Baixe Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular - Prof. Reis e outras Esquemas em PDF para Nutrição, somente na Docsity! DIMENSÕES BIOLÓGICAS E BIOQUÍMICAS DA ATIVIDADE MOTORA João Francisco Barbieri Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Descrever as características dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular. Relacionar os tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular com a atividade física. Explicar as adaptações causadas pelo exercício físico nos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular. Introdução Neste capítulo, serão apresentadas descrições sobre o funcionamento e a estrutura de cada tipo de tecido que compõe o corpo humano, assim como características fundamentais para distingui-los. Além disso, há também as adaptações e algumas modificações específicas, sejam elas crônicas ou agudas, sofridas por esses tecidos com a prática de atividade física. O conhecimento sobre as adaptações dos diferentes tipos de tecidos é um conhecimento básico para a formação de professores de educação física e será fundamental para a compreensão de outros processos bioquímicos. Histologia básica dos tecidos Um tecido é formado pelo agrupamento de diferentes células especializadas. Essas células cumprem funções específi cas em nosso corpo, atuando em con- junto para determinar características, por exemplo, dos órgãos. Os diferentes tecidos corporais vão atuar em conjunto para formar os sistemas e é somente por causa dessa integração entre os diferentes tecidos que a vida é possível. Tecido epitelial pseudoestratificado — Composto de uma camada única de células. No entanto, a altura das células e a posição do núcleo delas é diferente, apresentando células baixas intercaladas com células altas, o que pode gerar uma interpretação equivocada sobre o tipo de tecido, podendo aparentar ser estratificado, e, por isso, recebendo o nome de pseudoestratificado. Um exemplo de estrutura para esse tipo de células é o epidídimo, localizado no sistema reprodutor masculino (MONTANARI, 2016). A classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial pode ser visto na Figura 1. Figura 1. Classificação dos diferentes tipos de tecido epitelial. Fonte: Adaptada de logika600/Shutterstock.com. Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular4 Tecido glandular ou secretor Um subtipo especial de tecido epitelial é o tecido epitelial secretor, sendo o principal responsável pela formação das glândulas, comumente conhecido como tecido epitelial glandular. O tecido epitelial glandular endócrino vai gerar secreções que são expulsas dentro do corpo, caso das glândulas tireoide, hipófi se e suprarrenal, que despejam seu conteúdo principalmente na corrente sanguínea. Já o tecido epitelial glandular exócrino envia as secreções para fora do corpo. Por fi m, o tecido epitelial glandular misto cumpre dupla função, expulsando a secreção tanto interna como externamente, como acontece com o pâncreas, secretando suco pancreático para dentro do duodeno e insulina na corrente sanguínea (MONTANARI, 2016). As diversas funções do tecido epitelial podem ser mais ou menos requeridas dependendo da tarefa que será realizada, um ótimo exemplo da exigência desse tecido é a atividade física, pois exercerá sobre esse tecido grande demanda, que serão mais bem descritas a seguir. Tecido epitelial e atividade física A principal função do tecido epitelial é dar suporte e proteção aos órgãos que compõe, fato importante durante a prática de atividade física, uma vez que o impacto da atividade comprometeria a estrutura e a forma do órgão se este não estivesse envolto com uma camada protetora. A prática de atividade física é capaz de elevar a temperatura corporal a estados considerados febris. Ao iniciar a prática de alguma atividade, a pessoa provavelmente começará a suar. A produção de suor ocorre pela atividade de células epiteliais glandulares, em específico as que formam as glândulas sudoríparas. O suor será responsável pela manutenção da temperatura, pois, com sua evaporação, perdemos calor. Esse fato é extremamente importante para retardar os processos de fadiga ocasionados pela prática de atividade física, uma vez que elevadas temperaturas causam hipertermia, condição que, além de levar às fadigas física e mental, pode apresentar complicações para a saúde. Vale lembrar também que a camada interna dos vasos sanguíneos (endo- derme) é composta de células epiteliais simples pavimentosas. Os vasos são responsáveis pela irrigação dos músculos, sendo que o fluxo sanguíneo é intensificado durante a prática de atividade física. O endotélio vascular também é responsável pela produção de óxido nítrico (NO). Esse gás sinaliza para a 5Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular musculatura lisa dos vasos relaxar, o que permite a vasodilatação, aumentando assim o fluxo sanguíneo para os músculos em atividade. O controle da temperatura e as modificações do endotélio vascular são algumas das modificações causadas pelo início da atividade física, ou seja, pela prática aguda de atividade física. (GUYTON; HALL, 2006). Porém, a prática regular de atividade física vai gerar adaptações nesses tecidos, nominalmente chamadas de adaptações crônicas. Acompanhe a seguir algumas adaptações crônicas do tecido epitelial frente ao exercício físico. Adaptações crônicas do tecido epitelial ao exercício físico O exercício físico é considerado um estímulo de estresse para o organismo, sendo que a magnitude desse estresse implicará a magnitude da adaptação. O tecido epitelial é um grande benefi ciado da prática de atividade física constante. As adaptações a esse tecido se estendem, por exemplo, desde a melhora na velocidade e quantidade de substâncias secretadas pelas glândulas. Podemos destacar a liberação do hormônio adrenalina pela glândula suprarrenal, sendo que, em indivíduos adeptos à prática de atividade física, essa liberação acontece de maneira mais rápida. Também podemos citar o efeito da prática regular de atividade física para diminuir os níveis de insulina, hormônio endócrino produzido pelo pâncreas (FERREIRA; BRESSAN; MARINS, 2009). Podemos ressaltar também que a pele (tanto sua camada epitelial quanto sua camada conjuntiva) sofre adaptações positivas, como aumento do conteúdo de colágeno e resistência (MUELLER; MALUF, 2002). Os vasos sanguíneos são especialmente afetados pela prática constante de atividade física, em especial exercícios aeróbios. O organismo é capaz de remodelar a malha de vasos sanguíneos que irrigam os músculos, num pro- cesso chamado angiogênese, no qual novos vasos sanguíneos se desenvolvem, além de ter efeito sobre o diâmetro dos vasos, aumentando-os. Esse fenômeno ocorre por causa da liberação de fatores de crescimento endotelial vascular (VEGF), que são estimulados mecânica e metabolicamente. Esses fatores farão os vasos sofrerem suscetíveis mitoses, aumentando a árvore vascular (ALMEIDA et al., 2012). O tecido epitelial é sempre encontrado intimamente relacionado ao tecido conjuntivo, que está atrelado a funções como suporte (tecido ósseo), tecido de transporte de nutriente (tecido sanguíneo), tecido de proteção (tecido adi- poso), entre outros. Nos tópicos a seguir, você encontrará os diferentes tecidos conjuntivos e sua relação com a prática de atividade física. Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular6 armazenados nos adipócitos. A cor do tecido adiposo pode ser entre branco ou amarelo-escuro, dependendo da quantidade de carotenos consumidos na dieta. Esse tipo de tecido é o principal tecido adiposo do adulto, encontrando-se principalmente nas dermes e hipodermes, nas quais sua principal função é manter o controle da temperatura do corpo evitando a perda excessiva do calor. Além disso, absorve os impactos provocados no corpo. As palmas das mãos e dos pés têm um alto conteúdo de tecido adiposo ocular, principalmente por essa causa. Por fim, esse tecido também ajuda no preenchimento dos espaços entre os tecidos e órgãos, deixando-os com maior estabilidade. O segundo, tecido adiposo multilocular, é menor que o primeiro, apresenta células poligonais com núcleo central e muitas mitocôndrias; particularmente possui uma quantidade menor de lipídios. A denominação multilocular está relacionada a diferentes gotículas de lipídios dentro da célula adiposa. Esse tecido é especialista na produção de calor sem tremores. Está presente es- pecialmente nos fetos e recém-nascidos. Também é conhecido como tecido marrom, ou compõe o tecido adiposo bege. Tecido hematopoético — Principal tecido para produção de células sanguíneas do corpo, também chamado tecido mieloide (do grego mielos, que signifi ca me- dula), por estar localizado no canal medular de ossos longos. Esse tecido também é conhecido como tecido hematopoético por realizar hematopoese (do grego hemato, sangue). Em recém-nascidos, a medula óssea é chamada medula óssea vermelha, por causa da grande quantidade de glóbulos vermelhos localizados na medula. No entanto, nos adultos depois dos 20 anos de idade, o tecido medular do osso apresenta grandes mudanças, pois a medula óssea do adulto apresenta uma coloração amarela como consequência das mudanças na composição tecidual, já que muda a composição do tecido vermelho pelo tecido adiposo. Tecido sanguíneo — É o principal tecido para o transporte de nutrientes e gases do corpo, além de contribuir para regulação da temperatura e controle da homeostase corporal. O sistema circulatório é composto de aproximadamente 5 litros de sangue, nos quais se encontram eritrócitos, leucócitos e plaquetas. O tecido sanguíneo atua também no controle da temperatura corporal, no controle ácido base do organismo e na excreção de metabólitos provenientes do metabolismo celular. Tecido cartilaginoso — Composto por células denominadas condroblastos e condrócitos. Essas células produzem fi bras proteicas de colágeno e elastina. O tecido é rígido, mas, diferente do tecido ósseo, é maleável. O tecido cartilagi- 9Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular noso confere sustentação aos tecidos moles, sendo conhecido especialmente por compor as articulações, favorecendo o deslizamento dos ossos entre as articulações, e por também atuar absorvendo impactos mecânicos. No tecido cartilaginoso, não há presença de nervos, vasos linfáticos ou vasos sanguíneos, sendo sua nutrição feita por tecidos adjacentes, como o pericôndrio, que o recobre, ou o líquido sinovial, no caso das cartilagens presentes dentro das articulações sinoviais. Tecido ósseo — Apresenta relevante rigidez e dureza, atuando na sustentação do corpo humano, o que possibilita que haja movimento, por meio da tração exercida por músculos, e protege os órgãos internos. O tecido ósseo ainda abriga a medula óssea, importante para a criação de novas células sanguíneas. Além disso, possui um tipo especial de célula, chamada de osteoprogenitoras, classifi cadas em osteoblastos e osteoclastos; os primeiros apresentam a função de acrescentar conteúdo mineral no tecido ósseo, e o segundo o de degradar. Por causa dessa interação entre construção e desconstrução da matriz óssea, o osso apresenta certo dinamismo, adaptando-se às demandas impostas pelo organismo (MONTANARI, 2016). Um indivíduo começa a caminhar, pois foi a recomendação médica a fim de diminuir seus níveis sanguíneos de triglicérides (ácidos graxos livres). Iniciando a atividade física de baixa intensidade e longa duração, o indivíduo vai utilizar como principal fonte de energia os lipídeos circulantes e os provenientes do tecido adiposo, logo, ajudando na diminuição dos níveis de triglicérides sanguíneos. Nesse exemplo, podemos observar a mobilização e a utilização de dois tecidos conjuntivos diferentes, sendo um deles o tecido conjuntivo sanguíneo, caracterizado por apresentar sua matriz extracelular líquida e células típicas, como hemácias e linfócitos. Também é responsável pelo transporte de várias substâncias importantes para o organismo, como nutrientes e oxigênio. Observa-se a mobilização também do tecido adiposo, composto de células especiais, os adipócitos, que armazenam triglicérides e os liberam para serem usados como fonte de energia, os quais são levados até o músculo pela corrente sanguínea. Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular10 Tecido conjuntivo e atividade física O tecido conjuntivo apresenta especial importância para a prática de atividade física, uma vez que diversos de seus tecidos afetam e são afetados de maneira profunda pela prática de atividade física. Há íntima relação, por exemplo, entre o tecido adiposo e a prática de atividade física, uma vez que o adipócito armazenará o principal substrato energético utilizado durante a atividade física aeróbica, que são os ácidos graxos (triglicerídeos). Outro importante tecido conjuntivo relacionado à prática de atividade física é o tecido ósseo e o elástico, uma vez que os dois compõem o aparelho locomotor (complexo formado pelos sistemas muscular, ósseo, ligamentar e articular). Por causa da resistência e da rigidez que esses tecidos conjuntivos proporcionam, conseguimos fi car em pé, caminhar, correr e saltar, enfi m, executar as mais diversas tarefas que implicam impacto mecânico, que será absorvido pelo tecido ósseo. Por fi m, mas não menos importante, destacamos o tecido sanguíneo, sendo sua relação com a atividade física muito evidente, uma vez que o músculo precisa receber os substratos energéticos provenientes da alimentação, assim como o oxigênio, para a efetiva produção de energia. Todos esses elementos são transportados para todo o corpo pelo sistema circulatório, que tem no sangue seu principal veículo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Adaptações do tecido conjuntivo à atividade física A prática regular de exercício físico confere diferentes adaptações aos mais diversos tecidos que compõem o corpo humano, e isso não é diferente no tecido conjuntivo. Estímulos hormonais, mecânicos e humorais vão modelar o tecido conjuntivo de maneira que este apresente melhores adaptações e respostas frente às atividades. Adaptações do tecido ósseo — O tecido ósseo apresenta importantes adap- tações frente ao exercício físico, em especial os que envolvem esforços contra resistências, como é o caso da musculação, do exercício funcional, dos mais di- versos tipos de ginástica ou ainda exercícios com constantes impactos intensos, como a corrida. A sobrecarga mecânica exercida sobre o tecido ósseo aumenta a atividade dos osteoblastos e diminui a dos osteoclastos, conferindo assim maior processo de fi xação de matriz óssea, deixando o osso mais resistente. 11Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular Figura 2. Neurônio. Fonte: NPavelN/Shutterstock.com. A doença de Alzheimer é caracterizada pela degeneração progressiva e continuada dos neurônios. Em especial, essa doença afeta o hipocampo, sede da memória. Por isso, as pessoas acometidas por essa condição apresentam perda da memória como sintoma. Atribui-se ao surgimento dessa doença a pouca utilização das conexões neurais. A adoção de hábitos de vida mais ativos e a manutenção de atividades cognitivas, como leitura e o aprendizado de novas tarefas, têm sido propostos para retardar ou combater essa doença. Tecido nervoso e atividade física A atividade física, assim como qualquer outro movimento planejado, obriga- toriamente tem de passar pelo processamento do sistema nervoso central. Os estímulos eferentes (aqueles que vêm dos neurônios até os músculos) serão Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular14 responsáveis pela sua efetiva ativação. O sistema nervoso central também é responsável pelo ajuste fi no dos movimentos, pelo aprendizado de novos gestos motores, e em grande parte está relacionado com o aumento da força, melhorando o sincronismo das fi bras musculares ativadas. O tecido nervoso também está envolvido em outras funções relacionadas à prática de atividade física, como a estimulação para o coração bombear mais rápido e a estimulação para que hormônios sejam secretados na corrente sanguínea, como adrenalina e cortisol (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Adaptações do tecido nervoso ao exercício físico O tecido nervoso é altamente dinâmico, construindo e descontruindo novas conexões todos os dias. A prática regular de atividade física faz com que o tecido nervoso também sofra modelamentos, desde o nível celular, aumen- tando suas interconexões, o que melhora o processamento de informações, até o nível macro, como é constatado pelo aumento da área do hipocampo, região relacionada à memória. Diversos benefícios a capacidades cognitivas e a redução de propensão de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer e o Parkinson, estão relacionadas à prática regular de atividade física. Os neurônios, como unidade fundamental do tecido nervoso, também sofrem mudanças, melhorando seu sinergismo com outros neurônios por meio das alterações em suas proteínas de membrana (responsáveis por receber os neurotransmissores), melhorando a forma e a velocidade com que levam uma informação. O sistema nervoso também é responsável pelo aumento de força em pes- soas que iniciam programas de treinamento de força, como a musculação. O aumento de força vivenciado durante os primeiros meses de treinamento é atribuído à melhora de sincronismo e ativação entre os músculos agonistas e antagonistas do movimento. Essa adaptação qualitativa de recrutamento faz com que ganhos expressivos de força aconteçam em um processo chamado de aprendizado motor (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). A relação entre o tecido nervoso e o muscular é muito íntima, uma vez que estes mantêm comunicação, sendo as fibras musculares inervadas por axônios. O tecido muscular apresenta características próprias como a contração, fazendo com que esse tecido seja especialmente estudado por professores de educação física. 15Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular Tecido muscular A característica básica e principal desse tecido é a capacidade de contração e relaxamento, altamente relacionada com a movimentação, a digestão e até mesmo os batimentos cardíacos. Entre os tipos de tecido muscular, podemos encontrar tecido muscular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido muscular liso, como se pode observar na Figura 3. Figura 3. Diferentes tipos de tecido muscular presentes no corpo humano. Fonte: Adaptada de Sakurra/Shutterstock.com. Tecido muscular esquelético O tecido muscular estriado esquelético, o principal tecido capaz de realizar contrações de forma voluntária, está ligado a outros tipos de tecidos, como o tecido conjuntivo (tecido ósseo). A maior parte de nossos movimentos ocorre de forma voluntária, ou seja, de maneira consciente, e é processada em regiões corticais do nosso cérebro. Porém, isso não acontece nos movimentos refl exos, como retirar a mão rapidamente quando a encostamos no fogo. Esse tipo de refl exo é caracterizado pela velocidade e pelo automatismo, uma vez que gera um arco em âmbito medular, não sendo processado no encéfalo. Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular16 Obviamente o tipo de fibra muscular não é o único fator envolvido no sucesso esportivo, já que outros fatores, como os processos de treinamento, processos bioquímicos de produção de energia e fatores ambientais, possuem grande peso no ambiente esportivo (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Os processos metabólicos são especialmente afetados pela prática regular de atividade física. Processos especialmente ligados à produção de energia sofrem modificação no sentido de aumentarem a velocidade com a qual a energia será disponibilizada para a prática de atividade física. Podemos destacar a melhora considerável no tamanho e na quantidade de mitocôndrias, o que vai favorecer a produção de energia de maneira aeróbia. Destacamos também o aumento das enzimas envolvidas no ciclo do ácido cítrico, assim como no número de transportadores de glicose (GLUT-4), garantindo maior suprimento de glicose durante a atividade física (MCARDLE; KATCH; KATCH, 2016). Tecido muscular liso — Apresenta características similares ao tecido muscular estriado cardíaco, já que realiza contrações de maneira involuntária, ou seja, sem interferência de nossa vontade. Esse tecido auxilia as funções do estômago, do intestino e do útero. Para esses tipos de vísceras, é fundamental a participação do tecido muscular, já que os diferentes tipos de contração auxiliam nos movi- mentos peristálticos, como os movimentos realizados pelo esôfago para conduzir a comida até o estômago. Esse tecido se difere dos outros principalmente pela velocidade de contração, sendo a mais lenta dos tecidos musculares. Tecido muscular cardíaco — É capaz de realizar contrações involuntárias manifestas em forma de batimentos cardíacos, portanto encontra-se exclusi- vamente no coração. Esse tipo de tecido tem características tanto do tecido muscular esquelético, como do tecido muscular liso, apresentando fi bras estriadas de formação mais complexa (compreendidas por sarcômeros), que são o complexo de proteínas que inclui a actina e a miosina. Porém, diferente do músculo estriado esquelético, a ação das fi bras cardíacas é coordenada de maneira involuntária, por meio de um sistema de autoestimulação liderado por estruturas especiais, os nódulos cardíacos (nódulo sinoatrial e atrioventricular), o que confere a esse órgão característica semelhante ao tecido muscular liso. Pela ação de contração contínua do coração, as paredes desse órgão pre- cisam ser fortes; para isso, o músculo cardíaco precisa de células menores, ramificadas e intimamente unidas e sincronizadas, as quais apresentam discos intercalares para que a estimulação elétrica trafegue entre elas sem bloqueios. 19Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular Neste capítulo, apresentaram-se os diferentes tecidos que constituem o corpo humano. Foram destacados os diferentes subtipos desses tecidos, assim como suas funções e estrutura celular. O tecido epitelial apresenta importante papel no revestimento e na proteção de órgãos. Esse tecido pode ser classificado com relação à forma de suas células ou à estrutura de suas camadas. Já o tecido conjuntivo apresenta uma grande diversidade, e, com esta, apresenta diferentes funções. O tecido conjuntivo pode ser dividido em tecido conjuntivo propriamente dito ou tecido conjuntivo de propriedades especiais. Entre os diferentes tipos de tecido conjuntivo de propriedades especiais, temos o tecido adiposo e o tecido ósseo, que são especialmente importantes para a prática de atividade física. O tecido nervoso é com- posto especialmente de células chamadas de neurônios que, em conjunto, formarão todo o sistema nervoso. Como adaptações induzidas pela prática de atividade física, destaca-se a melhora no sinergismo da ativação entre os neurônios, fenômeno que pode resultar em ganhos de forças expressivos nas primeiras semanas de treinamento. A prática regular de atividade física também tem demonstrado modificar estruturas cerebrais, como o aumento da área do hipocampo, sede da memória. Por fim, apresentaram-se as três grandes subdivisões do tecido muscular, sendo elas: tecido muscular estriado esquelético, tecido muscular estriado cardíaco e tecido muscular liso. O tecido muscular estriado esquelético é o tecido mais explorado nos estudos de educação física, pois sofre grandes modificações, seja de maneira aguda ou crônica, mediadas pela prática de atividade física. De maneira aguda, pode-se destacar as modificações desencadeadas por diferentes tipos de hormônios, como GH e cortisol. Como modificações crônicas, pode-se des- tacar o aumento de conteúdo proteico (hipertrofia) das fibras musculares, o aumento do conteúdo e tamanho das mitocôndrias e o aumento da quantidade e da velocidade das enzimas do ciclo do ácido cítrico. Acompanhe no vídeo a seguir um resumo conciso sobre os diferentes tipos de tecido que há no corpo humano (TECIDOS, 2017). https://goo.gl/DfNv6r Histologia básica dos tecidos epitelial, conjuntivo, nervoso e muscular20 AIRES, M. de M. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012. ALMEIDA, C. C. et al. A fisiologia do exercício físico na estimulação da angiogênese em pacientes diabéticos com doença vascular periférica. UNILUS Ensino e Pesquisa, Santos, v. 9, n. 17, p. 21-26, jul./dez. 2012. Disponível em: <http://revista.unilus.edu.br/index.php/ ruep/article/view/62/u2012v9n17e62>. Acesso em: 8 out. 2018. DESSYPRIS, A. et al. Marathon run: effects on blood cortisol—ACTH, iodothyronines— TSH and vasopressin. Acta endocrinologica, Copepenhagen, v. 95, n. 2, p. 151-157, Oct. 1980. FERREIRA, G. F.; BRESSAN, J. ; MARINS, J. C. B. Efeitos metabólicos e hormonais do exercício físico e sua ação sobre a síndrome metabólica. 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