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ESTUDO DO CONTROLE TECNOLOGICO E RECEBIMENTO DO CONCRETO EM OBRA FINALIZADO.pdf, Teses (TCC) de Engenharia Civil

ESTUDO_DO_CONTROLE_TECNOLOGICO_E_RECEBIMENTO_DO_CONCRETO_EM_OBRA_FINALIZADO.pdf

Tipologia: Teses (TCC)

2020

Compartilhado em 02/01/2020

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Baixe ESTUDO DO CONTROLE TECNOLOGICO E RECEBIMENTO DO CONCRETO EM OBRA FINALIZADO.pdf e outras Teses (TCC) em PDF para Engenharia Civil, somente na Docsity! UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL. ESTUDO DO CONTROLE TECNOLÓGICO E RECEBIMENTO DO CONCRETO EM OBRA RAFAEL SCHMALTZ ZALAF SAULO RIBEIRO MAGALHÃES FILHO THIAGO CARVALHO BRAZ Goiânia 2014 RAFAEL SCHMALTZ ZALAF SAULO RIBEIRO MAGALHÃES FILHO THIAGO CARVALHO BRAZ ESTUDO DO CONTROLE TECNOLÓGICO E RECEBIMENTO DO CONCRETO EM OBRA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Escola de Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás como parte indispensável para a obtenção do título de engenheiro civil. Orientador: Oswaldo Cascudo. Goiânia 2014 RESUMO O controle tecnológico do recebimento do concreto em obra tem como objetivo garantir que este, principal material constituinte das edificações, esteja em acordo com os parâmetros estabelecidos pelas normas para ele e necessários para a perfeita execução das obras e consequente durabilidade da estrutura. A fim de guiar os procedimentos relacionados a esse controle, a NBR 12 655 (ABNT, 2006) preconiza ações para garantir que os mesmos sejam realizados de forma eficiente. O presente trabalho realizou um levantamento de literatura visando a compreensão das condutas relativas ao controle no recebimento do concreto dosado em central em obra, afirmadas em norma, além de um estudo de campo em que esses procedimentos foram analisados em 5 obras diferentes da região metropolitana de Goiânia. Dessa forma, foi possível constatar diversas não conformidades dos procedimentos realizados nos empreendimentos visitados com relação às condutas estabelecidas pela NBR 12 655 (ABNT, 2006). Tal estudo viabilizou, ainda, uma análise das razões e consequências das falhas no controle do concreto, relacionadas no decorrer deste trabalho. Palavras-chave: Concreto. Controle tecnológico. Recebimento. Procedimentos. Obra. LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - Representação esquemática do tempo para transporte e descarga do concreto pré-misturado. ............................................................................................................ 19 Figura 2.2 - Exemplo de mapa de concretagem. ...................................................................... 25 Figura 2.3 - Medida do abatimento. ......................................................................................... 27 Figura 2.4 - Paralelo entre resistência real e potencial. ............................................................ 30 Figura 2.5 - Representação da resistência à compressão do concreto, curva de Gauss............ 31 Figura 2.6 - Módulo de elasticidade ou deformação longitudinal, Lei de Hooke. ................... 32 Figura 2.7 - Módulo de deformação tangente inicial (Eci). ...................................................... 33 Figura 2.8 - Exemplo de fissura em viga. ................................................................................. 38 Figura 2.9 - Vazios no concreto. .............................................................................................. 39 Figura 2.10 - Armadura exposta devido à corrosão da armadura e destacamento do cobrimento. ............................................................................................................................... 40 Figura 3.1 - Futura fachada do Empreendimento A. ................................................................ 43 Figura 3.2 - Empreendimento A, torre 02. ............................................................................... 44 Figura 3.3 - Futura fachada do Empreendimento B. ................................................................ 45 Figura 3.4 - Bloco de fundação do Empreendimento B. .......................................................... 46 Figura 3.5 - Futura fachada do Empreendimento C. ................................................................ 47 Figura 3.6 - Futura fachada do Empreendimento D. ................................................................ 48 Figura 3.7 - Concretagem de uma das estacas do Empreendimento D. ................................... 49 Figura 3.8 - Futura fachada do Empreendimento E.................................................................. 49 Figura 3.9 – Funcionário da Empresa X moldando corpo de prova. ........................................ 51 Figura 3.10 – Funcionário da Empresa Y moldando corpo de prova. ...................................... 51 Figura 3.11 - Informações técnicas de projeto do Empreendimento C. ................................... 53 Figura 3.12 - Informações técnicas de projeto do Empreendimento D. ................................... 54 Figura 3.13 - Informações técnicas de projeto do Empreendimento B. ................................... 55 Figura 3.14 - Gráfico de conformidades e não conformidades das responsabilidades de projeto em cada empreendimento. ............................................................................................ 58 Figura 3.15 - Proporção geral de conformidades e não conformidades das responsabilidades de projeto. .................................................................................................... 58 Figura 3.16 – Caminhão betoneira da Concreteira D. .............................................................. 59 Figura 3.17 – Caminhão betoneira da Concreteira A. .............................................................. 60 Figura 3.18 – Nota fiscal fornecida pela Concreteira B. .......................................................... 61 Figura 3.19 - Nota fiscal fornecida pela Concreteira D. ........................................................... 61 Figura 3.20 – Nota fiscal fornecida pela concreteira A. ........................................................... 62 Figura 3.21 - Proporção de conformidades e não conformidades das responsabilidades da concreteira em cada Empreendimento. ................................................................................ 64 Figura 3.22 - Proporção geral de conformidades e não conformidades das responsabilidades das concreteiras. .......................................................................................... 65 Figura 3.23 - Funcionário da Empresa X retirando concreto para os testes no Empreendimento A. .................................................................................................................. 67 Figura 3.24 - Funcionário da Empresa Y realizando o teste de abatimento (slump) no Empreendimento E. .................................................................................................................. 68 Figura 3.25 - Funcionário da Empresa Y realizando a moldagem dos corpos de prova no Empreendimento C. .................................................................................................................. 68 Figura 3.26 - Mapa de concretagem do Empreendimento C. ................................................... 69 Figura 3.27 - Mapa de concretagem do Empreendimento E. ................................................... 70 Figura 3.28 - Mapa de concretagem do Empreendimento D. ................................................... 70 Figura 3.29 – Relatório de controle da resistência à compressão fornecido pela Empresa Y, referente ao Empreendimento E. ......................................................................................... 71 Figura 3.30 – Relatório de controle da resistência à compressão fornecido pela Empresa X, referente ao Empreendimento B. ......................................................................................... 71 Figura 3.31 - Averiguação da temperatura do concreto, Empreendimento B. ......................... 72 Figura 3.32 – Proporção de conformidades e não conformidades das responsabilidades do executante em cada Empreendimento. ................................................................................ 75 Figura 3.33 - Proporção geral de conformidades e não conformidades das responsabilidades do executante. .............................................................................................. 75 Figura 3.34 – Gráfico da análise global de conformidades e desconformidades do checklist. 79 Figura 3.35 - Proporção das desconformidades referentes aos projetos, executantes e concreteira. ............................................................................................................................... 79 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS a/c – Relação água/cimento ABESC – Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas CAA – Classe de Agressividade Ambiental Ccim – Consumo de cimento CP – Corpo de prova Dmax – Dimensão máxima característica do agregado graúdo E – Módulo de Elasticidade Eci – Módulo de Deformação Tangente Inicial Ecj – Módulo de Elasticidade para “j” dias Ecs – Módulo de Elasticidade Secante ELS – Estado Limite de Serviço ELU – Estado Limite Último fc – Resistência à compressão simples do concreto fci – Unidade de resistência a compressão fcj - Resistência característica à compressão do concreto “j”dias fck – Resistência característica à compressão do concreto fckest – Resistência característica à compressão do concreto estimada fcm – Resitência média IBI – Instituto Brasileiro de Impermeabilização IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto ISO - International Organization for Standardization NBR – Norma Brasileira NM - Norma Mercosul PBQP-H - Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat Sd – Desvio padrão Wk – Abertura característica de fissura ε – Deformação Específica c – Coeficiente de ponderação da resistência do concreto σ – Tensão Sumário CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 14 1.1 OBJETIVOS ......................................................................................................................... 15 1.1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................... 15 1.1.2 Objetivos Específicos ........................................................................................................ 15 CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 17 2.1 ATRIBUIÇÕES DE RESPONSABILIDADES SEGUNDO A NBR 12 655 (ABNT, 2006) 17 2.1.1 Responsabilidades do Projetista ........................................................................................ 17 2.1.2 Responsabilidades do Executor da Obra ........................................................................... 18 2.1.3 Responsabilidades da Empresa de Concretagem .............................................................. 18 2.2 TRANSPORTE ..................................................................................................................... 19 2.3 DEFINIÇÕES PRELIMINARES REFERENTES AO CONTROLE DA QUALIDADE DO CONCRETO ..................................................................................................................................... 20 2.3.1 Escolha da Concreteira ...................................................................................................... 21 2.3.2 Formação de Lotes, Amostragem e Tipos de Controle para Ensaios de Resistência à Compressão do Concreto .................................................................................................................. 22 2.3.3 Rastreabilidade do Concreto ............................................................................................. 24 2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO CONCRETO AVALIADAS NO CONTROLE E RECEBIMENTO .............................................................................................. 26 2.4.1 Consistência e Trabalhabilidade do Concreto .................................................................. 26 2.4.2 Resistência à Compressão e Resistência Característica do Concreto ................................ 29 2.4.3 Módulo de Elasticidade ..................................................................................................... 32 2.5 RECEBIMENTO DO CONCRETO ..................................................................................... 34 2.5.1 Controle de Aceitação do Concreto ................................................................................... 34 2.5.2 Rejeição do Concreto ........................................................................................................ 36 2.6 CONSEQUÊNCIAS DO MAU RECEBIMENTO DO CONCRETO .................................. 37 2.6.1 Manifestações patológicas ................................................................................................. 37 2.6.2 Gastos Excessivos ............................................................................................................. 40 CAPÍTULO 3 PESQUISA DE CAMPO ............................................................................ 41 3.1 METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO DE CAMPO........................................... 41 3.1.1 Coleta de informações .............................................................................................................. 41 3.1.2 Descrição das obras .................................................................................................................. 42 Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 15 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Na aceitação do concreto, é verificado, de forma sistêmica, o controle tecnológico, a fim de buscar a melhoria e garantir a rastreabilidade de cada ensaio, evitando anomalias e patologias. Os resultados de ensaio devem ser analisados para a verificação dos parâmetros estabelecidos e, assim, desenvolver-se um plano de ação corretiva e preventiva, de modo a equacionar problemas de não conformidade com o concreto, evitando e prevenindo a ocorrência de manifestações patológicas (FORTES, 1996). Diante disso, este trabalho tem como principal objetivo analisar e estudar os tipos, a eficácia e o cumprimento dos métodos de controle tecnológico no recebimento do concreto em obra, utilizando-se das normas que regem tais procedimentos e do acompanhamento da execução de algumas obras na cidade Goiânia. Tem-se percebido a dificuldade encontrada por profissionais da área da construção em conduzir de maneira satisfatória e adequada esse controle no dia a dia da obra (SANTOS, 2004). Assim, o presente trabalho justifica-se pela necessidade de esclarecer a forma do controle tecnológico do material mais utilizado na construção civil: o concreto. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral O objetivo geral deste trabalho é discorrer sobre o tema do controle tecnológico do concreto em obra, tendo como referência principal a norma ABNT NBR 12655:2006 (Concreto – Preparo, Controle e Recebimento). De modo geral, propõe-se como objetivo trazer à tona os principais conceitos inerentes ao tema tratado, bem como esclarecer as condutas, ações, métodos e critérios mais relevantes atrelados ao controle tecnológico do concreto. 1.1.2 Objetivos Específicos Constitui-se um objetivo específico de uma pesquisa a realização de um trabalho de campo, cujas metas são as seguintes: Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 16 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ  proceder ao acompanhamento das obras em análise com enfoque na forma como o controle tecnológico é realizado para os fins de aceitação e recebimento do concreto oriundo de empresa de serviço de concretagem;  desenvolver um paralelo entre as diretrizes preconizadas pela NBR 12 655 (ABNT, 2006) e o que é efetivamente realizado nas obras, atestando as eventuais deficiências e incorreções praticadas em termos do controle tecnológico;  realizar uma análise crítica contendo discussão sobre eventuais falhas no controle e sobre a eficácia (ou não) de ações em relação à rastreabilidade e em relação à conduta após o registro de não conformidade. R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ CAPÍTULO 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Neste capítulo será feita uma revisão teórica do planejamento preliminar para o controle e recebimento do concreto usinado, bem como discute as responsabilidades do projetista, da empresa responsável pelo serviço de concretagem e do responsável técnico pela execução da obra. Também enfoca os materiais que compõem o concreto, o seu transporte, o planejamento para o recebimento deste, os critérios de avaliação no controle e recebimento, o recebimento efetivo do concreto e as consequências deste mau recebimento. 2.1 ATRIBUIÇÕES DE RESPONSABILIDADES SEGUNDO A NBR 12 655 (ABNT, 2006) A NBR 12 655 (ABNT, 2006) deixa clara as atribuições e responsabilidades das partes envolvidas desde a concepção à execução de estruturas de concreto, passando pelo controle, preparo e recebimento de concreto de cimento Portland. As características e propriedades do concreto devem ser definidas de maneira explícita, antes das operações de concretagem, onde o proprietário e o responsável técnico pela execução da obra, por ele designado, têm a responsabilidade de garantir o cumprimento dessa norma. 2.1.1 Responsabilidades do Projetista Segundo a NBR 12 655 (ABNT, 2006), é de responsabilidade do profissional que elabora o projeto estrutural a definição da resistência característica à compressão do concreto, fck, que deve constar em todos os desenhos e memoriais que de alguma forma descrevem o projeto tecnicamente, a resistência a “j” dias, fcj, para as etapas construtivas, como a retirada do cimbramento, manuseio de pré-moldados ou aplicação de protensão. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 20 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ um tempo bem acima do limite especificado pela norma. Nestes casos, de acordo com Polesello (2012), enfrentam-se duas realidades: a) Pelo simples fato de não se perceber alteração na temperatura do concreto, o mesmo é aceito pelo engenheiro da obra; neste caso, provavelmente, faz-se alguma correção do abatimento com adição de água, afetando assim sua relação a/c e, consequentemente, suas propriedades mecânicas e de durabilidade; Nesta situação, a NBR 7212 (ABNT, 2012) estabelece, como procedimento vigente em sua última revisão, que antes do início da descarga, ao verificar que o concreto apresenta abatimento dentro da classe de consistência especificada, não se admite adição suplementar de água. Qualquer adição de água exigida pela contratante exime a empresa de serviços de concretagem de qualquer responsabilidade quanto às características do concreto constantes no pedido. Este fato deve ser registrado no documento de entrega. Além disso, a norma em questão recomenda estabelecer um sistema rigoroso para o controle da água, a fim de evitar ser ultrapassada a quantidade máxima prevista. b) O concreto é devolvido à central que deve destina-lo adequadamente. Este procedimento é cada vez mais complicado por ser o concreto um resíduo agressivo ao meio ambiente e por envolver grandes volumes. A dúvida de utilizar ou não o concreto nessas condições existe, pois não há conhecimento consolidado quanto às propriedades finais de concretos aplicados com tempo de mistura que já tenham excedido o tempo especificado por norma e, principalmente, pela perda de respaldo normativo, dado pela ABNT NBR 7212: 2012, para que se respeite o tempo determinado pela mesma. 2.3 DEFINIÇÕES PRELIMINARES REFERENTES AO CONTROLE DA QUALIDADE DO CONCRETO Na atual conjuntura do país, executar obras com qualidade, dentro do prazo e custos previstos, é o que toda organização almeja. Por este motivo busca-se, cada vez mais, utilizar ferramentas gerenciais que possibilitem aos gestores “pensar a obra previamente”, possibilitando, dessa forma, a obtenção de grande quantidade de informações antecipadas Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 21 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ sobre a obra, melhorando suas decisões e aumentando as chances de se optar pela melhor resolução quanto a eventuais dificuldades que possam surgir durante a execução. Portanto, a gestão da qualidade encaixa-se como peça fundamental para subsidiar os gestores de informações consistentes, uma vez que, durante a realização do planejamento, é imprescindível ter conhecimento antecipado sobre todo processo construtivo do objeto a ser executado (FACHINI; SOUZA, 2006). No estudo em questão, cujo tema trata do controle tecnológico para os fins de recebimento do concreto usinado em obra, as definições preliminares devem-se à necessidade de se seguir os procedimentos normalizados para o correto recebimento do concreto. Este será analisado frente a três itens, a saber: escolha da concreteira; formação de lotes, amostragem e tipos de controle de resistência à compressão; rastreabilidade do concreto. A seguir são tecidas considerações sobre esses itens. 2.3.1 Escolha da Concreteira O concreto dosado em central é regido por várias normas técnicas tais como: a NBR 6118 (Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado), a NBR 7212 (Execução do Concreto Dosado em Central), a NBR 12 654 (Controle Tecnológico dos Materiais Componentes do Concreto), a NBR 12 655 (Preparo, Controle e Recebimento de Concreto) e a NBR 8953 (Concreto para Fins Estruturais – Classificação por Grupos de Resistência) (ABESC, 2007). Com base nessas normas e, segundo ABESC (2007), ao escolher e selecionar uma concreteira deve-se levar em consideração alguns aspectos, tais como:  a estrutura e situação jurídica da empresa: capital social, contrato de prestação de serviços, notas fiscais e faturas e recolhimentos de tributos;  se há laboratórios de controle e responsável técnico;  o tempo de funcionamento e sua experiência no mercado;  o desvio padrão da central que irá fornecer o concreto;  a localização das centrais em relação à obra;  o grau de controle de ensaios, automação e informatização; Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 22 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ  a eficiência de mistura dos caminhões-betoneiras;  a idade média da frota de caminhões-betoneira;  se há certificados de aferição de equipamentos de medição;  a qualidade e procedência dos materiais componentes do concreto. 2.3.2 Formação de Lotes, Amostragem e Tipos de Controle para Ensaios de Resistência à Compressão do Concreto Conforme preconiza a NBR 12 655 (ABNT, 2006), a amostragem do concreto para ensaios de resistência à compressão deve ser feita dividindo-se a estrutura em lotes que atendam aos limites estabelecidos na Tabela 2.1. Onde, de cada lote, deve ser retirada uma amostra, com número de exemplares de acordo com o tipo de controle feito pela empresa responsável pela execução da obra. Tabela 2.1 - Valores para a formação de lotes de concreto. Fonte: NBR 12 655 (ABNT, 2006) Conforme orienta a NBR NM 33: 1998 (Concreto - Amostragem de concreto fresco), as amostras devem ser obtidas aleatoriamente após a completa adição e homogeneização de todos os componentes constituintes do concreto, principalmente após a incorporação total da água de mistura, sendo que a frequência e o número de amostras a serem coletadas dependem dos ensaios que serão realizados. Para ensaios de resistência à compressão, por exemplo, cada exemplar deve ser constituído por dois corpos-de-prova da mesma amassada para cada idade de rompimento e moldados no mesmo ato. Ainda de acordo com a norma supracitada, a coleta das amostras deve ser realizada durante a operação de descarga, após a retirada dos primeiros 15% e antes de completar a descarga de 85% do volume total da betonada. O concreto deve ser descarregado Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 25 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 2.2 - Exemplo de mapa de concretagem. Fonte: Equipe de Obra (PINI, 2011) Além da importância relacionada ao controle de possíveis imprevistos futuros a rastreabilidade é um item obrigatório do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade no Habitat) e imprescindível para a obtenção da ISO 9001. Para que seja feito um controle correto, de acordo com a ABESC (2011) (Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Concretagem), assim que o concreto chega à obra deve-se fazer registro da hora e utilizando a nota fiscal emitida, recolher algumas informações pertinentes como o horário de saída do concreto da usina. O primeiro ato deve ser conferir se o fck está de acordo com o solicitado e se o número do lacre confere com o que está no caminhão, em seguida realiza-se o ensaio de abatimento do tronco de cone (slump test) e moldam-se os corpos de prova, de acordo com as exigências da empresa responsável pela execução da obra. A ABESC (2007) ainda discorre que durante o lançamento é ideal que se tenha em mãos o mapa de concretagem, conforme comentado anteriormente, indicando qual Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 26 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ caminhão foi lançado em cada lugar determinado, registrando a hora de finalização do lançamento de cada caminhão. Por fim, como última informação, anota-se a resistência característica do concreto após o rompimento do corpo de prova de 28 dias. Portanto, pode-se concluir que é através da rastreabilidade que se pode identificar qual concreto foi lançado naquele exato local, estudar a causa de uma possível futura não conformidade, como baixo resultado de resistência ou trincas e fissuras na estrutura, e tratá-la. 2.4 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS E PROPRIEDADES DO CONCRETO AVALIADAS NO CONTROLE E RECEBIMENTO O estudo das propriedades do concreto é imprescindível na busca do melhor condicionamento para o seu adequado controle e recebimento. Nesta seção serão explicitadas algumas propriedades fundamentais para o bom desempenho e, consequentemente, para a qualidade do concreto. 2.4.1 Consistência e Trabalhabilidade do Concreto A consistência do concreto fresco é uma propriedade intrínseca relacionada com o estado de fluidez da mistura, sendo fundamental para garantir a trabalhabilidade. Esta, por sua vez, trata-se de uma propriedade complexa do concreto recém-misturado, que determina a facilidade e a homogeneidade com a qual o material pode ser misturado, lançado, adensado e acabado (ANDOLFATO, 2002; GEYER; RESENDE, 2006). Segundo Neville (1997) não existe um ensaio aceitável que determine diretamente a trabalhabilidade do concreto. Entretanto, dentre os ensaios que indicam indiretamente a trabalhabilidade dos concretos convencionais e bombeados, pode-se citar o ensaio de abatimento do tronco de cone (slump test). Geyer e Resende (2006) relatam que o ensaio do abatimento de tronco de cone mede a consistência e fluidez do concreto, permitindo que se controle a uniformidade do mesmo, sendo que tal ensaio tem como principal função fornecer uma metodologia simples e convincente para se controlar a uniformidade da produção do concreto em diferentes betonadas. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 27 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ O ensaio supracitado consiste, basicamente, no preenchimento de um tronco de cone em três camadas de igual altura, sendo cada camada golpeada 25 vezes com uma haste padrão. O valor do abatimento é a medida do abatimento do concreto logo após a retirada do molde tronco-cônico, conforme indica Figura 2.3. Figura 2.3 - Medida do abatimento. Fonte: NBR NM 67 (ABNT, 1998) Neville (1997) indica correlações entre o ensaio de abatimento e a trabalhabilidade do concreto, como apresentado na Tabela 2.2. Tabela 2.2 - Relação entre a trabalhabilidade do concreto e o valor do abatimento do tronco de cone. Fonte: (NEVILLE, 1997) Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 30 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ dimensionamento da estrutura. A correspondência entre essas resistências deve ser assegurada através do controle tecnológico dos serviços envolvidos. Helene (1986) relata que vários são os fatores que intervêm na resistência à compressão do concreto da estrutura; desde a heterogeneidade dos materiais até o transporte, lançamento, adensamento e cura do concreto da obra. Entretanto, a resistência à compressão do concreto se restringe à resistência medida na boca da betoneira, conforme indica o esquema da Figura 2.4, a seguir: Figura 2.4 - Paralelo entre resistência real e potencial. Fonte: Pacheco e Helene, 2013. O maior objetivo de se controlar a resistência à compressão do concreto é a obtenção de um valor único e característico da resistência à compressão de um certo volume de concreto, com o intuito de comparar esse valor com o especificado no projeto estrutural, que foi tomado como referência para o dimensionamento da estrutura. Em função desse objetivo, de acordo com Helene (1986), convenciona-se que a função de erro, distribuição normal ou de Gauss, é um modelo matemático que pode representar de maneira satisfatória a distribuição das resistências à compressão do concreto. Dessa forma, a resistência característica à compressão do concreto (fck) é um valor, dentro dessa distribuição gaussiana de valores, cuja probabilidade de ocorrência é igual a 5%, como destaca a Figura 2.5. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 31 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 2.5 - Representação da resistência à compressão do concreto, curva de Gauss. Fonte: Pacheco e Helene, 2013. Em outras palavras, a resistência característica do concreto à compressão é o valor de referência que adota o projetista como base de cálculo e está associada a um nível de confiança de 95%. Onde, tal resistência deve ser comparada à resistência característica estimada do concreto à compressão (fck, est), que, por sua vez, corresponde a um valor estimado, corresponde a uma amostragem, obtido ao ensaiar alguns corpos de prova cilíndricos, de um lote de concreto supostamente homogêneo, e aplicando-se os resultados obtidos a uma equação matemática (chamada de estimativa do fck), que varia de acordo com o tipo de controle de resistência. A NBR 12 655 (ABNT, 2006) preconiza que os lotes de concreto só devem ser aceitos, quando o valor estimado da resistência característica satisfizer a relação: fck, est ≥ fck. Automaticamente, a estrutura deve ser construída com um concreto de resistência característica à compressão (estimada) igual ou superior àquele valor adotado no projeto estrutural. Dessa forma, garante-se que o concreto produzido no canteiro ou oriundo de uma empresa de serviço de concretagem está adequada no tocante à sua resistência mecânica, pois os valores de resistência à compressão do concreto produzido ou recebido são compatíveis aos valores considerados no projeto. Salienta-se, no entanto, que toda a sistemática de controle presente na NBR 12 655 (ABNT, 2006) avalia a conformidade e adequabilidade do concreto enquanto material (produzido no canteiro ou recebido de uma central), não atestando ou aferindo o concreto real da estrutura, que passa por todas as etapas executivas, tais como: transporte, lançamento, adensamento e cura. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 32 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ 2.4.3 Módulo de Elasticidade O concreto, segundo Altheman e Rocha (2014), é um material não homogêneo e que sofre deformações sob carregamento mecânico, conforme as propriedades individuais dos materiais constituintes (agregados, pasta e vazios) e das interfaces entre eles. Em função disso, a especificação do módulo de elasticidade, desde o projeto à execução da estrutura, incluindo seus ensaios de controle, torna-se de suma importância, pois tem por objetivo minimizar ou mitigar os danos recorrentes de deformações excessivas. Estas que podem causar fissuras nas estruturas e alvenarias, desplacamentos de pisos em lajes e até resultar na restrição ou inutilização da obra. Quando se submete um corpo de prova de um dado material a tensões crescentes de tração ou compressão, verifica-se que até determinado limite superior de tensão, as tensões (σ) são proporcionais às deformações específicas correspondentes (ε). É o que preconiza a lei de Hooke (σ = E.ε), (Figura 2.6), sendo a constante de proporcionalidade (E) uma propriedade característica do material analisado e denominada módulo de elasticidade (PICCOLI, 2014). Figura 2.6 - Módulo de elasticidade ou deformação longitudinal, Lei de Hooke. Fonte: (PINHEIRO et al., 2007) Entretanto o concreto é um material definido como elasto-plástico, isto é, não é um material com deformação integralmente linear ao carregamento e, em consequência, não segue a lei de Hooke em toda a sua amplitude mecânica. Em tensões até 30% a 40% da carga última o concreto pode ser considerado linear (elástico), mas para valores de carregamentos superiores a estes as deformações deixam de ser lineares, entrando na fase plástica do material (ALTHEMAN; ROCHA, 2014). Mesmo não obedecendo à lei de Hooke, conforme comentado anteriormente, considera-se convencionalmente a existência do módulo de elasticidade do concreto, como se pode ver na Figura 2.7. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 35 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ  aceitação definitiva do concreto: verificação do atendimento a todos os requisitos especificados para o concreto. E enfatiza que o concreto deve ser aceito, quando o valor estimado da resistência característica for maior ou igual a resistência característica de projeto. Para Pacheco e Helene (2013), a conformidade entre as especificações técnicas do projeto estrutural e o concreto produzido por uma empresa de serviços de concretagem pode ser realizada em cinco passos, a saber: 1º Passo: definição da extensão do lote que será oportunamente julgado. O primeiro passo corresponde à identificação prévia à concretagem da extensão do lote de concreto a ser controlado e julgado. A amostragem do concreto visando à avaliação da resistência característica à compressão é feita através da divisão da estrutura em lotes que atendam a limites normativos, de modo que para cada lote deve ser retirada uma amostra, e cada amostra possui certo número de exemplares conforme o tipo de controle adotado (ABNT NBR12 655, 2006)(ver Tabela 2.1). 2º Passo: definição do tipo de amostragem a ser adotada. De acordo com a NBR 12 655 (ABNT, 2006) há dois tipos de amostragem, a que se baseia no controle estatístico do concreto por amostragem parcial e o controle por amostragem total. 3º Passo: Tamanho mínimo da amostra (só aplicável à amostragem parcial) Para definição do tamanho da amostra, deverão ser considerados dois fatores: a) Número mínimo de exemplares para permitir uma estimativa confiável da resistência do lote (inferência estatística). b) Número máximo de betonadas ou amassadas empregadas na concretagem da peça em questão, já que não tem sentido retirar mais de um exemplar por betoneira (menor unidade de produto) 4º Passo: Retirada (coleta) e moldagem dos corpos de prova (exemplares) Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 36 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ O quarto passo obedece à norma de amostragem de concreto fresco NBR NM 33 (ABNT, 1998) que estabelece a coleta e a preparação de amostras de concreto fresco o mais representativo possível que permitam a determinação de suas propriedades. 5º Passo: Análise dos resultados Após a obtenção do fckest, oriundo da aplicação de um estimador, que utiliza os resultados dos exemplares a 28 dias, tem-se que a aceitação do concreto do lote avaliado se dá com a seguinte condição: fck, est ≥ fck. 2.5.2 Rejeição do Concreto De acordo com a NBR 7212 (ABNT, 2012), a rejeição do concreto será embasada em verificações e ensaios executados pela contratante visando comprovar as características do concreto segundo normativas brasileiras e diretrizes de contrato. A NBR 7212 (ABNT, 2012) mostra que a incompatibilidade da consistência solicitada e a verificada pelo abatimento do tronco de cone, ou outro método com a mesma finalidade (desde que seja estabelecido previamente), bem como incongruências em relação à dimensão máxima característica do agregado graúdo solicitado ou incoerências (no caso de constar no pedido do concreto) relativas a exigências, tais como: massa específica, teor de ar, relação água/cimento, consumo de cimento, tipo e marca de cimento, tipo de aditivo, temperatura e outras, são motivos para rejeição do lote de concreto fresco. Partindo para o aspecto de rejeição do concreto endurecido, este será rejeitado caso não se atinja a resistência característica de projeto, como comentado anteriormente, ou haja não conformidade em relação a outras características exigidas em contrato. Segundo Pacheco e Helene (2013), caso o controle de aceitação do concreto indique que o material não possui resistência característica potencial adequada, algumas ações corretivas podem ser adotadas, como se descreve a seguir: a) Revisar o projeto considerando o novo resultado de resistência característica à compressão do concreto, obtido do controle de recebimento realizado através de corpos de prova moldados; Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 37 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ b) Permanecendo a insegurança estrutural, proceder à inspeção in loco, preferencialmente melhorando a avaliação através do uso de ensaios de avaliação da estrutura acabada, não destrutivos, tipo esclerometria, pacometria e ultrassom; c) Na sequência extrair testemunhos de acordo com a NBR 7680 (ABNT, 2007) e estimar o novo fck equivalente (com os valores de resistência dos testemunhos), de acordo com a NBR 12 655 (ABNT, 2006); d) De posse desse “novo fck,est”, confrontá-lo com o fck de projeto. Se atender, a investigação se encerra e aceita-se o concreto do ponto de vista estrutural; e) Caso ainda não atenda ao fck de projeto, utilizar na nova verificação estrutural, para o caso dos estados limites últimos (ELU), um c= 0,9*c,original . No caso de verificação dos estados limites de serviço (ELS) deve ser adotado c = 1,0, ambos conforme disposto da NBR 6118 (ABNT, 2014). Por fim, Pacheco e Helene (2013) comentam (baseados na NBR 6118 (ABNT 2014)) que, caso persista a não conformidade, há algumas alternativas a adotar, a saber: determinar um nível de restrição para o uso da estrutura, buscar alternativas de soluções de reforço estrutural ou optar pela demolição total ou parcial da estrutura. 2.6 CONSEQUÊNCIAS DO MAU RECEBIMENTO DO CONCRETO Uma conduta inadequada no recebimento do concreto em obra e a consequente utilização de um produto com possíveis falhas podem vir a acarretar problemas na estrutura da edificação, as chamadas patologias na construção. Como resultado do surgimento de tais patologias, gastos adicionais serão necessários para a recuperação estrutural, ou mesmo para evitá-las, caso o problema seja constatado ainda antes do fim da obra. 2.6.1 Manifestações patológicas Em menor ou maior intensidade, os problemas patológicos estão presentes na grande maioria das edificações, variando o seu período e a sua forma de manifestação. O estudo das patologias na construção pode ser entendido como o ramo da engenharia que Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 40 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 2.10 - Armadura exposta devido à corrosão da armadura e destacamento do cobrimento. Fonte: www.esperanzaengenharia.ning.com, acesso em novembro de 2014. 2.6.2 Gastos Excessivos Os prejuízos consequentes do mau recebimento do concreto em obra se tornam maiores quanto mais tardiamente são constatados seus problemas. Assim, ainda na fase de execução da obra, pode surgir a necessidade de uma paralisação desta para recuperação de determinado elemento, gerando gastos com o atraso do planejamento e com mão de obra e materiais que não estavam previstos inicialmente. No entanto, caso uma inadequação no concreto, ou em qualquer outro elemento constituinte da obra, seja notada apenas com o surgimento de patologias sintomáticas, os prejuízos podem ser ainda maiores, gerando transtornos para os moradores ou ocupantes da edificação ou mesmo riscos à segurança dos mesmos, sendo a recuperação mais cara e extremamente complicada em alguns casos. R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ CAPÍTULO 3 PESQUISA DE CAMPO Realizou-se um estudo prático de caráter exploratório a fim de possibilitar a comparação entre o que de fato acontece nos canteiros de obra da região metropolitana de Goiânia e os procedimentos prescritos por norma. Dessa forma, buscando uma melhor caracterização do cenário regional, foram selecionadas 5 obras de construtoras diferentes, em que concreteiras e projetistas diferentes foram contratados, com o objetivo de avaliar o cumprimento da NBR 12 655 (ABNT, 2006) quanto aos três níveis de responsabilidades atribuídos na mesma. As obras selecionadas são edificações de múltiplos pavimentos, em fase de execução dos serviços de concretagem de estrutura ou infraestrutura. O acompanhamento das concretagens e o acesso às informações técnicas, tais como relatórios técnicos, projetos, procedimentos e documentação de controle interno, foram realizados com a autorização das empresas envolvidas. 3.1 METODOLOGIA EMPREGADA NO ESTUDO DE CAMPO 3.1.1 Coleta de informações As avaliações dos procedimentos de recebimento nas obras selecionadas foram realizadas através de registros fotográficos, observações sistêmicas, entrevistas e checklist elaborado para tal, exposto no Apêndice A. O checklist utilizado é composto por 5 (cinco) grupos de questões, referindo-se estes aos dados gerais, às responsabilidades de projeto, às responsabilidades da concreteira, às responsabilidades do executante da obra e às solicitações feitas pelo executante da obra. O primeiro grupo do checklist visa a uma caracterização geral do caso analisado, com o objetivo de distinguir os empreendimentos através da definição do responsável pelo Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 42 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ recebimento do concreto, empresas contratada e contratante, projetista, além da data da concretagem analisada. A análise das responsabilidades de projeto foi realizada através da observação dos projetos de fôrma, buscando averiguar se parâmetros como fck, classe de agressividade, relação a/c máxima, cobrimento nominal, módulo de elasticidade e dimensão máxima característica estavam devidamente explicitados nos desenhos e memórias que descrevem o projeto tecnicamente. Quanto às responsabilidades da concreteira, a nota fiscal entregue juntamente ao caminhão foi o principal meio da análise, uma vez que nesta se encontram todas as especificações do concreto fornecidas pela empresa produtora do concreto. No que tange às responsabilidades da empresa executante da obra, a análise baseou-se, principalmente, na observação dos procedimentos de controle dos parâmetros do concreto, de pré-recebimento, de amostragem, de rastreabilidade e de definição dos itens a serem ensaiados pela empresa contratada para tal, além de entrevistas com os responsáveis pelo recebimento. Consta, ainda, no checklist, um tópico referente à análise da comunicação entre executante da obra, projetista e concreteira; em relação às definições de consistência, dimensão máxima dos agregados, relação a/c máxima, entre outros. Serão discutidos, posteriormente, cada um dos grupos do checklist, analisando as conformidades e estabelecendo um paralelo entre os procedimentos observados. 3.1.2 Descrição das obras As 5 obras selecionadas para a observação dos procedimentos de recebimento de concreto, as 5 empresas de serviço de concretagem e as duas empresas responsáveis pelos ensaios laboratoriais e in loco, serão denominadas, respectivamente, de Empreendimentos A, B, C, D e E; Concreteiras A, B, C, D e E; e Laboratórios X e Y. Esta nomenclatura foi adotada no trabalho com o intuito de evitar a exposição e o relato de inadequações dos procedimentos utilizados. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 45 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.3 - Futura fachada do Empreendimento B. Fonte: site do Empreendimento B O complexo empresarial e de saúde será composto por um centro clínico, centro de negócios com salas corporativas,dois hotéis com 260 unidades hoteleiras, um hospital e um shopping center com 59 lojas. A tipologia estrutural é de concreto armado, com lajes nervuradas e vedação em blocos cerâmicos, sendo que em seu ponto mais alto chegará a 42 pavimentos. A concretagem acompanhada foi a de um dos blocos de fundação (Figura 3.4), enquanto uma outra parte da obra já se encontrava no segundo térreo. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 46 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.4 - Bloco de fundação do Empreendimento B. 3.1.2.3 Empreendimento C O Empreendimento C localiza-se no Jardim Goiás, na cidade de Goiânia. Terá caráter residencial e comercial, contando com um total de 31 pavimentos. A construtora responsável pela obra é da cidade de Goiânia, enquanto que a concreteira contratada tem sua sede na cidade de Aparecida de Goiânia. Na Figura 3.5, a seguir, tem-se a ilustração da fachada do edifício quando concluído. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 47 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.5 - Futura fachada do Empreendimento C. Fonte: site do Empreendimento C A tipologia estrutural da obra é de concreto armado convencional, com lajes nervuradas, fundação mista, com estacas hélices e radier, e vedação realizada em alvenaria com blocos cerâmicos. A concretagem acompanhada foi das vigas, laje e escadas do oitavo pavimento. 3.1.2.4 Empreendimento D O Empreendimento D é localizado no Setor Bueno, na cidade de Goiânia, tendo finalidade residencial com acabamento de alto padrão. A Construtora D é da própria cidade de Goiânia, assim como a concreteira contratada, que tem sua sede no Jardim Santo Antônio. A Figura 3.6 traz uma imagem ilustrativa da futura fachada do edifício. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 50 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ O conjunto está sendo construído em um terreno de 4018 m² e será composto por duas torres com 2 subsolos, térreo, mezanino e 27 pavimentos tipo cada uma, sendo 3 apartamentos por andar, totalizando 162 unidades. O Empreendimento E possui como tipologia estrutural a construção em concreto armado convencional, com alvenaria de vedação realizada em blocos cerâmicos, fundação em estaca hélice contínua e lajes planas maciças. Na data em que a obra foi visitada estava sendo realizada a concretagem das lajes e vigas do subsolo 1 da primeira torre. 3.2 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.2.2 Dados Gerais Os elementos cujas concretagens foram acompanhadas e analisadas foram variados em cada empreendimento, sendo pilares no Empreendimento A; bloco de fundação no B; lajes, vigas e escadas no Empreendimento C; estaca hélice monitorada no D e lajes e vigas no Empreendimento E. Foram duas as empresas responsáveis pelas moldagens dos corpos de prova e ensaios, tanto laboratoriais quanto in loco, do concreto nos empreendimentos. A Empresa X foi contratada para executar os ensaios relativos aos Empreendimentos A, B e D, enquanto a Empresa Y foi a responsável nos Empreendimentos C e E. As Figuras 3.9 e 3,10 mostra os funcionários das empresas citadas executando os serviços de moldagem dos corpos de provas. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 51 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.9 – Funcionário da Empresa X moldando corpo de prova. Figura 3.10 – Funcionário da Empresa Y moldando corpo de prova. Observou-se ainda que nos Empreendimentos A, B e D, os responsáveis por executar o recebimento e realizar as ações para o controle tecnológico do concreto eram os estagiários de engenharia, enquanto nos Empreendimentos C e D, o almoxarife e o auxiliar Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 52 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ administrativo, respectivamente, exercem tal função. A Tabela 3.1 a seguir traz um resumo dessas informações discutidas. Tabela 3.1 - Resumo dos dados gerais dos empreendimentos. Empreendimento Elemento(s) Concretado(s) Responsável pelos Ensaios Responsável pelo Recebimento A Pilares Empresa X Estagiário B Bloco de Fundação Empresa X Estagiário C Lajes, Vigas e Escadas Empresa Y Almoxarife D Estaca Hélice Empresa X Estagiário E Lajes e Vigas Empresa Y Auxiliar Administrativo 3.2.3 Responsabilidades de Projeto 3.2.3.1 Resultados Em todos os empreendimentos visitados, os desenhos e memórias dos projetos analisados continham expressos os valores referentes ao combrimento nominal mínimo e à resistência característica à compressão (fck), atendendo, inclusive, ao mínimo exigido de acordo com a respectiva Classe de Agressividade Ambiental (CAA), ou seja, mínimo de 25 MPa para CAA igual a II, típica de atmosferas urbanas, como a que caracteriza Goiânia atualmente. Em contrapartida, em nenhum dos casos os projetos faziam referência ao módulo de elasticidade (Ecj) e à resistência à compressão (fcj) para as etapas construtivas, como, por exemplo, a retirada do cimbramento. Os projetos do Empreendimento D não explicitavam a definição do módulo de elasticidade do concreto (Ec), uma vez que, por se tratar de uma estaca hélice monitorada, não há a imposição deste parâmetro em projeto, segundo a ABNT NBR 6122: 2010 (Projeto e execução de fundações). Entretanto, observou-se que apenas nos projetos deste empreendimento a dimensão máxima característica do agregado graúdo encontrava-se expressa ou exigida. No que tange à apresentação da relação a/c máxima (função da CAA), os projetos dos Empreendimentos A e B se mostraram eficientes, ao contrário dos demais. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 55 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.13 - Informações técnicas de projeto do Empreendimento B. A Tabela 3.2 relaciona as conformidades e desconformidades referentes às responsabilidades de projeto por empreendimento. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 56 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Tabela 3.2 - Resumo das conformidades e não conformidades dos parâmetros de projeto por empreendimento. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 57 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ 3.2.3.2 Discussão sobre as atribuições do projeto É notável que a resistência à compressão do concreto (fck) é tida pela comunidade em geral como a sua principal característica, uma vez que serve como base para os cálculos estruturais dos edifícios e, juntamente com o cobrimento nominal mínimo e o módulo de elasticidade do concreto (Ec), está diretamente associada ao atendimento dos requisitos dos Estados de Limites Últimos (ELU), relacionados à durabilidade, desempenho e, consequentemente, à vida útil da estrutura. Assim, foi possível verificar que as definições referentes a tais fatores constavam em todos os projetos analisados. A explicitação realizada em todos os projetos apenas dos dias para execução das etapas construtivas, como retirada de fôrmas e escoras, caracteriza uma postura um pouco diferente em relação às recomendações da NBR 12 655 (ABNT, 2006), que preconiza a especificação dos valores referentes ao fcj e ao Ecj. Como os diferentes concretos possuem comportamentos diferentes, em termos de desenvolvimento de resistência e de módulo de elasticidade, função do tipo de cimento, consumo de cimento e traço do concreto, então fixar a retirada de fôrmas e cimbramento baseada em um prazo pode implicar em problemas patológicos de deformações e fissuras na estrutura. A visão da NBR 12 655 (ABNT, 2006) é mais consistente quanto a esse aspecto, pois os parâmetros que orientam essa operação executiva da obra (desfôrma e descimbramento) é baseada em valores mínimos de resistência e de módulo do concreto, atestando assim a maturidade da estrutura para a operação, com riscos bem menores de ocorrência de problemas. Analisando as Figuras 3.14 e 3.15, a seguir, que mostram as proporções de cada empreendimento, em geral, de conformidades e não conformidades do projeto tendo em vista os parâmetros analisados no checklist, nota-se certa omissão dos projetos com a relação às definições do concreto exigidas por norma. A Figura 3.14 mostra os resultados por empreendimento e a Figura 3.15 ressalta uma visão global de comportamento. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 60 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.17 – Caminhão betoneira da Concreteira A. Em todas as concretagens acompanhadas, a nota fiscal do concreto foi entregue ao responsável pelo recebimento no ato da chegada do caminhão, como definido pela NBR 12 655 (ABNT, 2006). Em todas as notas constavam o valor da resistência característica à compressão (fck), a dimensão máxima característica dos agregados graúdos, o volume de concreto e o abatimento (slump) ou espalhamento do concreto fornecido. O oposto ocorre quanto à curva de resistência em função do tempo e ao módulo de elasticidade (Ec), que não foram apresentados em nenhuma das notas analisadas. Nos casos dos Empreendimentos B e D, não havia referências nas notas fiscais entregues pelas concreteiras a respeito do traço, da relação a/c e do tipo e marca do cimento utilizado na fabricação do concreto, como pode ser notado nas Figuras 3.18 e 3.19, que são referentes às notas fornecidas pelas concreteiras B e D. Notou-se uma semelhança, ainda, entre as notas dos Empreendimentos A e C, uma vez que apenas estas informavam os tipos de aditivos utilizados, a hora de chegada dos caminhões nos canteiros e a hora da primeira adição de água na mistura. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 61 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.18 – Nota fiscal fornecida pela Concreteira B. Figura 3.19 - Nota fiscal fornecida pela Concreteira D. A nota fiscal entregue aos responsáveis pelo recebimento no Empreendimento A, apresentada na Figura 3.20, foi a única a explicitar o horário do fim do descarregamento, a quantidade máxima de adição de água permitida na obra e a apresentar conformidade com o projeto e com a NBR 6118 (ABNT, 2014) quanto à relação a/c; além de, juntamente com a nota da Concreteira E, serem as únicas a apresentar a quantidade de água adicionada ao concreto na central, o que é uma exigência atual da NBR 7212 (ABNT, 2012). Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 62 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.20 – Nota fiscal fornecida pela concreteira A. Notou-se uma singularidade na nota entregue pela Concreteira C em relação às demais pois foi a única em que foi informada o tipo e natureza do agregado graúdo utilizado na mistura. Pode-se observar, na Tabela 3.3, os requisitos atendidos em cada empreendimento no que concerne às responsabilidades da fornecedora do concreto. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 65 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.22 - Proporção geral de conformidades e não conformidades das responsabilidades das concreteiras. Pode-se observar que há uma preocupação maior com as informações referentes ao fck, ao Dmax, ao volume do concreto e ao valor de consistência (slump), características estas, com exceção do fck, mais relacionadas aos procedimentos executivos do que à durabilidade da estrutura, que por sua vez é diretamente influenciada por parâmetros como o traço da mistura, relação a/c, tipo e marca do cimento, tipo e natureza do agregado, tipo de aditivo utilizado e quantidade de água adicionada na obra, que não foram contemplados em todas as notas fiscais. Quanto ao não fornecimento dos dados como a curva de crescimento de resistência e o módulo de elasticidade, embora não sejam atribuições explícitas de norma, são informações presentes em um processo de dosagem racional e experimental do concreto (principalmente a curva de resistência), que é uma atribuição obrigatória para os concretos estruturais, ou seja, para todos os concretos com fck maior ou igual a 15 MPa. Essas informações de resistência e módulo são, portanto, muito importantes de constar na documentação disponibilizada pelas empresas de serviço de concretagem. Elas estariam alinhadas com as prescrições de fcj e Ecj de projeto e auxiliariam, sobremaneira, o engenheiro responsável pela obra na questão da desfôrma e descimbramento. Verificou-se, em todas as concreteiras, que não há essa prática. 55% 45% RESPONSABILIDADES DAS CONCRETEIRAS CONFORMIDADE NÃO CONFORMIDADE - Nota de Recebimento = 100% - fck = 100% - fck atende o projeto = 100% - Curva fck x Tempo = 0% - Modulo de Elasticidade (Ec) = 0% - Traço = 60% - a/c = 40% - a/c atende o projeto e CAA= 40% - Tipo e marca do cimento = 60% - Tipo e natureza do agregado = 20% - Dmáx = 100% - Tipo de aditivo = 40% - Volume de concreto = 100% - Valor de concistência (Slump) = 100% - Hora de mistura = 40% - Quantidade de água adicionada na central = 20% - Quantidade máxima adicionada na obra = 40% - Hora de chegada = 40% % de Conformidade Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 66 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Foi observada certa omissão por parte das concreteiras a respeito de informações referentes à logística como os horários da mistura, chegada à obra e início e fim do descarregamento, aspectos importantes para o controle da adequação da utilização do concreto. 3.2.5 Responsabilidades do Executante da Obra 3.2.5.1 Procedimentos e Resultados Em todos os casos acompanhados, o pedido do concreto à concreteira foi realizado, por meio do telefone, pelos engenheiros responsáveis pela execução das obras. Observou-se ainda como padrão de procedimento nas concretagens acompanhadas, que fica a cargo do responsável pela execução da obra planejar a logística adequada para o recebimento do concreto no que tange o recebimento do caminhão, dispondo o local de acesso adequado e especificando a área a ser concretada. As concretagens ocorrem sob supervisão dos estagiários de engenharia nos casos dos Empreendimentos A, B e D; do almoxarife e do auxiliar administrativo nos Empreendimentos C e E, respectivamente. Estes foram os responsáveis pela conferência do lacre do caminhão, do volume e da nota fiscal do concreto entregue, bem como por autorizar o início da concretagem a partir do comando, pelo rádio, do mestre de obras, responsável por organizar a equipe de concretagem, procedimento que se repetiu em todas as obras acompanhadas. No ato do recebimento do concreto, os responsáveis pela concretagem supracitados conferiram o horário da primeira adição de água apenas nos Empreendimentos A e C, a quantidade de água adicional permitida em obra somente no Empreendimento A, a dimensão máxima do agregado apenas no Empreendimento E, o tipo e a quantidade de aditivos nos Empreendimentos B e E, a relação a/c apenas no Empreendimento B e o tipo de cimento utilizado nos Empreendimentos A, B e E. Em seguida, em todas as concretagens acompanhadas, os funcionários das empresas responsáveis pelas moldagens dos corpos de prova e ensaios, tanto laboratoriais quanto in loco, retiraram a quantidade de concreto da betonada necessária para os testes, conforme ilustrado na Figura 3.23, seguindo critérios pré-estabelecidos pelas mesmas e de Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 67 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ acordo com as solicitações da construtora. Em todos os casos o sistema de amostragem utilizado foi o de Amostragem Total e o concreto para a realização dos testes foi retirado do segundo terço do caminhão, exceto no Empreendimento D, onde se notou uma falta de padrão na coleta da amostra. Figura 3.23 - Funcionário da Empresa X retirando concreto para os testes no Empreendimento A. A partir da retirada das amostras do concreto, os funcionários das empresas terceirizadas, conforme determina a NBR 12 655 (ABNT, 2006), realizaram os testes de consistência pelo abatimento do tronco de cone (slump test), conforme ilustra Figura 3.24, seguindo as definições da NBR NM 67 (ABNT, 1998). Em seguida, esses profissionais moldaram, a partir do que determina a NBR 5738 (ABNT, 2003), os corpos de prova (Figura 3.25) para a realização dos ensaios laboratoriais de resistência à compressão, seguindo ainda as recomendações da NBR 12 655 (ABNT, 2006). No Empreendimento A, retiraram-se três CPs por caminhão, sendo um para o teste de resistência à compressão na idade de 7 dias e outros dois para a idade de 28 dias. Já nos Empreendimentos C, D e E, foram retirados dois exemplares por caminhão, um para a idade de 7 dias e outro para 28 dias. Já no Empreendimento B, utilizou-se o “método 4 2 2”, onde no primeiro caminhão retiram-se dois exemplares para as idades de 7 e 28 dias, e nos dois caminhões seguintes apenas um exemplar para 28 dias, e assim sucessivamente. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 70 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.27 - Mapa de concretagem do Empreendimento E. Figura 3.28 - Mapa de concretagem do Empreendimento D. Uma vez preenchidos os mapas das concretagens, estes eram arquivados na obra juntamente com as notas de cada caminhão e com os relatórios técnicos dos ensaios laboratoriais de controle (Figura 3.29 e 3.30) aos quais eram enviados posteriormente pelas empresas terceirizadas responsáveis pela condução da parte laboratorial do controle. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 71 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.29 – Relatório de controle da resistência à compressão fornecido pela Empresa Y, referente ao Empreendimento E. Figura 3.30 – Relatório de controle da resistência à compressão fornecido pela Empresa X, referente ao Empreendimento B. Análises quanto à temperatura do ambiente, desagregação, exsudação e floculação do concreto, não foram realizadas em nenhum dos canteiros visitados. Observou-se ainda que Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 72 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ apenas no Empreendimento B, com a utilização de um termômetro digital de infra-vermelho (Figura 3.31), foi executada a verificação da temperatura da mistura entregue. Figura 3.31 - Averiguação da temperatura do concreto, Empreendimento B. A Tabela 3.4 resume o desempenho dos empreendimentos analisados quanto aos procedimentos de atuação das empresas executantes das obras. Tabela 3.4 - Resumo das conformidades e não conformidades das responsabilidades do executante da obra. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 75 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.32 – Proporção de conformidades e não conformidades das responsabilidades do executante em cada Empreendimento. Figura 3.33 - Proporção geral de conformidades e não conformidades das responsabilidades do executante. A B C D E NÃO CONFORMIDADE 38,89% 33,33% 50,00% 61,11% 38,89% CONFORMIDADE 61,11% 66,67% 50,00% 38,89% 61,11% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% RESPONSABILIDADE DO EXECUTANTE 56% 44% RESPONSABILIDADES DO EXECUTANTE CONFORMIDADE NÃO CONFORMIDADE - Existência de documentação na obra = 100% - Prazo de arquivamento da documentação= 100% - Há o recebimento da nota fiscal = 100% - Conferência do volume de concreto = 100% - Há conferência da hora de primeira adição de água = 40% - Conferência da quantidade de água adicional permitida= 20% - Análise quanto a dimensão máxima do agregado = 20% - Análise quanto ao tipo de aditivo = 40% - Verificação da relação a/c = 20% - Verificação do tipo de cimento utilizado = 60% - Critérios para retirada dos CP = 100% - Terço adotado para retirada dos CP = 80% - Período de elaboração da rastreabilidade = 0% - Realização do teste de consistência (Slump) = 100% - Análise de exsudação e floculação = 0% - Verificação da temperatura do concreto = 20% - Verificação da temperatura ambiente - 0% % de Conformidade Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 76 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ 3.2.6 Comunicação entre Executante da Obra, Projetista e Concreteira 3.2.6.1 Procedimentos e Resultados As definições de consistência do concreto entregue nas obras foram feitas através da solicitação em projeto, no caso do Empreendimento E, e realizadas pelo engenheiro responsável pela obra no caso do Empreendimento C, enquanto nos demais empreendimentos tal característica foi discutida e acordada entre o executante da obra e o tecnologista de concreto da empresa de serviço de concretagem. Situação semelhante pôde ser notada com relação à dimensão máxima característica do agregado graúdo, onde a definição desse parâmetro nos Empreendimentos A, C e D foi realizada em comum acordo entre as concreteiras e os executantes da obra, foi definida pelo executante no Empreendimento B e solicitada em projeto no Empreendimento E. Com relação às solicitações realizadas pelos executantes das obras às concreteiras, observou-se que as definições foram feitas apenas uma única vez no ato da elaboração do contrato no que tange à dimensão máxima característica dos agregados nos Empreendimentos A, C e D; ao slump nos Empreendimentos A, B e D; e à relação a/c máxima nos Empreendimentos A, C, D e E. Em relação aos empreendimentos que não esclareciam formalmente os parâmetros das características supracitadas no ato de elaboração do contrato, isso se dava a cada solicitação de concreto às empresas de concretagem. Em nenhum dos cinco empreendimentos analisados foram solicitados pelo os engenheiros às concreteiras os valores do fcj e Ecj. Em contrapartida, em todos os casos foi solicitado o valor do Eci. Quanto aos valores do consumo de cimento mínimo Ccim, apenas o Empreendimento B não solicitou à concreteira tal especificação. Na Tabela 3.6 são apresentados os resultados da consulta de campo, previsto no checklist, que contemplam aspectos importantes da comunicação entre os principais partícipes da produção da estrutura de concreto. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 77 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Tabela 3.6 - Resumo dos dados levantados em checklist relacionados à comunicação entre executante da obra, projetista e concreteira. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 80 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ Figura 3.36 - Fluxograma da comunicação entre os três principais agentes do processo de entrega, elaboração e recebimento do concreto usinado. A importância da comunicação entre a construtora e os projetistas se dá uma vez que a primeira deve cobrar que as recomendações da NBR 12 655 (ABNT, 2006) sejam atendidas e solicitar as especificações consideradas necessárias para a boa execução da obra. Já com relação à comunicação entre o executante da obra e a concreteira contratada, a contratante deve definir o tipo de solicitação, as informações adicionais do produto que deseja e cobrar que a concreteira forneça as principais características, tanto da produção quanto dos materiais constituintes do concreto entregue. A concreteira, por sua vez, tem a responsabilidade de fornecer todos os dados técnicos solicitados de maneira a comprovar as características do produto. Apesar da quantidade de não conformidades notadas, todas as amassadas cujas concretagens foram acompanhadas passaram pelo crivo de aceitação das empresas, mesmo em casos em que houve não conformidades importantes em relação à NBR 12 655 (ABNT, 2006). Com relação às diversas não conformidades observadas quanto à pouca importância dada à relação a/c, o não atendimento aos limites impostos pela NBR 6118 (ABNT, 2014) pode gerar, a longo prazo, patologias como o aumento excessivo da porosidade, sendo esta por sua vez uma porta de entrada para diversos agentes agressivos tais como substâncias à base de cloretos, CO2 e umidade, que entrando em contato com a armadura gera despassivação e, posteriormente, corrosão. Dois parâmetros para os quais também se mostraram falhos os procedimentos de recebimento analisados, apesar de ser efetuada a aceitação dos produtos a que esses são Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 81 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ referentes, são a Dmax e a consistência do concreto, que estão diretamente ligados ao surgimento de patologias como os vazios de concretagem e os problemas gerais de segregação ou operacionais como a obstrução da tubulação de bombeamento. R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ CAPÍTULO 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA DE CAMPO O presente trabalho teve como objetivo geral discorrer sobre o tema do controle tecnológico do recebimento do concreto usinado em obra, calcado principalmente na ABNT NBR 12 655: 2006 (Concreto – Preparo, Controle e Recebimento). Para tanto, buscou-se o levantamento de uma revisão de literatura sobre o tema, o que tornou-se um importante apoio técnico para a análise dos dados, obtenção dos resultados e discussões. A partir dos dados obtidos através da pesquisa de campo, observou-se que aproximadamente metade da totalidade dos critérios analisados no checklist apontaram inconformidades nos procedimentos adotados, o que é considerado um valor altíssimo diante da importância da conduta correta com relação ao principal componente das estruturas dos edifícios. Embora a pesquisa realizada aponte percentuais muito semelhantes com relação às falhas nos procedimentos realizados pelas empresas contratantes, concreteiras contratadas e projetistas; considera-se que a empresa executante da obra possui um nível maior de responsabilidade sobre tal fato, uma vez que esta é a contratante, intermediadora e principal fiscalizadora dos outros dois elementos, bem como a principal prejudicada no caso da estrutura vir a ser comprometida. Conclui-se ainda, que as não conformidades nos métodos devem-se ou a omissão e negligência das condutas estabelecidas nas normas técnicas, ou ao não conhecimento tanto destas quanto à importância do controle tecnológico do concreto. Assim, percebeu-se que grande parte dos procedimentos, solicitações e testes realizados são efetuados meramente por serem habituais, uma vez que a concretagem ocorreu mesmo nas ocasiões em que o concreto foi entregue em desacordo grave com os parâmetros solicitados para o mesmo. Estudo do controle tecnológico e recebimento do concreto em obra 85 R. S. ZALAF, S. R. M. FILHO, T. C. BRAZ GEYER, A. L. B.; RESENDE, R. Importância do controle de qualidade do concreto no estado fresco. Informativo Realmix, 2ª Edição, julho de 2006. HELENE, P. Corrosão em Armaduras para Concreto Armado. São Paulo: Pini, 1986. MAGALHÃES, A. G. Durabilidade, proteção e recuperação das estruturas. Belo Horizonte: Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. MEHTA, P. K; MONTEIRO, P. J. M. Concreto – Estrutura, propriedades e materiais. São Paulo, 1994. NASCIMENTO, P. L. S. A importância do controle tecnológico do concreto. 2012. Monografia - Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2012. NEVILLE, A. M. Propriedades do Concreto. Trad. Savador E. Giamusso. 1ª Ed. Pini, São Paulo, 1997. PACHECO, J.; HELENE, P. Boletín Técnico: Controle da resistência do concreto Brasil. ALCONPAT, 2013, 18p. PICOLLI, G. M. 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