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Histórico e evolução do conceito de qualidade nas indústrias.
Tipologia: Resumos
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Não perca as partes importantes!
Controle de Qualidade I
A qualidade de produtos, serviços e processos nos dias atuais deixou de ser um diferencial competitivo e transformou-se num critério qualificador, passando a ser item obrigatório para as organizações que desejam se manter competitivas em mercados dinâmicos como atualmente.
Ao longo do tempo, o Conceito de Qualidade evoluiu juntamente com a própria indústria, tornando-se parte do cotidiano de empresas e principalmente dos clientes, que a cada dia estão mais exigentes.
O que é qualidade para você?
A indústria mudou toda a sociedade ao seu redor e posteriormente o mundo. Hoje a globalização quebra muitas barreiras da competitividade, fazendo com indústrias busquem cada vez mais aprimorar a qualidade de seus produtos e processos. Ao longo da história é possível observar este movimento de forma gradativa, enquanto nos dias atuais, as mudanças ocorrem de forma mais rápida e dinâmica.
1.1.1. Trabalhos Artesanais
Até o século XVII, as atividades de produção de bens eram desempenhadas por artesãos. Com inúmeras especializações e denominações, essa classe abarcava praticamente todas as profissões liberais então existentes: pintores, escultores, marceneiros, vidraceiros, sapateiros, arquitetos, armeiros e assim por diante. O mestre artesão, proprietário de uma oficina, recebia aprendizes, geralmente membros da família ou, então, jovens talentosos da região, para estudarem o ofício. Estes permaneciam na oficina por um período de até quinze anos, aprendendo a dominar as técnicas da profissão. Auxiliavam o mestre em seus trabalhos, realizando tarefas que eram posteriormente inspecionadas com cuidado. Quando suficientemente
qualificados, eram registrados e poderiam, só então, exercer o ofício de forma autônoma.
Figura 1 - Trabalhos Manuais em uma Sapataria
Observação: Atualmente, as sapatarias ainda possuem essa característica “artesã” e o conhecimento é passado de geração para geração.
Os artesãos uniam-se em corporações de ofício, que tinham finalidade similar à dos atuais sindicatos e conselhos profissionais: regulamentar a profissão, impedir o seu exercício ilícito e conter a concorrência desleal. Para registrar-se, os candidatos ao ofício submetiam-se a um exame em que sua habilidade era cuidadosamente avaliada. Do ponto de vista da qualidade, os bons artesãos eram capazes de realizar obras refinadas e de grande complexidade e detinham o domínio completo do ciclo
Controle de Qualidade I
de produção, já que negociavam com o cliente o serviço a ser realizado, executavam estudos e provas, selecionavam os materiais e as técnicas mais adequadas, construíam o bem e o entregavam. Cada bem produzido era personalizado e incorporava inúmeros detalhes solicitados pelo cliente: o número de variações é quase ilimitado. O padrão de qualidade do artesão era, em geral, muito elevado e resultava na plena satisfação do cliente. A sua produtividade era, porém, limitada e a competição era mantida sob controle pelas corporações de ofício. O grande senão do trabalho artesanal era o preço de cada peça ou de um serviço, o que limitava o seu acesso a uns poucos consumidores privilegiados. Essa situação pouco mudaria até meados do século XVII, quando o crescimento do comércio europeu alavancou o aumento da produção e o surgimento das primeiras manufaturas, nas quais um proprietário, em geral um comerciante, dava emprego a certo número de artesãos que trabalhavam por um salário e a produção era organizada sob o princípio da divisão do trabalho.
Figura 2 - Arsenal de Guerra da Idade Média e Épocas Anteriores
Observação: As guerras sempre foram os maiores propulsores da tecnologia, desde armamentos medievais até as tecnologias que conhecemos hoje.
1.1.2. I Revolução Industrial
A Primeira Revolução Industrial foi gerada pela Revolução Comercial, que ocorreu na Europa, entre os séculos XV e meados do século XVIII. A expansão do comércio internacional e o aumento da riqueza, permitiu o financiamento do progresso técnico e a instalação de indústrias. Na revolução industrial inglesa a principal manufatura era a tecelagem de lã. Mas foi na produção dos tecidos de algodão que começou o processo de mecanização, isto é, da passagem da manufatura para o sistema fabril. A matéria prima vinha das colônias (Índia e Estados Unidos). Cerca de 90% dos
tecidos ingleses de algodão eram vendidos no exterior, o que teve papel determinante na arrancada industrial da Inglaterra. A mecanização se estendeu do setor têxtil para a metalurgia, para os transportes, para a agricultura e para outros setores da economia. Diversos inventos revolucionaram as técnicas de produção e alteraram o sistema de poder econômico. A grande fonte de riqueza deslocou-se da atividade comercial para a industrial. Quem desenvolvesse a capacidade de produzir mercadorias passaria a ter a liderança econômica no mundo. E foi isso o que aconteceu com a Inglaterra, foi o primeiro país a se industrializar utilizando a máquina na produção.
Máquina de Fiar
Que transforma em fios as fibras têxteis de algodão, seda e lã, para o fabrico de tecidos. Essa invenção revolucionou a técnica de produção, transformando a Inglaterra no maior produtor de fios para tecidos. Essa invenção substituiu a roca, um dos mais simples e antigos instrumentos de fiar.
Figura 3 - Máquina de Fiar de James Hargreaves
Tear Mecânico
Inventado em 1785, em substituição ao tear manual, aumentou de forma considerável a produção de tecidos, colocando a Inglaterra na liderança mundial da época.
Controle de Qualidade I
Observação: A eletricidade foi na época e ainda é uma das fontes de energia mais importantes para a sociedade moderna, mas a grande invenção da época foi a lâmpada incandescente que fez com que as fábricas pudessem produzir durante o turno da noite aumentando ainda mais os níveis de produção.
1.1.4. Revolução Tecnológica ou Era da Informação
A Terceira Revolução Industrial começou em meados do século XX, onde a eletrônica aparece como verdadeira modernização da indústria. Para alguns iniciou-se nos Estados Unidos e em alguns países europeus, quando a ciência descobriu a possibilidade de utilizar a energia nuclear, do átomo. Para outros, seu início foi por volta de 1970, com o descobrimento da robótica, empregada na linha de montagem de automóveis. Para outro grupo, iniciou-se a partir dos anos 1990, com o uso do computador pessoal e a internet. Muitas invenções e descobertas no campo da ciência e tecnologia ocorreram de 1950 até nossos dias. Entre elas estão: novas ligas metálicas que permitiram avanços na metalurgia e na construção de aeronaves; progresso na eletrônica, permitindo o aparecimento da computação e automação no processo produtivo; uso da energia atômica para fins pacíficos, como a produção de eletricidade (usinas termo nucleares), em equipamentos médicos entre outros; desenvolvimento da biotecnologia e da engenharia genética; conquista espacial, com a descida do homem na Lua, foguetes, estações espaciais, ônibus, satélites artificiais, sondas para estudo de planetas e satélites. A Terceira Revolução Industrial ganhou destaque a partir dos avanços tecnológicos e científicos na indústria, mas também abrange progressos na agricultura, na pecuária, no comércio e na prestação de serviços. Enfim, todos os setores da economia se beneficiaram com as novas conquistas produzidas através de grandes investimentos empregados nos centros de pesquisas dos países desenvolvidos.
Figura 7 - A Informação como Parte dos Sistemas Produtivos e da Sociedade
1.2. EVOLUÇÃO DOS SISTEMAS DE GESTÃO DA PRODUÇÃO
1.2.1. Taylorismo
O termo taylorismo deriva do nome do engenheiro estadunidense Frederick Winslow Taylor, que trabalhou como operário e engenheiro em empresas industriais nos EUA. Taylor observava atentamente os trabalhadores e percebeu que havia um controle dos ritmos nos processos de trabalho por parte dos operários mais experientes. Eram eles ainda que ensinavam aos operários novatos o trabalho a se realizar nas fábricas. Essa situação concentrava os conhecimentos necessários à fabricação de mercadorias nos operários mais experientes, que, para diminuir os lucros dos patrões, mantinham um ritmo lento de produção, além de dar a eles uma autoridade no interior das empresas. Para romper com essa situação, Taylor buscou ao longo de sua vida retirar esse conhecimento – e autoridade – sobre o processo de produção dos operários. O caminho encontrado foi observar os gestos realizados pelos trabalhadores no processo de produção das mercadorias, isolá-los e ensiná-los aos operários. Dessa forma, ele evitava que os vícios de produção e a diminuição do ritmo de trabalho fossem ensinados de um operário a outro. Ao isolar os gestos, pôde Taylor torná-los mais eficientes, eliminando movimentos desnecessários. Munidos de cronômetros, Taylor e seus auxiliares estipulavam ainda um tempo mínimo para se realizar os gestos e produzir, dessa forma, o mais rápido possível as partes das mercadorias a que estavam incumbidos de fabricar. Frente à resistência dos trabalhadores em seguirem essas orientações, Taylor buscou estimular os operários com o pagamento do
Controle de Qualidade I
salário de acordo com a quantidade de peças produzidas, intensificando o aumento da produtividade dos trabalhadores. O resultado alcançado por Taylor foi surpreendente, já que conseguiu elevar muito a produtividade, intensificando ainda a divisão do trabalho, além de diminuir o poder dos trabalhadores no interior das empresas. Suas experiências foram registradas em algumas obras, dentre as quais se destaca o livro Princípios de Administração Científica. O livro tornou-se referência para os processos de racionalização do trabalho em vários setores econômicos, já que seu método poderia ser aplicado em qualquer setor, desde a construção civil até o trabalho em escritórios.
Figura 8 - Imagem do Filme "Tempos Modernos" Estrelado por Charles Chaplin
Observação: O Filme criticava os métodos de trabalho empregados nas indústrias e o caos que se instalou nas cidades britânicas.
1.2.2. Fordismo
A produção automobilística, antes manual e artesanal, passou a ser feita em massa por Henry Ford, o norte-americano que desenvolveu o Fordismo. O empresário criou esse sistema de fabricação em massa no ano de 1914 para sua indústria e revolucionou a indústria automobilística. O processo era baseado em uma linha de montagem e tinha como objetivo aumentar a produção por meio da eficiência, e também reduzir o preço do produto para que fosse mais vendido. A baixa do preço era possível, pois entre os objetivos do sistema encontrava-se a redução dos custos. O sistema baseou-se em uma linha de produção. Era composto de uma esteira rolante que conduzia os automóveis, e cada um de seus funcionários produzia
uma parte de cada um dos veículos, sem precisar mover-se. Isso, além de acelerar o processo, exigia menor capacitação dos funcionários, uma vez que só precisavam ser treinados para executar uma única tarefa, e não a montagem do carro completa. O modelo que primeiro foi produzido por Henry Ford em sua indústria automotiva foi o Ford Modelo T, que ficou conhecido no Brasil como Ford Bigode. O sistema afetou não só a indústria automobilística, mas todas as outras. Foram construídas rodovias que facilitavam a locomoção, além do surgimento de novos polos comerciais ao longo delas.
Figura 9 - Estoque do Modelo Ford T
Observação: O Fordismo tinha como característica o fato de produzir para estocar. Como vantagem, tinha o produto em pronta entrega, em contrapartida ficava vulnerável ao mercado.
1.2.3. Toyotismo
Toyotismo, ou acumulação flexível, é um modo de produção que sucedeu o Fordismo a partir da década de
Controle de Qualidade I
Figura 12 – Características da Indústria 4.
1.3. EVOLUÇÃO DA QUALIDADE NO MUNDO
1.3.1. Primeiros Relatos da Qualidade
Mesopotâmia
A preocupação com a qualidade é antiga, pelo menos do ponto de vista do produto. Por exemplo, por volta de 2150 a.C., o código de Hamurábi já demonstrava uma preocupação com a durabilidade e funcionalidade das habitações produzidas na época, de tal que, se um construtor negociasse um imóvel que não fosse sólido o suficiente para atender a sua finalidade e desabasse, o construtor seria imolado, ou seja, sacrificado.
Figura 13 – Tábua do Código de Hamurábi
Observação: A localização da Mesopotâmia na antiguidade corresponde hoje ao país Iraque.
Fenícia
Os fenícios amputavam a mão do fabricante de determinados produtos que não fossem produzidos de acordo com as especificações governamentais.
Roma Antiga
Já os romanos desenvolveram técnicas de pesquisa altamente sofisticadas para a época e as aplicavam principalmente na divisão e mapeamento territorial para controlar as terras rurais incorporadas ao império. Desenvolveram padrões de qualidade, métodos de medição e ferramentas específicas para a execução destes serviços.
Figura 14 – Território de Domínio Romano no Auge do Império.
França pós Feudal
Podem-se citar, os avançados procedimentos durante o reinado de Luís XIV, que detalhavam critérios para a escolha de fornecedores e instruções para a supervisão do processo de fabricação de embarcações.
Figura 15 – Ilustração de Construção de Embarcação.
Controle de Qualidade I
1.3.2. As Eras da Qualidade
Era da Inspeção
Este foi um período que se iniciou antes da Revolução Industrial, quando a atividade produtiva ainda estava nas mãos dos artesãos, mas foi paulatinamente sendo modificada em razão, principalmente, das descobertas tecnológicas que mudaram o cenário produtivo na época. As principais características foram:
Final do Séc. XVIII e início do Séc. XIX Produtos são verificados um a um Cliente participa da inspeção Inspeção encontra defeitos, mas não produz qualidade
Características Foco Verificação Visão Problema a ser resolvido Ênfase Uniformidade do produto (padrão) Método Instrumentos de medição e senso crítico Papel dos Profissionais
Inspeção, classificação, contagem e avaliação Responsável Departamento de Inspeção Orientação Inspeciona a Qualidade
Era do Controle Estatístico
Com a Revolução Industrial verificou-se um considerável aumento da atividade industrial principalmente em razão da invenção de máquinas e equipamentos que deram suporte à criação do conceito de linha de produção. Com aprofundamento da teoria estatística apoiando o controle de processos, somado ao nascimento dos elementos da Administração Científica, foi possível o início da era do Controle Estatístico. As principais características desta era foram: Década de 1930 e 1940 Produtos são verificados por amostragem; Um departamento especializado faz a inspeção da qualidade; Ênfase na localização de defeitos.
Características Foco Controle dos processos Visão Problema a ser resolvido Ênfase Uniformidade do produto com menos inspeções Método Ferramentas e Técnicas Estatísticas Papel dos Profissionais
Solução de problemas e ampliação dos métodos de solução Responsável Departamento de Fabricação e
Engenharia Orientação Controla a Qualidade
Era da Garantia da Qualidade
Esta era impulsionada pelo grande desenvolvimento tecnológico e industrial vivido no período pós-Segunda Guerra. Nesta época verificaram-se o desenvolvimento de novos materiais, novas formas de geração de energia (como a energia nuclear) e a oportunidade de aplicação na prática de teorias relacionadas à qualidade que ainda não tinham saído da cabeça de alguns gurus. Década de 1950 e 1960 Reconstrução da Europa: exigência de garantia de especificação técnica – criação da ISO; Cumprimento de contrato com clientes- garantia de produto conforme amostra fornecida, no prazo, instalação, assistência técnica, etc.
Características Foco Coordenação Visão Problema a ser resolvido que é enfrentado pro ativamente Ênfase Toda cadeia de produção do produto até o mercado consumidor Método (^) Programas e Sistemas Papel dos Profissionais
Mensuração da Qualidade, Planejamento da Qualidade e Projeto de Programas Responsável (^) Todos os departamentos e a alta administração superficialmente Orientação (^) Constrói a Qualidade
Era da Qualidade Total
Como o incremento das exportações dos produtos japoneses, a consolidação das empresas norte- americanas e o amadurecimento do conhecimento sobre gestão da qualidade permitido pela evolução das três eras anteriores, o que começou a acontecer a partir da Era da Informação (3ª Revolução Industrial), criaram-se bases para o surgimento da qualidade total. Suas principais características são: Década de 1970 Processo produtivo é controlado; Toda a empresa é responsável; Ênfase na prevenção de defeitos; Qualidade assegurada; TQC – Controle Total da Qualidade.
Características Foco Impacto Estratégico Visão Diferencial Competitivo Ênfase Necessidades do Mercado e do
Controle de Qualidade I
Com o fim da guerra, a febre de importações de veículos, decorrente de demanda por longo tempo reprimida, gerou, em 1947, um desequilíbrio da balança de pagamentos. Com isso, o governo restringiu as importações e passou a pensar em soluções mais duradouras e definitivas para o problema de reposição da frota de veículos. Nos cinquenta primeiros anos da indústria automobilística, o Brasil foi um mero importador, realizando apenas atividades simples de montagem e produção de peças e componentes para a reposição da frota. Começou a surgir, então, a ideia de que o País deveria ter sua indústria automobilística. A disposição de implantá-la ocorreu no Governo de Getúlio Vargas (1951-1954), quando foram empreendidos os esforços para a criação de uma indústria de base (CSN, Petrobras etc.).
O Início do Desenvolvimento
O Governo Juscelino Kubitschek (1956-1961), incorporando algumas das políticas e diretrizes delineadas no Período Vargas, deu um passo decisivo para a industrialização no Brasil, com a criação, em 1956, do Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA). Os lemas “queimar etapas” e “50 anos em 5”, inseridos no Plano de Metas de Juscelino Kubitschek, propunham implicitamente ao país a entrada direta no sistema de produção em massa, sem passar, portanto, pelo sistema artesanal utilizado no início do século para a produção automobilística. O Plano estabeleceu metas para a nacionalização da produção, acompanhado do fechamento do mercado às importações. Cinquenta anos depois do advento da produção em massa na indústria automobilística, o Brasil finalmente incorporou-se a esse padrão produtivo, provando que é possível transpor obstáculos entre o Primeiro e o Terceiro Mundo. Em cinco anos (1956-1961), as indústrias automobilísticas que chegaram ao Brasil realizaram investimentos e passaram a produzir os veículos em suas novas instalações fabris brasileiras. O segredo da produção em massa está na intercambiabilidade das peças e na facilidade de ajustá-las entre si. Uma vez que a intercambiabilidade depende de um rígido controle da qualidade na fabricação das peças e componentes, a indústria automobilística estabeleceu controles para assegurar que os seus fornecedores tivessem um rígido sistema de garantia da qualidade. No início da década de 90 do século XX, devido à falta de concorrência, a qualidade dos carros brasileiros era bem inferior à dos produzidos na Europa, Japão e Estados Unidos. Os carros nacionais eram
considerados “verdadeiras carroças” e afirmava-se, na época, que isso só seria superado quando houvesse a abertura do mercado para forçar o aumento da qualidade, produtividade e competitividade dos produtos nacionais.
Figura 17 – Modelo BR 800X, Exemplo de Automóvel Totalmente Nacional Produzido pela Gurgel.
Nos Dias Atuais
Exposta à competição internacional, hoje, a indústria automobilística atingiu um padrão de qualidade classe mundial, e os seus produtos são iguais ou superiores aos similares importados. Utiliza modernos métodos de gestão com o objetivo de aprimorar continuamente a qualidade dos seus produtos e aumentar a produtividade para uma maior competitividade no mercado interno e internacional. A indústria automobilística desempenhou um papel fundamental na formação de uma cultura da qualidade na indústria brasileira, cultura que foi absorvida, sobretudo, pelas principais indústrias de bens de consumo duráveis.
Figura 18 – Algumas das Principais Montadoras Instaladas no Brasil Atualmente.
1.4.3. A Qualidade na Indústria de Base e de Bens de Capital
As Primeiras Indústrias de Base no Brasil
As primeiras preocupações com a qualidade dos equipamentos, visando à segurança pessoal e operacional, surgiram na Indústria Siderúrgica, de Petróleo e Petroquímica. Durante a Segunda Guerra Mundial, foi construída e montada, como prioridade de esforço de guerra, a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, Rio de Janeiro. Em 1953, com a Lei 2004, foi criada a
Controle de Qualidade I
Petróleo Brasileiro S. A. (Petrobras), com o objetivo de tornar o País autossuficiente em petróleo. Esses dois grandes empreendimentos serviram de base para o desenvolvimento industrial do Brasil e integravam o plano da construção nacional, que priorizava a criação de infraestrutura para o crescimento sustentado do País.
Figura 19 – A Companhia Siderúrgica Nacional, um dos Principais Fatores que Impulsionaram o Desenvolvimento Industrial Brasileiro
No início dos anos 1960, por iniciativa e incentivo da Petrobras, o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) criou a primeira de uma série de Comissões Técnicas: a Comissão de Inspeção de Equipamentos. Pioneira no movimento pela qualidade no Brasil, essa Comissão, por meio de cursos, seminários e congressos, promoveu a formação de uma cultura de qualidade em todos os estágios evolutivos: inspeção, controle da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade. A Comissão de Inspeção de Equipamentos até hoje reúne técnicos especialistas em inspeção de toda a indústria do petróleo e petroquímica do Brasil para tratar de assuntos relativos à qualidade.
Figura 20 – Movimento “O Petróleo é Nosso!”. Um dos Marcos da Criação da Petrobrás.
No caso particular da indústria do petróleo e petroquímica, a preocupação com a qualidade dos equipamentos das unidades operacionais está ligada aos aspectos de segurança das pessoas, do meio ambiente e dos equipamentos. Além disso, utiliza sistemas de gestão da qualidade para a melhoria contínua dos seus produtos, visando à satisfação dos seus clientes. O movimento da qualidade nas indústrias nucleares, de energia elétrica, de petróleo e petroquímica que começou com ênfase na inspeção de equipamentos evoluiu para controle da qualidade, garantia da qualidade, sistemas de gestão da qualidade, e hoje já adota os sistemas integrados de gestão – integrando Qualidade, Meio Ambiente, Segurança e Saúde Ocupacional e Responsabilidade Social.
A Normalização e a Certificação nas Indústrias Brasileiras
No Brasil, as primeiras empresas que entraram em contato com normas de requisitos de garantia da qualidade, no início da década de 1970, foram as fornecedoras do setor nuclear que, em virtude das exigências regulatórias e contratuais das Indústrias Nucleares do Brasil S.A. (INB) – ex-Nuclebras – , foram obrigadas a se adaptar às rigorosas normas daquele setor para a implementação dos Programas de Garantia da Qualidade.
Figura 21 – Atuais Instalações da INB em Resende - RJ
Em 1978, para a construção da Refinaria Henrique Laje – Revap, a Petrobras passou a exigir de seus fornecedores, por meio de diretrizes contratuais, a implantação de sistemas de garantia da qualidade, baseados no código nuclear americano 10-CFR-50 e adaptados às particularidades da indústria do petróleo. Os requisitos do código 10-CFR-50 foram logo substituídos pelas normas canadenses de garantia da qualidade Z-299, mais adequadas à indústria do petróleo. As normas Z-299, em 1987, serviram de fundamento para a elaboração das Normas ISO 9000.
Controle de Qualidade I
e aumento da produtividade. O preço era determinado pelas empresas conforme indica a fórmula:
Com a abertura econômica, o consumidor passou a ter alternativas de escolha. No cenário de inserção competitiva, em que o preço é fixado pelo mercado, as empresas passaram a dar prioridade à qualidade e à produtividade para reduzir os custos e, consequentemente, aumentar os lucros. Com o preço fixado pelo mercado, o lucro passou a depender da redução do custo de produção, conforme a fórmula:
Alta Competitividade
O consumidor sempre se preocupa com três condicionantes quando vai comprar um bem de consumo: preço, prazo de entrega e qualidade. Ele quer o produto certo, na hora certa e pelo menor preço. Tanto a qualidade quanto a produtividade são vitais para as indústrias de bens de consumo enfrentarem a concorrência. Por essa razão, como regra geral, as indústrias de bens de consumo (automobilística, eletroeletrônica, têxtil, moveleira, de couros e calçados, de brinquedos, de bebidas, alimentos etc.) e os setores de serviços (bancário, turismo, hotelaria etc.) adotam a Gestão pela Qualidade Total. Da mesma forma que as grandes empresas de base influenciaram as indústrias de bens de capital, a indústria automobilística teve uma enorme influência não só nas indústrias de autopeças, mas em todas as indústrias de bens de consumo.
Figura 24 – Ser Competitivo é Equilibrar estas 3 Variáveis
[1] TAYLOR, Frederick Winslow. Princípios de Administração Científica. 8ª Edição. 6ª tiragem. São Paulo: Atlas, 1995. [2] OHNO, Taiichi. Sistema Toyota de Produção – Além da Produção em Larga Escala. Bookman. [3] OLIVEIRA, Otávio José. Curso Básico de Gestão da Qualidade. São Paulo: Cengage Learning, 2014. [4] FERNANDES, Waldir Algarte. O Movimento da Qualidade no Brasil. INMETRO. Essential Publishing,
[5] GARVIN, David. Gerenciando a Qualidade. 2ª Edição. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992 [6] TODA MATÉRIA. www.todamateria.com.br. Acessado em julho de 2016. [7] HISTÓRIA DO MUNDO. historiadomundo.uol.com.br. Acessado em julho de