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Desenvolvimento Embriológico Humano: Primeira Semana até Metade da Terceira Semana, Resumos de Biologia

Uma descrição detalhada do desenvolvimento humano durante a primeira semana até metade da terceira semana, conhecido como período pré-embrionário. O texto aborda a divisão dos blastômeros, formação do blastocisto, formação dos discos embrionários bilaminar e trilaminar, diferenciação do embrioblasto e do trofoblasto, e a formação da notocorda. O documento também inclui representações esquemáticas para melhor compreensão do processo.

Tipologia: Resumos

2023

Compartilhado em 19/04/2024

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bianca-grimaldi 🇧🇷

Pré-visualização parcial do texto

Baixe Desenvolvimento Embriológico Humano: Primeira Semana até Metade da Terceira Semana e outras Resumos em PDF para Biologia, somente na Docsity! Embriologia Humana Apresentação ....................................................................................... 9 1. A Embriologia ao longo da história: grandes nomes e métodos de estudo .................................................................... 11 Introdução ........................................................................................................................15 1.1 Grandes nomes da Embriologia .............................................................................15 1.2 Termos de orientação anatômica e planos corporais utilizados para o estudo de embriões e fetos ..................................................................... 19 Resumo .............................................................................................................................. 22 Referências ....................................................................................................................... 23 2. Dos gametas ao zigoto ................................................................. 25 Introdução ........................................................................................................................ 27 2.1 Desenvolvimento do sistema reprodutor masculino e feminino.................. 28 2.1.1 Diferenciação dos testículos ...................................................................... 30 2.1.2 Diferenciação dos ovários ......................................................................... 34 2.2 Os ciclos reprodutivos ............................................................................................. 34 2.2.1 A fecundação humana ...............................................................................38 2.2.2 Métodos Contraceptivos ........................................................................... 44 Resumo .............................................................................................................................. 47 Referências ...................................................................................................................... 48 3. Do zigoto ao disco trilaminar ...................................................... 51 Introdução ........................................................................................................................ 53 3.1 Do zigoto à mórula ................................................................................................... 56 3.2 Formação do blastocisto ........................................................................................ 57 3.3. Diferenciação do trofoblasto e implantação .................................................... 60 Sumário 3.4 Diferenciação do embrioblasto e organização das vesículas amniótica e vitelínica ........................................................................... 65 3.5 Gastrulação e formação dos folhetos embrionários ........................................ 68 Resumo ...............................................................................................................................74 Referências ....................................................................................................................... 75 4. O embrião ...................................................................................... 77 4.1 Características gerais dos embriões ..................................................................... 79 4.2 Dobramentos do corpo do embrião .................................................................... 79 4.3 Morfogênese e organogênese .............................................................................. 84 Resumo .............................................................................................................................. 86 Referências ....................................................................................................................... 86 5. Diferenciação dos folhetos embrionários durante a formação inicial dos sistemas orgânicos ................................. 89 Introdução ........................................................................................................................ 91 5.1 Diferenciação dos folhetos embrionários ........................................................... 91 5.2 Interação dos folhetos embrionários .................................................................. 95 5.3 Mecanismos celulares inerentes ao desenvolvimento .................................... 96 Resumo ............................................................................................................................100 Referências ..................................................................................................................... 100 6. O feto ............................................................................................103 6.1 Características gerais do feto ............................................................................... 105 6.2 O crescimento fetal ................................................................................................ 106 6.2.1 Fatores que influenciam o crescimento fetal ....................................... 111 6.3 Avaliação fetal ..........................................................................................................113 Resumo .............................................................................................................................116 Referências ......................................................................................................................116 7. Desenvolvimento do sistema nervoso .....................................119 Introdução ...................................................................................................................... 121 7.1 Neurulação e formação do tubo neural............................................................. 121 7.2 Formação da medula espinhal ........................................................................... 125 7.3 Formação do encéfalo ........................................................................................... 129 Resumo ............................................................................................................................ 135 Referências ..................................................................................................................... 136 8. Desenvolvimento do sistema cardiovascular ..........................139 Introdução ...................................................................................................................... 141 8.1 Formação dos vasos sanguíneos ........................................................................ 142 8.2 Formação do coração ............................................................................................ 145 8.2.1 Septação do coração .................................................................................149 Resumo ............................................................................................................................ 152 Referências ..................................................................................................................... 154 9. Desenvolvimento do sistema digestório ..................................157 9 Formação do intestino ............................................................................................. 159 9.1 Intestino primitivo anterior ..........................................................................161 9.2 Intestino primitivo médio ..................................................................................... 165 9.3 Intestino primitivo posterior ................................................................................ 167 10. Membranas fetais e placenta ..................................................163 Introdução ...................................................................................................................... 165 10.1 Membranas fetais ................................................................................................. 165 10.1.1 Âmnio ......................................................................................................... 165 10.1.2 Vesícula vitelínica .................................................................................... 168 10.1.3 Alantoide ....................................................................................................169 10.2 Placenta .................................................................................................................. 169 10.3 Cordão umbilical .................................................................................................. 173 10.4 Membranas fetais em gêmeos ...........................................................................174 Resumo ............................................................................................................................ 176 Referências ..................................................................................................................... 176 11. Erros do desenvolvimento .......................................................179 Introdução ..................................................................................................................... 181 11.1 Defeitos congênitos ou anomalias congênitas .............................................. 182 11.2 Causas das anomalias congênitas .................................................................... 183 11.2.1 Períodos críticos ....................................................................................... 186 11.2.2 Categorias de anomalias congênitas ................................................. 186 Resumo ............................................................................................................................ 190 Referências ..................................................................................................................... 191 h — 1) ml | a Ou « (q 15A Embriologia ao longo da história Introdução A formação do embrião sempre fascinou os homens, que em diferentes momentos demonstraram curiosidade em saber de sua origem, tanto da espécie como do processo formador do indivíduo. Desde os tempos remotos, o desenvolvimento dos seres vivos tem sido um importante foco da ciência e, através de toda a história humana, os indivíduos têm sido estimulados a procurar as causas desse acontecimento tão especial e, ao mesmo tempo, tão comum. 1.1 Grandes nomes da Embriologia Para compreendermos um pouco melhor a Embriologia, va- mos apresentar parte da trajetória de naturalistas e cientistas que se dedicaram a estudar, na natureza ou em laboratório, ovos e embriões de diferentes espécies, construindo assim a história da Embriologia. O filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) já propunha algumas des- crições do desenvolvimento embrionário e dos mecanismos que poderiam explicar esses fenômenos. Também os hieróglifos de Kom Ombo descreviam os estágios da vida intrauterina tais como os antigos os imaginavam. Ao longo das décadas, a Embriologia tem sido uma ciência descritiva, em que os diferentes autores anali- sam os estágios sucessivos do desenvolvimento e tentam encontrar explicações que fundamentem a passagem de um estágio para o Hieróglifos são representações gráficas que correspondiam à forma escrita de civilizações antigas, como a egípcia. Kom Ombo é uma cidade do Egito, localizada na margem direita do Rio Nilo. 16 Embriologia Humana outro, ou mesmo esclarecer eventos isolados relacionados tanto ao processo de reprodução quanto ao desenvolvimento embrionário. A maioria dos termos embriológicos origina-se do latim (lat.) ou do grego (gr.). A compreensão da origem dos termos colabo- ra, com frequência, para a sua memorização e consequentemen- te para a interpretação dos eventos do desenvolvimento. O termo embrioblasto é um bom exemplo disso, pois o prefixo embryo sig- nifica “embrião”, e o sufixo blasto significa “célula jovem”. Outro exemplo é a palavra zigoto, a qual deriva da palavra grega zygotos, que significa “união”, indicando que o espermatozoide e o ovócito se uniram para formar uma nova célula, o zigoto. A seguir, apresentaremos alguns estudos ou descobertas ao longo dos tempos que contribuíram de forma significativa à com- preensão da Embriologia e que, sem dúvida, devem ser sempre referenciados pelo seu valor histórico e científico, além da sua im- portância para o avanço do conhecimento na área de reprodução e desenvolvimento humano. Aristóteles é considerado o “pai da Embriologia”, pois era um observador dos seres vivos no seu meio e, quando não podia observá-los, interrogava os pescadores, caçadores, pastores e a partir disso fazia então seus relatos. Através de suas observações, foram reconhecidas pela primeira vez as mudanças que ocorrem diariamente nos ovos embrionados de galinha. Ao longo de toda a Idade Média, o conhecimento científico pouco avançou, seja pela influência da religião na ciência ou mesmo pela dificuldade de observação das estruturas, considerando-se a limitação de equipamentos de laboratório. No século XVII a ciência fez consideráveis progressos devido a um novo olhar dos sábios perante a investigação científica e ao aperfeiçoamento dos meios técnicos de investigação, como a invenção do microscópio. Porém, nesse período era ignorado o papel dos ovários e desconhecidos os espermatozoides e a fecundação. Acreditava-se na existência de uma semente-fêmea, que, misturada ao esperma no útero materno, originaria um composto de onde provinha o feto. Essa ideia ficou conhecida como a Teoria da Semente Dupla. 17A Embriologia ao longo da história Na segunda metade do século XVII, surge a Teoria do Ovismo, ou do Sistema de Ovos, em que o ovo era o elemento reprodutor e a participação do macho ocorria através da emissão de um vapor do esperma, chamado de aura seminalis. • Harvey (1651): estudou o desenvolvimento do ovo de galinha e a formação inicial do feto dos mamíferos. Sacrificava fêmeas após o acasalamento e dissecava o aparelho reprodutor para a observação do feto. • Sténon (1638-1686): demonstrou que os ovos dos mamíferos provinham do ovário, chamado de testículo-fêmea, e se desen- volviam no útero. • De Graaf (1641-1673): descreveu os folículos ovarianos em mamíferos. Estabeleceu a relação entre ovário–útero com os primeiros estádios do desenvolvimento do embrião. Apesar das descobertas acima citadas, somando-se à observação de espermatozoides em vários grupos de vertebrados e invertebrados realizada por Hamm em 1677, ainda prevalecia no meio científico, até o século XVII, a ideia de que existia uma miniatura de embrião no gameta masculino, que era a base da Teoria da Pré-formação. Admitia-se que a miniatura do feto aumentava após a penetração do espermatozoide no gameta feminino. Os autores atribuíam ao espermatozoide o papel determinante na formação do feto, ou seja, o feto estaria pré-formado dentro do espermatozoide. A concepção dessa ideia foi defendida principalmente por Leeuwenhoeck (1677) e Hartsoeker (1694) através da representação do Homunculus (Figura 1.1). Spallanzani (1729-1799) fez investigações a respeito do processo de fecundação em rãs e precisou que neste grupo ocorria a fecundação externa e que os ovos retirados do ovário não se desenvolviam espontaneamente. Seu experimento consistia em recolher, no momento do acasalamento das rãs, o que denominava de semente-macho, depositando-a sobre ovos virgens. Este pode ser considerado como um dos estudos primordiais de inseminação artificial (1777). Apesar de sua grande contribuição à Embriologia, Figura 1.1- Representação do homúnculo. Esperma- tozoide contendo uma miniatura de ser humano no seu interior (Adaptado de: MOORE, 1984). 20 Embriologia Humana hoje apresenta um grande valor histórico, considerando a riqueza de detalhes que apresenta (Figura 1.3). Figura 1.3 - Obras de Leonardo da Vinci, mostrando fetos em úteros abertos. Biblioteca Real de Windsor, Inglaterra (Fonte: <www.metrocamp.com.br/pesquisa>). O primeiro cientista a estudar o embrião humano de modo siste- mático, tendo estabelecido as bases para a reconstrução tridimen- sional de um embrião a partir de cortes histológicos, foi Wilhelm His (1831-1904). Outro fato importante foi o trabalho desenvol- vido pelos pesquisadores Hertig e Rock na década de 1940, que estudaram e obtiveram imagens de embriões humanos em fases iniciais de desenvolvimento (Figura 1.4). Camada de células mais internas Camada de células mais externas Corpúsculo polar 0,1 mm Zona pelúciada Blastocele Embrioblasto Blastocele Trofloblasto A B Figura 1.4 - Micrografias de blastocistos humanos recolhidos da cavidade uterina com quatro dias de desenvolvimento em (A) e quatro dias e meio em (B) (Adaptado de: MOORE, 1984). 21A Embriologia ao longo da história O pesquisador L. Streeter lançou no período de 1942-1948 as bases do sistema de estagiamento de embriões humanos usado atualmente, e que foi completado e revisado em 1973 e 1987 por O´Rahilly. Avanços recentes no campo da biologia molecular permitem a utilização de técnicas mais sofisticadas nas análises dos embriões. Também a histoquímica, a imuno-histoquímica e a microscopia eletrônica estão sendo cada vez mais usadas na Embriologia Hu- mana. Do mesmo modo, com o advento da fertilização in vitro nos anos 1970, também os estágios iniciais do desenvolvimento humano foram analisados através das técnicas acima citadas. O embrião e o feto vivos têm sido estudados no diagnóstico pré- natal através de métodos como a fetoscopia, o ultrassom, a amnio- centese e a amostragem de vilosidades coriônicas. Esses métodos serão apresentados de forma mais detalhada no capítulo 6, onde trataremos da avaliação fetal. Assim, estamos começando a com- preender como, quando e onde determinados genes são ativados e expressos no embrião durante o desenvolvimento normal e anor- mal e, consequentemente, há uma maior compreensão de todos os mecanismos envolvidos nas diferentes etapas do desenvolvimento humano. Ao longo da história, os homens analisaram atentamente os problemas que a biologia levanta e procuraram resolvê-los com os meios técnicos da sua época, opondo-se muitas vezes aos pontos de vista dos seus antecessores e anunciando ideias novas, gerado- ras de descobertas e de progressos luminosos. 1.2 Termos de orientação anatômica e planos corporais utilizados para o estudo de embriões e fetos A seguir, será feita uma breve explanação sobre os termos de orientação utilizados em Embriologia e sobre os métodos de estu- do que podem ser utilizados durante o ensino da Embriologia para auxiliar a compreensão dos eventos do desenvolvimento humano. O estagiamento de embriões consiste numa metodologia de estudo que utiliza características morfológicas e morfométricas para a definição das idades dos embriões. Em 2010, o prêmio No- bel de Medicina/Fisiolo- gia foi concedido ao cria- dor da técnica de fertili- zação in vitro, o pesqui- sador britânico Robert Edwards. Essa técnica foi estabelecida em 1978 e acredita-se que, até os dias atuais, cerca de 4 milhões de pessoas nas- ceram através da fertili- zação in vitro. 22 Embriologia Humana O pequeno tamanho do embrião e dos órgãos exige a utilização de uma nomenclatura apropriada e específica para a identificação e localização espacial e temporal de todas as estruturas embrio- nárias. Dessa forma, na anatomia e na Embriologia são utilizados vários termos para indicar a posição e a direção, assim como nas secções são feitas referências aos vários planos do corpo. Em Anatomia, todas as descrições do adulto supõem que o cor- po está em posição ereta, com os membros superiores posiciona- dos lateralmente e as palmas das mãos voltadas para frente (Figura 1.5). Contudo, termos de posição e direção, comumente usados na anatomia do adulto, não são adequados para as primeiras sema- nas do desenvolvimento. Nesse período os seguintes termos não somente são isentos de ambiguidade, mas também são aplicáveis a todos os embriões de vertebrados: • Rostral, cranial ou cefálico: significa mais próximo da extremi- dade “da frente”, que se considera como sendo a área da cabeça, anterior ou região óptica, de acordo com a idade do embrião. • Caudal ou inferior: significa mais próximo da extremidade in- ferior do corpo. • Ventral ou anterior: significa mais próximo da frente do corpo. • Dorsal ou posterior: significa mais próximo das costas das di- ferentes estruturas. • Proximal e distal: significam as distâncias do local de fixação de uma estrutura. Os termos anteriormente descritos também são utilizados para indicar os níveis relativos das diferentes estruturas. Nos embriões, cranial e caudal são utilizados para denotar as relações com a ca- beça e a cauda. Os planos do corpo são utilizados no estudo da Embriologia para orientação das estruturas corporais visualizadas em diferen- tes modos de secção (Figura 1.6): • Plano Mediano: é um plano imaginário de secção vertical que passa longitudinalmente pelo corpo dividindo-o em metades direita e esquerda. Os termos lateral e medial referem-se a es- truturas situadas mais distantes ou mais próximas do plano me- Superior Anterior Posterior Inferior Cranial Dorsal Ventral Caudal A B Figura 1.5 - Corpo humano (A) e embrião (B) em posição anatômica ilustrando os termos de posição e direção usuais em Embriologia (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). 25A Embriologia ao longo da história Referências HORDER T J. The organizer concept and modern embryology: Anglo-American perspectives. Int. J. Dev. Biol. n. 45, p. 97-132, 2001. MOORE, K. L. Embriologia clínica. São Paulo: Interamericana, 1984. 442 p. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 600 p. MÜLLER, W. A. Developmental biology. New York: Springer, 1997. 382 p. SCHOENWOLF, G. C.; BLEYL, S. B.; BRAUER, P. R.; FRANCIS- WEST, P. H. Larsen: embriologia humana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. 472 p. c a p ít u lo 2 c a p ít u lo 2 Dos gametas ao zigoto A leitura deste capítulo permitirá a você reconhecer os eventos relacionados à formação e diferenciação das gôna- das masculina e feminina (testículos e ovários) até que as mesmas atinjam a maturidade e iniciem a produção dos gametas.Você também conhecerá as características que di- ferenciam os gametas humanos masculinos dos femininos, e entenderá como ocorre o processo de fecundação até a for- mação do zigoto. 30 Embriologia Humana 2.1 Desenvolvimento do sistema reprodutor masculino e feminino Quando os meninos e as meninas nascem, apresentam o siste- ma reprodutor formado, estando presentes as gônadas e a geni- tália externa. Embora os testículos e ovários sejam reconhecíveis anatomicamente, estes ainda não apresentam condições morfoló- gicas e fisiológicas de produzir os gametas. Em todos os outros órgãos que você já estudou nas disciplinas de Anatomia Humana, Biologia Celular, Histologia e Embriologia, você viu que eles são formados por conjuntos de tipos celulares diferenciados a partir de uma população de células somáticas. Ao contrário, na formação dos testículos e ovários, além das células somáticas, é essencial que haja também outra população de cé- lulas, que são as germinativas. Essas células germinativas darão origem aos gametas. Você sabe a partir de quando os testículos e ovários começam a se formar? Na fecundação, ocorre a determinação cromossômica do sexo. No caso de ser um espermatozoide que contenha o cromossomo Y, o zigoto (XY) terá potencial para formar a estrutura dos testículos. Caso o espermatozoide contenha o cromossomo X, o zigoto (XX) terá potencial para formar os ovários. Embora o sexo dos embriões seja determinado geneticamente durante a fecundação, as gônadas começam a se formar entre a 5a e a 6a semana após a fecundação. Tanto os embriões masculinos como os femininos apresentam gô- nadas morfologicamente idênticas no início do desenvolvimento, denominadas gônadas indiferenciadas (Figura 2.2). Na gônada indiferenciada não é possível identificar se ela é tes- tículo ou ovário. São formadas por cordões sexuais primitivos, de- rivados das células somáticas e pelas células germinativas, as quais originarão espermatogônias ou ovogônias. A estrutura básica de um testículo é microscopicamente reco- nhecível nos embriões a partir da 7a semana de desenvolvimento intrauterino. Já a estrutura de um ovário só será reconhecida por volta da 8a ou 9a semana de desenvolvimento (Figura 2.3). Gônada Palavra que deriva do grego gónus, e que significa “origem”, “geração” e “procriação”. Esta palavra grega é a raiz da palavra gônada, que corresponde à glândula sexual, onde são produzidos os gametas e os hormônios sexuais masculinos ou femininos. A gônada masculina é o testículo e a feminina é o ovário. célula somática A palavra somática vem do grego sōmatikós, que significa “corpo”. Ou seja, célula que forma todos os tecidos, órgãos e sistemas orgânicos. células germinativa A palavra germinativa vem do latim gérmen, que significa “princípio” ou “origem”. Ou seja, célula que formará os gametas masculinos ou femininos. Portanto, são células presentes apenas nos testículos ou ovários. 31Dos gametas ao zigoto Cordões seminíferos Celoma intra-embrionário Células germinativas primordiais A B C Figura 2.2 – A gônada indiferenciada. (A) Representação esquemática destacando a presença de células germinativas (em azul) envoltas pelas células somáticas (em rosa), formando os cordões sexuais. (Adaptado de: <http://www.embryology.ch>). (B) Corte histológico evidenciando a organização geral dos cordões sexuais e (C) detalhe de um cordão sexual, evidenciando as células germinativas (cabeças de setas amarelas) e somáticas (cabeças de setas pretas) (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). XY Desenvolvimento dos testículos Presença de FDT Desenvolvimento dos ovários Ausência de FDT XX Rede testicular Septo Túbulo seminífero contendo células de sustentação (Sertoli) e espermatogônias Ducto do epidídimo derivado do ducto de Wolff Ducto de Müller em regressão Ducto de Müller Cordões sexuais em regressão Folículo ovariano em desenvolvimento Células intersticiais (Leydig) Túnica albugínea Ducto de Wolff em regresão Figura 2.3 – Esquema geral da diferenciação dos testículos e ovários. FDT, fator de determinação testicular (Adaptado de: KIERSZENBAUM, 2008). 32 Embriologia Humana Você sabe por que os testículos se diferenciam antes dos ovários? Porque se no momento da fecundação o espermatozoide pos- suir o cromossomo Y, o zigoto será XY. No cromossomo Y, há um gene SRY que codifica o fator de determinação testicular (FDT). Esse fator induz à diferenciação da gônada em testículo. No caso do zigoto ser XX, não há o gene SRY e, portanto, não há o FDT. Então, a gônada indiferenciada não tem um estímulo masculini- zante. A ausência desse estímulo leva à diferenciação em ovário, que ocorre sempre mais tardiamente do que a diferenciação em testículo. 2.1.1 Diferenciação dos testículos Nos embriões do sexo masculino, os cordões sexuais da gônada indiferenciada darão origem aos cordões seminíferos do testícu- lo (Figura 2.4). Os cordões seminíferos não apresentam lúmen e são formados pelas células germinativas (espermatogônias) e pe- las células somáticas (células de sustentação ou de Sertoli e por tecido conjuntivo de preenchimento). Entre os cordões seminífe- ros encontram-se apenas células somáticas, que são as células in- tersticiais ou de Leydig, fibroblastos (tecido conjuntivo) e os vasos sanguíneos. Célula de sustentação Célula de sustentação em divisão Célula germinativa A B tc g g m Figura 2.4 – Representação esquemática de um cordão seminífero mostrando as células germinativas, células de sustentação e tecido conjuntivo (tc) de preenchimento (A). Micrografia de testículo fetal mostrando os cordões seminíferos em corte transversal (B). Note no interior dos cordões a presença de poucas células germinativas volumosas (g) e de várias células de sustentação (setas pretas), algumas em divisão mitótica (m). Entre os cordões encontram-se as células intersticiais e fibroblastos. 35Dos gametas ao zigoto 3. na formação de novas proteínas na superfície da membrana do espermatozoide; 4. na aquisição de motilidade. O processo de maturação dura cerca de 12 dias, porém os esper- matozoides podem permanecer em torno de 90 dias nos túbulos do epidídimo até serem liberados ou reabsorvidos pelo organismo. Do seu local de armazenamento do epidídimo, os espermato- zoides são transportados para a uretra por contrações peristálticas da espessa musculatura que envolve o ducto deferente. Durante o trajeto no interior dos ductos do aparelho reprodutor masculino, os espermatozoides recebem as secreções produzidas pelas glân- dulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais. Vasos sanguíneos e nervos Túbulo seminífero Lóbulo Túnica albugínea Rede testicular Ducto eferente Túbulo reto Cauda do epidídimo Corpo do epidídimo Cabeça do epidídimo Figura 2.7 - Representação esquemática de um espermatozoide humano, constituído por cabeça (núcleo e acrossoma), peça intermediária (conjunto de mitocôndrias) e cauda (flagelo) (Adaptado de: ALBERTS et al., 2008). Figura 2.8 - Representação geral da organização anatômica do aparelho reprodutor masculino, destacando a continuidade do sistema de canais entre os túbulos seminíferos do testículo e os túbulos do epidídimo (Adaptado de: <www.waukesha.uwc.edu>). Peça intermediária Mitocôndrias Membrana plasmática Acrossoma Núcleo haploide Cabeça do espermatozoide CaudaFlagelo 10 µm 36 Embriologia Humana 2.1.2 Diferenciação dos ovários Nos embriões do sexo feminino, os cordões sexuais passam por uma reorganização durante a 7ª semana de gestação, que culmi- nará com a formação de aglomerados celulares isolados, os quais darão origem aos folículos ovarianos. Os folículos são formados pelas células somáticas e pela célula germinativa, que originará a ovogônia. Como já estudado em Histologia, as células somáticas dos folículos ovarianos são denominadas células foliculares. Nos meses subsequentes, as ovogônias crescem e formam os ovócitos primários. Durante o 7ª mês de gestação, todas as células germinativas femininas correspondem a ovócitos primários, orga- nizados em folículos primordiais (Figura 2.9). O ovário de uma menina recém-nascida apresenta de 700.000 a 2.000.000 folículos ovarianos. No início da puberdade, este núme- ro cai para cerca de 400.000. Estima-se que apenas 500 folículos cheguem à fase madura. Esta redução significativa no número de folículos ocorre por meio de um processo de regressão denomi- nada atresia folicular. Por volta dos 45 anos, a mulher apresenta poucos folículos ovarianos, iniciando o processo de menopausa. 2.2 Os ciclos reprodutivos A partir da puberdade, por ação hormonal, os folículos ovaria- nos passam a ser estimulados em períodos cíclicos, durante os cha- mados ciclos ovarianos (Figura 2.10). A cada ciclo ovariano, cerca de 9 a 12 folículos primordiais são hormonalmente estimulados. Como consequência, as células fo- liculares tornam-se cúbicas e começam a proliferar formando os folículos primários e secundários, como já estudados na disciplina de Histologia. Comumente na reprodução humana, a cada ciclo ovariano, apenas um folículo ovariano torna-se maduro e capaz de produzir o ovócito secundário, o qual será ovulado. Durante o ciclo ovariano, ocorre a produção de hormônios sexuais femininos (estrógeno e progesterona), que atuam direta- Células foliculares pavimentosas Ovócito primário Folículo primordial Figura 2.9 - Organização do ovário fetal evidenciando a região cortical, onde estão presentes os inúmeros folículos primordiais. As células foliculares desses folículos são achatadas e difíceis de serem visualizadas, pois, além do seu próprio formato, estão numa região do ovário onde há uma grande população de folículos, os quais se encontram muito próximos. 37Dos gametas ao zigoto Lâmina basal Células foliculares pavimentosas A zona pelúcida começa a se organizar Lâmina basal Camadas múltiplas de células foliculares Célula da teca A zona pelucida é composta por três glicoproteínas: ZP1, ZP2 e ZP3 Ovócito primário Zona pelúcida formada A zona pelúcida é produzida pelo ovócito primário Ovócito primário Folículo primordial Folículo primário (unilaminar) Folículo primário (multilaminar) Vaso sanguíneo Vaso sanguíneo da teca interna Teca externa Ovócito primário Corona radiata Corona radiata Zona pelúcida Teca interna Teca externa Antro Antro Cúmulo oóforo Folículo de De Graaf (ou folículo maduro) Figura 2.10 - (A) Esquemas de folículos ovarianos e cortes histológicos de ovário ilustrando os estágios de desenvolvimento folicular durante o ciclo reprodutivo. (B) Detalhe de um folículo ovariano maduro em esquema e em corte histológico (Adaptado de: KIERSZENBAUM, 2008). 40 Embriologia Humana As estruturas do folículo ovariano que permanecem no ovário após a ovulação darão origem ao corpo lúteo, como você já es- tudou na disciplina de Histologia. Você verá também que o cor- po lúteo será fundamental para a manutenção da integridade do endométrio, que é essencial para o processo de implantação e o início de uma gravidez. 2.2.1 A fecundação humana A fecundação humana corresponde a um processo coordenado de eventos para que o espermatozoide e o ovócito secundário se fundam formando uma nova célula, o zigoto. Contudo, são neces- sários alguns eventos preparatórios para que a fecundação ocorra: 1. Presença dos gametas no terço distal da tuba uterina em condi- ções de viabilidade. Para isso, é necessário que tenha ocorrido a inseminação e a ovulação. • Inseminação – cerca de 200 a 600 milhões de espermato- zoides são liberados em um volume de aproximadamente 3,5 ml de sêmen ejaculado. Os espermatozoides apresentam movimento ativo e deslocam-se a velocidade de cerca de 2 a 3 mm/seg. No ambiente ácido da vagina, os espermato- zoides deslocam-se mais lentamente, mas aumentam a sua velocidade no ambiente alcalino do útero. O tempo trans- corrido durante o trajeto entre o colo do útero e a região distal da tuba uterina pode variar de 2 a 7 horas, conforme as condições dos espermatozoides e do muco cervical (Fi- gura 2.13). Apenas 1% dos espermatozoides depositados na vagina penetra no colo do útero, sendo que destes, a grande maioria fica retida ao longo do trajeto entre o colo do útero e a região distal da tuba uterina e degeneram, sendo reab- sorvidos pelo trato genital feminino. Dessa forma, apenas cerca de 200 a 400 espermatozoides chegam ao local da fe- cundação. Os espermatozoides podem permanecer viáveis no aparelho reprodutor feminino, ou seja, com capacidade de fecundação, por cerca de 48 a 72 horas. Zigoto Também chamado de célula-ovo, consiste de uma célula diploide resultante da fusão do espermatozoide com o ovócito secundário. É considerada totipotente, pois contém todas as informações citoplasmáticas e nucleares para a construção de um novo organismo. 41Dos gametas ao zigoto • Ovulação: a cada ciclo ovariano, normalmente, um ovóci- to secundário é ovulado. O ovócito é transportado passiva- mente pelas contrações musculares e pelos movimentos dos cílios do epitélio de revestimento da tuba uterina. O ovóci- to secundário é geralmente fecundado até 12 horas após a ovulação. Útero Tuba uterina Vagina Período ovulatório Ovário Colo uterino Durante a ovulação: muco cervical (ação estrogênica) torna-se favorável à sobrevivência e capacitação dos espermatozoides. Período não-ovulatório Figura 2.13 - Ilustração das características do muco cervical durante os períodos não ovulatório e ovulatório (Adaptado de: <www.embryology.ch>). 42 Embriologia Humana 2. Os espermatozoides precisam ser capacitados para poder fecun- dar o ovócito. Os espermatozoides inseminados no canal vaginal irão se des- locar até a região da tuba uterina onde se encontra o ovócito secundário. Durante sua passagem pelo útero, os esperma- tozoides passam por um processo denominado capacitação. Esse processo consiste em uma série de eventos moleculares envolvidos na remoção de glicoproteínas e proteínas do plas- ma seminal que recobrem a membrana plasmática do esper- matozoide, permitindo assim a sua interação com o ovócito e a subsequente reação acrossômica (Figura 2.14). Estima-se que a capacitação dure cerca de 7 horas e que grande parte desse evento ocorra na tuba uterina. Durante a fecundação in vitro, a capacitação é feita através da incubação dos espermatozoides em um meio de cultura que simula a composição do fluido natural da tuba uterina. Uma vez que os eventos preparatórios à fecundação tenham sido bem-sucedidos, inicia-se o processo de fecundação em si, a partir da aproximação entre os gametas, o qual ocorre em etapas sucessivas (Figura 2.15). Dos 200 a 400 espermatozoides que che- gam ao local da fecundação, somente um deles irá fecundar o ovó- cito secundário. Espermograma O homem pode se submeter a um exame chamado espermograma, que avalia as condições dos esper- matozoides. Nesse exame são reconhecidas algu- mas condições de fertilidade masculina, como: • Normal: 100 milhões de espermatozoides/ml de sêmen; • Oligospermia: quantidade de espermatozoi- des inferior a 20 milhões/ml de sêmen; • Azoospermia: ausência de espermatozoides no sêmen; • Teratospermia: número de espermatozoides anormais superior a 40%. Para haver fertilidade potencial, pelo menos 50% dos espermatozoides devem ser móveis após 2 ho- ras e alguns devem estar móveis após 24 horas da ejaculação. A fertilidade masculina pode ainda ser influenciada pelo uso de medicamentos e drogas, distúrbios endócrinos, exposição a poluentes am- bientais, tabagismo ou obstrução de um ducto genital. 45Dos gametas ao zigoto • Fusão entre as membranas plasmáticas do espermatozoide e do ovócito secundário: após atravessar a zona pelúcida, o espermatozoide entra em contato com a membrana plasmática do ovócito. Após a reação acrossômica, a membrana interna do acrossoma recobre a região da cabeça do espermatozoi- de, que se fundirá com a membrana do ovócito (Figura 2.17). Como resultado da fusão entre as células masculina e femini- na, todo o conteúdo do espermatozoide passa a ser incorporado pelo citoplasma do ovócito secundário. Uma série de mudanças ocorre no interior do citoplasma do ovócito, entre elas uma onda de cálcio, que gera a liberação do conteúdo dos grânulos corticais do ovócito, que culminam com os dois tipos de bloqueio à polispermia, o rápido e o definitivo, já estuda- dos em Embriologia. Assim, como resultado da fecundação, tem-se: • término da meiose II do ovócito secundário; • fusão dos pró-núcleos masculino e femini- no, restabelecendo a diploidia e formando o zigoto; •variabilidade genética; •determinação cromossômica do sexo; •ativação metabólica do ovo e o início do desenvolvimento. Figura 2.17 - Representação esquemática da fusão das membranas do espermatozoide e do ovócito secundário. Note que a aproximação dos gametas ocorre pela região lateral da cabeça do espermatozoide (Adaptado de: GILBERT, 2000). Segmento equatorial do acrossoma Núcleo CentríoloMembrana interna do acrossoma Grânulos corticais (ovócito II) Mitocôndrias 46 Embriologia Humana Como saber se houve a fecundação? Duas das evidências da fecundação são o aumento do espaço perivitelínico e a organização dos pró-núcleos masculino e femi- nino (Figura 2.18). * * Figura 2.18 - Imagens do ovócito algumas horas após a fertilização. O asterisco aponta o espaço perivitelínico (A, B); e a seta (B), os pró-núcleos masculino e feminino (Adaptado de <http://www.advancedfertility.com>). 2.2.2 Métodos Contraceptivos A contracepção é o conjunto de ações, dispositivos ou medi- camentos empregados com o intuito de prevenir a gravidez. De acordo com o seu princípio de ação, os métodos contraceptivos são classificados em cinco grupos: (1) Métodos hormonais; (2) Métodos comportamentais; (3) Métodos de barreira; (4) Disposi- tivo intrauterino; (5) Métodos cirúrgicos. • Métodos hormonais – existe uma ampla variedade de méto- dos de contracepção hormonal que interferem no ciclo ovaria- no, impedindo a ovulação pela ação de hormônios sintéticos administrados por via oral, injetável, epidérmica ou dérmica. Para tal, são utilizadas combinações dos hormônios sexuais femininos estrógeno e progesterona. Atuam também na re- gularização dos ciclos reprodutivos, na diminuição da tensão pré-menstrual (TPM), na redução da intensidade das cólicas menstruais (dismenorreia) e na diminuição do fluxo menstru- al. Apresentam alta eficácia, de 98 a 99%. Os principais méto- dos hormonais são: 47Dos gametas ao zigoto a) Contraceptivos orais – devem ser administrados diariamen- te, preferencialmente no mesmo horário do dia, garantindo assim a manutenção dos níveis hormonais. O uso das pí- lulas deve seguir rigorosamente as indicações contidas no verso das cartelas, pois cada pílula contém quantidades es- pecíficas de estrógeno e progesterona, de acordo com o pe- ríodo do ciclo reprodutivo. Existem também as chamadas minipílulas, que contêm apenas progesterona, e são utiliza- das principalmente por mulheres que estão amamentando ou que apresentam contraindicações ao uso de estrógeno. b) Contraceptivos injetáveis – podem ser utilizados mensal ou trimestralmente. São de fácil uso, pois a mulher não precisa lembrar todos os dias de tomar a pílula. O uso prolongado de hormônios injetáveis pode provocar menstruação irre- gular, contudo, sob supervisão médica, pode ser utilizado para impedir a ocorrência da menstruação. c) Implantes – cápsulas ou bastões contendo hormônios, im- plantados pelo médico sob a pele, sendo mantidos funcio- nais por até 3 anos. d) Adesivos – são aplicados sobre a pele e devem ser trocados semanalmente durante 3 semanas. Faz-se uma pausa de uma semana, quando ocorrerá a menstruação, e reinicia-se o seu uso. • Métodos comportamentais – são baseados no conhecimento de que é necessário impedir o encontro dos gametas e, assim, evitar a gravidez. Não utilizam dispositivos ou medicamentos. Diferentes comportamentos são adotados principalmente pe- las mulheres na tentativa de identificar o período ovulatório através de características, como o ligeiro aumento da tempera- tura basal e as mudanças na fluidez do muco cervical, resultan- tes principalmente da ação dos hormônios durante o ciclo re- produtivo. Esses métodos, para ter alguma eficácia, requerem a alteração do comportamento sexual do casal. É importante sa- lientar que o uso frequente desse método exige que o ciclos re- produtivos sejam muito regulares, para que se possa identificar com segurança o período ovulatório, conhecido popularmen- 50 Embriologia Humana pelas células germinativas, as quais originarão espermatogônias ou ovogônias. Ao nascer, meninos e meninas, apresentam testícu- los e ovários reconhecíveis, porém imaturos. A maturidade sexual é atingida na puberdade, quando as gônadas passam a produzir gametas (espermatozoides e ovócitos secundários). Os gametas são células haploides que irão se fundir durante o processo de fe- cundação para formar a célula-ovo, ou zigoto. Com a formação do zigoto, restabelece-se a diploidia celular e tem início o desen- volvimento humano, que será o foco dos próximos capítulos des- te Livro. Com base nos conhecimentos referentes à produção de gametas, ao seu controle hormonal e às exigências celulares para que a fecundação ocorra, pode-se tanto favorecer o processo de fecundação para uma gravidez desejada como impedir esse pro- cesso através do uso de métodos contraceptivos. Referências ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J.; RAFF, M.; ROBERTS, K.; WATSON, J. D. The molecular biology of the cell. London: Garland Science, 2008. 1268 p. GILBERT, S. F. Developmental biology. Sunderland, USA: Sinauer, 2000. 749 p. KIERSZENBAUM, A. L. Histologia e biologia celular. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 677 p. MELO, N. R.; PEREIRA-FILHO, A. S. Anticoncepção. São Paulo: FEBRASGO, 1997. 127 p. MOREIRA. M. A. Compêndio de reprodução humana. Rio de Janeiro: Revinter, 2002. 523 p. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier. 2008. 600 p. SPEROFF, L; DARNEY, P. D. Contracepção. Rio de Janeiro: Revinter, 1996. 278 p. c a p ít u lo 3 55Do zigoto ao disco trilaminar Introdução No processo de fecundação, o encontro dos gametas masculino e feminino resulta na formação de uma célula única totipotente, denominada zigoto. O zigoto originará, ao final de 9 meses de gestação, um indi- víduo constituído por trilhões de células e que apresenta tecidos diferenciados e sistemas orgânicos funcionais. A duração média de uma gestação humana é de 38 semanas, sendo definida como gestação a termo pela Organização Mundial de Saúde, a gestação com duração entre 37 e 42 semanas. A data de início da gestação é estimada a partir do último pe- ríodo menstrual (UPM), pois dificilmente as mulheres conseguem identificar o dia em que ocorreu a ovulação. Sabe-se que o gameta feminino deverá ser fecundado até que se complete cerca de doze horas após a ovulação. Isso significa dizer que o dia da ovulação praticamente corresponde ao mesmo dia da fecundação. Obvia- mente, o desenvolvimento se inicia com a fecundação, mas na im- possibilidade de definir este dia, toma-se por base o UPM. Assim, somam-se às 38 semanas mais duas semanas, que correspondem ao período entre o primeiro dia do ciclo e o dia da provável ovu- lação. Temos então a idade gestacional estimada em 40 semanas, a partir do UPM. Veja o esquema a seguir, que representa um ciclo reprodutivo com duração de 28 dias e entenda melhor a estimativa da idade gestacional (Figura 3.1). Uma célula totipotente é capaz de originar todos os tipos celulares do embrião e também as células que compõem os tecidos extraembrionários, como os anexos embrionários. Gestação pré-termo é quando o nascimento ocorre antes da 37ª semana; gestação pós- termo é quando o nascimento ocorre após a 42ª semana. É a duração da gestação estimada a partir do primeiro dia do último período menstrual normal (UPM). 56 Embriologia Humana Ciclo reprodutivo 38 semanas 40 semanas 1° Início da menstruação Data da provável ovulação Último dia do ciclo Data da provável fecundação Formação do zigoto UPM 14° 28° Data provável para o nascimento Figura 3.1 - Representação esquemática de um ciclo reprodutivo humano, indicando o primeiro dia da menstruação, o qual passa a ser referenciado como o primeiro dia do último período menstrual (UPM) e a data da ovulação. O período do desenvolvimento intrauterino pode ser dividido em dias, semanas ou meses, como mostra o Quadro 1. Contudo, no acompanhamento pré-natal, os 9 meses de gestação são dividi- dos em 3 trimestres, ou seja, períodos com os mesmos tempos de duração. No primeiro trimestre já se formaram todos os principais sistemas. No segundo trimestre, o feto cresce e torna-se possível observar detalhes anatômicos em um exame de ultrassonografia. Além disso, o feto tem chances de sobrevivência caso nasça prema- turamente. No terceiro trimestre, o feto ganha peso e geralmente sobrevive se nascer prematuramente. A data do nascimento é calculada como sendo 266 dias após a data estimada da última ovulação ou 280 dias a partir da data do UPM. Quadro 1 - comparação do tempo de gestação em diferentes unidades de tempo Referência Dias Semanas Meses de calendário Meses lunares Fecundação 266 38 8,75 9,5 UPM 280 40 9,25 10 Já no estudo da embriologia humana, os 9 meses são divididos em 3 períodos, chamados períodos do desenvolvimento humano, com tempos de duração diferenciados. A definição desses perío- dos baseia-se nas características dos eventos do desenvolvimento. Eventos afins compõem um mesmo período do desenvolvimento. 57Do zigoto ao disco trilaminar Se você analisar a Figura 3.2, poderá tentar reconhecer caracterís- ticas que são comuns e outras que são distintas entre os indivíduos representados. Com base nas semelhanças e diferenças entre as características morfológicas durante o desenvolvimento, foram definidos os 3 pe- ríodos do desenvolvimento humano, denominados pré-embrio- nário, embrionário e fetal. O período pré-embrionário corresponde aos eventos do de- senvolvimento relacionados à divisão dos blastômeros (cliva- gem), formação do blastocisto e formação dos discos embrioná- rios bilaminar (ou bidérmico) e trilaminar (ou tridérmico). Esse período ocorre entre a 1ª semana e a metade da 3ª semana de desenvolvimento. Estágios Carmegie Desenvolvimento Humano Estágio 1 -zigoto (dia 1, não está na escala) 1 (1 dia) 2 (3 dias) 3 (4 dias) 7 (15-17 dias) 8 (17-19 dias) 18 (44-48 dias) 17 (42-44 dias) 16 (37-42 dias)15 (35-38 dias) 14 (31-35 dias)13 (28-32 dias) 12 (26-30 dias)11 (23-26 dias)10 (21-23 dias) 9 (19-21 dias) 5 mm23 (56-60 dias) 22 (54-58 dias) 21 (53-54 dias) 20 (51-53 dias) 19 (48-51 dias) Figura 3.2 - Panorama geral do desenvolvimento humano. Sistema internacional de estagiamento, baseado nas características morfológicas externas e internas dos indivíduos (Adaptado de: <www. embryology.med.unsw.edu.au>). 60 Embriologia Humana dias de desenvolvimento. No desenvolvimento humano, a blástula é denominada blastocisto (Figura 3.6), o qual é constituído pelos seguintes componentes: • cavidade = blastocele; • conjunto de células internas = embrioblasto ou massa celu- lar interna ou nó embrionário. São as células responsáveis pela formação do futuro embrião; • conjunto de células que delimitam o blastocisto = trofoblasto. São as células responsáveis pela interação com as células endo- metriais, e que participam também da formação da placenta. Embrioblasto Blastocele Trofoblasto Diâmetro = 0,1 - 0,2mm Figura 3.6 - Micrografia e representação esquemática de um blastocisto visto em corte, destacando a organização do trofoblasto, embrioblasto e blastocele (Fonte: The University of Kansas Medical Center - www.kumc.edu). Como vimos na Figura 3.6, o blastocisto mede cerca de 0,1 a 0,2 mm. Para você ter uma ideia real, veja a Figura 3.7 e compare o tamanho do blastocisto ao tamanho de um olho humano repre- sentado na moeda de U$ 0,10. Após a formação do blastocisto, ocorre a sua liberação do inte- rior da zona pelúcida, num evento denominado eclosão do blas- tocisto (Figura 3.8). Até o estágio de mórula, os blastômeros são esféricos e po- dem ser facilmente isolados uns dos outros por ação mecânica. 61Do zigoto ao disco trilaminar Contudo, com a formação do blastocisto, as células se achatam e aumentam a sua superfície de contato com as células vizinhas e estabelecem a formação de microvilos e de junções intercelulares que mantêm forte adesão entre as células. Dentre os tipos de junções, temos: 1. as junções comunicantes, que começam a se formar no estágio de 4 blastômeros e permitem a passagem de pequenas molécu- las entre as células; 2. zônulas de adesão, que começam a se formar a partir do estágio de 8 blastômeros; 3. zonas de oclusão, que dependem da presença de caderinas e começam a se formar a partir de 16 blastômeros; 4. desmossomos, os quais começam a se formar a partir de 32 a 64 blastômeros (Figura 3.9). Esses mecanismos de adesão celular permitem que as células do blastocisto mantenham-se unidas durante o seu processo de eclo- são e de diferenciação do trofoblasto e do embrioblasto. A B Zona pelúcida Blastocisto Figura 3.8 - Representação da eclosão do blastocisto. Representação esquemática, evidenciando o formato esférico do blastocisto em vista total (A). Micrografia de blastocisto de camundongo (B) (Adaptado de: (A) <www.embryology.ch>; (B) GILBERT, 2000). Glicoproteínas dependentes de Ca+2 envolvidas no processo de adesão e reconhecimento celular e tecidual. Figura 3.7 - Representação esque- mática do tamanho do blastocisto humano, quando comparado ao tamanho do olho humano repre- sentado em uma moeda de U$ 0,10 (Adaptado de: The University of Kansas Medical Center <www.kumc.edu>). 0mm 10 20 0mm 0.1 0.2 62 Embriologia Humana Desmossomos Zônulas de oclusão Figura 3.9 - Microscopia eletrônica de desmossomos e de zônulas de oclusão como exemplos de junções celulares entre as células do blastocisto (Adaptado de: SATHANANTHAN et al., 2003). Os componentes do blastocisto, trofoblasto e embrioblasto, pas- sarão por um intenso processo de diferenciação celular, que per- mitirá a implantação. Os processos de diferenciação do trofoblasto e embrioblasto são simultâneos, porém, para a melhor compre- ensão destes, nós trabalharemos separadamente a diferenciação do trofoblasto e a diferenciação do embrioblasto. 3.3. Diferenciação do trofoblasto e implantação O blastocisto, livre da zona pelúcida, inicia o processo de im- plantação no endométrio, durante a 2ª semana do desenvolvimen- to. O blastocisto faz contato com o endométrio pela região do polo embrionário, que corresponde à região onde está localizado o embrioblasto. As células do trofoblasto proliferam em direção ao endométrio e se diferenciam em citotrofoblasto e sinciciotrofo- blasto, e iniciam a invasão entre as células endometriais (Figura 3.10 a-c). Na medida em que ocorre a implantação, o citotrofoblasto e o sinciciotrofoblasto, vão se diferenciando por toda a extensão do blastocisto (Figura 3.11a). As células do trofoblasto proliferam ainda em direção ao interior do blastocisto, originando um con- junto de células frouxamente arranjadas, que constitui o mesoder- ma extraembrionário (Figura 3.11b). 65Do zigoto ao disco trilaminar A Receptor de IL1 Blastocisto IL 1 α e β Epitélio uterino B Receptor do LIF LIF C Receptores de EGF HB-EGF D Receptor do CSF1 CSF1 CSF1 Figura 3.12 - Representação esquemática da interação entre o trofoblasto e o endométrio durante o processo de implantação (Adaptado de: CATALA, 2003). A implantação ocorre na porção superior do útero, sendo o local mais usual a parede posterior, pois essa região está mui- to próxima da tuba uterina, por onde a mórula chega ao útero e onde se forma o blastocisto. Porém, a implantação poderá ocor- rer em sítios ectópicos, os quais podem estar localizados em ou- tras regiões do próprio útero, na tuba uterina, na parede externa do ovário ou dos intestinos (Figura 3.14). De maneira geral, as implantações ectópicas não são bem sucedidas e o abortamen- to pode ocorrer até o 3º mês de gestação. Algumas implantações ectópicas uterinas podem prosseguir, mas o bebê normalmente nasce prematuramente. Que ocorrem quando a implantação se dá em locais não usuais, como na tuba uterina ou na parede externa do ovário. 66 Embriologia Humana Figura 3.13 - Representação do ciclo reprodutivo humano. No ovário, o crescimento e a maturação dos folículos, a ovulação e a formação do corpo lúteo. No útero, o crescimento do endométrio que permitirá a implantação. O blastocisto implantado produzirá gonadotrofina coriônica que manterá o corpo lúteo funcional (Adaptado de: SADLER, 2010). Intestinos Parede externa do ovário Implantações uterínas menos frequentes X H A F B CD E G Blastocisto implantado Produção de gonadotrofina coriônica Dias do ciclo 0 4 14 28 Ovário Útero Crescimento dos folículos Ovulação Formação do corpo lúteo Mantém o corpo lúteo Figura 3.14 - Locais de implantação do blastocisto. A letra X indica o local mais frequente para a implantação. De A a F, implantações tubárias; G, implantação abdominal na parede dos intestinos; H, implantação na parede externa do ovário (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). 67Do zigoto ao disco trilaminar 3.4 Diferenciação do embrioblasto e organização das vesículas amniótica e vitelínica Paralelo ao processo de implantação e de diferenciação do tro- foblasto, ocorre a diferenciação do embrioblasto, necessária para a formação dos folhetos embrionários durante a gastrulação, como veremos a seguir: Até o início da 2ª semana de desenvolvimento, o embrioblasto é constituído por células morfologicamente indiferenciadas. Através do processo de laminação (já estudado na disciplina de Embrio- logia), o embrioblasto se divide e forma duas camadas celulares denominadas epiblasto e hipoblasto (Figura 3.15). Durante a organização do disco bilaminar, forma-se acima do epiblasto uma cavidade, que corresponde à vesícula amniótica. Essa vesícula é revestida nas laterais e no teto por um conjunto de células denominadas amnioblastos. Ainda não está bem esta- belecido se os amnioblastos são originados do trofoblasto ou do epiblasto (Figura 3.15). O epiblasto é constituído por células com formato prismático, enquanto que o hipoblasto é formado por células cúbicas. As célu- Figura 3.15 - Representação esquemática do blastocisto antes da implantação (A) e durante a implantação (B, C). Note que o epiblasto e o hipoblasto são derivados do embrioblasto e que, acima do epiblasto, os amnioblastos iniciam o revestimento da vesícula amniótica. Observe que, embora presente, o endométrio e o sinciciotrofoblasto não foram representados em (C). A B C Embrioblasto Sinciciotrofoblasto Endométrio Epiblasto Hipoblasto Amnioblastos Células do hipoblasto começam a revestir a blastocele Trofoblasto Trofoblasto Blastocele Vesícula amniótica 70 Embriologia Humana 3.5 Gastrulação e formação dos folhetos embrionários Na 3ª semana de desenvolvimento ocorre a gastrulação, que corresponde ao processo através do qual se formam os 3 folhe- tos embrionários, também denominados camadas germinativas, que são o endoderma, mesoderma e ectoderma. Ainda durante a gastrulação, é estabelecida a orientação céfalo-caudal do futuro embrião. A primeira evidência do processo de gastrulação no desenvol- vimento humano é a formação da linha primitiva, no início da 3ª semana de desenvolvimento. Essa estrutura corresponde a um espessamento de células do epiblasto, que surge na porção caudal e cresce até a metade do disco embrionário (Figura 3.19). O alongamento da linha primitiva se dá pela proliferação de cé- lulas na extremidade caudal. Na extremidade cranial da linha pri- mitiva, a proliferação das células leva à formação do nó primitivo (Figura 3.20). A formação da linha primitiva permite o reconhecimento do eixo céfalo-caudal do futuro embrião, das extremidades cefáli- ca e caudal, das superfícies dorsal e ventral e dos lados direito e esquerdo. As células do epiblasto continuam a proliferar em direção à linha primitiva e iniciam um movimento de interiorização em VA VVP Celoma extraembrionário Mesoderma extraembrionário Epiblasto Hipoblasto Disco embrionário bilaminar Pedículo do embriãoEndométrio Figura 3.18 - Representação esquemática demonstrando o disco embrionário bilaminar e seu posicionamento entre as vesículas amniótica (VA) e vitelínica (VV) (Adaptado de: <www.bionalogy.com>). 71Do zigoto ao disco trilaminar Sinciciotrofoblasto Citotrofoblasto Mesoderma extraembrionário Vesícula amniótica Epiblasto Hipoblasto Vesícula vitelínica Linha primitiva Hipoblasto Epiblasto A B Figura 3.19 - Representação esquemática do disco bilaminar. Em (A) o disco bilaminar, juntamente com as vesículas amniótica e vitelínica, do pedículo do embrião e de parte do cito e sinciciotrofoblasto. Em (B) foi removida grande parte das vesículas amniótica e vitelínica, estando representada uma vista superior do disco embrionário, sendo visualizado no epiblasto o início da formação da linha primitiva (Adaptado de: SADLER, 2010). A B HipoblastoMembrana cloacal Área cardiogênica Linha primitiva Nó primitivo Amnioblastos Mesoderma extraembrionário Membrana bucofaringea Caudal Rostral Figura 3.20 - Representação esquemática do disco bilaminar com as vesículas amniótica e vitelínica, do pedículo do embrião e de parte do cito e sinciciotrofoblasto (A). Em maior aumento (B) foi removida grande parte das vesículas amniótica e vitelínica, estando representada uma vista superior do disco embrionário, sendo visualizado o epiblasto, a linha primitiva e o nó primitivo. As setas mostram os sentidos de migração das células que imigram pela linha primitiva e pelo nó primitivo (Adaptado de: <www.embryology.ch>). 72 Embriologia Humana direção ao hipoblasto. O primeiro conjunto de células que imigra pela linha primitiva irá ocupar o espaço das células do hipoblasto, formando assim o endoderma (Figura 3.21). As células que imigram num segundo momento, organizam-se frouxamente entre o epiblasto e o endoderma, formando o meso- derma (Figura 3.21). Mesoderma extraembrionário Linha primitiva Disco bilaminar Epiblasto Hipoblasto Vesícula vitelínica Vesícula amniótica Hipoblasto Endoderma EndodermaMesoderma 16 dias 14 dias Linha PrimitivaEpiblasto O movimento de imigração através da linha primitiva requer uma reorganização das células, que perdem transitoriamente seu arranjo epitelial e tornam-se células isoladas, devido à diminuição na expressão de caderinas. Além disso, essas células mudam de forma, de modo a conseguir realizar os movimentos migratórios (Figura 3.22). Além das células que imigram pela linha primitiva, outro con- junto de células irá imigrar através do nó primitivo formando um Figura 3.21 - Movimentos celulares durante a gastrulação. Note a formação da linha primitiva no epiblasto. As setas indicam o sentido da migração celular. O primeiro conjunto de células que imigra pela linha primitiva formará o endoderma e o segundo conjunto de células formará o mesoderma (Adaptado de: GILBERT, 2000). 75Do zigoto ao disco trilaminar Grandes mudanças no formato, rearranjo e movimento das cé- lulas do disco embrionário, bem como mudanças nas proprieda- des de adesão celular, contribuem para o processo de gastrulação. Na metade final da 3ª semana de desenvolvimento os folhetos embrionários começam a se diferenciar para originar os diferentes tecidos do embrião. Nesse momento do desenvolvimento o meso- derma é o folheto que irá apresentar de forma mais evidente essa diferenciação, seguido do ectoderma e do endoderma. O mesoderma irá se diferenciar em três regiões distintas, lateral- mente à notocorda. Essas regiões são denominadas de mesoderma paraxial, ou somítico, mesoderma intermediário e mesoderma lateral. No mesoderma lateral forma-se o celoma intraembrioná- rio. O mesoderma lateral então se organiza em duas lâminas: o mesoderma somático, que fica em contato com o ectoderma for- mando a somatopleura, e o mesoderma esplâncnico, que fica em contato com o endoderma formando a esplancnopleura (Figura 3.26). Além dessas três regiões, o mesoderma organiza na porção anterior à notocorda, ou seja, na parte mais cefálica do disco trila- minar, o mesoderma cefálico e o mesoderma cardiogênico. Ao final do período pré-embrionário têm-se formadas as estru- turas que participarão da organização do embrião propriamente dito e das estruturas extraembrionárias. Entenda melhor a origem dessas estruturas analisando o Quadro 3. Somatopleura (ectoderma + mesoderma lateral somático) Mesoderma paraxial Ectoderma Esplancnopleura (endoderma + mesoderma lateral esplâncnico) Mesoderma intermediário Notocorda Endoderma Celoma intraembrionário Figura 3.26 - Representação esquemática do disco tridérmico, destacando a organização dos folhetos embrionários (Adaptado de: <www.embryology.ch>). 76 Embriologia Humana Quadro 3 - origem embrionária das estruturas formadas no período pré-embrionário Estruturas embrionárias Embrioblasto Epiblasto Ectoderma Mesoderma Endoderma Notocorda Hipoblasto Células que revestem as laterais e o assoalho da vesícula vitelínica Estruturas extraembrionárias Trofoblasto Citotrofoblasto Sinciciotrofoblasto Mesoderma extraembrionário Amnioblastos Resumo Os eventos do período pré-embrionário ocorrem da 1ª semana até a metade da 3ª semana de desenvolvimento. Após a fecunda- ção, o zigoto se divide e forma os blastômeros durante a fase de clivagem. Inicialmente, formam-se dois blastômeros, em seguida quatro, oito e dezesseis blastômeros. No desenvolvimento humano a mórula é formada por 16 blastômeros. Durante a clivagem os blastômeros permanecem envoltos pela zona pelúcida e migram através da tuba uterina em direção ao útero. Ao final da 1ª semana forma-se o blastocisto, constituído pelo embrioblasto, trofoblasto e blastocele. Durante a 2ª semana o trofoblasto e o embrioblas- to passam por um intenso processo de diferenciação celular. As células do trofoblasto proliferam em direção ao endométrio, se diferenciam em citotrofoblasto e sinciciotrofoblasto e iniciam a invasão entre as células endometriais. Paralalamente ao processo de implantação e de diferenciação do trofoblasto, ocorre a diferen- ciação do embrioblasto, que resulta na formação do disco embrio- nário bilaminar. Ainda, ao longo da 2ª semana, formam-se as vesí- culas amniótica e vitelínica. Durante a metade inicial da 3ª semana surge a linha primitiva e inicia a gastrulação, que corresponde ao processo através do qual formam-se os 3 folhetos embrionários, que são o endoderma, mesoderma e ectoderma. Organiza-se as- sim, ao final do período pré-embrionário, o disco trilaminar que separa a vesícula vitelínica da vesícula amniótica. 77Do zigoto ao disco trilaminar Referências CATALA, M. Embriologia: desenvolvimento humano inicial. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2003. 188 p. GILBERT, S. F. Developmental biology. Ed. Sinauer, 2000. 749 p. MOORE, K. L.; PERSAUD, T. V. N. Embriologia clínica. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 600 p. RED-HORSE, K. et al. Trophoblast differentiation during embryo implantation and formation of the maternal-fetal interface. J. Clin. Invest., v. 114, n. 6, p. 744-754, Sept. 2004. SADLER, T. W. Langman: embriologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005. 347 p. SADLER, T. W. Langman: embriologia médica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2010, 324 p. SATHANANTHAN, H.; GUNASHEELA, S.; MENEZES, J. Mechanics of human blastocyst hatching in vitro. Reprod. Biomed. Online. v. 7, n. 2, p. 228-234, 2003. 81O embrião 4.1 Características gerais dos embriões Os principais eventos do período embrionário estão relacio- nados às mudanças na forma do disco embrionário, que adquire o formato de um tubo, ao mesmo tempo em que os folhetos embrio- nários se diferenciam e começam a estruturar os tecidos, órgãos e os sistemas orgânicos. Esses eventos, que ocorrem de forma gra- dativa ao longo dessas cinco semanas, são responsáveis também por mudanças externas no embrião, o qual passa a apresentar o aspecto humano. Inicialmente, a presença da notocorda no disco embrionário trilaminar irá induzir a formação de um espessamento celular, a placa neural, em uma área específica do ectoderma, a qual invagi- nará para formar o tubo neural (Figura 4.1). O tubo neural é a es- trutura primordial que dará origem ao sistema nervoso. Detalhes sobre a formação desse sistema serão apresentados no capítulo 7 deste Livro. Por ora, interessa-nos abordar a contribuição do tubo neural para as mudanças que ocorrem na forma do embrião. 4.2 Dobramentos do corpo do embrião A formação do tubo neural contribui para que o disco comece a se encurvar tanto no sentido céfalo-caudal, como nas suas laterais. Esses encurvamentos do disco, que iniciam no final da 3a semana de desenvolvimento e continuam ao longo da 4a semana, corres- pondem aos dobramentos do corpo do embrião (Figura 4.2). 82 Embriologia Humana A Mesoderma Placa neural Linha primitiva Notocorda Membrana cloacal B Endoderma Tubo neural em formação Mesoderma paraxial Mesoderma intermediário Mesoderma lateral Mesoderma somático Mesoderma esplâncnico Notocorda Linha primitiva C Figura 4.1 - Micrografia do embrião e das vesículas amniótica e vitelínica no início da 4ª semana (A). Representação esquemática do disco trilaminar, demonstrando a formação da placa neural, logo acima da notocorda (B). Representação esquemática do disco trilaminar, demonstrando o início da formação do tubo neural durante o início da 4ª semana (C). Note que nas figuras (B) e (C) as vesículas amniótica e vitelínica não estão representadas, de modo a facilitar a visualização do disco trilaminar (Adaptado de: (A) <www.embryology.med.unsw.edu.au>; (B e C) <www.forp.usp.br>). Neuróporo anterior Crista neural Tubo neuralCeloma intraembrionário Neuróporo posterior Linha primitiva Mesoderma esplâncnico Mesoderma somático Mesoderma intermediário Somito Ectoderma Figura 4.2 - Representação esquemática do embrião durante os dobramentos céfalo-caudal e lateral. Note que na região mediana do embrião o tubo neural já está formado, enquanto que nas extremidades anterior e posterior o tubo neural ainda não está completamente fechado (Adaptado de: <www.forp.usp.br>). 85O embrião cula amniótica passará a envolver todo o em- brião tubular formando o âmnio, estrutura que será melhor detalhada no capítulo 10 deste Li- vro. Já a vesícula vitelínica será parcialmente in- corporada ao embrião, de modo que o teto dessa vesícula, formado pelo endoderma, originará um tubo que dará origem ao intestino primiti- vo. As laterais e o assoalho da vesícula vitelínica não serão incorporados ao embrião; contudo, serão partes originais do futuro cordão umbili- cal, como também veremos no capítulo 10. Po- demos acompanhar os dobramentos através da vista tridimensional externa do embrião por meio de secções sagi- tais e transversais (Figura 4.7). Se relembrarmos a organização do disco embrionário e visuali- zarmos todos os movimentos necessários à aquisição do formato tubular do embrião, entenderemos a importância das vesículas am- niótica e vitelínica, bem como do celoma extraembrionário. Juntas, essas estruturas conferem os espaços necessários aos movimentos celulares e aos dobramentos do corpo do embrião. O surgimento desses espaços (cavidades) se faz necessário, pois não podemos es- quecer que o embrião está implantado no interior do endométrio, onde não há espaço disponível. Desse modo, cabe ao próprio em- brião viabilizar espaços para sua formação e seu crescimento. Altura do corte apresentado em (C) Intestino primitivo anterior Intestino primitivo médio Intestino primitivo posterior Cordão umbilical Tubo neural Intestino primitivo Parede do corpo A B C Figura 4.7 - Representação esquemática em vista lateral (A), em corte longitudinal (B) e transversal (C) do embrião durante os dobramentos céfalo-caudal e lateral (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). Figura 4.6 - Representação esquemática em corte transversal do embrião com aspecto tubular, destacando a presença do tubo endodérmico (intestino primitivo) envolto por mesoderma, e mais externamente por ectoderma (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). Ectoderma Mesoderma esplâncnico Mesoderma somático Tubo Neural Intestino primitivo Aorta dorsal 86 Embriologia Humana 4.3 Morfogênese e organogênese A aquisição da forma tubular do embrião é dependente tam- bém da intensa diferenciação dos folhetos embrionários durante a formação inicial dos órgãos e sistemas orgânicos no processo de organogênese (Figura 4.8). Externamente o embrião adquire ain- da o aspecto humano, através principalmente da formação da face e dos membros, durante o processo de morfogênese (Figura 4.9). Os processos de morfogênese e organogênese ocorrem simultane- amente, como mostra a Figura 4.10. 24 dias 28 dias 32 dias 48 dias 52 dias A B C D E Figura 4.8 - Micrografias em cortes transversais de embriões, destacando o processo de organogênese. Note em (A) a presença da medula espinhal, dos pulmões e do coração. Em (B) pode-se visualizar, além da medula espinhal, o fígado bem volumoso, o estômago e as alças intestinais (Adaptado de: <www.embryology.med.unsw.edu.au>). Medula espinhal Pulmão Coração Membro superior Estômago Alças intestinais Fígado Medula espinhal A B Figura 4.9 - Micrografias de embriões humanos durante a morfogênese, destacando a aquisição do aspecto humano. Em (A) vista dorsal e em (B – E) vistas laterais do embrião (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). 87O embrião Simultaneamente aos dobramentos e aos processos de morfogê- nese e organogênese, ocorre o alongamento do embrião no sentido céfalo-caudal, principalmente pela diferenciação do tubo neural e formação inicial do sistema nervoso. Assim, ao final do período embrionário o embrião já possuirá o esboço dos órgãos e os sistemas orgânicos, apresentará aspecto humano e terá cerca de 3 cm de comprimento (Figura 4.11). Olho Membro superior Fígado Membro inferior Vesículas encefálicas Coração Fígado Medula espinhal A B 2mm Figura 4.10 - Micrografias de embrião humano, destacando o processo de morfogênese em (A). A organogênese está destacada em (B) (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). Figura 4.11 - Embrião humano com cerca de 52 dias de desenvolvimento. Nessa idade, os embriões medem cerca de 2,5 a 3,0 cm de comprimento, equivalente ao tamanho de um apontador de lápis (Adaptado de: MOORE; PERSAUD, 2008). c a p ít u lo 5 c a p ít u lo 5 Diferenciação dos folhetos embrionários durante a formação inicial dos sistemas orgânicos Neste capítulo, você irá conhecer os processos de diferen- ciação dos folhetos embrionários ectoderma, mesoderma e endoderma. Você aprenderá de que forma esses folhetos em- brionários interagem para a formação inicial dos sistemas orgânicos, bem como os mecanismos celulares inerentes ao desenvolvimento, que são a proliferação, diferenciação, mi- gração, sinalização, reconhecimento, adesão e morte celular programada. 95Diferenciação dos folhetos embrionários O endoderma também é formado por células cúbicas, porém altamente justapostas. Esse folheto embrionário é o responsável por originar o revestimento interno dos órgãos dos sistemas di- gestório e respiratório. Nos intestinos, por exemplo, o formato cú- bico das células endodérmicas, bem como a sua íntima aderência, direciona o trânsito intracelular das substâncias. Já nos pulmões, as células endodérmicas mantêm-se fortemente aderidas, porém o formato da maioria das células passa de cúbico para pavimentoso, garantindo as trocas gasosas nos alvéolos pulmonares. • O mesoderma se diferenciará em mesoderma paraxial, meso- derma intermediário e mesoderma lateral. c) O mesoderma paraxial dará origem aos somitos (Figura 5.3), que por sua vez irão se diferenciar nos músculos, cartilagens, ossos, vasos sanguíneos, tecido conjuntivo de preenchimento e sustentação da região axial do embrião. Por exemplo, as coste- las e as vértebras são derivadas dos somitos. d) O mesoderma intermediário se desprenderá do mesoderma paraxial para organizar as gônadas e os rins. e) No mesoderma lateral se forma o celoma intraembrionário, de tal modo que é possível reconhecer duas lâminas de mesoderma lateral: o somático (que fica em contato com o ectoderma super- ficial) e o esplâncnico (que fica em contato com o endoderma). c1) O mesoderma lateral somático as- sociado ao ectoderma forma a soma- topleura, que auxiliará na formação de parte do esqueleto apendicular (membros); c2) O mesoderma lateral esplâncnico, que associado ao endoderma forma a esplancnopleura, será o responsável pela formação dos músculos, cartila- gens, vasos sanguíneos, tecido conjun- tivo de preenchimento e sustentação que compõem os sistemas digestório e respiratório. Ectoderma Somitos Notocorda Mesoderma Endoderma Tubo neural Figura 5.3 - Representação esquemática do disco trilaminar em corte transversal no início do dobramento lateral. Note que uma parte do ectoderma foi removida para a visualização do mesoderma. Os somitos organizam-se aos pares nas laterais do tubo neural e da notocorda (Adaptado de: <www. embryology.ch>). 96 Embriologia Humana As células de origem mesodérmica apresentam-se de início frou- xamente organizadas. Essas células irão se diferenciar em tecidos com características muito distintas, como o sanguíneo, o ósseo, o muscu- lar e o conjuntivo. Nos primeiros estágios de diferenciação, as células mesodérmicas passam a ser chamadas de células mesenquimais. Reconheça agora a origem embrionária dos diferentes sistemas orgânicos durante o desenvolvimento humano através da análise do Quadro 1. Quadro 1 - Diferenciação dos folhetos embrionários durante o desenvolvimento dos tecidos e órgãos Folheto embrionário Diferenciação do folheto embrionário Órgãos, Estruturas/Tecidos originados Ec to de rm a Ectoderma Superficial Epiderme e anexos epidérmicos (pelos, unhas, glândulas epidérmicas); glândulas mamárias; esmalte dos dentes; cristalino (olho); parte anterior da hipófise (adeno-hipófise) Ectoderma neural Tubo neural Encéfalo, medula; retina (olho); parte posterior da hipófise (neuro-hipófise) Crista neural Gânglios e nervos cranianos e sensitivos Medula da glândula suprarrenal; células pigmentares; cartilagens e ossos da face e pescoço; tecido muscular da cabeça; meninges; septos cardíacos M es od er m a Mesoderma paraxial Musculatura esquelética do tronco, ossos (exceto da cabeça) Derme Mesoderma Intermediário Gônadas, epidídimo, sistema de canais e ductos do aparelho reprodutor, rins, ductos urinários Mesoderma lateral Somático Musculatura esquelética e ossos dos membros, vasos sanguíneos Esplâncnico Coração (miocárdio e pericárdio) Musculatura e vascularização Musculatura, cartilagens e vascularização Mesoderma cardiogênico Miocárdio Mesoderma cefálico Parte da musculatura da cabeça En do de rm a Endoderma Epitélio do trato gastrointestinal, do fígado, do pâncreas Epitélio da faringe, traqueia, brônquios e pulmões 97Diferenciação dos folhetos embrionários 5.2 Interação dos folhetos embrionários A origem embrionária dos sistemas orgânicos pode ainda ser analisada de outra forma, evidenciando-se a participação dos fo- lhetos embrionários na formação das estruturas e órgãos. Assim, pode-se observar que, de um modo geral, os sistemas orgânicos são originados a partir de mais de um folheto embrionário. Em todos os sistemas orgânicos temos a participação do me- soderma. Isso acontece porque em todos eles há necessidade de se formar os vasos sanguíneos e os tecidos conjuntivos de sus- tentação e de preenchimento. Sem falar daqueles sistemas onde se formam músculos, cartilagens e ossos associados aos principais órgãos. Podemos usar como exemplo o sistema respiratório, onde o endoderma originará o epitélio de revestimento interno dos pul- mões, brônquios e traqueia, enquanto que o mesoderma originará os vasos sanguíneos, cartilagens, musculatura e tecido conjuntivo. O ectoderma, por sua vez, é o responsável pelo revestimento inter- no das cavidades nasais. O Quadro 2 mostra a participação dos diferentes folhetos na formação dos sistemas orgânicos. Quadro 2 - participação dos diferentes folhetos na formação dos sistemas orgânicos Sistema orgânico Origem embrionária Órgãos, estruturas, tecidos Tegumentar Ectoderma superficial Epiderme e anexos epidêmicos Mesoderma somático Derme Nervoso Ectoderma neural Encéfalo e medula Crista neural Gânglios e nervos cranianos e sensitivos Crista neural Meninges Urogenital Mesoderma intermediário Gônadas, epidídimo, canais e ductos do aparelho reprodutor Endoderma Bexiga urinária e parte mais interna da uretra Ectoderma superficial Parte mais externa da uretra Digestório Endoderma Epitélio do trato gastrointestinal, do fígado, do pâncreas Mesoderma esplâncnico Musculatura, tecido conjuntivo e vascularização Ectoderma superficial Epitélio de revestimento das cavidades oral e anal Respiratório Endoderma Epitélio da faringe, traqueia, brônquios e pulmões Mesoderma esplâncnico Musculatura, cartilagens, tecido conjuntivo e vascularização Ectoderma superficial Epitélio de revestimento das narinas

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