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A Cultura da Bananeira, Notas de estudo de Engenharia Agronômica

Principais aspectos ligados a cultura da bananeira

Tipologia: Notas de estudo

Antes de 2010

Compartilhado em 23/09/2009

Agua_de_coco
Agua_de_coco 🇧🇷

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A Cultura da Bananeira
Neto, A. R.
Melo, B.
1. Introdução
A banana (Musa spp.) é uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais consumidas
no mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e
potássio, médio teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e vitaminas B e C.
A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade, que a
consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos industrializados.
A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na desidratação infantil, depois de bem
homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do tubo digestivo, evita,
por ação mecânica, que as células do órgão continuem se desidratando.
No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de cozida, para
eliminar o efeito do tanino nos intestinos.
A importância da bananicultura varia de local para local, assim como de país para país. Por
vezes, ela é plantada para servir de complemento da alimentação da família (fonte de amido), como
receita principal ou complementar da propriedade ou como fonte de divisas para o país.
Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas adversas, mas, em vista da
proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna economicamente viável.
uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm vários sabores e utilizações. O
porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser compostos por algumas bananas ou
centenas delas.
Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um imbricamento de bainhas de
folhas. Seu período de vida é definido pelo aparecimento do “filhote” na superfície do solo e a sua
colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura é considerada de caráter permanente na área.
As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas frescas ou
industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de bananas de fritar ou da terra. Na
língua espanhola, apenas as bananas do subgrupo Cavendish (“Nanica”, “Nanicão”, “D”água”, etc.) são
chamadas de bananas; as demais são conhecidas por “plátanos”.
2. Origem da banana
O gênero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado por Lineu em homenagem a
Antonio Musa, médico de Otávio Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 14 A.C.). A palavra
banana é originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa ocidental da África), a qual foi
simplesmente incorporada pelos portugueses à sua língua.
Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde na mitologia
grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. Há
referências da sua presença na Índia, na Malásia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada mais de
4.000 anos. A história registra a antigüidade da cultura.
As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando Cabral aqui
chegou, encontrou os indígenas comendo in natura bananas de um cultivar muito digestivo que se supõe
tratar-se do “Branca” e outro, rico em amido, que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de
“Pacoba” que deve ser o cultivar Pacova. É interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani,
significa banana. Com o decorrer do tempo, verificou-se que o “Branca” predominava a região litorânea e
o “Pacova”, a Amazônica.
O cultivar Pacova possuía com certa freqüência, sementes muito grandes em relação às
atuais, pois quase igualavam em tamanho às da mucuna preta (Mucuna aterrima). Os registros de
importação das primeiras bananeiras para o continente americano datam de 1494 a 1530, épocas em
que se conhecia, no continente asiático, elevado número de espécies do gênero Musa, incluindo-se
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A Cultura da Bananeira

Neto, A. R. Melo, B.

1. Introdução

A banana ( Musa spp.) é uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais consumidas no mundo, e, é comercializada por dúzia, por quilo e até mesmo por unidade. É rica em carboidratos e potássio, médio teor em açúcares e vitamina A, e baixo em proteínas e vitaminas B e C.

A banana é apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade, que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos industrializados.

A fruta verde é usada in natura com grande sucesso na desidratação infantil, depois de bem homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do tubo digestivo, evita, por ação mecânica, que as células do órgão continuem se desidratando.

No meio rural é utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de cozida, para eliminar o efeito do tanino nos intestinos.

A importância da bananicultura varia de local para local, assim como de país para país. Por vezes, ela é plantada para servir de complemento da alimentação da família (fonte de amido), como receita principal ou complementar da propriedade ou como fonte de divisas para o país.

Com freqüência, seu cultivo é feito em condições ecológicas adversas, mas, em vista da proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna economicamente viável.

Há uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos têm vários sabores e utilizações. O porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser compostos por algumas bananas ou centenas delas.

Merece realçar que seu tronco não é um tronco e, sim, um imbricamento de bainhas de folhas. Seu período de vida é definido pelo aparecimento do “filhote” na superfície do solo e a sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura é considerada de caráter permanente na área.

As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas frescas ou industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de bananas de fritar ou da terra. Na língua espanhola, apenas as bananas do subgrupo Cavendish (“Nanica”, “Nanicão”, “D”água”, etc.) são chamadas de bananas; as demais são conhecidas por “plátanos”.

2. Origem da banana

O gênero Musa , ao qual pertence as bananeiras, foi criado por Lineu em homenagem a Antonio Musa, médico de Otávio Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 – 14 A.C.). A palavra banana é originária das línguas serra-leonesa e liberiana (costa ocidental da África), a qual foi simplesmente incorporada pelos portugueses à sua língua.

Não se pode indicar com exatidão a origem da bananeira, pois ela se perde na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. Há referências da sua presença na Índia, na Malásia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada há mais de 4.000 anos. A história registra a antigüidade da cultura.

As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando Cabral aqui chegou, encontrou os indígenas comendo in natura bananas de um cultivar muito digestivo que se supõe tratar-se do “Branca” e outro, rico em amido, que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de “Pacoba” que deve ser o cultivar Pacova. É interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa banana. Com o decorrer do tempo, verificou-se que o “Branca” predominava a região litorânea e o “Pacova”, a Amazônica.

O cultivar Pacova possuía com certa freqüência, sementes muito grandes em relação às atuais, pois quase igualavam em tamanho às da mucuna preta ( Mucuna aterrima ). Os registros de importação das primeiras bananeiras para o continente americano datam de 1494 a 1530, épocas em que já se conhecia, no continente asiático, elevado número de espécies do gênero Musa , incluindo-se

aquelas ornamentais, sem valor alimentício. Como tais espécies não foram encontradas pelos descobridores em nossa terra, pode-se deduzir que deve ter havido uma seleção do material trazido desses locais de origem da bananeira. Esse aspecto é um ponto pacífico em que os historiadores se baseiam para explicar a etnia asiática do índio das Américas. Atribui-se a esses imigrantes a primeira seleção de bananas no mundo e a introdução das primeiras sementes produtoras de bananeiras comestíveis no Continente Americano.

3. Classificação das bananeiras

3.1. Classificação botânica

As bananeiras produtoras de frutos comestíveis foram classificadas, pela primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gênero Musa com as espécies: Musa cavendishii , Musa sapientum , Musa paradisiaca e Musa corniculata.

Essa classificação foi abandonada porque, dado seu empirismo, não seria possível incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos dentro da mesma espécie. Sendo assim, atualmente, segundo a sistemática botânica de classificação hierárquica, as bananeiras produtoras de frutos comestíveis são plantas da classe das Monicotiledôneas, ordem Scitaminales, família Musaceae, da qual fazem parte as subfamílias Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta última inclui, além do gênero Ensete , o gênero Musa. O gênero Musa ainda pode ser dividido em quatro subgêneros: Australimusa , Callimusa , Rhodochlamys e Eumusa. Os subgêneros Callimusa e Rhodochlamys não produzem frutos comestíveis; o subgêneros Australimusa contém apenas uma espécie ( Musa textilis ), conhecida como abacá e utilizada principalmente nas Filipinas para extração de fibras das bainhas vasculares. No subgênero Eumusa ou simplesmente Musa é que estão localizadas as espécies de interesse comercial, essas espécies de interesse comercial são: Musa acuminata Colla e Musa balbisiana Colla.

Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam níveis cromossômicos di, tri ou tetraplóides, respectivamente com 22, 33 e 44 cromossomos, em combinações variadas de genomas das espécies Musa acuminata (genoma AA) e Musa balvisiana (genoma BB). Estes cultivares diferem das espécies silvestres devido a presença de genes responsáveis pela partenocarpia. Segundo os grupos cromossômicos, os principais cultivares de bananas cultivados no Brasil são classificados da seguinte maneira:

  • Grupo diplóide acuminata AA: “Ouro”.
  • Grupo triplóide acuminata AAA: “Robusta”, “Mestiça”, “Gros-Michel”, “Caru roxa”, “Caru verde”, “Caipira”, Leite, “Ouro Mel”, “São Mateus”, São Tomé”. Dentro deste grupo o subgrupo Cavendish apresenta importância, representado principalmente pelos cultivares Nanica e Nanicão.
  • Grupo triplóide AAB: “Pacovan”, “Maçã”, “Mysore”, “São Domingos”. Dentro deste grupo os subgrupos de maior importância são Prata, representado pelos cultivares Prata Anã e Prata Zulu, e Plantain, representado pelos cultivares Maranhão, Terra e Terrinha.
  • Grupo triplóide ABB: “Marmelo”, “Figo”, “Pão”.
  • Grupo tetraplóide AAAA: “IC-2”.
  • Grupo tetraplóide AAAB: “Pioneira”, “Ouro da Mata”, “Platina”.

Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do mundo são os triplóides, devido ao seu vigor, maior tamanho dos frutos e consistência mais agradável destes em relação aos diplóides.

3.2. Classificação quanto à utilização

Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar as bananeiras mais cultivadas em cinco grupos:

a. Banana destinada à exportação e mercado interno: “Baé”, “Bout-round”, “Caturrão”, “Grande Naine”, “Gros Michel”, “Jangada”, “Johnson”, “Lacatan”, “Monte Cristo”, “Nanica”, “Nanicão”, “Pseudocaule roxo”, “Piruá”, “Robusta”, “Valery” e “Williams”.

b. Banana de mesa para consumo interno: “Baé”, “Bout-round”, “Branca”, “Canela”, “Caru roxa”, “Caru verde”, “Caturrão”, “Colatina ouro”, “Congo”, “Enxerto”, “Figo cinza”, “Figo

Figura 1: Corte horizontal esquemático de uma touceira de bananeiras, com a “mãe” com cacho, mostrando a formação inicial de três “famílias”.

Essa característica de constante renovação das plantas é que permite dizer que os bananais têm vida permanente, apesar das bananeiras possuírem um ciclo de vida perfeitamente definido.

Botanicamente, as touceiras de bananeiras são formadas por rebentos que constituem a primeira, segunda, terceira, etc., gerações da muda original e que popularmente recebem as denominações de “mãe”, “filho”, “neto”, etc.

Mãe - É a planta mais velha da touceira, que pode estar na fase vegetativa ou ter lançado sua inflorescência ou já estar ou não com o cacho completamente formado, o qual poderá estar ou não no ponto de colheita. Ela perde a denominação de “mãe” após a colheita. A “mãe” é sempre uma só, salvo no caso da ocorrência da dicotomia.

Filho - É todo e qualquer rebento originário do intumescimento de uma gema vegetativa seguido de seu posterior desenvolvimento (gema lateral de brotação, que será uma “olhadura”), localizada no rizoma da planta “mãe”.

Neto - É todo e qualquer rebento originário de um “filho”.

Irmão - É todo rebento que se forma devido ao desenvolvimento de outra “olhadura” de um mesmo rizoma. Isso quase sempre ocorre mais de uma vez, o que dá origem a uma irmandade, cujo número é bastante variável.

Família - É um conjunto de rizomas interligados e descendentes, representados pela “mãe”, um “filho” e um “neto”, onde todos os demais rebentos (“filhos” e “netos”) foram eliminados.

A “mãe” pode ter vários “filhos”, que serão “irmãos” entre si e cada um destes, por sua vez, pode também emitir seus “filhos”, os quais serão os “netos” da “mãe” original. É assim que surge uma touceira.

Na touceira que se forma naturalmente portanto, sem que se tenha feito nenhum desbaste, é possível com o tempo, individualizar-se duas, três, quatro ou mais famílias, desenvolvendo-se ao mesmo tempo (Figura 1). Imaginando-se uma touceira que tenha certa idade, pelas cicatrizes deixados no solo pelos rizomas das plantas já colhidas, é possível traçar uma verdadeira árvore genealógica.

Após a colheita da planta “mãe”, a planta “filho” assume a posição desta e a planta “neto”, por sua vez, assume a posição de planta “filho”, e assim sucessivamente.

4.1. Sistema radicular

As raízes têm sua origem na parte central do rizoma, na união entre o cilindro central e o córtex. Geralmente, surgem em grupo de três ou quatro, distribuindo-se por toda a superfície do rizoma, em processo de diferenciação contínua, segundo o crescimento do meristema. As raízes são fasciculadas e crescem em maior porcentagem horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a 30 cm; apenas um reduzido número delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.

O número de raízes que a bananeira gera depende do cultivar e varia de 400 a 800, havendo certa relação direta na quantidade com a sua altura. Essa quantidade, assim como seu vigor, também estão em função do arejamento (oxigenação) e nutrientes existentes no solo. Desse total, cerca de 250 a 300 delas são emitidas enquanto a planta estiver emitindo folhas lanceoladas. À medida que o bananal envelhece, as plantas passam a diminuir a emissão de raízes.

As raízes superficiais têm comprimento variável e podem até ultrapassar os 4 m de extensão. Em condições de solos próprios para a bananeira, uma muda com sessenta dias de idade já apresenta raízes horizontais com 1 m de comprimento. As verticais, dependendo da natureza física e disponibilidade de água no solo, podem atingir comprimento igual ao das horizontais ou nem chegar a 50 cm. Em geral, seu diâmetro é de 4 a 8 mm, podendo contudo, em determinados cultivares, chegar a 20 mm.

A distribuição horizontal das raízes no solo, no caso do plantio inicial, é igual nos 360°que as rodeiam. Com o passar do tempo e já havendo se formado a “família” (“mãe”, “filho” e “neto”), as raízes da planta mais jovem (“neto”) se distribuem sempre da seguinte forma: sua quase totalidade se localiza, a partir da trajetória de caminhamento da família, a 90°para a direita e 90°para a esquerd a, situando-se a maior porcentagem delas nos primeiros 15°da direita e da esquerda. É com base nisso que se faz a indicação do local da adubação.

Fazendo-se um corte transversal na raiz encontra-se, externamente, um tecido mais macio - o córtex - que envolve um tecido bastante fibroso e resistente denominado cilindro central. Na extremidade da raiz há uma coifa brancacenta, espécie de um aguilhão que, pela ação dos seus produtos químicos e enzimáticos exsudados, distrói as resistências que ocasionalmente tentam impedir- lhe seu alongamento. Ela é revestida de pequenos pêlos, cuja vida é marcada em horas.

Normalmente, em toda a extensão da superfície externa das raízes, existem abundantes radicelas que se assemelham a uma cabeleira. Agindo como pequenas bombas de sucção, elas retiram a água do solo, juntamente com elementos químicos necessários à vida da planta. Pelo fenômeno da osmose, o líquido atravessa suas paredes celulares e penetra nas raízes e, por elas, atinge o rizoma. Este processo de sucção da seiva bruta é feito pelas folhas, que a elas vai ter através de suas bainhas (pseudocaule).

As raízes da bananeira plantada em solo fértil e bem adubado, com boa drenagem e provido de umidade suficiente, exercem suas funções com grande intensidade e todo o sistema radicular se apresenta bastante vigoroso. Nessas condições, elas chegam a crescer até 60 cm por mês. O grande número permanente de radicelas que essas raízes possuem facilita a absorção de água e de elementos químicos. Em solos pobres, sem fertilizantes, com drenagem deficiente ou sem a umidade necessária, as raízes apresentam-se delgadas, curtas, em pequeno número, quase desprovidas de radicelas. Estas são sempre mais numerosas e ativas principalmente nos 50 cm mais próximos da coifa.

Em solos com problemas de salinização ou com oscilações do lençol freático devido à influência das marés, a vida das raízes é muito curta e suas pontas ficam aparadas como se tivessem sido roídas. Sua parte terminal, muito freqüentemente, seca.

A bananeira gera raízes continuamente apenas até a diferenciação floral, simultaneamente com o processo de formação das folhas. As raízes são geradas, mas até que ganhem o exterior levam algum tempo, que é o mesmo que a inflorescência gasta para a sua parição. Nessa ocasião, estão vivas na planta de 25 a 50% das raízes emitidas durante sua vida. Simultaneamente com a parição, cessa o aparecimento das novas raízes. À medida que as folhas morrem por senilidade, fome, desidratação, parasitismo fúngico, etc., as raízes formadas na mesma época dessas folhas também morrem. São, portanto, dois processos contínuos e simultâneos: de um lado, a emissão de raízes e folhas e, de outro, a morte desses mesmos órgãos.

Quando as bananas amadurecem sem que o cacho tenha sido colhido e elas começam a cair, as raízes cessam progressivamente suas atividades e morrem também. A morte é acelerada quando se colhe o cacho.

A grande expansão interna do rizoma se processa durante a fase de pré-diferenciação floral da gema apical de crescimento, pois, nessa ocasião, o rizoma apresenta-se quase exclusivamente constituído pelas fibras rígidas do cilindro central.

Dependendo do cultivar e da fertilidade do terreno onde se fez o plantio do bananal, o rizoma pode atingir de 45 a 50 cm de diâmetro (“Pacovan”). O “Nanicão”, quando cultivado em boas condições, tem em média, 30 cm.

4.3. Gema apical e gema lateral

Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento se encontra sempre no centro dos semi-arcos de círculos esculpidos pela fixação das bainhas das folhas. Tais semi-arcos não se completam pelo fato de terem um ponto de interrupção, no qual há outro conjunto de células meristemáticas, que são em tudo e por tudo iguais à gema apical de crescimento. Apenas sua fisiologia é diferente. Ela é a gema lateral de brotação.

A gema apical está sempre em processo de multiplicação, no qual são produzidos uma folha (bainha, pecíolo e lóbulos foliares) e sua respectiva gema lateral de brotação. Isso ocorre durante um prazo definido pelas condições ecológicas, nutricionais e genéticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas atividades vegetativas e passa a ter funções de produção. É a fase da diferenciação floral, quando então as células do câmbio se modificam e criam a inflorescência da planta (futuro cacho).

Sendo simultânea a formação da folha e da gema lateral de brotação, pode-se facilmente concluir que a bananeira tem tantas dessas gemas quantas forem as folhas geradas.

Depois que a gema lateral de brotação e a folha estão formadas, é possível vê-las com uma lente de 10 a 15 vezes de aumento, uma vez que este conjunto se apresenta como um cone, com no máximo, 1 ou 2 mm. Para isso, é preciso fazer uma dissecação completa do pseudocaule, uma vez que ele está no seu interior.

Estando formadas a gema lateral de brotação e a folha, inicia-se um crescimento radial concêntrico, até chegarem próximo da periferia do rizoma. No início desse processo de crescimento o diâmetro do semicírculo aumenta, assim como a gema lateral de brotação e, com isso, cria-se um espaço interno para a formação de outro conjunto de folha e gema lateral de brotação. Esse contínuo crescimento vai fazendo aparecer uma série de cones superpostos. À medida que isso acontece, há um aumento na velocidade de crescimento dos dois órgãos. Ao estarem próximas da periferia do rizoma, a gema lateral de brotação já tem cerca de 2 cm de diâmetro e é conhecida por olhadura ou mamica. À medida que cresce, ela passa a exercer as mesmas funções da gema apical de crescimento e, assim, acaba formando uma protuberância que se transformará, futuramente, em um rebento.

O ponto de ligação entre o rizoma da planta “mãe” e do “filho”, a região entre o córtex e o cilindro central, apresenta-se bastante comprimido, como se a natureza quisesse violentamente separá- los por estrangulamento. Esta é, por assim dizer, uma ponte de ligação entre os dois rizomas, ou seja, um cordão umbilical entre “mãe” e “filho”, por onde se processarão as trocas de seiva e de hormônios.

4.4. Sistema foliar

As folhas da bananeira são formadas por bainha foliar, pseudopecíolos ou pecíolo, nervura e limbo foliar.

A folha mais interna do pseudocaule, logo após seu nascimento, apresenta-se como um pequeno cone foliar, tendo sua base apoiada sobre a região do cilindro central do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical.

Com o desenvolvimento do cone, suas microscópicas dimensões aumentam e a gema apical de crescimento que ficou no seu interior reinicia o processo de multiplicação.

É a partir das paredes do cone que se originam todas as partes componentes da folha, ou seja, bainha foliar, pecíolo, nervura principal, limbo (ou lóbulos) foliares com suas nervuras secundárias e de bordo e o aguilhão (ou “pavio”).

Sendo contínuo o processo de formação de folhas, há no interior do pseudocaule uma série de cones superpostos. Tendo alcançado de 8 a 12 mm, verifica-se que o mais externo já apresenta seu vértice mais alongado terminando por um delgado filamento (pavio).

Os pequenos cones passam por um processo de desenvolvimento e vão progressivamente assumindo o aspecto de uma folha. Quando isso ocorre, é possível contar de 10 a 15 cones superpostos

no seu interior. A medida que a folha vai se formando no centro do pseudocaule, sua velocidade de desenvolvimento é acelerada, assim como seu deslocamento para o alto. A primeira parte que emerge para o exterior é o pavio seguido pela vela.

A vela é formada pelo enrolamento dos limbos (lóbulos) foliares de forma muito perfeita e compacta, sendo que o limbo esquerdo é enrolado sobre si mesmo e o direito, envolvendo o primeiro.

A vela permanece ereta por um ou dois dias para começar a se desenrolar e formar o cartucho. Nessa posição, a folha permanece por 24 a 30 horas, em função dos fatores ecológicos, até completar seu total desenrolamento.

Quando a folha se abre, ela tem sempre o limbo esquerdo um pouco mais colorido do que o direito (vendo-se a folha através da página inferior para a superior), pelo fato desse ter desenrolado primeiro.

As folhas das bananeiras, ao se desenrolarem totalmente, já têm as suas dimensões definidas, isto é, não crescem mais. A relação comprimento/largura, nas plantas adultas, é um índice característico do cultivar.

O processo de formação de folhas, sendo constante, vão surgindo do interior da bananeira uma folha após outra e, com isso, tem-se sempre folhas jovens no alto da planta e as mais velhas, nas partes mais baixas.

A gema apical pode gerar de 30 a 70 folhas, segundo o potencial do cultivar. Esse número é tanto maior quanto maior for o índice de fertilidade e o adequado teor de umidade no solo e na temperatura ambiente.

As folhas são numeradas de cima para baixo em algarismos romanos. A folha vela (ou o cartucho) é sempre a folha de número 0 (zero).

As primeiras folhas do jovem rebento são praticamente pequenas escamas deltóides; quando mais velho, o “filhote” emite folhas constituídas apenas pela nervura principal. As primeiras folhas são bastante estreitas devido ao não desenvolvimento dos lóbulos foliares e, por ter uma forma lanceolada, são chamadas de “espada”. À medida que a planta cresce, as novas folhas apresentam dimensões maiores até que seja atingido o estágio de adulta.

Esse comportamento do formato da folha decorre da grande atuação hormonal inibidora da planta “mãe” sobre o desenvolvimento do “filho”. Essa inibição vai diminuindo progressivamente até a diferenciação floral da “mãe”, e cessa por completo com o seu florescimento. É nessa ocasião que se verifica um grande desenvolvimento do “filho”, cujas folhas passam a ser adultas e com o índice foliar característico do cultivar, quanto à relação comprimento/largura.

Em resumo, o formato da folha, levando-se em conta seu comprimento e sua largura, permite avaliar a influência hormonal inibidora que a “mãe” está exercendo sobre o “filho”, através da ligação umbilical dos seus rizomas.

As bainhas foliares da bananeira têm grande importância, pois são elas que, imbricadas umas sobre as outras, formam o falso tronco da bananeira, ou seja, o pseudocaule, sustentáculo do cacho e também armazenador de nutrientes e água.

A bainha mais externa, portanto a que envolve todo o pseudocaule, torna-se menos envolvente na sua parte mais alta, devido ao seu formato deltóide, principalmente nas bananeiras que ainda não sofreram a diferenciação floral.

Examinando-se uma folha adulta, verifica-se que na parte mais alta da bainha ela se afasta do pseudocaule e assume o formato da letra U.

A região da bainha, onde inicia seu estrangulamento em U, até onde os limbos foliares se expandem, recebe o nome de pecíolo da folha. Seu prolongamento dentro da folha constitui a nervura central ou principal.

A nervura principal se expande dos dois lados formando o limbo foliar direito e o esquerdo, que constituem as superfícies foliares.

Moldurando o contorno da folha, em ambos os limbos, encontra-se a nervura de bordo, representada por uma linha escura e de consistência um pouco mais rígida.

A nervura central é ligada nas de bordo pelas nervuras secundárias, que são paralelas entre si, porém, com suas extremidades distais ligeiramente voltadas para o ápice da folha. Em determinadas circunstâncias nutricionais, é possível observar nervuras terciárias fazendo ligações entre as secundárias.

Ao longo do palmito, pode-se ver as últimas três ou quatro gemas laterais de brotação, correspondentes às últimas três ou quatro folhas emitidas, pois é nele que as bases de suas bainhas estão fixadas.

O palmito é quase branco, menos fibroso do que o cilindro central, e tem sido utilizado como recheio de pastéis e tortas, pela sua semelhança com o palmito verdadeiro de certas palmáceas.

Quando o palmito ganha o exterior, ele passa a constituir o cabo do cacho e, em seguida, o eixo da inflorescência.

4.6. Diferenciação floral

Terminado o processo de diferenciação foliar e gemas laterais de brotação da planta, a gema apical cessa essa atividade, devido a uma série de fatores hormonais. Há, então, uma modificação do seu aspecto e ela se transforma no órgão de frutificação da bananeira: a inflorescência. A essa fase da vida da planta dá-se o nome de diferenciação floral, quando então cessa sua vida vegetativa e começa a de frutificação ou de produção. O período compreendido entre a diferenciação floral e do lançamento da inflorescência corresponde ao de gestação do cacho.

O processo de diferenciação floral ocorre quando cerca de 60% de todas as folhas geradas (jovens e adultas) já se abriram para o exterior da planta. Os restantes 40% de folhas já estão formados, porém ainda permanecem se desenvolvendo dentro da planta e envolvendo toda a inflorescência.

Dada a modificação da gema apical em inflorescência, conclui-se que, após a diferenciação floral, a bananeira não gera mais folhas, porém continua ainda lançando aqueles 40% de folhas já geradas. Por conseguinte, após o lançamento da inflorescência, ela também não emite mais nenhuma folha.

O processo da diferenciação floral, no cultivar Nanicão, se dá, em geral, quando o alongamento vertical sofrido pelo cilindro central do rizoma já está, em média, na altura de 40 cm. Essa distância é calculada a partir de onde as raízes mais superficiais ganham o exterior do rizoma e a gema apical de crescimento. Nessa fase da vida da planta, é possível verificar, externamente, a que altura está se processando a diferenciação floral, pois nesse local há uma dilatação do pseudocaule. Nesse cultivar, nas condições climáticas do Estado de São Paulo, a inflorescência leva de dois a três meses para vencer a distância entre o ponto de processamento da diferenciação floral e a roseta foliar. Esse tempo varia segundo o cultivar e as condições ecológicas. O agricultor refere-se a essa fase como o de “engravidamento” da bananeira.

Uma vez formada a inflorescência, ela passa a ter um rápido processo vertical de caminhamento, subindo pelo centro do pseudocaule, ultrapassando a roseta foliar para expandir-se no exterior.

Esse processo determina, a uma só vez, o alongamento vertical final do cilindro central do rizoma, que deu a formação do palmito, cujo prolongamento no exterior da planta corresponde ao engaço.

Fazendo-se uma inspeção interna na bananeira, que já sofreu a diferenciação floral, mas que ainda tem a inflorescência no seu interior, pode-se contar perfeitamente o número de pencas e de flores que ela tem. Quanto mais próxima da ocasião da diferenciação floral, menores serão esses órgãos e, por outro lado, quanto mais perto da roseta foliar a inflorescência estiver, mais fácil se torna a identificação do sexo das flores e a contagem do número delas e das pencas.

A contagem das pencas pode ser feita logo após a diferenciação floral, usando-se uma lente de 10 a 15 vezes de aumento. A identificação do sexo das flores é facilmente feita nessa ocasião, pois os ovários já estão perfeitamente diferenciados quanto ao seu comprimento. Para o cultivar Nanicão, a identificação de pencas e flores pode ser feita a olho nu, quando a inflorescência atinge cerca de 50 a 60 cm de altura do solo.

Dessa forma, já não se pode mais influenciar com nenhum tratamento o número de bananas e pencas que o cacho virá a ter, uma vez que o número de flores e o seu sexo é definido durante a diferenciação floral.

Para aumentar o tamanho do cacho é, portanto, necessário que os bons tratos culturais e nutricionais sejam feitos bem antes dessa fase.

4.7. Inflorescência

A inflorescência da bananeira é uma espécie de espiga simples, terminal, que emerge do centro das bainhas foliares, protegida por uma grande bráctea, muitas vezes chamada de placenta.

Quando o florescimento, o ápice se avoluma e origina as brácteas da inflorescência, produzidas em série e distribuída pela ráquis em espiral. Cada bráctea possui uma massa axilar de forma côncava que constitui os primórdios da penca, onde se diferenciam as flores, dispostas alternadamente em duas fileiras paralelas, com desenvolvimento simultâneo. O número de pencas varia com a cultivar e as condições de vegetação da planta, podendo chegar a 13-14.

4.8. Flores

As flores femininas, masculinas ou hermafroditas estão reunidas em pencas isoladas e protegidas cada uma delas por uma bráctea, que é sempre caduca para as femininas, o que pode ou não acontecer para as demais.

Em cada penca encontram-se flores de um só sexo, porém na região de transição entre elas, podem aparecer numa mesma penca, flores femininas e masculinas.

A flor da banana comestível é zigomórfica, sempre completa com os órgãos femininos e masculinos, verificando-se em algumas a atrofia das anteras (flores femininas) e, em outras, dos ovários (flores masculinas). Devido a essas diferenças no tamanho do ovário, é possível basear-se neste fato para se identificar o sexo das flores.

As flores femininas têm o ovário bem desenvolvido e são as primeiras a aparecer e as responsáveis pela formação das bananas. Nas masculinas, o ovário é cerca de 30 a 50% menor e, geralmente, elas abortam ou se desenvolvem formando rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica.

As flores masculinas e femininas das bananeiras produtoras de frutos comestíveis apresentam cinco tépalas (sépala + pétala), dispostas em dois vertículos, que se fundem para formar um cálice tubular denominado de perigônio. Sua extremidade se apresenta fendilhada, formando cinco pequenos dentes ou lóbulos, de forma variável, segundo o cultivar. Suas colorações características identificam o grupo a que pertence a espécie. A tépala dorsal é independente e livre e, por isso, recebe a denominação específica de tépala livre.

Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam cinco estames (antera + filamentos) bastante semelhantes, assim como o pistilo (ovário + estilo + estigma). Os estames das flores masculinas possuem anteras normais e os sacos polínicos estão dispostos ao longo do filamento em duas linhas paralelas. Os grãos de pólen são geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, as anteras são atrofiadas, o filamento é mais curto e o pólen, degenerado.

As flores masculinas e femininas apresentam um ovário ínfero e trilocular, estilo filiforme e estigma grosso (dilatado). Nas flores femininas, os ovários se dispõem em cada loja (lóculo) em duas linhas regulares ou em quatro irregulares. As flores masculinas têm o ovário bastante atrofiado, mas o estilo e o estigma se apresentam apenas com as dimensões um pouco reduzidas.

Após o aparecimento de todas as flores femininas, normalmente surgem as pencas de flores masculinas. Por vezes, podem se formar pencas de flores hermafroditas em número variável, intercaladas entre as pencas de flores masculinas. O desenvolvimento das flores hermafroditas, também produzem frutos comestíveis, porém com aspecto anormal e atrofiado, cujo paladar é bastante inferior ao dos frutos normais.

Quando a inflorescência emerge da planta as flores femininas têm sua extremidade distal voltada para o solo devido ao geotropismo positivo, mas geralmente, após a partenocarpia ou a polinização, elas vão se voltando para o alto, como se houvesse um geotropismo negativo atuando sobre elas. As flores masculinas, por via de regra, permanecem sempre voltadas para o solo ou se elevam apenas até quase a posição horizontal, enquanto que as hermafroditas ficam na posição horizontal formando um pompom.

4.8.1. Fecundação das flores

A fecundação das flores nas bananeiras selvagens é feita normalmente por insetos. Retirando o pólen de flores masculinas de uma inflorescência, ele fecunda as flores femininas de outra inflorescência (polinização cruzada). A polinização somente pode se processar dessa forma, pois na mesma planta as flores femininas nascem sempre primeiro na inflorescência e, com isso, quando os

Na extremidade final da ráquis feminina, encontra-se o botão floral (coração ou mangará) que é o conjunto de pencas de flores masculinas ainda em desenvolvimento, com suas respectivas brácteas. Pode-se dizer que o coração é a gema apical de crescimento, modificada, que ganhou o exterior.

Nos cultivares em que as flores masculinas são caducas, após sua deiscência, aparecem protuberâncias na ráquis masculina denominadas “nó” ou cicatriz e que correspondem às almofadas atrofiadas das pencas de bananas. A distribuição e a orientação dessas cicatrizes são as mesmas que ocorreram nas pencas de bananas.

Simultaneamente, com o início do amadurecimento das bananas, o coração cessa suas atividades, morre e seca.

A penca (ou “mão”) de banana é o conjunto de frutos reunidos pelos seus pedúnculos em duas fileiras horizontais e paralelas. O pedúnculo da banana pode ter de quase zero mm a cerca de 50 mm de comprimento.

Os pedúnculos das diversas bananas se fundem e formam a almofada, que se confunde com a ráquis. As almofadas variam seu comprimento segundo o cultivar. Nas primeiras pencas, elas podem ter até pouco mais de 40 mm. Esse comprimento sempre diminui nas últimas, podendo chegar a quase zero.

As almofadas se fixam na ráquis sempre em níveis diferentes, seguindo três linhas helicoidais e paralelas. Partindo da primeira penca para a última (a mais de baixo), verifica-se que o sentido da linhas é anti-horário, portanto, levógiro.

O número de pencas e bananas é influenciado pelas condições ecológicas, de fertilidade e sanitárias em que a planta se desenvolveu, porém o potencial genético do cultivar limita esses números.

O primeiro terço de pencas femininas se forma, em média, uma a cada 24 horas; o segundo leva cerca de 30 horas e o terço final aproximadamente 36 horas. Implica isto em dizer que em um cacho com 10 pencas, por exemplo, a primeira penca pode ter se formado de 13 a 15 dias antes da última. Esse tempo aumenta progressivamente, com o aumento do número de pencas. Durante a formação das pencas masculinas o tempo continua aumentando sempre, podendo-se ter nas últimas intervalos superiores a três dias. Todos esses valores são básicos, em condições de inverno, eles são muito aumentados e mais ainda, se não houver irrigação. Em locais mais quentes e úmidos, eles são encurtados.

A banana, também chamada de dedo, é o resultado do desenvolvimento partenocárpico ou da polinização dos ovários das flores femininas da inflorescência. Elas são bagas alongadas e triloculares. O pericarpo corresponde à casca e o endocarpo é a polpa que se come. O pericarpo é constituído do epicarpo, que é a parte verde; o mesocarpo é a parte brancacenta da casca, na qual se encontram as suturas do mesocarpo, que são os fios internos da banana. O endocarpo tem no seu interior, as sementes férteis ou apenas os rudimentos de sementes, que são as pequenas pontuações escuras junto ao seu eixo central.

As bananas podem ter formatos bastante variáveis, desde retos até curvos como uma meia lua. Seu comprimento pode chegar a 45-50 cm, com diâmetro de até quase 10 cm e peso de 2 a 3 kg. A coloração da casca varia da cor palha de milho passando pela verde-clara, amarela, avermelhada e quase preta. A espessura da casca oscila de 2 a 10 mm segundo o cultivar, as condições ecológicas e de fertilidade em que a planta e o fruto se desenvolveram. A polpa também pode apresentar as cores branca, creme, amarela e rósea.

As bananas podem apresentar duas a quatro linhas de sementes, em cada um dos seus três lóculos (ou loja). A quantidade de sementes e sua disposição são caracteres utilizados na classificação botânica. Suas sementes podem ser férteis ou abortivas (estéreis). Sua coloração é escura, quase preta.

As sementes férteis apresentam-se revestidas por uma carapaça dura com dimensões semelhantes às do algodão, enquanto as estéreis se reduzem a pequenas pontuações. As sementes das primitivas bananeiras tinham até 20 mm de comprimento; hoje, estão reduzidas para 4 a 5 mm.

Nas bananas comestíveis, as sementes são estéreis e estão sempre na região central da polpa, onde os três lóculos se encontram e elas se apresentam como rudimentares pontuações escuras. Elas formam duas ou quatro linhas dentro de cada lóculo.

As bananeiras produtoras de sementes (as selvagens) não dispensam a polinização para a formação e desenvolvimento do fruto. Se for impedida a polinização de sua flor, esta chega intumescer mas algumas semanas depois seca e cai.

Ao contrário das bananas comestíveis, cujas sementes são rudimentares, nas selvagens elas ocupam quase todo o interior do fruto devido a sua quantidade e tamanho. Tais sementes são envolvidas por uma massa semelhante à polpa das bananas comestíveis, a qual é bem mais adocicada e mais gelatinosa.

As bananas comestíveis têm desenvolvimento partenocárpico, portanto, não produzem sementes. No melhoramento genético, este é um dos pontos difíceis para o especialista, pois, lançando mão de bananeiras produtoras de frutos com sementes, ele deverá obter híbridos, cujas frutas não as tenham.

4.8.1. Dicotomia

É o fenômeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos. Pode ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou depois da diferenciação floral.

A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu processo vegetativo de multiplicação, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo em cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir por si, de uma nova gema apical que se desenvolverá normalmente. Havendo dois ou mais pontos de crescimento, cada um deles irá formar um novo pseudocaule, que produzirá seu cacho.

Tendo em vista que esse fenômeno pode se repetir em várias ocasiões, é possível encontrar bananeiras com pseudocaules bifurcados, trifurcados ou mais vezes. Se a dicotomia ocorrer apenas na inflorescência, haverá um pseudocaule e dois ou mais cachos. Há casos em que ela se processa mais de uma vez em diferentes épocas, ficando a planta por exemplo, com dois pseudocaules com um total de cinco cachos. Ela pode também ocorrer apenas no rabo do cacho.

Em cultivares que apresentam a dicotomia, isso acontece freqüentemente, mais de uma vez na mesma planta, como tem sido observado no cultivar São Mateus, que é um mutante do “São Tomé”. Neste cultivar, esta tara genética se manifesta em quase 100% das plantas. Na “Nanica”, é menos freqüente.

Os cachos das bananeiras com dicotomia têm desenvolvimento quase normal e seus frutos em nada diferem dos demais quanto ao paladar. Havendo suficiente nutrientes no solo, todas as flores femininas produzirão frutos de aspecto normal.

5. Distribuição geográfica

Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom desenvolvimento, exige calor constante e elevada umidade. Essas condições são, geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30°norte e sul, nas regiões onde a s temperaturas permanecem acima de 10°C e abaixo de 40°C. Entretanto, há possibilidade de seu cultiv o em latitudes maiores de 30°, contanto que a temperatura o permita.

A expansão de um cultivar, em determinados países e áreas, é função da sua aclimatação, interesse do mercado local ou do importador. Disso resulta que há relativa diversificação de cultivares entre as regiões produtoras.

Os principais países que produzem banana podem ser assim agrupados por região:

a) América do Sul: Argentina, Brasil, Colômbia, Equador, Guianas, Paraguai, Venezuela

b) América Central: Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá.

c) África : Angola, Republica dos Camarões, Zaire, Costa do Marfim, Guiné, Ilhas canárias, Ilhas da Madeira, Mandagascar, Moçambique, Somália.

d) Região do Caribe: Cuba, Guadalupe, Ilhas Windward, Jamaica, Martinica, República Dominicana,

e) Oriente Médio: Israel, Jordânia, Líbano.

f) Ásia: Sri Lanka, China, Filipinas, Índia, Java, Sumatra.

g) Oceania: Austrália, Ilhas Fidji, Samoa Ocidental.

agricultores, no que diz respeito a solo, clima, época de plantio, cultivares, aplicação de corretivos de solo, adubação, espaçamento de plantio, rotação de cultura, controle fitossanitário manejo do bananal e da fruta pós-colheita, a fim de atender aos novos mercados brasileiros que se formaram.

O elevado preço dos fretes de produtos perecíveis como a banana, tem feito com que muitos plantios, principalmente de frutas e verduras, se desloquem para perto de grandes centros urbanos.

Em termos de comercialização exterior, ela é feita praticamente só para os mercados platinos e apenas com bananas de São Paulo junto com as de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, sendo que esses dois últimos a fazem de modo esporádico. Raras exportações tem ocorrido para a Europa.

Quando o produtor brasileiro pensa no plantio de bananas visando o mercado exterior, geralmente está pensando em outros além do Mercosul, tais como o americano e o europeu. Entretanto, ele precisa lembrar também que as exigências do mercado platino são muito menores do que as dos demais. Além disso, comparando-se a média histórica dos preços pagos ao produtor brasileiro, com a dos países que a produzem visando principalmente a exportação, verifica-se que, nos últimos dez anos, a do nosso mercado interno foi mais interessante.

6.2.1. Situações regionais da bananicultura brasileira

Pela grande extensão territorial do Brasil, o cultivo da banana deve ser apreciado regionalmente.

Bacia Amazônica: O bananal é feito de forma quase indígena, com aspectos de extrativismo. Predominam, em ordem de importância, os cultivares Pacova, Maçã, Maranhão, Terra e Branca e em menor quantidade, o “Nanicão” e o “Nanica”. Nos últimos dez anos, a área cultivada aumentou cerca de cinco vezes, porém quase sempre com o nomadismo típico da região. Esses plantios novos têm sido feitos onde há melhores estradas, em terra firme, isto é, áreas não inundáveis na época das cheias dos rios, e mais com os cultivares Branca e Nanicão. Nas áreas inundáveis, os plantios não têm sofrido mudanças.

O moko está tendo um desenvolvimento pequeno, atingindo quase que somente as terras baixas, com raros casos nas terras altas. A evolução e a expansão da sigatoka-negra ainda é uma incógnita e o futuro dos plantios amazônicos de banana, outra.

Brasil Central : Os plantios têm-se expandido e passaram a ser feitos com os cultivares Nanicão, Enxerto e Terra. Os plantios dos dois primeiros são feitos, na maioria, com mudas de laboratório. Há também muitos plantios de “Pacovan”, principalmente para ser comercializado em Brasília, onde o nordestino é seu grande consumidor. A irrigação passou a ser uma constante nesses bananais.

Os plantios tradicionais de “Maçã” têm diminuído devido ao mal-do-panamá. Os novos plantios, em caráter empresarial, estão sendo feitos em áreas virgens, com o emprego de mudas de laboratório, sendo ainda imprevisível sua longevidade. Os plantios de desbravamento, que eram realizados em baixo das matas, quase não ocorrem mais.

Nessa região, os plantios tendem a aumentar e há grande interesse por novas informações tecnológicas. As produções da banana “Maça” são comercializadas, principalmente, no mercado de São Paulo, que paga um bom preço por elas. O consumo de banana na Capital Federal, e nas outras capitais dos estados da região, têm aumentado bastante.

Região Sul: Já chegou ao limite máximo de sua expansão geográfica possível para cultivar bananeiras, tem tido grande aumento de produtividade.

O estado de Santa Catarina é o maior produtor, seguido pelo Rio Grande do Sul e Paraná. Estes dois últimos têm aumentado suas áreas de produção, na região Norte-litorânea, utilizando as tecnologias atualmente geradas em Santa Catarina. Neste estado, os bananais foram plantados nas partes altas das fraldas da Serra do Mar, próximos do litoral e, mais recentemente nas baixadas marítimas, com os cultivares Enxerto (Prata anã), Branca e Prata como uma defesa contra a friagem. Há ainda plantios de “Nanicão”, “Caturrão” e “Imperial”, que são menos tolerantes ao frio, o que em parte, é compensado pela altura dos dois últimos cultivares, que chegam a 6 e 7 m. Ambos, porém, apresentam o defeito do ciclo de produção ser mais longo.

A produção é consumida nos grandes centros sulinos, mas boa parte é também remetida para São Paulo e até Belo Horizonte. Em determinados anos, as bananas alí colhidas, no verão, são exportadas para o Uruguai. Os bons preços que os produtores têm obtido e o aumento de consumo, estimularam os bananicultores a ampliar seus plantios, empregando os mais recentes conhecimento tecnológicos bananícolas. Infelizmente, a região é sujeita a problemas de excesso de chuvas e baixas temperaturas, com ocasionais chuvas de pedra.

Nordeste: Onde persiste o sistema de irrigação por inundação, o cultivo de banana é feito nos antigos perímetros do Departamento Nacional de Combate à Seca (DNOCS), com predominância dos cultivares Nanica, Nanicão e Grande Naine. Nestas áreas, o nível tecnológico é bastante baixo, a despeito de todo apoio que a entidade cooperativista lhes proporciona.

No Ceará, há novos plantios feitos com mudas de laboratório e alta tecnologia, muitos dos quais com o cultivar Maçã. Entretanto, na serra de Baturité os plantios continuam sendo com as tecnologias tradicionais.

Como reflexo desse novo padrão de produção, a comercialização dos mercados de Fortaleza e Belém estão se tornando mais exigentes. Os marginais e tradicionais produtores têm visto sua fruta ser desprezada comercialmente pelos consumidores, em favor das bananas produzidas por proprietários que evoluíram e passaram a apresentar produtos de primeira qualidade.

No sul do Maranhão e do Ceará estão se formando áreas com plantios bem tecnificados, com o cultivar Pacovan e, em menor quantidade, com o “Grande Naine”.

As ricas terras aluviais, que podem ser irrigadas com as águas da barragem de cabeceira do rio Açu (RN), onde o clima é bem seco e que distam cerca de 40 km do porto marítimo, representam as melhores áreas agrícolas para a produção de bananas no Nordeste e no Brasil.

Nelas, há um empreendimento bananícola, em produção, da mais alta importância agrícola e comercial, devidamente projetado para ser uma empresa capaz de apresentar bananas de padrão internacional, tanto em qualidade de produto como em embalagem, a qual é feita em caixas de papelão. Sua comercialização é realizada nos principais centros do país e está servindo para demonstrar o potencial de consumo de bananas de primeiro mundo que temos e, ainda, dê exemplo do que se deve fazer para apresentar um bom produto aos consumidores. Há outros dois empreendimentos instalandos nessa área, com iguais características e metas.

Em áreas irrigadas, foi possível obter com “Grande Naine”, produtividade de mais de 80 t/ha/ano.

No baixo São Francisco, na região de Petrolina e Juazeiro, há um grande pólo de produção em expansão, estimado em dez milhões de bananeiras, no qual se faz o plantio, principalmente, do “Pacovan”.

Esses dois pólos bananícolas do semi-árido tem como características básicas comuns, a pequena propriedade e as águas do São Francisco distribuídas dentro dos bananais, por aspersão, tanto abaixo como acima das folhas.

No sul da Bahia, há áreas não irrigadas, onde o plantio foi feito principalmente para sombreamento do cacau, sendo a banana tida como cultura secundária. Nelas predominam os cultivares Branca, Prata e Pacovan. Nessas áreas, os altos índices de produtividade que vêm sendo obtidos com “Pacovan” e “Terra”, e sua boa aceitação pelos consumidores, abrem boas perspectivas de expansão desses plantios.

Suas produções são comercializadas, principalmente, nas capitais dos estados e, as produzidas mais ao sul, remetidas para Vitória e Rio de Janeiro.

Centro-Sul: Foi nessa região, que o cultivo da bananeira mais se desenvolveu e atingiu maior índice de tecnologia e produtividade.

Os cultivares Branca e Prata, em função dos bons tratamentos recebidos, tem possibilitado bons rendimentos e produzido ótimas bananas em Minas Gerais (região sul do estado) e Espírito Santo, cujos mercados consumidores pagam razoavelmente bem por esses padrões de qualidade.

O cultivar Nanicão foi progressivamente introduzido nas terras mecanizáveis do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, enquanto nas áreas acidentadas desses estados, continuam sendo plantados os cultivares Prata, Branca e incrementado o “Ouro da Mata”.

A produção desses bananais é, em geral, colhida, embalada, climatizada e vendida aos supermercados próximos da sua área de plantio, pelo próprio agricultor. Entretanto, ainda é pequeno o número de produtores que se associam para efetuar suas vendas e as compras de insumos.

Tal sistema de comercialização tem assegurado maiores lucros para os produtores e reduzido muito suas perdas com refugos, pois ele passou a classificar as bananas em 1a, 2a^ e 3a categoria e vendê-las com preços diferenciados, porém vende tudo que produz.

Dessa forma, os produtores paulistas estão descobrindo que é mais lucrativo terem menores áreas de produção, mas cuidarem com mais atenção da comercialização até ao nível do retalhista final, quando então ele cria um pólo de vendas restrito de 50 a 60 Km de sua propriedade. Esta situação tende a se consolidar e se repetir cada vez mais em todo o país.

O amadurecimento da banana é feito em câmaras de climatização. As antigas estufas já são coisa do passado. Estas câmaras estão localizadas tanto nas áreas de produção como nas metropolitanas e nas CEASAs das cidades do interior.

Em face desse panorama de evoluções, os consumidores de todo o Brasil, passaram a procurar por uma banana com melhor aparência, ao efetuarem suas compras e o produtor está se vendo obrigado a adotar as usuais tecnologias de colheita e embalagem, dominantes no mercado internacional.

7. Exigências climáticas

Antes de se fazer o plantio de um bananal, em escala comercial, é preciso estudar bem os fatores climáticos da localidade, para se saber se eles suprem aqueles que a planta exige. Se eles não forem favoráveis à cultura, dificilmente o produtor obterá bons lucros, pois os fatores climáticos são os grandes responsáveis pelo desenvolvimento da planta.

7.1. Temperatura

Os limites mais favoráveis de temperatura para o bom desenvolvimento da bananeira estão entre 20°a 24°C, registrados ao redor do pseudocau le a 100 cm do solo. A bananeira também pode se desenvolver satisfatoriamente em locais com temperatura abaixo e acima dos limites citados, porém com prejuízos para o ritmo de seu desenvolvimento e da qualidade da banana.

As temperaturas de 15°e 35°C têm sido apontadas co mo os limites extremos entre os quais a bananeira encontraria boas condições para crescer e produzir. Se os valores absolutos da temperatura permanecerem dentro desses índices (15°e 35°C), o cultivo da bananeira estará assegurado na área. Temperaturas pouco acima de 24ºC, por breve período de tempo, também são favoráveis à produção da bananeira.

Quando a temperatura mínima cai abaixo de 12ºC, os tecidos da planta são prejudicados, principalmente os da casca do fruto. Se descer até 4ºC, inicialmente começam a aparecer nos bordos das folhas as primeiras manchas amarelas, as quais se acentuam com o tempo, culminando com danos letais nessa área.

Quando a temperatura sobe acima de 35ºC, há inibições no desenvolvimento da planta devido, principalmente, à desidratação dos tecidos, em especial, o das folhas. Isto faz com que elas se tornem rígidas e sujeitas ao fendilhamento mais facilmente.

A temperatura é muito importante para a bananicultura em relação a várias moléstias e pragas que atacam a planta e cuja velocidade de desenvolvimento delas varia em função desse fator.

7.2. Precipitação

A bananeira necessita permanentemente de umidade, oriunda de chuvas ou de irrigação. Para ela o importante não é a média anual que interessa e sim a diária. O ideal seria que a média anual de chuvas caísse dividida semanalmente.

Regiões onde haja uma estação das chuvas e outra da seca bem definidas não são boas, pois a bananeira não precisa de hibernação para crescer ou produzir.

A quantidade de água que ela precisa para ter um bom desenvolvimento e produção varia com os múltiplos fatores climáticos no que concerne aos seus limites máximos e mínimos e, quanto ao solo, no que se refere aos fatores profundidade, textura, declividade, drenagem, etc.

Se não houver suficiente regularidade e quantidade de chuvas, a irrigação precisará ser feita. Isto é importante, principalmente para as raízes poderem ter um bom e constante desenvolvimento.

7.3. Umidade Relativa

As regiões onde a umidade relativa média anual situa-se acima de 80% são as mais favoráveis à bananicultura.

Esta alta umidade acelera a emissão de folhas, prolonga a sua longevidade, favorece o lançamento da inflorescência e uniformiza a coloração da fruta. Contudo, quando associada a chuvas e variações de temperatura, provoca a ocorrência de doenças fúngicas.

Sob condições de baixo teor de umidade as folhas tornam-se mais coriáceas e têm vida mais curta.

7.4. Luminosidade

A bananeira tem seu melhor crescimento quando recebe mais de 2.000 lux (horas de luz/ano queimada no heliógrafo) suportando, contudo, até um limite de 1.000 lux. Valores abaixo são insuficientes para que ela tenha desenvolvimento normal.

Se cultivada em local que receba apenas 30% do limite mínimo de luminosidade, em caráter permanente, a bananeira tende a não interromper seu contínuo e lento desenvolvimento, mantendo-se apenas em fase vegetativa, podendo até mesmo chegar a não entrar no processo da diferenciação floral. Disto resulta que a bananeira não suporta sombra artificial ou natural (cerração, bruma, poluição, sombra de morros, etc.) sobre suas folhas, pois ela retarda seu desenvolvimento, principalmente por não fazer a fotossíntese.

Quando muito acima do limite máximo citado, pode haver queima das folhas, o que acontece, principalmente, durante a fase de cartucho ou folha recém-aberta. Nessa idade da folha seu tecido é muito tenro, ficando vulnerável aos raios solares. Da mesma forma, a inflorescência pode também ser prejudicada pelos mesmos fatores. Apenas nas áreas com luminosidade muito alta (4. lux), poder-se-ia pensar em sombrear parcialmente, as bananeiras.

7.5. Vento

O vento é uma das maiores preocupações comuns a todos os produtores de banana. Os prejuízos e a perda da produção que o vento causa, por derrubar as bananeiras ou romper suas raízes e folhas, são, em geral, maiores do que os provocados pela sigatoka-amarela não controlada.

Esse é um aspecto para o qual os bananicultores e principalmente os brasileiros, não têm voltado sua atenção e, por isso, não protegem suas plantações como o fazem outros povos, em especial os europeus, que consideram o quebra-vento como um seguro agrícola, que fica de geração para geração.

Os ventos são capazes de provocar danos suficientes para arrasar em poucos minutos uma boa plantação. Eles causam prejuízos proporcionais à sua intensidade, a saber:

a) “chilling” ou “friagem” que consiste em danos fisiológicos na bananeira e ou no fruto, causados por baixas temperaturas;

b) desidratação da planta devido à grande evaporação;

c) fendilhamento entre as nervuras secundárias;

d) diminuição da área foliar pela dilaceração das folhas que já foram fendilhadas;

e) rompimento das raízes;

f) quebra do seu pseudocaule;

g) tombamento inteiro da bananeira e sua “família”.