dos quais Mateus, como funcionário da Alfândega, era do pior tipo (Life and Times of Jesus, 1, 515-518). Ele se levantou e o seguiu. Esta atitude marcou um completo rompimento com o passado; não haveria mais retorno. Seu cargo podia ser ocupado por outro, e encontrar novo emprego seria difícil para um publicano. Estando ele em casa à mesa. Esta festa na casa de Mateus (Lc. 5:29) talvez fosse realizada algum tempo depois de sua chamada. Ele convidou publicanos e pecadores, seus antigos companheiros que viviam em oposição à vontade de Deus conforme revelada no V.T. Sem dúvida os convidou para que Jesus pudesse ganhá-los para Si. Para os fariseus que faziam a mais rígida distinção e se tinham na conta de justos, Jesus respondeu que o seu ministério era necessário aos pecadores, como os serviços do médico são necessários aos doentes. Os justos. Jesus usou a estimativa dos próprios fariseus a respeito de si mesmos para responder à objeção deles. Misericórdia quero, e não sacrifício (Os. 6:6). Uma atitude misericordiosa para com os espiritualmente necessitados é muito melhor do que a mera formalidade nas obrigações religiosas (sacrifício) sem nenhuma preocupação com os outros. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 41 14-17. Esta entrevista com os discípulos de João também deve ter acontecido na festa de Mateus (observe a conexão íntima em Lc. 5:33). Jejuamos muitas vezes. Ao jejum anual estipulado pelas Escrituras (Dia da Expiação) foram acrescentados jejuns para todas as segundas e quintas-feiras, que os fariseus e outros observavam, inclusive os discípulos de João (Lc. 5:33). A resposta de Cristo trouxe à baila a declaração do próprio João (Jo. 3:29), comparando o ministério de nosso Senhor a uma festa de casamento. Convidados para o casamento. Aqueles que ajudam o noivo. Quando Cristo, o Esposo, lhes será tirado por morte violenta, e nestes dias hão de jejuar. O verdadeiro jejum é resultado da tristeza (andar tristes), não de ritualismo. Pano novo. Um remendo de fazenda inadequada, que não foi pré-encolhido, quando todo o vestido já foi lavado, enrugaria e rasgaria toda a fazenda à qual foi costurado. Vinho novo, que ainda não foi fermentado, romperia os odres velhos, pois não têm mais elasticidade. Assim Cristo e sua mensagem eram muito mais do que o judaísmo contemporâneo remendado ou rejuvenescido. 18-26. A cura da mulher que tinha hemorragia e a ressurreição da filha de um chefe. Chefe. Um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, provavelmente de Cafarnaum (Mc. 5:21, 22). Minha filha faleceu agora mesmo. Mateus resumiu diversos detalhes. Marcos e Lucas registraram que Jairo disse primeiro que ela estava morrendo, e mais tarde informou-o através de mensageiros que já tinha morrido. Ela viverá. Ainda que sua fé menor que a do centurião (8:8), era notável mesmo assim. A caminho da casa de Jairo, uma mulher aproximou-se por trás de Jesus. Ela padecendo de uma hemorragia (ou tinha uma hemorragia) há doze anos. Esse sofrimento era cerimonialmente considerado imundo (Lv. 15:19-30), um fato que explica a sua atitude. Tocou na orla da veste. Provavelmente a borda dos quatro cantos de sua capa, usada pelos israelitas de acordo com Nm. 15:38 e Dt. 22:12. Novamente Mateus condensa o registro mas observa que Jesus tornou Mateus (Comentário Bíblico Moody) 42 claro à mulher que a fé, não a orla, foi a razão da cura. Jesus prosseguiu no caminho da casa onde ocorreu a morte. Os tocadores de flauta e outros pranteadores estavam reunidos para o faustoso funeral tradicional (Jr. 9:17; 48:36). Não está morta a menina, mas dorme. Compare a semelhante declaração de Jesus em relação a Lázaro (Jo. 11:11, 14). A declaração não é uma opinião errada que Jesus formou, nem uma verdade literal que ela estivesse simplesmente inconsciente, nem um argumento de que a morte é o sono da alma. Antes, foi dito à luz do que ele ia fazer a seguir. A fama deste acontecimento correu por toda aquela região, apesar da advertência de Cristo contra a publicidade (Mc. 5:43; Lc. 8:56). 27-31. A cura dos dois cegos. Esta narrativa e a seguinte são peculiares a Mateus. Filho de Davi. Uma designação messiânica. Considerando que nessa ocasião Jesus estivesse evitando títulos públicos que pudessem ser considerados politicamente, ele não tomou conhecimento desses dois cegos até que todos entraram na casa. Faça-se conforme a vossa fé. Conf. 8:13. O reconhecimento de Jesus como sendo o Messias, com suas benditas implicações para homens como esses (Is. 35:5, 6), recebeu a bênção solicitada. Divulgaram-lhe a fama. Incapazes de conterem sua gratidão, não obedeceram a severa advertência de Cristo de guardarem silêncio. 32-34. A cura de um endemoninhado mudo. Ainda que os endemoninhados fossem freqüentemente violentos e loquazes, este era mudo e foi trazido por outros (foi-lhe trazido um mudo endemoninhado). Mateus descreve o acontecimento com um mínimo de detalhes, observando principalmente a reação da multidão. Jamais se viu tal coisa em Israel. Esta declaração pode ser a impressão que se desenvolveu durante um período de tempo, culminando neste último milagre. A acusação dos fariseus de que Jesus se associava com o maioral dos demônios deve se referir a este milagre em particular. A acusação não deve ter sido feita diretamente a Jesus, uma vez que ele Mateus (Comentário Bíblico Moody) 45 e eram desprezados pelos judeus; (Jo. 4:9, 20) não era devido a preconceito (Jo. 4), nem foi permanente (Atos 1:8). 6,7. No momento, entretanto, sua mensagem anunciava o reino dos céus, messiânico (veja 3:2; 4:23), do qual a casa de Israel era herdeira. 8. Entre os poderes miraculosos que lhes foram concedidos estava a autoridade de ressuscitar mortos, ainda que não haja nenhum registro de tal poder empregado nessa missão. Esses serviços tinham de ser prestados de graça, sem receber nada em troca, pois sua autoridade fora recebida da mesma maneira. 9. Não vos provereis de ouro. Essas instruções só se aplicaram a esta missão específica de duração limitada (conf. Lc. 22:35, 36). Não deviam levar dinheiro em seus cintos (bolsas). 10. Alforje. Mochila, saco de viagem. Não deviam providenciar túnicas e sandálias extras, nem bordão (ainda que pudessem usar as sandálias e o bordão que já possuíam Mc. 6:8, 9). O sustento viria de ouvintes gratos. 11. Indagai quem neles é digno. Ao proclamar a sua mensagem (v. 7), a reação revelaria quem se sentia espiritualmente inclinado a aceitá- los. Quando lhes oferecessem hospitalidade, os discípulos deveriam aceitá-la durante a duração de sua visita. 12. Deviam saudar da maneira costumeira (saudai, o que consistia no rico shalom, "paz"). 13. Se os discípulos descobrissem que seu hospedeiro não era digno, mas declaradamente antagônico a seus propósitos e mensagem, sua declaração de paz não deveria ser desperdiçada, mas deveria ser retirada (torne para vós) para uso posterior. 14. Se o antagonismo forçasse o abandono de tal casa ou mesmo de toda uma cidade, o simbolismo de se sacudir o pó dos seus pés retrataria viva e solenemente a liberdade dos discípulos do envolvimento na culpa dos seus oponentes no juízo vindouro. 15. Sodoma e Gomorra. Dois exemplos muitas vezes usados de cidades condenadas (Is. 1:9; conf. Gn. 18:20; 19:24-28). Em verdade Mateus (Comentário Bíblico Moody) 46 vos digo. Esta fórmula conclui cada parte destas instruções (conf. vs. 23, 42). 16. Esta segunda porção das instruções vai além da missão específica, lançando olhares para os perigos futuros, e chega a dar uma visão dos tempos escatológicos. Lobos. Oponentes perversos (7:15; Lc. 10:3; Jo. 10:12; Atos 20:29). Prudentes como as serpentes e símplices como as pombas. "Sozinha, a prudência da serpente é mera astúcia, e a simplicidade da pomba pouco mais que fraqueza; mas combinadas, a prudência da serpente salvaria da exposição desnecessária ao perigo; a simplicidade da pomba, dos expedientes pecaminosos de escapar dele" (JFB, III, 81). 17. Tribunais. Os tribunais locais encontrados em todas as cidades (Jt. 16:18). 18. Governadores e reis. Não há nenhuma sugestão de que isto acontecesse na sua primeira missão; assim, com típico método profético, Jesus usa a ocasião presente para tratar de assuntos um tanto distantes no tempo. Agripa I, Félix, Festo, Agripa II, Sérgio Paulo e Gálio foram alguns dos que ouviram o testemunho relativamente a Cristo e aos apóstolos. 19, 20. Não cuideis. O Espírito proveria os apóstolos com o seu testemunho oral (como também inspiraria seus escritos). 21,22. Perseguição do tipo mais doloroso, até atingindo as famílias, deveria ser esperada. Entretanto, não deviam se entregar ao desespero, pois o livramento estava prometido (conf. 24:13). 23. Fugi para outra. O martírio não devia ser buscado; devia se tomar um cuidado razoável com a vida. Antes que todas as cidades de Israel fossem visitadas dessa maneira, o Filho do homem viria. Em contexto semelhante, de Mt. 24:8-31, a Grande Tribulação e o Segundo Advento foram examinados. Daí, a "vinda do Filho do Homem" provavelmente também é escatológica aqui. Isto seria entendido mais prontamente pelos discípulos, que dificilmente pensariam em colocar Mateus (Comentário Bíblico Moody) 47 esta "vinda" ao lado da destruição de Jerusalém em 70 A.D. Eis aí, portanto, uma promessa de libertação da maior de todas as perseguições. A parte final dá um encorajamento geral para todos os crentes (vs. 24- 42). 24,25. O relacionamento de Cristo com os crentes foi apresentado por, meio de três figuras: discípulo e mestre, servo e senhor, dono da casa e seus domésticos. Se o próprio Jesus recebeu maus tratos, seus subordinados não podem esperar melhor tratamento. Belzebu (antes Belzebul ou Bezebul) era considerado o "príncipe dos demônios" (Mt. 12:24; Lc. 11:15), ao que parece idêntico a Satanás. Essa ortografia não ocorre em nenhum outro lugar da literatura judia fora do N.T. A verdadeira explicação é incerta, embora pareça estar relacionado com "Baal-Zebube", deus de Ecrom (II Reis 1:16). 26,27. Não os temais. Este encorajamento baseia-se no conhecimento de que o juízo final de Deus vingará os crentes e acertará contas com os perseguidores. Assim, de acordo com esta máxima muitas vezes usada por Jesus, aquilo que os Doze receberam em particular (encoberto, em trevas) devia ser destemidamente pregado em público (plena luz, dos eirados). 28. Em resposta à objeção de que tal atitude poria suas vidas em perigo, Jesus os lembra de que é mais importante temer ao que tem autoridade sobre a alma e sobre o corpo, e pode fazer ambos perecerem no inferno (Geena). Aqui se fala de Deus sem dúvida, não de Satanás, pois aos crentes nunca foi dada ordem de temer Satanás (mas de lhe resista); nem Satanás destrói os homens no inferno (ele mesmo será punido ali). 29-31. A providência divina, que se estende até os mínimos detalhes deste mundo, fornece um antídoto adicional para o medo. Dois pardais. Aves familiares na Palestina, usadas às vezes como alimento. Um asse (assarion). O asse ou assarion romano era uma moeda de cobre, com o valor aproximado de um dezesseis avos do denário (Arndt). Lucas diz que duas dessas moedas poderiam comprar Mateus (Comentário Bíblico Moody) 50 2. Sobre o aprisionamento de João feito por Herodes em Maquerus, a leste do Mar Morto (Josefo Antig. xviii. 5.2.), veja 4:12; 14:1-12. Mandou por seus discípulos. Homens que permaneceram leais a João, e a esta altura não viam motivos para abandoná-lo. 3. És tu aquele que estava para vir? Um designativo comum para o Messias (Mc. 11:9; Lc. 13:35). À vista dos pronunciamentos anteriores de João e diante da revelação sobrenatural (Jo. 1:29-34), acusá-lo de dúvidas relativas à messianidade de Jesus parece muitíssimo injusto. Antes, considerando que o caráter do ministério de Jesus parecia carecer do aspecto de justiça que João tinha predito (Mt. 3:10-12), ele deve ter ficado a imaginar se não haveria necessidade de aparecer uma adicional figura messiânica, semelhante a Elias (cf. Ml. 4:5 ; Jo. 1:19-21). 4,5. A delicada resposta de Jesus chamou a atenção para as suas obras, as quais João reconheceria como credenciais messiânicas (Is. 29:18, 19; 35:5, 6; 61:1). Os mortos são ressuscitados. Lucas descreve um desses milagres exatamente antes desta entrevista (Lc. 7:11-17). 6. Aquele que não achar em mim motivo de tropeço. Este estímulo encorajador à fé de João fê-lo lembrar e a todos os crentes que o reconhecimento de Jesus como Messias é a característica do homem espiritualmente bem-aventurado (Jo. 20:31). 7-19. Homenagem prestada a João. 7. Um caniço agitado pelo vento. Uma pessoa inconstante. A intenção óbvia de Cristo era negar que João fosse assim e por isso ninguém devia conferir falta de fé à pergunta apresentada por João. 8. Que se vestem com roupas finas. Embora um guarda-roupa suntuoso fosse esperado em um emissário político, as bem conhecidas vestes proféticas de João (3:4) indicavam a sua missão espiritual. 9,10. Muito mais que profeta. Além de ser o último porta-voz inspirado do V.T., era também o precursor previsto para o Messias (Ml. 3:1), especialmente escolhido para apresentar o Messias a Israel. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 51 11. Conseqüentemente nenhum ser humano é maior do que João. Aqui Jesus destrói qualquer suspeita de desentendimento entre ele e João. Mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. Nesta declaração parece que João fica de fora do reino. Por isso o reino dos céus deve ser encarado como o reino messiânico anunciado por ambos, João e Jesus (3:2; 4:17). João, cujo ministério era o da preparação, estava agora prisioneiro e logo morreria. Mas aqueles que atenderam à proclamação e estavam agora dentro do círculo dos seguidores de Jesus constituíram o núcleo do Seu reino. Receberam novas verdades e privilégios, e depois da rejeição nacional de Jesus, seriam batizados em um novo corpo espiritual, a Igreja (uma parte do reino messiânico, Cl. 1:13; Ap. 20:6). João era o amigo do Esposo, mas os discípulos eram a Esposa (Jo. 3:29). Quando Jesus proferiu essas palavras (antes do Pentecostes, Atos 2), reino dos céus foi o termo mais inteligível que poderia ter usado. 12. O reino dos céus é tomado com esforço. Este verbo deve ser considerado intermediário – força o seu caminho com esforço (conf. Lc. 16:16), ou passivo – se esforça para entrar nele. A última forma é mais consistente com a cláusula seguinte. Da proclamação inicial de João sobre a vinda do Reino, a reação foi violenta, quer dos oponentes desconfiados (cof. vs. 18, 19; 14:3, 4), quer dos entusiásticos partidários. Os que se esforçam se apoderam dele. Compare Lc. 16:16. Entre os mais destacados partidários de Cristo estavam os publicamos, as prostitutas e os pecadores declarados, que acorriam para nosso Senhor em grandes grupos. 13-15. João foi o último profeta da dispensação do V.T. que profetizou a vinda do Messias. Incluída entre essas profecias do V.T. estava a vinda de Elias, para anunciar o grande Dia do Senhor (Ml. 4:5). Embora o próprio João negasse que era o Messias ressuscitado (Jo. 1:21), Jesus declara que se os judeus O recebessem totalmente e ao Seu Reino, João teria cumprido a profecia do V.T. (Mt. 17:10-13; conf. Lc. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 52 1:17). Considerando que isso não ocorreu, João não cumpriu tudo o que estava predito sobre Elias; e por isso o cumprimento completo ainda está no futuro. Esta passagem demonstra claramente a natureza condicional que o reino oferece. 16-19. Contrastando notavelmente com esta brilhante avaliação da pessoa de João havia o prevalecente sentimento das multidões para com João e Jesus. Esta geração. Os contemporâneos de João e Jesus (v. 12). Semelhante a meninos. Esta despretensiosa parábola descreve uma cena que se passa na via pública, onde um grupo de crianças impertinentes não sabe do que vão brincar (conf. Lc. 7:31-35). Sugestões para brincarem de casamento (tocamos, dançastes) e enterro (lamentações, pranteastes) não foram bem recebidas; então não brincaram de nada. Semelhantemente, o ministério ascético de João mereceu-lhe o epíteto de que era endemoninhado. Tem demônio. Mas o hábito de Jesus estar em contato com os pecadores, participando dos seus costumes sociais, provocaram declarações maldosas e mentirosas de que ele era glutão e bebedor de vinho, tão mau quanto seus companheiros. Entretanto, a sabedoria das atitudes de ambos foi provada (justificada) pelos resultados. 20-24. Censura às cidades. Onde se operara numerosos milagres. Os Evangelhos não registram nenhum milagre ocorrido em Corazim ou Betsaida (não Betsaida Julias). Provavelmente essas duas vilas ficavam tão perto de Cafarnaum, que era maior, que muitos dos milagres realizados em Cafarnaum foram presenciados pelos habitantes das três comunidades. Tiro e Sidom. Notáveis cidades costeiras da Fenícia, objeto do juízo divino através de Nabucodonosor e Alexandre (conf. Ez. 26-28). Com pano de saco e cinza. (conf. Jn. 3:5-8). O costumeiro modo oriental de demonstrar pesar. Tivessem elas a oportunidade dessas cidades judias, disse Jesus, teriam permanecido até hoje. Por que tal oportunidade não lhes foi concedida deve ser deixado com os propósitos Mateus (Comentário Bíblico Moody) 55 5,6. Uma segunda ilustração mostra que a lei do descanso sabático não era absoluta, pois dos sacerdotes se exigia pela própria lei que trabalhassem no sábado (Nm. 28:9,10). O argumento é, se os sacerdotes não são culpados ao trabalhar no sábado para promoção da adoração no templo, quanto menos culpa têm os discípulos em usar o sábado para a obra de Cristo, que é a realidade para a qual o Templo apontava. 7. O terceiro argumento de Cristo aponta a má interpretação farisaica de Os. 6:6. Misericórdia quero e não holocausto (conf. Mt. 9:13). Deus deseja corações preparados muito mais do que as exterioridades que se transformaram em meras formalidades. Uma compreensão espiritual de Cristo e dos discípulos da parte dos fariseus teria evitado que julgassem os inocentes. 8. É Senhor do sábado. Considerando que Jesus, como Filho do Homem, é o Senhor do sábado, os discípulos que usaram o sábado ao segui-lo, faziam-no de maneira apropriada. 9-21. Os fariseus se opõem à cura no sábado. (Conf. Mc. 3:1-6; Lc. 6:6-11) 9. Sinagoga deles. Lucas conta que isto ocorreu em um outro sábado. 10,11. É lícito curar nos sábados? O V.T, não fez nenhuma proibição, mas alguns rabis achavam que era trabalho. Jesus, entretanto, apontando para o que qualquer indivíduo teria feito em favor de uma infeliz ovelha, esclareceu a sua própria obrigação. 12. Considerando que o homem é incomparavelmente mais valioso do que uma ovelha, Ele tinha de vir ao seu socorro. Deixar de fazer o bem quando está ao alcance é o mesmo que fazer o mal (veja Mc. e Lc.). 13, 14. O milagre apenas enfureceu os fariseus, que imediatamente conspiraram (com os herodianos, Mc. 3:6) em como lhe tirariam a vida. Assim, na Galiléia, como acontecera há pouco em Jerusalém (Jo. 5:18), o ódio assassino começou a tomar forma definida. Homens que achavam que curar no sábado era violação da lei não sentiam escrúpulos em conspirar um homicídio. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 56 15. Afastou-se dali. O conhecimento da conspiração apressou Jesus a evitar o conflito aberto nessa ocasião, pois a sua hora ainda não era chegada. Assim Ele transferiu seu ministério para outros setores (Mc. 3:7), e curou ele a todos. 16. Entretanto, ele advertia aqueles que curava (especialmente os endemoninhados, Mc. 3:11, 12) a não usarem os milagres para proclamá- lo o Messias, excitar conseqüentemente as multidões e a oposição. 17-21. Para se cumprir. Este ministério manso e não provocativo de Jesus está descrito por Mateus para ser consistente com a profecia messiânica (Is. 42:1-4). Pois assim como Jesus enfatizou os aspectos justiceiros e espirituais do seu Reino, também não se empenhou em arengas públicas, nem em demagogia política. Também não espezinhou os fracos com intuitos de alcançar seus desígnios. Torcida que fumega. O pavio de um candeeiro cujo combustível se acabou, símbolo daqueles que são fracos. 22-37. Os fariseu se opõem a que Cristo expulse demônios. 22. Um endemoninhado. A possessão demoníaca produziu dois efeitos colaterais – cegueira e mudês. A cura removeu todas as três aflições. 23. É este, porventura, o Filho de Davi? A resposta negativa implícita na pergunta revela que mesmo tendo o milagre levantado a possibilidade de sua messianidade (Filho de Davi, conf. 1:20; 9:27), o povo tinha a predisposição de não crer. 24. A perversa acusação de que o poder que Cristo possuía sobre os demônios derivava de uma ligação com Belzebu (veja comentário em 10:25) era do conhecimento pleno de Jesus e foi publicamente refutada de maneira inatacável. 25,26. A simples analogia de um reino dividido, cidade ou casa, que tende à autodestruição, refuta a acusação. Pois, expulsando demônios, Jesus estava certamente frustrando as obras de Satanás, e devemos creditar a Satanás uma porção razoável de esperteza. (Nem se deve Mateus (Comentário Bíblico Moody) 57 aceitar que Satanás pudesse permitir uma expulsão para confundir, pois não foi um caso isolado.) 27. Por quem os expulsam vossos filhos? Considerando que alguns dos companheiros desses fariseus (compare a expressão do V.T., "filhos dos profetas") diziam possuir o poder de exorcizar, era ilógico atribuir efeitos semelhantes a causas diferentes. Se os judeus realizavam exorcismos válidos não importa à argumentação (ad hominem). O fato dos fariseus asseverarem-no torna o argumento eficiente. Se, entretanto, Jesus insinua que pelo menos alguns dos exorcismos dos fariseus eram genuínos, é preciso aceitar que o poder deles vinha de Deus (caso contrário, o argumento de Cristo ficava grandemente enfraquecido). 28,29. O argumento final de Cristo chama a atenção para o seu próprio ministério, particularmente para a expulsão dos demônios, que era evidência suficiente de que era chegado o reino de Deus. A descrição do ministério de Cristo como a entrada na casa do valente (o domínio de Satanás) para roubar-lhe os bens (o poder de Cristo sobre os demônios), fornece prova clara de que o homem valente (Satanás) primeiro foi manietado. A vitória de Jesus sobre Satanás na tentação (4:1-11) demonstrou a superioridade do Senhor. 30. Quem não é por mim é contra mim. No conflito com Satanás, a neutralidade é impossível. 31,32. Todo o pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens. O princípio geral. A expiação feita por Cristo no Calvário seria suficiente para remir a culpa de todos os pecados, até as formas mais graves de injúria contra Deus (blasfêmia). Um pecado, entretanto, foi declarado imperdoável: se alguém falar contra o Espírito Santo. À vista do princípio que Jesus apresentou antes, esta imperdoabilidade não pode ser devida à impropriedade da expiação, nem podemos supor qualquer santidade peculiar da Terceira Pessoa da Trindade. Muitos explicam este pecado como sendo a atribuição da miraculosa obra do Espírito ao poder de Satanás (conf. Mc. 3:29, 30), e não vêem possibilidade de ser hoje cometido (Chafer, Broadus, Gaebelein). Outros, entretanto, consideram a Mateus (Comentário Bíblico Moody) 60 interrompeu-se. A casa de Israel estava ''vazia". Cristo não foi convidado a ocupá-la. Por isso esta geração perversa alcançará um estado ainda pior. Alguns anos mais tarde esses mesmos judeus enfrentaram os horrores de 66-70 A.D. No tempo do fim, os membros dessa raça (genea) serão especialmente vitimados por demônios (Ap. 9:1-11). 46-50. A mãe e os irmãos de Cristo. 46,47. Sua mãe e seus irmãos. Esses irmãos são presumivelmente os filhos de José e Maria, nascidos depois de Jesus. Procurando falar- lhe indica que foi feito um esforço, mas a multidão era grande demais (Lc. 8:19). Os motivos de sua preocupação estão óbvios. Anteriormente, a pregação de Jesus em Nazaré forçara a família a mudar-se para Cafarnaum (4:13; Lc. 4:16-31; Jo. 2:12). Agora provocara a oposição aberta e blasfema dos fariseus. Além disso, amigos file contaram que a tensão do seu ministério afetara-file a saúde (Mc. 3:21). O versículo 47 acrescenta alguma informação nova, e muitos manuscritos o omitem. 48. Quem é minha mãe? Com esta pergunta que intriga, Jesus deixa a multidão admirada e a prepara para ouvir uma preciosa verdade. 50. Qualquer que fizer a vontade de meu Pai. Este "fazer" não é alguma forma de justiça pelas obras, mas a reação do homem ao apelo de Cristo. "A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou" (Jo. 6:29). O relacionamento espiritual entre Cristo e os crentes é mais íntimo que o mais íntimo laço de sangue. Essas palavras não foram um desrespeito à Maria, nem a seus irmãos, pois em ocasião posterior nós os encontramos participantes desse. relacionamento espiritual (Atos 1:14). Como também não há aqui nenhuma sugestão de que a mãe de Jesus tivesse um acesso especial à sua presença. Mateus 13 9) Uma Série de Parábolas sobre o Reino. 13:1-58. A primeira e extensa série de parábolas foi apresentada em um dos dias mais ocupados do ministério de Jesus. O registro de Mateus apresenta una lista de sete parábolas, e uma aplicação filial. Marcos Mateus (Comentário Bíblico Moody) 61 registra quatro, inclusive uma que não se encontra em Mateus. Lucas registra três, não juntas. Duas das parábolas foram interpretadas por Jesus (O Semeador, O Joio) e a terceira parcialmente (A Rede); isto fornece um esquema para compreensão das outras. 1. Naquele mesmo dia. Só Mateus relaciona este episódio à discussão anterior. Sendo tão grande a multidão (que sua família não pôde alcançá-lo; 12:46), Jesus saiu da casa e orientou-se à beira do mar. 2. Usando um barco como se fosse plataforma, ele se assentou tal como os mestres costumavam fazer e dirigiu-se aos que estavam na praia. 3a. Parábolas. Narrativas especiais que Jesus usava para transmitir verdades espirituais através de comparações. Embora Jesus não seja o inventor do ensino por meio de parábolas, o uso que fez do método ultrapassou em muito todos os outros mestres na eficiência e profundidade das verdades descritas. 3b-23. O Semeador. 3b. O semeador. O artigo definido é provavelmente genérico. Todos os semeadores trabalham da mesma maneira. 4. Ao jogar a semente, uma parte caiu sobre a terra crestada do caminho que atravessava o campo. Essa semente sobre a superfície rapidamente atraiu as aves. 5,6. Solo rochoso. Não um solo coberto de pedras, mas uma grande rocha coberta com uma fina camada de terra. As sementes ali lançadas brotariam rapidamente, pois o sol aqueceria rapidamente a fina crosta; mas por falta de raiz e umidade, a planta rapidamente queimou e secou-se. 7. Entre os espinhos. Solo infestado com raízes de espinhos que o arado não removeu. 8. Boa terra. O solo fértil da Galiléia era capaz de produzir colheita da magnitude mencionada aqui (V.M. Thomson, Land and Book, pág. 83) Mateus (Comentário Bíblico Moody) 62 9. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. Uma declaração de que esta história simples, sem prefácio nem explicação, tinha um significado mais profundo. 10-17. Em resposta à pergunta dos discípulos, Jesus declara os motivos porque falava em parábolas. 10. Por que? Já usara parábolas anteriormente, mas esta ocasião era obviamente diferente. Agora as próprias parábolas formavam a base do seu ensino; não eram simples ilustrações. 11. Os mistérios do reino dos céus identificam o conteúdo dessas parábolas como revelação anteriormente velada pertencente ao Reino. A interpretação as relaciona com o dia presente. As glórias do reino messiânico foram claramente esboçadas no V.T. Mas a rejeição do Messias e o intervalo entre a primeira e a segunda vindas não foi compreendida. Essas parábolas descrevem a estranha forma do Reino enquanto o Rei se encontra ausente, durante o tempo em que o Evangelho está sendo pregado e um núcleo espiritual está se desenvolvendo para o estabelecimento do reino messiânico (Cl. 1:13; Mt. 25:34). A revelação desses mistérios em forma de parábola foi devido à existência de dois grupos distintos: a vós é dado, mas àqueles não lhes é isso concedido. 12. Aquele que tem. Os discípulos, tendo reagido na fé para com Jesus, já possuíam muito da verdade relacionada com o Messias e o seu programa. Reflexões cuidadosas Sobre essas parábolas dariam-lhes mais luz. Ao que não tem. Os incrédulos definidos que recusaram os ensinamentos anteriores de Jesus (conf. caps. 10 e 11) não receberiam a verdade nua para que não a pisoteassem (conf. 7:6). Mas aí também está a graça, pois foram poupados à grande culpa de rejeitarem o mais simples ensinamento, e lá ficou a possibilidade de que a parábola fascinante pudesse despertar a curiosidade provocando uma mudança de coração. 13-15. O estado decaído de insensibilidade espiritual entre o povo foi encarado como cumprimento parcial (se cumpre a profecia) de Is. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 65 houve, do tamanho descrito aqui (conf. Mc. 4:32). Que tal crescimento é tido como desfavorável sugere-se pelas aves que aninham-se nos seus ramos. Nesta série de parábolas, as aves são os agentes do mal (13:4, 19), como acontece freqüentemente nas Escrituras (Jr. 5:26, 27; Ap. 18:2). A história confirma o fato de que do menor dos começos a igreja cresceu espantosamente por meio da proclamação da mensagem de Cristo. No entanto tal crescimento fora do comum tem fornecido lugar de pousada para aqueles que são inimigos de Deus, que procuram a sombra e os frutos da árvore para seus próprios interesses (até as nações gostam de serem chamadas "cristãs"). Os discípulos foram advertidos que a simples grandeza do que aparece externamente ser o reino de Cristo não é essencialmente uma contradição ao ensinamento de Cristo que diz que os verdadeiros crentes são um pequeno rebanho rodeado de lobos (Lc. 12:32; Mt. 10:16). 33-35. O Fermento. Embora alguns interpretem esta parábola e a precedente como sendo uma descrição da influência extensa do Evangelho, tais explicações violam o uso que Jesus fez desses símbolos em outros lugares, como também o significado das outras parábolas (por exemplo, O Joio) que mostram a existência do mal até o fim da dispensação. 33. Fermento. Um bolo de massa velha em alto grau de fermentação. O fermento no V.T. é geralmente símbolo do mal. Mais tarde Cristo usou esse símbolo referindo-se à doutrina perniciosa dos fariseus, saduceus e Herodes (Mt. 16:6-12; Mc. 8:15). As referências paulinas (I Co. 5:6, 7; Gl. 5:9), que com certeza consideram o fermento como sendo o mal, parecem grandemente influenciadas pelas parábolas de Cristo. Três medidas de farinha. Parece uma quantidade comumente usada na cozinha (Gn. 18:6). A mulher (em contraste com o homem nas outras parábolas é o oponente de Cristo e impregna o reino nesta dispensação com falsa doutrina. Em outro lugar ela é denominada "Impiedade" (Zc. 5:7,8), "Jezabel" (Ap. 2:20 e segs.), e a "grande meretriz" (Ap. 17:1 e Mateus (Comentário Bíblico Moody) 66 segs.). Por meio dessa caracterização do fermento na farinha, os crentes são advertidos a se precaverem contra a falsa doutrina que se infiltraria em todas as partes do reino no seu aspecto interregno. 34,35. Nesta ocasião Cristo falou publicamente (às multidões) só em linguagem simbólica, sem interpretação. Só aos discípulos ele explicou o simbolismo (13:10 e segs.; 13:36 e segs.). Mateus o considerou uma retrospecção do Sl. 78:2, e viu em Jesus o mais perfeito cumprimento da função profética. 36-43. A interpretação que Cristo dá à parábola do Joio. Para a própria parábola consulte 13:24-30. 36. Explica-nos a parábola. Esta parábola é mais complicada do que a da Mostarda, da Semente e do Fermento e a sua implicação com o mal persistente pode ter entrado em conflito com as idéias dos discípulos. A explicação que nosso Senhor deu aos símbolos mostra que os detalhes maiores são importantes, mas que alguns aspectos têm simplesmente a função de dar forma à história e não são simbólicos (por exemplo, o homem que dormia, os servos do pai de família, o amarrar dos feixes). 38,39. O campo é o mundo. Não a Igreja. Filhos do reino. Como na explicação do Semeador, a semente é considerada aqui como tendo produzido plantas (13:19). O aparecimento dos verdadeiros seguidores de Cristo neste mundo é imitado pelo diabo, cujos filhos freqüentemente se disfarçam em crentes (II Co. 11:13-15). 40-43. Embora a remoção eficiente em estágio precoce fique provado ser impossível (v. 29), no fim anjos serão encarregados de colher o joio e o retirarão do seu reino. Assim o joio no mundo também é considerado existente dentro do reino sob um certo aspecto. Deve ser, portanto, na peculiar forma do Reino durante o interregno. A remoção final será feita pelos anjos na consumação do século – o fim da septuagésima semana de Daniel, e o tempo da segunda vinda de Cristo, quando Ele estabelecerá o seu glorioso reino (Mt. 25:31-46; Dn. 12:3). Deve-se observar novamente que a Igreja e o Reino não são co- Mateus (Comentário Bíblico Moody) 67 extensivos, embora, antes do Arrebatamento, os cidadãos do Reino também sejam membros da Igreja. Depois que a Igreja for retirada pelo Arrebatamento, haverá cidadãos do Reino na terra durante a Tribulação. A declaração de que o joio será colhido "primeiro" (vs. 30, 41-43) demonstra claramente que isto não acontecerá por ocasião do Arrebatamento (ocasião na qual os santos serão colhidos), mas no final da Tribulação. Veja uma declaração similar no comentário sobre Mt. 24:40-42, onde os que são retirados são julgados, e os que ficam desfrutam de bênçãos. 44. O Tesouro Oculto. Embora o tesouro costume ser explicado como sendo Cristo, o Evangelho, a salvação, ou a Igreja, pelo que o pecador deveria estar pronto a sacrificar tudo, o uso consistente da palavra homem nesta série refere-se a Cristo, e o ato de esconder novamente depois de encontrar toma os quadros diferentes. Antes, o tesouro oculto num campo descreve o lugar ocupado pela nação de Israel durante o interregno (Êx. 19:5; Sl. 135:4). Cristo veio para essa nação obscura. A nação, entretanto, rejeitou-o, e assim, com propósito divino, foi privada de sua importância financeira; anda hoje continua obscura no seu aspecto externo quanto ao seu relacionamento com o reino messiânico (Mt. 21:43). Mas Cristo deu a sua própria vida (tudo quanto tem) para comprar todo o campo (o mundo, l Co. 5:19; I Jo. 2:2), e assim conseguiu plena posse de direito por descobrimento e redenção. Quando ele voltar, o tesouro será desenterrado e totalmente revelado (Zc. 12,13). 45,46. A Pérola. Esta parábola, parecida no seu desenvolvimento com a do Tesouro Escondido, costuma ser explicada da mesma maneira; mas essas explicações são vulneráveis diante de algumas das mesmas objeções. É consistente, entretanto, que se considere Cristo o negociante, que veio buscar homens e mulheres (boas pérolas) que lhe correspondessem e à sua mensagem. Finalmente deu a sua vida (tudo o que possuía) para comprar uma pérola de grande valor (I Co. 6:20). Essa uma pérola representa a Igreja, essa outra grande sociedade dentro Mateus (Comentário Bíblico Moody) 70 3,4. Herodias. Filha de Aristóbulo, um meio irmão de Antipas. Fora esposa de seu tio, Herodes Filipe, dando-lhe uma filha, Salomé. Antipas, entretanto, persuadiu-a a deixar seu marido para casar-se com ele, ainda que ele já fosse casado com a filha do Rei Aretas (que fugira para a casa de seu pai, dando lugar a uma guerra). Tal casamento era adúltero e incesto. 5. E, querendo matá-lo. Herodes sentiu-se dilacerado por emoções mistas (veja também v. 9). A pressão feita por Herodias foi contrabalançada por considerações políticas e mesmo pessoais (Lc. 6:20), e a disposição rural da pessoa de João foi adiada. 6,7. A implacável Herodias não sossegou, entretanto, e a celebração do dia natalício de Herodes forneceu-lhe a oportunidade para a vingança. Humilhando sua própria filha e enviando-a para dançar sugestivamente diante de Herodes e sua corte, ela extorquiu de seu governador fantoche uma promessa grandiosa mais adequada a um governador persa (Mc. 6:23; conf. Et. 5:3). 8-11. Instruída por sua mãe localiza a fonte da conspiração. Dá- me, aqui, num prato, a cabeça de João Batista. Aproveitando a oportunidade, ela fez o seu sangrento pedido, que não dava lugar a evasivas ou delongas. Esse banquete devia ter-se realizado em Maquerus, onde João encontrava-se prisioneiro (Josefo, Antig. xviii. 5.2). 12. E vieram os seus discípulos, os quais depois de sepultar o seu corpo sem cabeça, contaram a Jesus o que tinha acontecido. O problema dos primeiros dias fora satisfatoriamente resolvido (11:2-6) e agora os discípulos de João voltaram-se logicamente para Jesus. Com toda probabilidade aliaram-se a ele. 13,14. Alimentando os cinco mil. O único milagre de Jesus registrado nos quatro Evangelhos. Aconteceu por ocasião da Páscoa (Jo. 6:4), portanto um ano antes da morte de Cristo. 13,14. E Jesus, ouvindo isto, retirou-se. O assassinato de João cometido por Herodes e conseqüente notícia das atividades de Jesus deram motivo a esse afastamento. Outro motivo foi a volta dos Doze de Mateus (Comentário Bíblico Moody) 71 sua missão (Mc. 6:30; Lc. 9:10), que precisavam de um descanso das multidões e mais instruções da parte de Jesus. Logo, entretanto, Jesus interrompeu seu recolhimento para servir à multidão, que o seguiu a pé. 15. Ao cair da tarde. Os judeus consideravam dois períodos distintos na tarde, começando o primeiro cerca das três horas da tarde, e o segundo ao pôr-do-sol (conf. Êx. 12:6). O primeiro período é o do versículo 15; e o segundo no versículo 23. A harmonização exige que Jo. 6:5-7 seja compreendido antes. Mas embora Jesus tenha confrontado Felipe com o problema antes, durante o dia, nenhuma solução foi encontrada pelos discípulos a não ser a de despedir a multidão (despede as multidões). Já não havia mais possibilidade de encontrarem comida e pouso, (Lc. 9:12), nessa região pouco habitada, pois a hora era adiantada. 16-18. Dai-lhes vós mesmos de comer. Colocando essa responsabilidade sobre os discípulos, Cristo pretendia despertar neles a consciência de que a associação com ele incluía provisão para todas as necessidades. André mencionou o rapaz com os cinco pães e dois peixes, mas ele parecia completamente inconsciente das possibilidades divinas (Jo. 6:8, 9). 19. Jesus, entretanto, mandou que a multidão se assentasse em ordem sobre a erva, e depois de abençoar os pães e os peixes (equivalente a "dar graças", Jo. 6:11), distribuiu-os entre a multidão através dos discípulos. 20. Pedaços. Pedaços que não foram comidos (não simples migalhas). Doze cestos cheios. Pequenas cestas de vime (diferentes dos cestos grandes como canastras mencionadas em 15:37), usadas para carregar coisas em viagem. Talvez pertencessem aos apóstolos, e os pedaços nelas recolhidos talvez fossem para as necessidades dos apóstolos. 21. Quase cinco mil homens, além de mulheres e crianças. A proximidade da Páscoa sugere que estivessem se reunindo na Galiléia para a viagem à Jerusalém. 22-36. Cristo anda sobre as águas. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 72 22. E logo a seguir, compeliu Jesus a seus discípulos. A urgência dessa ação foi devido à tentativa do povo de transformar Jesus em seu rei pela força (Jo. 6:15). 23. Monte. Um lugar solitário para oração, separado dos distúrbios da multidão não espiritual. O significado dessa situação, semelhante à terceira tentação de Satanás (4:8, 9), forçou Jesus a orar, para que o seu propósito permanecesse firme. Desse monte Cristo podia também observar os seus discípulos no barco (Mc. 6:48). A tarde. Com comentário sobre o versículo 15. 24. Manuscritos antigos diferem entre no meio do mar e muitos estádios da praia. João 6:19 mostra que a distância da praia deveria ser de três a três milhas e meia. 25. Quarta vigília da noite. Isto é, das 3 às 6 da manhã. Os homens remaram desde logo após o pôr-do-sol e estavam quase exaustos. O mar encapelado e o vento contrário prejudicavam o avanço. Embora os discípulos tivessem presenciado o poder de Jesus sobre uma tempestade (Mt. 8:23-27), dessa vez ele não estava com eles. A nova lição que iam aprender era que o poder de Cristo podia sustentá-los em todas as tarefas que lhes fossem entregues, quer ele estivesse presente em corpo, quer não. Andando por sobre o mar. Para fazer isto era preciso ser o senhor da gravidade, do vento e das ondas. Os discípulos frenéticos deram lugar à superstição. Talvez pensassem que era um arauto da morte que lhes aparecia. 27. Sou eu. Em meio a noite tão escura e tempestuosa, o som da voz familiar devolveu a segurança onde a visão não era suficiente. 28-33. Só Mateus fala de Pedro andando sobre as águas. 28,29. Se és tu, Senhor. Com impulsividade característica ele esperou que lhe fosse dada uma ordem para ir ter com Jesus por sobre as águas. Mas acusar Pedro de ostentação seria acusá-lo mais do que Jesus acusou. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 75 homem que desobedece a Deus e perverte o seu uso. Até mesmo a contaminação de um judeu que come carne leviticamente imunda não foi provocada pelo alimento propriamente dito, mas pelo coração rebelde que agiu em desobediência a Deus. 12-14. Os discípulos ficaram aparentemente perturbados por Cristo ter ofendido esses fariseus influentes, e 15:15 indica que eles não compreenderam inteiramente a importância da declaração de Jesus. Toda a planta. Doutrina de simples tradição humana, como aquela que os fariseus estavam exigindo. Será arrancada. Uma profecia sobre a destruição final de toda doutrina falsa, o simbolismo talvez incluindo as pessoas apegadas a esses ensinamentos (conf. 13:19, 38 para semelhante combinação). Deixai-os. Como mestres de verdades espirituais, os tradicionalistas deviam ser abandonados. Eram tão cegos espiritualmente falando, quanto aqueles que dependiam deles. Cova. Não uma vala à beira da estrada, mas uma cisterna aberta no campo. 15. Explica-nos esta parábola. Pedro referia-se à declaração de 15:11 (conforme a comparação com Mc. 7:15-17 indica). Parábola. Foi usado aqui com o sentido de "palavra difícil". A dificuldade não estava no uso dos símbolos mas no afastamento da tradição, que confundira a contaminação moral com a cerimonial. 16. Até vós mesmos estais ainda sem entender? A admiração de Cristo, embora ele não tivesse tratado desse assunto específico antes (mas compare 9:14-17; caps. 5-7), dá a impressão de que pessoas espiritualmente iluminadas deveriam entender este princípio, pois sempre fora verdadeiro. 17. Seja qual for a condenação provocada pelos alimentos que entram pela boca, ela é física e remove-se do corpo, isto é, vai para a latrina, ou privada. 18,19. Mas coisas que saem da boca contaminam espiritualmente, pois todas as palavras e atos de pecado têm a sua fonte nos maus desígnios que procedem de um mau coração (conf. 5:21-48). Depois dos Mateus (Comentário Bíblico Moody) 76 maus desígnios, a violação dos Mandamentos, do sexto ao nono, foi exposta, concluindo com blasfêmias – palavras abusivas contra Deus ou o homem. 20. Comer sem lavar as mãos, não o contamina. Assim Jesus resume tudo voltando à pergunta original. 12) Retirada para a Fenícia, e a Cura da Filha da Mulher Cananéia. 15:21-28. O ataque direto dos fariseus (vs. 1, 2) encorajados pela recente execução de João e a oposição de Herodes, provocou essa segunda retirada. A entrevista com a mulher descreve claramente o cenário histórico do ministério de Cristo, além dos aspectos mais amplos de Sua graça. 21. Retirou-se para os lados de Tiro e Sidom. Embora alguns discutam o ponto, parece claro que Jesus realmente deixou a terra de Israel e jurisdição de Herodes (conf. também Mc. 7:31), para ficar durante algum tempo retirado na Fenícia. 22. Uma mulher cananéia. Pela raça. Os habitantes dessa região eram chamados cananeus em Nm. 13:29; Jz. 1:30, 32, 33; Marcos 7:26 designa-a como cidadã siro-fenícia. Filho de Davi. Essa maneira de falar implica em ter algum conhecimento da religião judaica, entretanto a passagem não sugere que ela fosse prosélita. 23. Ele porém não lhe respondeu palavra. Parcialmente explicado pela tentativa de Jesus de permanecer isolado (Mc. 7:24). Entretanto, a conversa que se segue mostra o alvo da missão de Cristo, e esse procedimento de Jesus torna o ensino mais efetivo, o fato de Marcos ter omitido o silêncio de Cristo indica que esta atitude não foi tão surpreendente como se poderia supor. Despede-a. Esta declaração feita pelos impacientes discípulos pode implicar em que Cristo poderia atender seu pedido e assim encerrar o caso, pois a sua resposta revela que um pedido fora feito. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 77 26. Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Essa mulher gentia tinha conhecimento do costume judeu de chamar os gentios de cachorros e a si mesmos de filhos de Deus. A aparente rudeza da expressão de cristo foi abrandada pelo fato de que o termo se refere não aos ferozes e repugnantes cães vadios que perambulavam pelas ruas, mas cachorrinhos (kunaria) que viviam nas casas como animais de estimação. Jesus disse a esta gentia o que já tinha dito à samaritana, que no momento tudo o que viesse do Messias e suas bênçãos estava condicionado a Israel (Jo. 4:21-23). Jesus curou gentios em outras ocasiões, mas aqui na Fenícia tinha de tomar cuidado para não dar a impressão de que estivesse abandonando Israel (conf. Mt. 4:24; 8:5). 27,28. Porém os cachorrinhos comem das migalhas. A mulher aceitou inteiramente a ordem divina, e a sua fé agarrou-se à verdade que se lhe aplicava. Grande é a tua fé. O segundo gentio a ser louvado pela sua fé (8:10), e o terceiro exemplo da cura de Cristo à distância (Mt. 8:13; Jo 4:50). 13) Volta ao Mar da Galiléia (Decápolis, Mc. 7:31), e a Realização de Milagres. 15:29-38. Marcos mostra que Jesus prosseguiu para o norte da Fenícia através de Sidom, depois para o leste atravessando o Jordão e finalmente para o sul através de Decápolis até alcançar o mar da Galiléia. Essa rota sugere que ele evitou deliberadamente o domínio de Herodes Antipas. 29-31. Curando as multidões. 29. Mar da Galiléia. Aparentemente o litoral sul. 30. Muitas multidões. Dos muitos que foram curados, Marcos descreveu o caso do surdo-mudo (Mc. 7:32-37). 31. Glorificava ao Deus de Israel. Uma indicação de que eram ambientes gentios aos quais Jesus participava o conhecimento do verdadeiro Deus e as promessas messiânicas. Mateus (Comentário Bíblico Moody) 80 6. Fermento dos fariseus e saduceus. (Sobre fermento, veja 13:33). A permeadora influência maligna desses declarados inimigos de Cristo é o ponto em questão. 7-11. Entretanto os discípulos, atrapalhados com o esquecimento, não perceberam o simbolismo. Homens de pequena fé. Jesus sabia que a sua incapacidade de entender era devido a sua ansiedade pelas provisões, e os lembrou das lições de confiança que já tinham aprendido. 12. Doutrina dos fariseus e saduceus. Os fariseus eram legalistas e tradicionalistas, cuja ênfase dada ao ritual era hipócrita e espiritualmente moribunda (Lc. 12:1). Os saduceus eram racionalistas, que não criam na ressurreição nem na existência de seres espirituais que não pudessem ser naturalmente explicados (Atos 23:8). Contavam entre os seus a hierarquia sacerdotal de Israel. A advertência contra tais ensinamentos sutis e racionalistas continua sendo pertinente. 13-20. A confissão de Pedro. 13. Bandas de Cesaréia de Filipe. As aldeias remotas. (Mc. 8:27). Não se diz que Jesus tenha entrado na cidade. Cesaréia de Filipe. Cerca de vinte e cinco milhas ao norte do Mar da Galiléia. 14. A variedade de opiniões que os homens tinham em relação a Jesus mostrava que, mesmo que muitos o relacionassem com a profecia messiânica, ninguém o via de maneira certa. João Batista era o precursor profetizado (3:1-3; 14:1, 2). Elias era aquele que precederia o "dia do Senhor" (Ml. 4:5, 6) Jeremias era esperado que aparecesse e restaurasse a arca que supostamente escondera (II Ma. 2:1-8). 15,16. Depois de levar os Doze a abandonarem idéias errôneas, Jesus pediu a sua opinião pessoal. Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Todos sem dúvida concordaram, mas Pedro portou-se à altura da situação com a resposta inequívoca. Declarações semelhantes foram pronunciadas antes, algumas bem antes (Jo. 1:41, 49), mas muitas noções falsas sobre o caráter e propósito do Messias precisavam ser removidas. Por isso a declaração de Pedro aqui não é o produto de entusiasmo prematuro mas de uma Mateus (Comentário Bíblico Moody) 81 analisada reflexão e solene fé. A noção popular de um simples líder político foi suplantada pelo conceito do Messias como o Filho de Deus, o artigo definido o fazendo a distinção. 17. Tal compreensão espiritual não era o produto da humanidade desamparada (carne e sangue; compare esta expressão com Gl. 1:16; Ef. 6:12; Hb. 2:14), mas sim uma divina revelação. Verdades espirituais só podem ser compreendidas por aqueles cujas faculdades espirituais foram despertadas por Deus (I Co. 2:11-14). Tal discernimento espiritual era uma evidência do bem-aventurado estado espiritual de Pedro. 18. Sobre esta pedra edificarei a minha igreja. Aqui existe um óbvio jogo com as palavras Pedro (Petros, nome próprio indicando um pedaço de rocha) e pedra (petra, uma rocha). O corpo espiritual, a igreja, aqui mencionada pela primeira vez, constrói-se sobre o fato divinamente revelado a respeito de Cristo e confessado por Pedro (I Co. 3:11; I Pe. 2:4), conforme os homens vão tomando consciência e reconhecendo a Sua pessoa e obra (Crisóstomo, Agostinho). Outro ponto de vista interessante entre protestantes (Alford, Broadus, Vincent) é que Pedro (ao lado os outros apóstolos; Ef. 2:20; Ap. 21:14) é a pedra, mas sem a supremacia papal que lhe foi conferida pelos caprichos romanos centrados às Escrituras. As portas do inferno não prevalecerão contra ela. Inferno (equivalente a Sheol), o reino dos mortos. As portas. A entrada para o Hades, que geralmente é a morte. A Igreja de Cristo, que seria inaugurada no Pentecoste, não ficaria à mercê da morte física, porque a ressurreição do Senhor garantiria a ressurreição de todos os crentes. Mais especificamente, os crentes que morrem antes da ressurreição vão imediatamente para Cristo, não para o Hades (Ef. 4:8, Fl. 1:23; II Co. 5:8). 19. As chaves do reino dos céus. Chaves significam autoridade para abrir. Te relaciona esta promessa com Pedro somente. Refere-se à escolha de Pedro, como o primeiro entre iguais, de oficialmente abrir o reino (desde o Pentecoste incluindo toda a esfera da fé cristã; conf. 13:3- Mateus (Comentário Bíblico Moody) 82 52) aos judeus (Atos 2:14 e segs.) e gentios (Atos 10:1 - 11:18; 15:7,14). Alguns, entretanto, explicam a passagem escatologicamente, como se aplicando ao reino dos santos na terra durante o Milênio (A. J. McClain, The Greatness of the Kingdom, pág. 329 e segs.). O que ligares na terra. Esta parte da responsabilidade foi mais tarde concedido a todos os discípulos (18:18), que foram finalmente habilitados para a tarefa (Jo. 20:22, 23). Se Jo. 20:23 é uma explicação para o ligar e desligar, significando cancela e retenção de pecados, então Atos 10:43 é um exemplo do seu exercício. Através da proclamação do Evangelho, faz-se o anunciamento de que a aceitação confere desligamento da culpa e pena do pecado, e a rejeição deixa o pecador ligado para o juízo. 20. Que a ninguém dissessem ser ele o Cristo. A populaça ainda ficaria apenas politicamente perturbada com tal revelação. 21-27. Jesus prediz a sua morre e ressurreição. 21. Desde esse tempo, começou Jesus. Agora que Jesus tinha um núcleo de seguidores que verdadeiramente cria nEle como o Messias (16:16), ele entrou em um período de ensinamentos explícitos sobre a sua obra redentora. Anciãos, principais sacerdotes, e escribas formavam o Sinédrio. Ser morto, e ressuscitado. Embora Cristo profetizasse claramente a sua ressurreição logo após a sua morte, o significado disso no foi compreendido pelos Doze. Terceiro dia. Equivalente a "depois de três dias", Mc. 8:31. 22. O protesto de Pedro, tem compaixão de ti, Senhor (uma expressão idiomática significando, "Deus tenha misericórdia de ti e te poupe"), demonstrou seu completo fracasso de perceber no Messias judeu o aspecto do sofrimento (Is. 53). 23. Arreda! Satanás. Palavras iguais às que Jesus disse a Satanás em 4:10, pronunciadas aqui em uma situação semelhante. Satanás, usando Pedro como instrumento seu, estava novamente tentando afastar Jesus do sofrimento que era Seu quinhão. Não cogitas as coisas de Deus. A divinamente revelada confissão de Pedro (v. 16) demonstrou Mateus (Comentário Bíblico Moody) 85 com o V.T. Considerando a transfiguração como uma pré-estréia do reino messiânico (16:28), alguns têm visto em Moisés (que já morrera) e Elias (que passara desta vida para a outra sem experimentar a morte) os representantes dos dois grupos que Cristo trará com ele para estabelecer o seu reino: santos mortos ressuscitados e santos vivos transladados. Do mesmo modo os três discípulos são considerados representantes dos homens vivos na terra por ocasião do Segundo Advento (L. S. Chafer, Systematic Theology, V. 85-94 ; G. N. H. Peters. Theocratic Kingdom, II, 559-561). 4,5. Então disse Pedro, isto é, reagiu à situação. Um desejo de prolongar esta experiência incentivou Pedro a oferecer-se para construir (façamos) três tendas feitas de ramos, iguais aos que os adoradores construíam por ocasião da Festa dos Tabernáculos. Em resposta, a voz divina saiu da nuvem, reconhecendo Jesus como o Filho amado de Deus, e ordenando aos discípulos: A ele ouvi, Moisés e Elias não tinham nada de novo para transmitir (Hb. 1:1, 2). 6-9. Amedrontados com a voz, os discípulos foram confortados, mas também admoestados, no final destes acontecimentos. A ninguém conteis a visão. Parece que nem mesmo os outros apóstolos deviam ser informados nessa ocasião. As coisas que testemunharam só confundiriam e perturbariam politicamente os menos perceptíveis. 10. Por que dizem pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? A presença de Elias no monte e a ordem subseqüente de silenciar motivou a pergunta. Se essa era a profetizada vinda de Elias (Ml. 4:5), então certamente era chegado o momento de anunciar publicamente. Se não era, como poderia Jesus ser o Messias, pois esse personagem tinha de ser precedido de Elias. 11. De fato, Elias virá primeiro. A forma é presente futuro. Jesus proclama aqui que Ml. 4:5 será cumprido. 12,13. Elias já veio. Para os judeus que não eram espirituais e que meramente andavam à caça de sinais, o próprio João dissera "Eu não sou Elias" (isto é, o profeta do V.T. ressuscitado, Jo. 1:21). Entretanto, para Mateus (Comentário Bíblico Moody) 86 os que eram sensíveis espiritualmente, João já viera "no espírito e virtude de Elias" (Lc. 1:17), e os homens foram levados a Cristo por intermédio dele. Assim o oferecimento que Jesus fez do reino foi uma oferta válida, dependendo da aceitação nacional, e Israel não poderia acusar a ausência de Elias para o seu fracasso em reconhecer Jesus. Deus em sua onisciência sabia que Israel, na primeira vinda de Cristo, não estava preparada para o sinal do ministério de Elias, e por isso enviou João "no espírito e virtude de Elias". 14-20. Curando um epilético endemoninhado. Todos os sinóticos colocam esta narrativa logo após a Transfiguração, mas a narrativa de Marcos (9:14-29) é a mais completa. 15. Senhor, compadece-te de meu filho porque é lunático. Literalmente, lunático (conf. etimologia latina de "lunático"). Os sintomas são geralmente como os da epilepsia, produzidos aqui pela possessão demoníaca. 17. Ó geração incrédula e perversa. Com palavras semelhantes às de Dt. 32:5, Jesus denuncia a falta de fé dos nove apóstolos como característica da sua geração. Sua falta de fé consistia no seu fracasso em se apropriar inteiramente do poder que lhes fora garantido em 10:8. 18. Removendo o demônio (a causa) Jesus efetuou a cura da doença (o efeito). 19. Por que não pudemos expulsá-lo? Sem dúvida foi o primeiro fracasso deles depois que receberam a autorização de Cristo (10: 8). 20. Por causa da pequenez da vossa fé. Não incredulidade em Jesus como o Messias, mas dúvidas quanto às palavras que ele lhes dissera anteriormente (10:8). Como um grão de mostarda. Sua pequenez era proverbial. O poder da fé foi ilustrado pela sua capacidade de remover este monte. (Teria Jesus apontado para o Monte da Transfiguração?) Em lugar de abrandar a expressão tornando a palavra "monte" símbolo de alguma dificuldade, é melhor entendê-la literalmente. Entretanto, devemos ter em mente que a fé escriturística é a confiança na Palavra e vontade de Mateus (Comentário Bíblico Moody) 87 Deus reveladas. Daí, a fé para remover um monte pode ser exercitada somente quando Deus revelar que essa é a sua vontade. O versículo 21 foi omitido nos melhores manuscritos, sendo uma interpolação de Mc. 9:29. 22,23. Jesus fala novamente sobre a sua morte e ressurreição. Tendo eles se reunido na Galiléia. Embora a evidência do manuscrito gere conflito, este texto não parece mais autêntico e concorda muito com Mc. 9:30. Porque Jesus desejasse segredo, os Doze talvez retornassem por caminhos diferentes, e tendo se reunido novamente, receberam a revelação. O Filho do homem está para ser entregue. Entregue é menos sugestivo do que traído, embora possa sugerir a traição. 16) Instrução aos Doze em Cafarnaum. 17:24 – 18:35. 24-27. Pagamento do imposto do templo. 24. Cafarnaum. A visita final a essa cidade que era a sua residência. Não paga o vosso mestre as duas dracmas? Esse tributo eclesiástico, baseado em Êx. 30:11-16, era originalmente para o sustento do Tabernáculo, e foi reinstituído depois do exílio (Ne. 10:32, a terça parte dum siclo). Parece que nos dias de Jesus os judeus seguiam o plano anual de Neemias, mas cobravam a taxa de Moisés. O pagamento, geralmente feito na primavera, estava com alguns meses de atraso. 25,26. Jesus se lhe antecipou, isto é, falou-lhe antes que ele falasse. Reconhecem: do a confusão de Pedro por causa da lealdade à integridade de Jesus e talvez pela falta de fundos, nosso Senhor mostra, por meio de uma ilustração, que os filhos dos reis estão isentos do tributo. Assim Jesus, o Filho de Deus, não estava pessoalmente obrigado a pagar imposto para a casa de Deus. 27. Mas, para que não os escandalizemos. Pois se Jesus tivesse reclamado o seu privilégio poderia muito provavelmente ter criado uma impressão errada entre o povo, incluindo talvez um desrespeito à casa de Deus. O milagre, demonstrando a onisciência de Jesus ao saber qual o Mateus (Comentário Bíblico Moody) 90 indica a implícita ausência de Jesus (v. 20). Se a igreja fracassar e o ofensor não atender o seu conselho, deve ser tratado como alguém de fora (gentio, publicano). É claro que tal tratamento deveria envolver esforços para alcançá-lo com o Evangelho. 18. Tudo o que ligardes na terra (conf. 16:19). A decisão da congregação em tais assuntos, tomada através de oração, da Palavra e do Espírito, será ratificada no céu. Veja também Jo. 20:23. 19,20. A promessa de que a oração será atendida se ao menos dois de vós concordarem fornece uma prova adicional de que as decisões tomadas através de oração pela congregação, nas questões de disciplina, serão divinamente aprovadas. Essa promessa relativa à oração de comum acordo deve ser considerada à luz de outros ensinamentos de Cristo sobre o assunto (conf. I Jo. 5:14). Ali estou eu no meio deles. Uma promessa da presença especial de Cristo na menor das congregações concebível. 21-35. Instruções sobre o perdão. 21. Senhor, até quantas vezes? A explanação anterior referente aos ofensores implica no desejo do ofendido de perdoar. Pedro ficou imaginando até onde o perdão deveria ser estendido por repetidas ofensas. Até sete? Os rabinos ensinavam (com base em Amós 1:3; Jó 33:29, 30) que bastavam três. 22. Jesus, entretanto, elevou a questão acima do reino da computação prática, exigindo setenta vezes sete. Em lugar de buscar um padrão numérico, o crente deve seguir o exemplo do seu Senhor (Cl. 3:13). 23. A parábola do servo inclemente ensina que os homens que experimentaram o perdão de Deus são obrigados a perdoar os outros. Este é o padrão do reino dos Céus (veja comentário sobre 13:11). O rei oriental (interpretado como sendo o Pai Celestial; v. 35) é apresentado quando fazia um acerto de contas com os seus escravos. 24. Um, aparentemente um sátrapa com acesso a grandes somas dos rendimentos do rei, foi descoberto estar devendo dez mil talentos. (O Mateus (Comentário Bíblico Moody) 91 valor de um talento diferia em diversas ocasiões, de acordo com o metal envolvido, mas era sempre comparativamente alto.) 25-27. Entretanto, prostrando-se diante do rei, obteve um cancelamento completo da divida (em grego, empréstimo); pela graça do rei não foi considerado um desfalque. 28-30. Saindo da presença do rei, o servo perdoado foi acertar as contas com um dos seus conservos que lhe devia cem dinheiros (denarius, equivalente ao salário de um dia, 20:2), uma insignificantíssima quantia comparada aos talentos. 31-33. Não devias tu, igualmente, compadecer-se? Certamente os pecadores que experimentaram o perdão de Deus devem demonstrar um espírito idêntico para com os outros, especialmente porque as ofensas que os homens cometem uns contra os outros são infinitamente menores quando comparadas coma enormidade do débito para com Deus. 34,35. O entregou aos verdugos. Eis aí o ponto crítico da interpretação. Não pode se referir à eterna ruína de alguém que foi verdadeiramente salvo, pois entraria em conflito com os mais claros ensinamentos de outras passagens. Não pode se referir também a algum purgatório contrário às Escrituras. Mas o fato de que o servo foi perdoado torna impossível que ele fosse um crente simplesmente professo. Entretanto, se encaramos os tormentos como males temporais com os quais o Pai celeste aflige os crentes que não perdoam, as dificuldades anteriores são evitadas. Verdugos (basanistaî) deriva-se do verbo basanizô, o qual se usa para descrever doenças (Mt. 4:24; 8:6), e circunstâncias adversas (Mt. 14:24). Ló "afligia a sua alma" em contato com os homens maus (II Pe. 2:8). Tais tormentos Deus usa para castigar e produzir um espírito adequado entre os seus filhos (I Co. 11:30-32). Assim, o perdão divino aqui é aquele que devemos experimentar diariamente para podermos desfrutar da comunhão perfeita como nosso Pai celestial, e isto se encaixa bem neste contexto no qual se discute o relacionamento entre crentes (vs. 16-20). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 92 B. Na Peréia. 19:1 – 20:16. Mateus observa a saída de Jesus da Galiléia e descreve a última viagem a Jerusalém. Uma comparação com Lc. 9:51 – 18:14 indica outra viagem a Jerusalém e um ministério que durou alguns meses. Assim um intervalo de talvez seis meses deve ser colocado em 19:1 entre deixou a Galiléia e foi para o território da Judéia, além do Jordão. Mateus 19 1) Ensinamentos sobre o Divórcio. 19:1-12. 1. Além do Jordão. Da palavra grega peran (além) veio o nome "Peréia" para o distrito do lado oriental do rio Jordão. 3. É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo? A severa escola de Shammai defendia a legalidade do divórcio só quando a conduta da esposa era discutível. Hillel, entretanto, interpretou Dt. 24:1 da maneira mais ampla possível, e permitiu o divórcio por todas as causas concebíveis. Então a pergunta feita a Jesus foi: "Você concorda com a mais prevalecente interpretação (de Hillel)?" 4-6. Em vez de se colocar ao lado de qualquer posição, Jesus cita o propósito divino na criação (Gn. 1:27; 2:24). Considerando que o propósito de Deus exigia que o homem e a mulher fossem uma só carne, qualquer ruptura no casamento contraria a vontade de Deus. 7,8. Por que mandou então Moisés? A citação que fizeram de Moisés (Dt. 24:1) e carta de divórcio, em oposição a Jesus, provou que não sabiam interpretar esse regulamento. Pois a provisão era uma proteção às mulheres contra os caprichos dos homens, não uma autorização para os maridos se divorciarem à vontade. 9, 10. Não sendo por causa de relações sexuais ilícitas (conf. com 5:31). Se fornicação deve ser entendido também como adultério (uma identificação bem incerta no N.T.), então nosso Senhor permitiu o divórcio só em caso de infidelidade da mulher. (Entre os judeus, só os maridos podiam se divorciar. Marcos, escrevendo para leitores gentios, declara também o oposto, Mc. 10:12). Entretanto, se fornicação tem de Mateus (Comentário Bíblico Moody) 95 impossibilidade, citando a maior das bestas conhecidas na Palestina e a menor das aberturas. 25. Quem pode ser salvo? Parece que os discípulos endossavam até certo grau o ponto de vista corrente de que as riquezas indicavam favor divino. Daí, se os ricos forem excluídos, como poderiam os outros se salvar? Talvez fosse latente o pensamento de que todos os homens são afligidos até um certo grau pelo desejo de obter riquezas neste mundo. 26. Sucintamente Jesus declarou que a salvação é obra de Deus. Deus pode dominar essa falsa confiança nas riquezas humanas e fornecer verdadeira justiça. 27. Nós tudo deixamos. O que o jovem se recusou a fazer (conf. Mt. 4:20, 22; 9:9). Que será pois, de nós? Não necessariamente o reflexo de um espírito mercenário, mas uma resposta direta que provocou uma resposta apropriada. 28. Regeneração. A palavra aparece em outro lugar do N.T. apenas em Tito 3:5 (novo nascimento espiritual individual). Aqui ela indica o novo nascimento que ocorrerá na sociedade e na criação quando o Messias estabelecer o seu reino (conf. Atos 3:21; Rm. 8:19). Doze tronos. Especificamente para os Doze no Milênio. 29,30. Qualquer sacrifício feito por Cristo será amplamente recompensado. Porém temos que ser cautelosos. Muitos (não todos) primeiros serão os últimos. Este axioma, repetido em 20:16 depois de uma parábola explanatória, é verdadeiro sob diversos aspectos. Aqui o contexto sugere sua aplicação àqueles que primeiro (no tempo) estabeleceram seu relacionamento com Cristo e podem desenvolver uma atitude de presunção. Mateus 20 4) Parábola dos Trabalhadores na Vinha. 20:1-16. Esta parábola ilustra o ensinamento anterior de Cristo e amplia 19:30 (conf. 20:16). Mateus (Comentário Bíblico Moody) 96 1. Dono de casa. O proprietário de uma vinha precisava de um maior número de trabalhadores por ocasião da colheita. De madrugada. Os primeiros trabalhadores foram contratados de madrugada. 2. Um denário (denarius) por dia. O salário usual para um trabalhador ou soldado. 3-7. Outros que estavam desocupados. Não estavam trabalhando porque nenhum homem os contratara. Não há nenhuma indicação de que fossem preguiçosos. Desse grupo de desempregados que estava na praça, o pai de família contratou mais trabalhadores às 9 horas da manhã, às 12, às 15 e às 17 horas. Todos atenderam imediatamente ao convite. 8. Ao cair da tarde. Conf. Dt. 24:15. 9-12. Para que aqueles que foram contratados primeiro vissem o que se fazia, o pagamento começou com os que foram contratados por último. Cada trabalhador recebeu um denário, sem considerar o seu tempo de serviço. 13,14. Para um dos que estava no grupo de murmuradores, o pai de família explicou que o contrato fora inteiramente cumprido. Quanto aos outros, a obrigação do dono da vinha para com eles era negócio que só a ele dizia respeito. 15. São maus aos teus olhos porque eu sou bom? O sentido é, Você está com inveja porque eu sou generoso? (Pv. 28:22) 16. Os últimos serão primeiros. Esta declaração, repetida de 19:30, mostra que a parábola era um prolongamento das instruções dadas aos Doze (19:27-30). A parábola ensina que o serviço prestado a Cristo será fielmente recompensado, e que fidelidade ao chamado quando idêntica, será identicamente recompensada. Entretanto, só Deu, pode avaliar adequadamente a fidelidade e o apelo, e assim os juízos humanos podem ser completamente alterados. C. Na Judéia. 20:17-34. Mateus observou particularmente os movimentos geográficos (4:12; 16:13; 17:24; 19:1; 21:1). Tendo estado a leste do Jordão na Peréia, Mateus (Comentário Bíblico Moody) 97 Jesus e o seu grupo dirigiu-se agora diretamente para Jerusalém. Esta parte descreve os acontecimentos da viagem da Peréia a Jerusalém, na vizinhança de Jericó, na Judéia (v. 29). 1) Jesus prediz novamente a Sua Morte e Ressurreição. 20:17-34. A terceira predição direta e detalhada da paixão de Cristo (conf. 16:21; 17:22, 23, mais a simples declaração de 17:12). Ela amplia algumas das informações anteriores. Pela primeira vez Jesus indicou que a sua morte seria através das mãos dos gentios, que os escarneceriam, açoitariam e crucificariam. 2) O Pedido Ambicioso dos Filhos de Zebedeu. 20:20-28. Marcos apresenta o pedido como vindo dos próprios filhos. Mateus mostra que pela primeira vez pediram através de sua mãe, mas que mais tarde eles mesmos entraram na conversa. A mulher de Zebedeu com seus filhos. Salomé, aparentemente a irmã da Virgem Maria, como se vê comparando Mt. 27:56 com Mc. 15:40 e Jo. 19:25. 21. O pedido por lugares de maior honra no reino de Cristo pode ter sido provocado por causa de sua revelação anterior sobre os doze tronos (19:28). Embora ela surgisse da idéia de que o reino seria muito brevemente estabelecido (Lc. 19:11), e traiu um espírito não muito humilde, deve-se notar que se baseava numa firme fé de que Jesus era o Messias e o seu reino uma realidade. Uma fé assim Jesus queria purificar e nutrir. 22, 23. Cálice. Um símbolo dos sofrimentos de Cristo (conf. 26:39, 42). Ser batizados com o batismo (aparece só na ERC). Broadus explica, "ser mergulhados nos mesmos sofrimentos" (Commentary on Matthew, pág. 417). A concordância de ambos com as severas exigências de Jesus era sem dúvida sincera. Tiago foi o primeiro discípulo a morrer por Cristo (Atos 12:2); João sofreu de diversas maneiras por um período mais longo. Entretanto a disposição das posições pedidas é uma prerrogativa do Pai.
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