Baixe MODELO DE ARTIGO e outras Esquemas em PDF para Física, somente na Docsity! * Graduado em Fisioterapia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), com qualificação na área de gestão de serviços de saúde. E-mail:
[email protected] ANÁLISE DA INFLUÊNCIA DO AQUECIMENTO NO TEMPO DE RECUPERAÇÃO APÓS O EXERCÍCIO Alexandre Junges * RESUMO: Embora se tenha o entendimento da importância do aquecimento prévio ao exercício, atuando no preparo para a atividade que será realizada e sendo capaz de prevenir lesões musculares ou amenizar as dores resultantes do excesso de sobrecarga, a literatura científica pouco aborda sua influência no tempo de recuperação após a atividade física. Neste sentido, o objetivo do estudo foi o de verificar a influência do aquecimento prévio no tempo de recuperação após o exercício. É destacada a importância do aquecimento nas mais variadas atividades esportivas, tendo em vista seu reconhecimento como prática altamente indicada e indispensável, tornando-se importante pesquisar uma possível influência da sua prática no tempo de recuperação. O estudo foi realizado verificando e comparando o tempo de recuperação de um grupo de voluntários, submetidos a um teste de corrida de doze minutos sem e com aquecimento prévio. Os resultados do estudo não apontaram influência do aquecimento prévio no tempo de recuperação após o exercício, nos levando a reiterar sua importância para um melhor desempenho esportivo e também amenizar o risco de lesões, mas descartar um eventual benefício em relação ao tempo de recuperação após a realização da atividade física. Palavras Chave: Aquecimento, Recuperação, Exercício físico. 1 INTRODUÇÃO O aquecimento é utilizado nas mais variadas atividades esportivas como preparatório ou introdutório a uma atividade principal. Embora se discuta na literatura qual a melhor forma para se "aquecer", parece ser consenso que ativar o organismo com exercícios gerais e/ou específicos antes de uma atividade principal em situação de treinamento, competição ou lazer é fundamental para um melhor desempenho esportivo e também para evitar lesões. (MCARDLE, 1992). Entende-se por aquecimento todas as medidas que servem como preparação para a atividade, seja para o treinamento ou para competição, cuja intenção é a obtenção do estado ideal físico e psíquico bem como preparação cinética e coordenativa na prevenção de lesões. (WEINECK, 2003). Em seu estudo, Zakharov (1992) destaca que o aquecimento assegura a passagem do organismo do atleta da tranquilidade relativa ao estado de trabalho, superando dessa forma a inércia natural do organismo. Entre outros fatores os exercícios de aquecimento alteram: o volume circulante de sangue por minuto, a ventilação pulmonar e o consumo de oxigênio, que somente atingem seu nível máximo cerca de 3- 5 min. após o início da atividade. Popularmente, aquecer significa apenas evitar lesões, no entanto, participar da competição ou treinamento sem um devido aquecimento pode significar chegar ao final da atividade com um resultado inferior. Existem dois tipos básicos de aquecimento: o geral e o específico. O aquecimento geral deve possibilitar um funcionamento ativo do organismo como um todo. Para isso devemos fazer exercícios que utilizam de grandes grupos musculares. Correr é um bom exemplo. Já o aquecimento específico utiliza exercícios específicos para uma determinada modalidade. Os exercícios devem utilizar a musculatura exigida no esporte que será feito em seguida. Nota-se que o aquecimento específico deve ser feito após o aquecimento geral. (MCARDLE, 1992). Dentre as diversas técnicas realizadas previamente a um exercício resistido, e que serão abordadas neste estudo, encontram-se o alongamento e o aquecimento aeróbico. O alongamento muscular é frequentemente efetuado nas práticas desportivas, com o objetivo de aumentar a flexibilidade muscular e a amplitude articular, assim como, possivelmente, melhorar o desempenho atlético. Já os exercícios aeróbicos tendem a aumentar a temperatura corporal, possibilitando maior velocidade das reações químicas no corpo humano. (ROBERGS E ROBERGS, 2002). Durante o exercício, ocorre um aumento da pressão sistólica, que pode ultrapassar os 200mmHg Esse aumento resulta do aumento no débito cardíaco e do aumento na resistência vascular. A frequência cardíaca também sofre um aumento durante o exercício, sendo a quantidade de sangue bombeada pelo coração alterada de acordo com a demanda de oxigênio exigida pelo músculo. (POLITO E FARINATTI, 2003). Como destaca Ferreira (2004), o metabolismo não retorna ao normal imediatamente após o exercício. Há sempre um "Período de Recuperação" no qual valores de VO2, PA e FC são maiores que o valor em repouso. Dentre os benefícios do aquecimento estão relacionados aumento da temperatura muscular e do metabolismo energético, aumento da elasticidade do tecido (os músculos, os tendões e os ligamentos tornam-se mais elásticos, o que proporciona diminuição do risco de lesão), aumenta a produção do líquido sinovial (aumentando a lubrificação das articulações), aumento do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo periférico, melhora da função do sistema nervoso central e do recrutamento das Após 48 horas do teste anterior, o grupo de participantes foi submetido a um protocolo de aquecimento combinado, orientado por um Educador Físico, antes da atividade. O aquecimento consistiu de aproximadamente 5 minutos de bicicleta em intensidade moderada, seguido de exercícios de alongamento da musculatura dos membros inferiores, superiores e do tronco. Após, foi aplicado novamente ao teste de corrida de 12 minutos, orientados a percorrer a maior distância possível utilizando todo o seu potencial aeróbio. Depois da atividade, foi feita a mensuração de PA e FC dos participantes após o primeiro minuto do teste e seu acompanhamento regular, a cada 3 minutos, até o retorno ao estado normal antes da atividade. Os dados de avaliação encontrados, do grupo que realizou o aquecimento e do grupo controle, foram analisados utilizando o programa Microsoft Excel 2010 para criação, entrada e processamento do banco de dados e análise estatística. 3 RESULTADOS Os testes aplicados foram devidamente realizados pelos 10 voluntários da amostra. O tempo de recuperação médio dos participantes, sem a realização de aquecimento prévio foi de 21 minutos. Quando submetidos ao aquecimento antes da atividade, o tempo médio para recuperação foi de 21 minutos e 42 segundos. Conforme dados da Tabela 1, é possível observar os tempos (representados em minutos) de recuperação referentes a todos os participantes após a realização dos testes, com e sem aquecimento prévio. Participante A B C D E F G H I J Tempo Sem Aquecimento 19 24 24 19 19 24 19 27 16 19 Tempo com aquecimento 16 24 24 19 24 24 19 27 24 16 Tabela 1: Tempo de recuperação dos participantes após os Testes. Após exame dos dados encontrados, foi processada a média simples dos resultados encontrados, onde se constatou que o tempo de recuperação dos voluntários, quando não submetidos ao aquecimento, foi de 21 minutos. Em contrapartida, quando foi aplicado o protocolo de aquecimento prévio, o tempo médio para recuperação foi de 21 minutos e 42 segundos, conforme demonstrado na Tabela 2. Desta forma, após análise prévia, constatado que os dados encontrados não são significativos para realização do teste de hipótese, sendo os valores de tempo de recuperação médio dos participantes maior quando realizado o aquecimento antes da atividade. Tabela 2: Tempo médio de recuperação após os Testes de Caminhada. 4 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Para Weineck (2003), o objetivo central do aquecimento geral ativo é obter aumento da temperatura corporal e da musculatura, bem como preparar o sistema cardiovascular e pulmonar para a atividade e para o desempenho motor. Segundo o auto, atividades de aquecimento são necessárias para preparar o corpo para a atividade física vigorosa porque aumentam o desempenho e diminuem o risco de lesão muscular. Afirma, ainda, que a intensidade moderada de aquecimento ativo e aquecimento passivo pode aumentar o desempenho muscular de 3 a 9%. Neste sentido, o estudo procurou verificar a possibilidade de influência do aquecimento prévio no tempo de recuperação após o exercício. É de extrema importância o estudo de estratégias que aprimorem a recuperação da FC pós-exercício. A hidratação durante ou após o exercício é uma prática difundida entre praticantes de exercícios físicos, já que a desidratação pode trazer diversos efeitos deletérios ao organismo, bem como a queda de desempenho (SAWKA et al., 2007). 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 Sem aquecimento Com aquecimento m in u to s Tempo médio de recuperação 21'42" 21'00" Diferentemente da hipótese inicial, após a análise dos dados, foi constatado que o tempo de recuperação médio dos participantes foi maior quando realizado o aquecimento antes da atividade, em diferença não significativa ao grupo controle. Embora a literatura evidencie os benefícios do aquecimento, ainda surgem divergências quanto ao tipo de aquecimento que seria mais eficiente para melhorar o desempenho nos exercícios resistidos. (NICOLI ET AL, 2007). Dentre os benefícios do aquecimento relatados na literatura sobre o tema, estão relacionados o aumento da temperatura muscular e do metabolismo energético, aumento da elasticidade do tecido (os músculos, os tendões e os ligamentos tornam-se mais elásticos, o que proporciona diminuição do risco de lesão), aumenta a produção do líquido sinovial (aumentando a lubrificação das articulações), aumento do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo periférico, melhora da função do sistema nervoso central e do recrutamento das unidades motoras neuromusculares. (HAMILL; KNUTZEN, 2008). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sendo assim, os resultados deste estudo não apontam influência do aquecimento prévio no tempo de recuperação após o exercício. Isto nos leva, considerando toda a revisão bibliográfica realizada, a reiterar a importância do aquecimento para um melhor desempenho esportivo e também para se evitar lesões, mas descartar um eventual benefício em relação ao tempo de recuperação após a atividade física.