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História da Arquitetura e Urbanismo, Notas de aula de Arquitetura

2.2.1 Divisões da Arquitetura na Antiguidade. • Arquitetura Egípcia. Os egípcios demonstram nas suas manifestações artísticas uma profunda religiosidade de ...

Tipologia: Notas de aula

2022

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Baixe História da Arquitetura e Urbanismo e outras Notas de aula em PDF para Arquitetura, somente na Docsity! Escola Estadual de Educação Profissional - EEEP Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Curso Técnico em Desenho de Construção Civil História da Arquitetura e Urbanismo Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................................02 2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA............................................................................................02 2.1 Pré – História.......................................................................................................................... 02 2.1.1 Arquitetura Neolítica..............................................................................................................02 2.2 Civilizações antigas..................................................................................................................04 2.2.1 Divisões da Arquitetura na Antiguidade.................................................................................04 2.2.2 Antiguidade clássica................................................................................................................11 2.3 Idade Média..............................................................................................................................12 2.3.1 Estilos medievais.....................................................................................................................12 2.4 Idade Moderna..........................................................................................................................15 2.4.1 Renascimento...........................................................................................................................15 2.4.2 Maneirismo..............................................................................................................................17 2.4.3 Arquitetura Barroca.................................................................................................................17 2.4.4 Arquitetura Neoclássica...........................................................................................................18 2.5 Idade Contemporânea..............................................................................................................19 2.5.1 Século XIX..............................................................................................................................19 2.5.2 Século XX................................................................................................................................20 2.5.3 Arquitetura Contemporânea.....................................................................................................21 3. ARQUITETURA BRASILEIRA...............................................................................................22 3.1 Arquitetura indígena................................................................................................................23 3.2 Séculos XVI e XVII..................................................................................................................23 3.3 Século XVIII: Barroco e rococó..............................................................................................25 3.4 O século XIX e a transição para o século XX........................................................................27 3.4.1 Neoclassicismo.......................................................................................................................27 3.4.2 Romantismo e Ecletismo........................................................................................................29 3.4.3 Neogótico...............................................................................................................................30 3.5 Século XX.................................................................................................................................31 4. BIBLIOGRAFIA.................................................................................................................. ....32 Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 1 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 1. INTRODUÇÃO Arquitetura é a arte ou ciência de projetar espaços organizados, por meio do agenciamento urbano e da edificação, para abrigar os diferentes tipos de atividades humanas. Seguindo determinadas regras, tem como objetivo criar obras adequadas a seu propósito, visualmente agradáveis e capazes de provocar um prazer estético. A história da arquitetura é uma subdivisão da história da arte, responsável pelo estudo da evolução histórica da arquitetura, seus princípios, idéias e realizações. Esta disciplina, assim como qualquer outra forma de conhecimento histórico, está sujeita às limitações e potencialidades da história enquanto ciência: existem diversas perspectivas em relação ao estudo da arquitetura, a maior parte das quais ocidentais. Nos primórdios da História, egípcios e sumérios já dispunham dos elementos fundamentais de uma arquitetura artística. Em palácios e templos, os babilônios, hititas e persas levaram a arquitetura a um nível majestoso. Mas foram os gregos que superaram a arte oriental e egípcia com um gênio criador que até hoje pode ser admirado no Partenon de Atenas e em outros vestígios. 2. HISTÓRIA DA ARQUITETURA A história da arquitetura está diretamente relacionada à evolução humana. A arquitetura passou a existir quando o homem começou a construir para se proteger de predadores e dos fenômenos naturais. Novas demandas sociais (como o crescimento das civilizações, a necessidade de interligação entre cidades, o abastecimento de água, a consolidação de crenças religiosas) ou mesmo a simples busca por formas agradáveis aos olhos forçaram a humanidade a buscar novos materiais, novas ferramentas e técnicas de construção. É assim que a arquitetura continua evoluindo até hoje. Dos tijolos de barro seco ao concreto armado, das casas mais primitivas aos arranha-céus, das primeiras tumbas sagradas às grandiosas catedrais européias, de pequenos vilarejos pré-históricos às ilhas artificiais, o arquiteto continua contando a história do Planeta Terra, em linhas, texturas e cores. 2.1 Pré – História 2.1.1 Arquitetura Neolítica Os primeiros homo sapiens refugiavam-se nos lugares que a natureza lhes oferecia, podendo ser Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 2 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional aberturas nas rochas, cavernas, grutas ao pé ou no alto de montanhas. Durante a Pré – história surgem os primeiros monumentos e o Homem começa a dominar a técnica de trabalhar a pedra. O abrigo, como sendo a construção predominante nas sociedades primitivas, será o elemento principal da organização espacial de diversos povos. Este tipo de construção ainda pode ser observado em sociedades não totalmente integradas na civilização ocidental, como os povos ameríndios, africanos, aborígenes, entre outros. A presença do abrigo no inconsciente coletivo dos povos primitivos é tão forte que marcará a cultura de diversas sociedades posteriores. Não se pode falar de uma arquitetura pré-histórica no sentido artístico, apesar de seu caráter funcional. Até chegar a fundar as primeiras cidades, como Catal Huyuk, na Turquia, no ano de 6500 a.C., o homem passou da intempérie para as cavernas e tendas. A cultura megalítica, que se desenvolve entre 5000 à 3000 A.C., é a primeira expressão da vontade e da necessidade das sociedades conceberem e organizarem os espaços e os lugares,não só em termos físicos, como também em termos simbólicos. Os principais tipos de monumentos megalíticos são: • Menir (es): consiste num megalito ou coluna rudimentar, erguida em direçõ ao céu; • Alinhamento: agrupamento de menires organizados em linha reta; • Cromeleque: agrupamento de menires organizado em círculo; • Anta ou Dólmen: construções megalíticas formadas por pedras colocadas na vertical sobre as quais assenta uma laje. Figura 1: Menir, Alinhamento de menires e Dólmen Mas é somente no final do neolítico e início da idade do bronze que surgem as primeiras construções de pedra, entre os povos do Mediterrâneo e os da costa atlântica. Esses monumentos colossais tinham a função de templo ou túmulo, não se tratando de moradias. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 3 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 4 – Vistas dos muros de Nínive, Assíria • Arquitetura Babilônica A Babilônia era uma cidade-estado da Mesopotâmia. Não se sabe extamente quando ela foi fundada, calcula-se que tenha sido por volta de 4.000 a. C. A Mesopotâmia, nome grego que significa “entre rios” é uma região localizada no Oriente Médio, delimitado entre os vales dos rios Tigre e Eufrates, ocupado pelo atual território do Iraque e terras próximas. A arquitetura Babilônica, caracterizou-se pelo exibicionismo e pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram considerados cópias dos existentes nos céus. Os povos mesopotâmicos foram célebres trabalhadores de blocos de argila, conhecidos como adobes. A argila era encontrada em abundância para a fabricação de tijolos. Os adobes eram blocos prismáticos de barro seco ao sol, com aproximadamente 35 cm de comprimento. Era costume dispô-los ainda úmidos, de forma que, ao secarem, constituíssem blocos compactados. A partir do IV milênio costumava-se esmaltar a face externa dos tijolos para preservar as paredes de umidade. Raras vezes se utilizava a argamassa de cal para a fixação ou o betume. A escassez e a má qualidade da pedra que se tinha determinaram a sua pouca utilização como material de construção. A pedra e a madeira precisavam ser importadas. As cidades eram planejadas com uma planta quadrada, e possuíam muralhas defensivas, resultado da necessidade de evitar invasões e dominações por outros povos. As muralhas eram construídas com barro cru com cerca de 6 a 8 metros de espessura, estucadas e decoradas com cenas das vidas dos Reis. As muralhas construídas por Nabucodonosor, para proteger a cidade era tão larga, que acreditasse que sobre elas podia se utilizar carros. Outra construção característica deste povo são os zirigutes, templos edificados no alto de uma torre de tijolos. Um zirigute é uma forma de templo, construído na forma de pirâmides terraplanadas. O formato era o de vários andares construídos um sobre o outro, com o diferencial de cada andar possuir Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 6 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional área menor que a plataforma inferior sobre a qual foi construído. As plataformas poderiam ser retangulares, ovais ou quadradas, e seu número variava de dois a sete. O centro do zirigute era feito de tijolos queimados, muito mais resistentes, enquanto o exterior da construção mostrava adornos de tijolos cozidos ao Sol, mais fáceis de serem produzidos, porém menos resistentes. Os adornos normalmente eram envidraçados em cores diferentes. O acesso ao templo, situado no topo do zirigute, se fazia por uma série de rampas construídas no flanco da construção ou por uma rampa espiralada que se estendia desde a base até o cume do edifício. Provavelmente só os sacerdotes tinham acesso à torre, que tanto podia ser um santuário, como um local de observações astronômicas. Figura 5 – Zirigutes A Torre de Babel, segundo a narrativa bíblica de Gênesis, foi uma torre construída por um povo com o objetivo que o cume chegasse ao céu, para chegarem a Deus e estarem mais perto dele. Isto era uma afronta dos homens para Deus, pois eles queriam se igualar a Deus. Parou o projeto e fez com que a torre ruísse, depois castigou os homens de maneira que estes falassem várias línguas para que os homens nunca mais se entendessem e não pudessem voltar a construir uma torre. Esta história é usada para explicar a existência de muitas línguas raças e diferentes. • Arquitetura Etrusca Os etruscos vieram da Ásia Menor e fixaram-se na Itália Central. Deixaram como legado necrópoles, cidades e sítios arqueológicos de grande beleza. A arte etrusca exerceu grande influência na cultura romana. A dinastia etrusca dos Tarqüínios, que vai de 616 a 509 a.C., exerceu influência decisiva na história de Roma, que era então um conjunto de aldeias, e transformou-se numa cidade cercada de muralhas dominada pelo Capitólio. Os etruscos foram assim os fundadores de Roma, à qual legaram Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 7 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional conhecimentos de engenharia e agrimensura e vários símbolos de autoridade, como a coroa de ouro, o feixe dos lictores e a cadeira curul. Os etruscos eram muito dados a práticas religiosas, que consistiam, sobretudo em oráculos para conhecer os desígnios dos deuses. Por volta de 550 a.C., o estilo da arte etrusca tornou-se nitidamente jônico, como demonstram as esculturas de terracota de Veios. Os etruscos tinham também grande apreço pelos baixos-relevos, visíveis nos sarcófagos dos séculos VI e V a.C., como os de Clúsio, que representam danças, cerimônias fúnebres e banquetes, e constituem fonte importante de informação. Os monumentos mais famosos são os túmulos dos Áugures e da Leoa.Os etruscos eram bons construtores, mas pouco restou de suas edificações, erigidas preferentemente em madeira. Entre o que resistiu, por ser de pedra, destacam-se fundações de muralhas, conjuntos de casas cuidadosamente pavimentadas, túmulos, e também ruas pavimentadas, que formam verdadeiras cidades dos mortos. Réplicas do interior das casas, esses túmulos têm molduras, arcos e abóbadas – estas importadas do Oriente pelos etruscos, que as transmitiram a Roma, depois de aperfeiçoá-las. Figura 6 – Túmulo etrusco • Arquitetura Minóica Inexistência de construções funerárias e religiosas de caráter monumental ou colossal, bem como a ausência de uma arquitetura militar significativa. A arquitetura palaciana possui caráter informal (não existe um esquema pré-determinado, não tem preocupação com o fausto, imponência e ostentação. Vão se tentando soluções mais adequadas para satisfazer as necessidades práticas. Há uma preocupação com o conforto e defesa contra o calor, pátios de arejamento e terraço. Construção do palácio articulada em vários planos, tubulações para água e esgoto, bem como a presença de uma sala de banho. As estruturas de tijolos, pedra e barro se mantiveram ao longo da evolução desta civilização, mas a complexidade de suas construções aumentou desde o período neolítico. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 8 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 10 – Arquitetura suméria 2.2.2 Antiguidade clássica A arquitetura e o urbanismo praticados pelos gregos e romanos destacava-se bastante dos egípcios e babilônios na medida em que a vida cívica passava a ganhar importância. A cidade torna-se o elemento principal da vida política e social destes povos: os gregos desenvolveram-se em cidades-estado e o Império Romano surgiu de uma única cidade. Durante os períodos e civilizações anteriores, os assuntos religiosos eram eles mesmos o motivo e a manutenção da ordem estabelecida; no período greco-romano o mistério religioso ultrapassou os limites do templo-palácio e tornou-se assunto dos cidadãos (ou da pólis): surge aí a palavra política, absolutamente relacionada à idéia de cidade. Enquanto os povos anteriores desenvolveram apenas as arquiteturas militar, religiosa e residencial, os gregos e romanos foram responsáveis pelo desenvolvimento de espaços próprios à manifestação da cidadania e dos afazeres cotidianos: a ágora grega definia-se como um grande espaço livre público destinado à realização de assembléias, rodeada por templos, mercados, e edifícios públicos. O espaço da ágora tornara-se um símbolo da nova visão de mundo que incluía o respeito aos interesses comuns e incentivador do debate entre cidadãos, ao invés da antiga ordem despótica. Os assuntos religiosos, contudo, ainda possuíam um papel fundamental na vida mundana, mas agora foram incorporados aos espaços públicos da pólis. Os rituais populares tomavam lugar em espaços construídos para tal, em especial a acrópole. Cada lugar possuía a sua própria natureza (genius locci), inseridos em um mundo que convivia com o mito: os templos passaram a ser construídos no topo das colinas (criando um marco visual na cidade baixa e possibilitando um refúgio à população em tempos de guerra) de forma a tocar os céus. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 11 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 11 - Templo de Hefesto em Atenas: arquitetura clássica grega 2.3 Idade Média A tecnologia do período desenvolveu-se principalmente na construção das catedrais, estando o conhecimento tectônico sob o controle das corporações de ofícios. Durante praticamente todo o período medieval, a figura do arquiteto (como sendo o criador solitário do espaço arquitetônico e da construção) não existe. A construção das catedrais, principal esforço construtivo da época, é acompanhada por toda a população e insere-se na vida da comunidade ao seu redor. O conhecimento construtivo é guardado pelas corporações, as quais reuniam dezenas de mestres- obreiros (os arquitetos de fato) que conduziam a execução das obras, mas também as elaboravam. A Cristandade definiu uma visão de mundo nova, que não só submetia a vontade humana aos desígnios divinos como esperava que o indíviduo buscasse o divino. Em um primeiro momento, e devido às limitações técnicas, a concepção do espaço arquitetônico dos templos volta-se ao centro, segundo um eixo que incita ao percurso. Mais tarde, com o desenvolvimento daarquitetura gótica, busca-se alcançar os céus através da indução da perspectiva para o alto. 2.3.1 Estilos medievais ❧ Arquitetura paleocristã Até à declaração de liberdade de culto, a arte cristã não tinha uma tipologia arquitetônica própria, optando por celebrar o seu culto em lugares pouco relevantes. Com o Édito de Milão, Constantino apóia a construção de templos próprios, em Roma, Milão, Ravena, de modo a divulgar a nova religião e acolher o crescente número de convertidos. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 12 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ❧ Arquitetura visigótica Os únicos exemplares sobreviventes da arquitetura visigótica do século VI são a igreja de São Cugat do Vallés em Barcelona, a ermida e Igreja de Santa Maria de Lara, a Capela de São Frutuoso em Braga, a Igreja de São Gião na Nazaré e alguns vestígios da Igreja de Cabeza de Griego, em Cuenca. Contudo o seu estilo propagou-se nos séculos seguintes, embora os exemplos mais notáveis sejam rurais e estejam na maioria em ruínas. Algumas das características da arquitetura visigótica são: Arcos em forma de ferradura sem pedras de fecho, ábside retangular exterior, uso de colunas e pilares com capitéis coríntios de desenho particular, abóbodas com cúpulas nos cruzamentos, paredes em blocos alternando com tijolos e decoração com motivos vegetais e animais. ❧ Arquitetura moçárabe As comunidades moçárabes mantiveram alguns templos visigóticos que eram mais antigos que a ocupação árabe para a prática de seus ritos religiosos e raramente construíram novos templos porque a autorização para sua construção era limitada. A construção mais importante é a Igreja de Santa María de Melque. Outros são: Mosteiro de San Miguel de Escalada e o Mosteiro de San Juan de la Peña. ❧ Arquitetura bizantina Chama-se arquitetura bizantina aquela desenvolvida pelo Império Bizantino (assim chamado como referência a Bizâncio a capital do império romano no oriente) durante a Idade Média (atualmente será mais correto denominar este período Antiguidade Tardia ( a dita decadência romana) e não Idade Média) como desenvolvimento da arquitetura romana. O estilo caracteriza-se pelos mosaicos vitrificados e pelos ícones, pinturas sacras normalmente feitas sobremadeira, com disposição tríptica. A arquitetura é marcada pelo processamento das várias influências estéticas recebidas pelo Império Bizantino. Também se destacou no desenvolvimento da engenharia e de técnicas construtivas arrojadas, tendo sido responsável pela difusão de novas formas e tipologias de cúpulas. ❧ Arquitetura mourisca Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 13 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional propor os cânones e o ordenamento do Classicismo. A preservação dos “Dez livros da arquitetura“, de Vitúvrio teve papel fundamental. Leon Battista Alberti publica o primeiro tratado de arquitetura do Renascimento. Durante os séculos 15 e 16, outros tratados de arquitetura tiveram repercussão. Podemos citar SebastianoSerlio e Andrea Palladio. Os tratados passaram a abordar apenas os edifícios. Autores procuravam posicionar o arquiteto, como pertencente à elite e fundamental. Alberti expressa: "o arquiteto é o braço do Príncipe". Brunelleschi ficará conhecido como o responsável por traçar o caminho em que os arquitetos do Renascimento trilharão suas obras. O domínio do Classicismo ao longo do século XIV e terá na pessoa de Donato Bramante uma figura paradigmática. Bramante prova, que não só conhece e domina a linguagem clássica como também entende as características e o espírito de sua época. A principal imagem deste "estilo bramantiano" é a tríade de aberturas enfeitadas com arcos de volta inteira. Elementos como as abóbadas e cúpulas são usados de uma nova forma, porem as ordens são seguidas. O módulo de construção utilizado era o quadrado. As obras da arquitetura profana, os palácios particulares ou comunais, também foram construídas com base no quadrado. No Renascimento que se deu pela primeira vez uma proposta de reestruturação da idéia vigente de cidade. Baseada em uma busca de racionalidade do espaço urbano, teve a representação em perspectiva, o instrumento fundamental para sua concretização. Os literatos e os pintores descreveram ou pintam a nova cidade que não se pode construir, e que permanece, justamente um objetivo teórico, a cidade ideal. Assim toda apequena cidade é organizada, de modo hierárquico, em torno da igreja e o palácio papal. A Perspectiva de uma praça , quadro atribuído a Piero della Francesca, pintado por volta de 1470, se constitui em uma representação do tipo de cidade que o pensamento renascentista contemplava –as proporções matemáticas da praça, a forma perfeita circular apresentada na igreja central, a regularidade dos pequenos palácios nas margens . Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 16 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 12 – Paisagem florentina, um marco do Renascimento 2.4.2 Maneirismo Com o desenrolar do Renascimento e o constante estudo e aplicação dos ideais clássicos, começa a surgir entre os artistas do período um certo sentimento anticlássico, ainda que suas obras continuassem, em essência, predominantemente clássicas. Neste momento, surge aquele que foi chamando de maneirismo. Os arquitetos maneiristas (que rigorosamente podem continuar sendo chamados de renascentistas) apropriam-se das formas clássicas mas começam a desconstruir seus ideais. Alguns exemplos do maneirismo: - São constantes as referências visuais em espaços internos aos elementos típicos da composição de espaços externos: janelas que se voltam para dentro, tratamento de escadas externas em alas interiores de edifícios, etc. - O já consagrado domínio da perspectiva permite experimentações diversas que fogem ao espaço perspectico dos períodos anteriores. Michelângelo é um dos arquitetos renascentistas que podem ser chamados de maneiristas. Os séculos seguintes ao Renascimento assistiram a um processo cíclico de constante afastamento e reaproximação do ideário clássico. Obarroco, em um primeiro momento, potencializa o descontentamento do maneirismo pelas normas clássicas e propicia a gênese de um tipo de arquitetura inédita, ainda que frequentemente possua ligações formais com o passado. Da mesma forma que o barroco representou uma reação ao Renascimento, o neoclassicismo, mais tarde, constituirá uma reação ao barroco e uma forte tendência ao passadismo e à recuperação do clássico. Este período de dois séculos, portanto, será marcado por um ciclo de dúvidas e certezas a respeito da validade das idéias clássicas. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 17 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 2.4.3 Arquitetura Barroca O barroco surge no cenário artístico europeu em dois contextos bastante claros durante o século XVII: primeiramente havia a sensação de que, com o avanço científico representado pelo Renascimento, o classicismo, ainda que tivesse alavancado este progresso, não mais tinha condições de oferecer todas as respostas necessárias às dúvidas do Homem. O Universo não era mais o mesmo, o mundo havia se expandido e o indivíduo sentia querer experimentar um novo tipo de contato com o divino e o metafísico. As formas luxuriantes do barroco, seu espaço elíptico, definitivamente antieuclidiano, foram uma resposta a estas necessidades. O segundo contexto é o da Contra-Reforma promovida pela Igreja Católica. Com o avanço das igrejas protestantes, a antiga ordem romana cristã (que, em certo sentido, havia incentivado o advento do mundo renascentista) estava sendo suplantada por novas visões de mundo e novas atitudes perante o Sagrado. A Igreja sentiu a necessidade de renovar-se para não perder os fiéis, e viu na promoção de uma nova estética a chance de identificar-se neste novo mundo. As formas do barroco foram promovidas pela instituição em todo o mundo (especialmente nas colônias recém-descobertas), tornando-o o estilo católico, por excelência. Figura 13 – A ostentação formal nos espaços do barroco e do rococó 2.4.4 Arquitetura Neoclássica No fim do século XVIII e início do XIX, a Europa assistiu a um grande avanço tecnológico, resultado direto dos primeiros momentos da Revolução Industrial e da cultura iluminista. Foram descobertas novas possibilidades construtivas e estruturais, de forma que os antigos materiais (como a pedra e a madeira) passaram a ser substituídos gradativamente pelo concreto (betão) (e mais tarde pelo concreto armado) e pelo metal. Paralelamente, profundamente influenciados pelo contexto cultural do Iluminismo europeu, os arquitetos do século XVIII passaram a rejeitar a religiosidade intensa da estética anterior e o exagero luxuriante do barroco. Buscava-se uma síntese espacial e formal mais Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 18 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A renovação estética proposta pelas vanguardas (especialmente pelo cubismo, peloneoplasticismo, pelo construtivismo e pela abstração) no campo das artes plásticas abre o caminho para uma aceitação mais natural das propostas dos novos pensamentos arquitetônicos, baseados na crença em uma sociedade regulada pela indústria, na qual a máquina surge como um elemento absolutamente integrado à vida humana e no qual a natureza está não só dominada como também se propõem novas realidades diversas da natural. De uma forma geral, as novas teorias que se discutem a respeito da arte e do papel do artista vêem na indústria (e na sociedade industrial como um todo) a manifestação máxima de todo o trabalho artístico: artificial, racional, preciso, enfim, moderno. A idéia de modernidade surge como um ideário ligado a uma nova sociedade, composta por indivíduos formados por um novo tipo de educação estética, gozando de novas relações sociais, na qual as desigualdades foram superadas pela neutralidade da razão. Este conjunto de idéias vê na arquitetura a síntese de todas as artes, visto que é ela quem define e dá lugar aos acontecimentos da vida cotidiana. Sendo assim, o campo da arquitetura abarca todo o ambiente habitável, desde os utensílios de uso doméstico até toda a cidade: para a arte moderna, não existe mais a questão artes aplicadas x artes maiores (todas elas estão integradas em um mesmo ambiente de vida). A arquitetura moderna será, portanto, caracterizada por um forte discurso social e estético de renovação do ambiente de vida do homem contemporâneo. Este ideário é formalizado com a fundação e evolução da escola alemã Bauhaus: dela saem os principais nomes desta arquitetura. A busca de uma nova sociedade, naturalmente moderna, era entendida como universal: desta maneira, a arquitetura influenciada pela Bauhaus se caracterizou como um algo considerado internacional (daí a corrente de pensamento associada a ela ser chamadainternational style, título vindo de uma exposição promovida no MoMA de Nova Iorque). Figura 16 - Ville Savoye- Casa em Poissy, França - Le Corbusier - 1928-1929 2.5.3 Arquitetura Contemporânea Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 21 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional A arquitetura praticada nas últimas décadas tem se caracterizado, de uma forma geral, como reação às propostas da arquitetura moderna: ora os arquitetos atuais relêem os valores modernos e propõem novas concepções estéticas (o que eventualmente se caracterizará como uma atitude dita "neomoderna"); ora eles propõem projetos de mundo radicalmente novos, procurando apresentar projetos que, eles próprios, sejam paradigmas antimodernistas, conscientemente desrespeitando os criticados dogmas do modernismo. As primeiras reações negativas à acusada excessiva dogmatização que a arquitetura moderna propôs no início do século surgiram, de uma forma sistêmica e rigorosa, por volta da década de 1970, tendo em nomes como Aldo Rossi e Robert Venturi seus principais expoentes (embora teóricos como Jane Jacobs tenham promovido críticas intensas, porém isoladas, à visão de mundo do modernismo já nos anos 1950, especialmente no campo do urbanismo). A crítica antimodernista, que em um primeiro momento se restringiu à especulação de ordem teórico-acadêmica logo ganhou experiências práticas. Estes primeiros projetos estão de uma forma geral ligados à idéia da revitalização do "referencial histórico", colocando explicitamente em cheque os valores anti-historicistas do modernismo. Durante a década de 1980 a revisão do espaço moderno evoluiu para a sua total desconstrução, a partir de estudos influenciados (especialmente) por correntes filosóficas como o desconstrutivismo. Apesar de altamente criticada, esta linha de pensamento estético também se manteve restrita aos estudos teóricos e, na década de 1990, seduziram o grande público e se tornaram sinônimo de uma "arquitetura de vanguarda". Nomes como Rem Koolhaas, Peter Eisenman e Zaha Hadid estão ligados a este movimento. O arquiteto norte-americano Frank Gehry, apesar de ser apontado pela grande mídia como arquiteto desconstrutivo, tem sua obra criticada pelos próprios membros do movimento. Figura 17 – Casa contemporânea Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 22 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 3. ARQUITETURA BRASILEIRA A arquitetura do Brasil, desenvolvida através dos séculos desde o início de sua colonização, foi diretamente influenciada pelos diversos povos que formam o povo brasileiro e pelos diversos estilos arquitetônicos vindos do exterior. A história da arquitetura brasileira é restrita aos cinco séculos após a descoberta, pois o período pré-cabralino não temos como reconstituir. 3.1 Arquitetura indígena A arquitetura indígena é baseada nas convicções mágicas que tinham tanto para a moradia quanto para o conjunto urbano. A disposição geométrica de uma aldeia visa funcionalidade, mas também é orientada pelo gosto. Uma aldeia circular, com orientação norte-sul, tendo como eixo a casa central servindo de passagem e como espaço de reuniões, seu conceito é a “aldeia do além”: assim, o arco da existência supera o tempo e o trânsito terreno em função do infinito. Esta filosofia governa os atos de viver, as expressões plásticas e mais ainda a poesia, compondo uma cultura bem definida. Figura 18 – Aldeia Kuikuro 3.2 Séculos XVI e XVII No Brasil de 1500 foram encontradas construções autóctones, que não serviram de inspiração para as novas construções religiosas. Mas elementos indígenas e algumas técnicas construtivas foram encontrados em objetos de ornamentação, como na mesa de comunhão da capela colonial de São Miguel Paulista (1622). Padroado: “direito de conquista” – acordo entre Portugal e a Ordem de Cristo. Estas instituições estabelecem o “padrão” das armas reais e a cruz ligadas entre si, e também condicionou a construção de igrejas e conventos. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 23 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Da primeira fase podem-se citar alguns exemplos no Mosteiro de São Bento no Rio de Janeiro, na Igreja de Nossa Senhora do Desterro (Olinda), na Catedral de Salvador, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Goiânia). Já em transição para um estilo mais rebuscado é a exemplar Igreja de São Francisco de Salvador, cujo interior é um dos mais ricos em talha em todo o país. Em João Pessoa os franciscanos deixaram o primeiro templo puramente barroco, em seu Convento e Igreja. Da segunda fase, cujo final já é rococó, temos magníficos exemplos em várias partes do Brasil, especialmente em Salvador, Recife e no estado de Minas Gerais, onde brilhou o arquiteto e escultorAleijadinho, oferecendo soluções originais como plantas em elipse, fachadas curvas e torres circulares. Alguns templos barrocos de grande significado são: ❧ No Recife: a Igreja de Santo Antônio, a Basílica de Nossa Senhora do Carmo, cuja fachada é discreta mas cujo interior tem uma das mais exuberantes decorações rococós do país, a Matriz de Santo Antônio, igualmente com esplêndida talha nos altares. ❧ Em Salvador: Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. ❧ Em Minas Gerais: a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a Matriz de Nossa Senhora do Pilar, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo e a originalíssima Igreja de São Francisco, talvez a obra máxima de Aleijadinho, todas estas em Ouro Preto. Diversas outras cidades mineiras possuem exemplares significativos de arquitetura rococó, entre elas Sabará, Serro, Mariana, e sobretudo Congonhas, onde existe o grande complexo arquitetônico do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos. ❧ No Rio de Janeiro: Igreja do Carmo, e a discreta mas mui graciosa Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro. Na arquitetura civil o barroco deixou relativamente poucos edifícios de maior vulto. As residências se caracterizam por apresentarem fachadas de um ou dois pavimentos (em alguns centros importantes como Salvador e São Luís podendo chegar a quatro pavimentos), com aberturas simples em arco abatido ou retangulares, emolduradas em madeira, mais raramente em pedra, e um telhado igualmente simples com beiral, às vezes com alguma ornamentação discreta como uma suave curvatura e telhas em bico nos cantos do telhado e sacadas com gradis de ferro trabalhado. Famílias ricas podiam construir solares mais amplos e ornamentados, com azulejos na fachada, arcadas e alguma estatuária decorativa, como exemplificam o Palácio do Conde dos Arcos e do Solar do Saldanha em Salvador. Também nas fazendas do interior sobrevivem alguns casarões senhoriais de grande interesse, alguns de grandes dimensões, como a casa-grande do Engenho da Freguesia, no Recôncavo Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 26 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Baiano, embora sua arquitetura em linhas gerais seja bastante simples, com um prédio principal de residência do proprietário e outros anexos para a senzala, depósitos de ferramentas e alimentos, abrigos para animais e casinhas para os lavradores. Caso singular em um gênero diverso é o Aqueduto da carioca, uma grande obra civil para condução de água erguido entre os séculos XVII e XVIII, localizada no Rio de Janeiro, com 270 m de extensão e 17 m de altura. Dos prédios oficiais poucos sobreviveram sem alterações. Um dos mais significativos é a antiga Casa da Câmara e Cadeia de Ouro Preto, hoje o Museu da Inconfidência, com uma rica fachada onde há um pórtico com colunas, escadaria de acesso, uma torre, estátuas ornamentais e estrutura em cantaria. Também importante é o Paço Imperial no Rio, antiga residência da família real. Cidades como Salvador, Olinda, São Luís no Maranhão, Goiás Velho, e diversas em Minas Gerais, notadamente Ouro Preto e Diamantina, ainda preservam numerosos exemplares de arquitetura civil e religiosa típicas do barroco colonial em seus centros históricos, que foram declarados Patrimônio Mundial pela UNESCO em vista de sua importância histórica e arquitetônica. Figura 20 – Igreja de São Francisco em Ouro Preto 3.4 O século XIX e a transição para o século XX 3.4.1 Neoclassicismo O Neoclassicismo é reputado como tendo sido oficialmente introduzido no Brasil pela Missão Francesa de 1816, embora elementospalladianos possam ser notados desde o século anterior no norte do país com a atuação do arquiteto Antônio José Landi, autor dentre outras obras da Catedral Metropolitana de Belém, datada de 1755, e traços neoclássicos já estão presentes nas obras arquitetônicas doMestre Valentim, atuando no Rio. Contudo, é certo que a Missão desempenhou um papel crucial na difusão dos Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 27 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional ideais neoclássicos a partir da capital, incentivada pela necessidade de se reorganizar a planta urbana do Rio após a chegada da família real portuguesa. A Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios fundada sob influência dos franceses incluía um curso completo de arquitetura, passando a ser ministrado efetivamente em 1826 na Aula de Arquitetura Civil por Grandjean de Montigny, sendo, depois da Aula de Fortificações de Salvador e da Real Academia de Artilharia Fortificação e Desenho do Rio de Janeiro, a terceira escola regular de ensino arquitetônico a ser fundada no Brasil. O próprio projeto do edifício-sede era uma expressão pura do neoclássico francês em seu desenho, com fachada simétrica e um grande portal centralizado em ordem jônica, mas infelizmente apenas este elemento sobreviveu até nossos dias, instalado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Mesmo tendo a Missão Francesa esta função de divisor de águas na história da arquitetura brasileira, seria ingênuo supor que a herança anterior deixasse subitamente de influir na técnica e na estética das construções desta primeira metade do século XIX, especialmente em locais afastados da corte carioca. De qualquer forma o barroco colonial iria gradualmente extinguindo sua presença e a corrente neoclássica ganharia predominância, com um centro difusor principal, o Rio de Janeiro, onde o estilo oficial seria basicamente uma importação na íntegra de referenciais estrangeiros, incluindo os materiais de construção e os artífices, e o interior do país, onde as circunstâncias geográficas, sociais e econômicas obrigaram à criação de um estilo simplificado, provinciano e superficial. Evidenciando o processo artificial de evolução representado pela imposição súbita do neoclassicismo, o estilo se caracterizou pela repetição exaustiva de números limitados de fórmulas, predominando a demarcação de um pórtico central com frontão triangular sustentado por colunas clássicas, que às vezes se aplicavam a toda a extensão da fachada sob forma de pilastras, e mesmo em casos adotando um esquema de peristilo. Não obstante seu debatido mérito, o neoclassicismo deixaria diversos exemplos significativos em vários pontos do Brasil. Pode-se citar o Palácio Real da Quinta da Boa Vista e a Santa Casa de Misericórdia no Rio, o Teatro de Santa Isabel em Recife, o antigo Palácio de Verão de Dom Pedro II, hoje o Museu Imperial emPetrópolis, o Theatro da Paz em Belém do Pará e o Palácio dos Leões em São Luís do Maranhão. Ainda com um perfil neoclássico mas já apontando para o ecletismo que viria a seguir é o majestoso Museu do Ipirangaem São Paulo. Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 28 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Figura 23 – Catedral de São Paulo 3.5 Século XX Já no começo do século, o Art Nouveau e o Art Deco aparecem de forma restrita, principalmente em São Paulo, e seu expoente máximo é Victor Dubugras, que faleceu em 1934. A Semana de Arte Moderna de 1922 e a sequente revolução de 1930 são a alavanca da arquitetura moderna no Brasil. Já em 1925 o arquiteto Gregori Warchavchik publicou seu Manifesto da Arquitetura Funcional. É interessante notar que a Casa Modernista que Warchavchik construiu em São Paulo, em 1928, é anterior à construção da Casa das Rosas, da Av. Paulista. Le Corbusier, arquiteto modernista francês, visitou o Brasil pela primeira vez em 1929 e realizou conferências no Rio e em São Paulo; chegou a propor um plano de urbanização para o Rio de Janeiro que não foi executado. Provavelmente o seria, não fosse a Revolução que colocou Getúlio Vargas no poder e Júlio Prestes no exílio. Mas a revolução traz vantagens para a arquitetura: Lúcio Costa torna-se diretor da Escola Nacional de Belas Artes, para onde chama Warchavchik. Por motivos políticos, sua gestão não dura um ano, mas não sem frutos. Cedo uma nova geração de arquitetos surgia: Luiz Nunes, os irmãos M.M.M. Roberto, Aldo Garcia Roza, entre outros. Em 1935, é realizado o concurso para o prédio do Ministério da Educação no Rio de Janeiro, cujo primeiro prêmio foi para um projeto puramente acadêmico; porém, por decisão do Ministro Gustavo Capanema, o projeto passa para as mãos de Lúcio Costa, que reúne uma equipe com outros concorrentes, entre eles Oscar Niemeyer. Le Corbusier faz nova visita ao Brasil para opinar sobre o projeto do concurso e também para discutir o projeto da Cidade Universitária do Rio de Janeiro. Lúcio Costa deixou, em 1939, a chefia da equipe que construía o Ministério da Educação e em seu lugar assume Oscar Niemeyer, no início de uma carreira brilhante, que tem seu apogeu juntamente com Lúcio Costa, com a construção de Brasília, vinte anos mais tarde. No mesmo ano de 1939, acontece a Exposição Internacional de Nova York, onde o Pavilhão do Brasil, obra de Lúcio e Oscar, causa furor. A arquitetura brasileira dá sinais de vida mundialmente. Niemeyer constrói o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte durante a prefeitura de Juscelino Kubitschek, que depois o leva para Brasília, onde realizará um conjunto de obras notáveis juntamente com o plano geral de Lúcio Costa. Oscar Niemeyer também esteve à frente da equipe que construiu o parque do Ibirapuera em São Paulo entre 1951 e 1955. No Ibirapuera, o paisagismo é de Roberto Burle Marx, que tem vasta obra a ser apreciada e é o maior expoente dessa arte no país. Em 1954, foi construído o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de Affonso Eduardo Reidy. Outro arquiteto modernista de grande importância é Villanova Artigas, autor, entre outras obras, da Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 31 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Artigas, que esteve exilado por causa do regime militar, quando retornou ao Brasil, viu-se obrigado a fazer uma prova de admissão para poder lecionar na faculdade que ele mesmo projetara, prova que ficou registrada em forma de livro. Não é possível, neste breve esforço, abranger toda a produção arquitetônica contemporânea, porém não podemos deixar de citar aqui a grande obra de Lina Bo Bardi, mulher de Pietro Maria Bardi, autora de projetos como o do SESC Pompéia, em São Paulo ou o do MASP (Museu de Arte de São Paulo), cuja arrojada estrutura foi uma imposição do terreno. O projeto deveria conservar o antigo belvedere, e a solução encontrada por Lina foi construir um prédio sustentado apenas por quatro pilares nas extremidades do terreno, uma vez que o túnel da Av. 9 de julho, que passa por baixo do terreno, não permitia outra conformação. O resultado é uma grande caixa de vidro suspensa, envolta em dois pórticos, formados pelos pilares somados às vigas de sustentação da cobertura. Seu vão livre, de setenta e dois metros em concreto protendido, é uma aventura a ser apreciada. Figura 24 – Elevador Lacerdaem Salvador Figura 25 – Palácio do Planalto em Brasília Desenho de Construção Civil - História da Arquitetura e Urbanismo 32 Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional 4. BIBLIOGRAFIA BENEVOLO, Leonardo. História da arquitetura moderna. São Paulo: Editora Perspectiva, 2001. BORTOR, Heloisa. Arquitetura Babilônica. Escola Profissionalizante (ESSEI), 2011. SMOLAREK DIAS, Solange Irene. Apostila de estudos: História da Arquitetura e do Urbanismo I. Curso de Arquitetura e Urbanismo (CAU) – FAG, 2008. STRICKLAND, Carol. Arquitetura comentada: Uma breve viagem pela história da arquitetura. São Paulo: Ediouro, 2003 http://pt.wikipedia.org/wiki/História_da_Arquitetura. Acesso em: 12 de agosto de 2011. http://pt.wikipedia.org/wiki/Arquitetura_do_Brasil. Acesso em: 13 de agosto de 2011. http://www.coladaweb.com/artes/arquitetura/arquitetura-brasileira. 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