Baixe Neste texto de análise sobre "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, são ab e outras Resumos em PDF para Literatura Ensino Médio, somente na Docsity! Neste texto de análise sobre "Memórias Póstumas de Brás Cubas" de Machado de Assis, são abordados os principais aspectos que compõem essa obra do Realismo brasileiro. A narrativa irônica de Brás Cubas, sua crítica social e filosófica, assim como a complexidade psicológica do protagonista são exploradas. Os tópicos principais incluem a estrutura narrativa, o tempo abrangido, os espaços representados e as relações amorosas de Brás Cubas. A inovação literária de Machado de Assis, utilizando recursos como ironia, metáforas e eufemismos, é destacada, assim como a quebra do padrão narrativo linear. O texto revela a interpretação profunda da obra, destacando a representação de Brás Cubas como crítica à elite escravocrata brasileira. A análise explora o uso de recursos literários e a intertextualidade interna, evidenciando o "Emplasto de Brás Cubas" como uma metáfora poderosa que simboliza a superficialidade da elite da época. Indicado para estudantes e amantes da literatura que buscam não apenas compreender a trama, mas também desvendar as camadas mais profundas de crítica social e filosofia que tornam essa obra fundamental na literatura brasileira. Memórias Póstumas de Brás Cubas (Autor Machado de Assis). O Livro Memórias Póstumas de Brás Cubas é um romance do autor brasileiro Machado de Assis, publicado em 1881. É considerado uma das obras-primas da literatura brasileira e inaugurou o chamado Realismo no Brasil. A obra é narrada em primeira pessoa pelo personagem principal, Brás Cubas, que relata sua vida após a morte de forma irônica e sarcástica, criticando a sociedade brasileira do século XIX. Sobre o tempo literário e estilo de escrita da obra: Uma das principais características do Realismo ( que se opõe totalmente ao romantismo e tenta refutar ideias naturalistas nas suas obras) é a busca por retratar a realidade de forma objetiva e precisa, sem romantismo ou idealização. No entanto, Machado de Assis não se limitou a essa busca pela objetividade. Ele se aprofundou na psicologia de seus personagens e explorou as motivações que levam as pessoas a agir da maneira como agem.( A manifestação real da natureza humana sendo pessimista). Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, por exemplo, o narrador-protagonista é um homem já falecido que conta sua própria história, sem se preocupar em esconder seus defeitos e fraquezas. O livro é um retrato irônico e sarcástico da sociedade brasileira do século XIX, mas ao mesmo tempo é uma reflexão sobre a mortalidade e a finitude humana. Assim, Machado de Assis não se limitou a seguir as convenções do Realismo, mas desenvolveu um estilo próprio que se caracteriza pela complexidade psicológica de seus personagens e pela reflexão sobre as questões existenciais que permeiam a condição humana. O estilo de escrita de Machado de Assis apresenta características como a narrativa não linear, que flerta com o niilismo e o pessimismo, além de questionar tendências filosóficas como o cientificismo. Seu humor ácido e ironia são usados como formas de lidar com o mundo negativo que ele retrata em suas obras. A metalinguagem é um traço marcante de suas obras, com comentários do escritor sobre a própria escrita, capítulos e estilo, entre outros elementos. O objetivo principal de sua escrita é o retardamento do texto, brincando com as instâncias de essência e aparência, deixando-se entrever outros detalhes. Sobre o livro CATEGORIA DEFINIÇÃO ESTRUTURA 160 (CLX) curtos capítulos. PERSONAGENS Brás Cubas; Prudêncio; Marcela; Eugênia; Virgília; Dona Plácida; cunhado Cotrim; Lobo Neves; Quincas Borba (intertextualidade interna). TEMPO Abrange o tempo de vida do narrador, 1805-1869; narrativa não linear, cortada por digressões, flashbacks e diálogo com o leitor. Ele morre de pneumonia no momento quando tentava criar um emplasto para curar todas as moléstias. Ele faz essa afirmação, mas insinua que não era o interesse pelo bem da humanidade que o motivava, mas a possibilidade de ver seu nome no jornal como sendo o de um grande benfeitor. Interpretações sobre a obra Brás Cubas nasceu em uma família abastada, mas sem muito escrúpulo, a não ser o da conquista da consideração pública. A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíram a fortuna com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor não fora o motivo que os aproximavam. Outra interpretação pode ser feita a partir de dois pólos: o da análise psicológica e o da crítica à elite escravocrata brasileira. Em relação à crítica social, Machado de Assis cria um personagem da elite que contará sua história em primeira pessoa. Se estivesse vivo, não poderia ser sincero, esconderia suas intenções sob um discurso moralista. Como está morto, ele vai revelando sua futilidade e falha ética. Repleto de ironias, metáforas e eufemismos, Machado conseguiu representar nessa obra diversas críticas sociais, inclusive à elite da época. Além disso, teve como característica marcante a mudança no enredo linear com começo, meio e fim. Foi com essa mescla de tempo, que o escritor marcou uma nova fase literária. Como personagem típico de uma sociedade escravocrata, Brás Cubas poderia dispor dos negros a sua volta e das pessoas miseráveis, sempre com alguma fineza e elegância. É o que ele faz durante sua vida. Ele respeita somente aqueles que pertencem a sua classe social. Essa forma de dispor das pessoas migra para a própria estrutura do texto. O narrador, caprichoso, comanda a narrativa fazendo interrupções, digressões despropositadas, intervenções irônicas, desafiando a inteligência do leitor, quando não, insinuando incapacidade intelectual de quem o lê. A estrutura social hipócrita do Império permitiu que Machado de Assis visse com mais nitidez a diferença entre intenções subjetivas e julgamento social. O uso de imperativos, vocativos e perguntas direcionadas ao leitor representa o jogo de aproximação/afastamento do narrador em relação ao leitor ideal, denominado de narrador. Recursos como a análise dos pensamentos e sensações dos personagens e a intertextualidade com outros autores e obras são importantes para a construção do enredo e podem operar a crítica e a denúncia dos costumes sociais, além de dialogar e rivalizar com outros escritores. Um exemplo de intertextualidade interna é o personagem Conselheiro Aires, presente em duas obras de Machado de Assis. Mesmo inovando nesse aspecto, devemos salientar que a obra termina com um capítulo em que Brás Cubas resume tudo que foi negativo na sua vida. Na verdade, o "Emplasto de Brás Cubas" não é um medicamento real, mas sim uma metáfora criada pelo autor para retratar a superficialidade da elite da sociedade brasileira da época. A expressão é usada para criticar o hábito da elite de tentar resolver seus problemas com remédios caros e inúteis, em vez de enfrentá-los de forma mais profunda e significativa. Assim, o "Emplasto de Brás Cubas" é uma figura de linguagem que simboliza a superficialidade e a falta de substância na vida da elite da época retratada no romance. A obra de Machado de Assis é considerada uma das mais importantes da literatura brasileira e aborda temas como a hipocrisia, o individualismo e a falta de perspectiva da sociedade brasileira da época. Ainda sobre esse prisma, podemos afirmar que o livro foge dos padrões clássicos, associados com um final feliz e ainda, com a linearidade dos fatos. Entre esses dois extremos, há espaço para ressentimentos, moralismos, remorsos e justificativas que ele capta ao deixar expostos os pensamentos do protagonista. Há vários momentos em que Brás Cubas revela que seu ato humanitário tem como origem a vontade de ser aplaudido publicamente. O uso de imperativos, vocativos e perguntas direcionadas ao leitor representa o jogo de aproximação/afastamento do narrador em relação ao leitor ideal, denominado de narrador. Recursos como a análise dos pensamentos e sensações dos personagens e a intertextualidade com outros autores e obras são importantes para a construção do enredo e podem operar a crítica e a denúncia dos costumes sociais, além de dialogar e rivalizar com outros escritores. Um exemplo de intertextualidade interna é o personagem Conselheiro Aires, presente em duas obras de Machado de Assis.