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O ensino de quimica nas escolas da rede publica, Itapetinga-ba, Notas de estudo de Química

Artigo publicado pelo Encontro Dialogo Transdisciplinar realizado pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 30/11/2010

amisson-nunes-3
amisson-nunes-3 🇧🇷

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O ENSINO DE QUIMICA NAS ESCOLAS DA REDE PUBLICA DE
ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DO MUNICÍPIO DE
ITAPETINGA-BA: O OLHAR DOS ALUNOS.
Amisson dos Santos Nunes*
Dulcinéia da Silva Adorni**
Resumo:
Este trabalho relata os resultados de um levantamento sobre a situação atual do ensino
de Química, sob a perspectiva dos alunos, nas instituições de Ensino Fundamental e Médio da
rede pública de Itapetinga-BA. Foram investigadas questões como a percepção que os alunos
têm da Química ao primeiro contato com a disciplina e atualmente; a forma como encaram o
processo de avaliação; as relações que conseguem ou não estabelecer entre o conteúdo
trabalhado na escola e seu cotidiano; a importância que atribuem à Química tanto para sua
formação como para o seu dia a dia etc. Os resultados apontam a fragilidade existente no
processo de ensino-aprendizagem que não consegue, entre outras coisas, estabelecer relações
entre teoria e prática. Indicam também que apesar de todas as dificuldades a Química não
parece ser para os alunos o bicho-de-sete-cabeças que comumente se pinta.
Palavras-chave: Contextualização. Ensino-aprendizagem. Itapetinga. Química.
Introdução
A sociedade atual caracteriza-se por um desenvolvimento técnico-científico cada vez
mais exigente. Para nela viver - e sobreviver - circulando com desenvoltura, o indivíduo
precisa adquirir inúmeras habilidades. Cabe às instituições de ensino favorecer aos seus
alunos um aprendizado significativo que lhes permita desenvolver tais habilidades, e assim,
participar ativamente, como reais cidadãos, da sociedade na qual estão inseridos.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM (BRASIL,
2002) ressaltam que os conteúdos abordados no ensino de química não devem se resumir à
mera transmissão de informações, a qual não apresenta qualquer relação com o cotidiano do
aluno, seus interesses e suas vivências.
Considerando que o processo de ensino aprendizagem de qualquer conteúdo refere-se
a uma atividade intencional, o ponto de partida é sempre uma reflexão que fundamenta a
tomada de importantes decisões: o que ensinar, como ensinar e porque ensinar. Sendo assim,
*Graduando do Curso de Licenciatura em Química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia -
UESB/Itapetinga.
** Professora Efetiva do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais DEBI/UESB/Itapetinga.
Orientadora de Estágios no Curso de Licenciatura em Química.
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O ENSINO DE QUIMICA NAS ESCOLAS DA REDE PUBLICA DE

ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO DO MUNICÍPIO DE

ITAPETINGA-BA: O OLHAR DOS ALUNOS.

Amisson dos Santos Nunes* Dulcinéia da Silva Adorni** Resumo: Este trabalho relata os resultados de um levantamento sobre a situação atual do ensino de Química, sob a perspectiva dos alunos, nas instituições de Ensino Fundamental e Médio da rede pública de Itapetinga-BA. Foram investigadas questões como a percepção que os alunos têm da Química ao primeiro contato com a disciplina e atualmente; a forma como encaram o processo de avaliação; as relações que conseguem ou não estabelecer entre o conteúdo trabalhado na escola e seu cotidiano; a importância que atribuem à Química tanto para sua formação como para o seu dia a dia etc. Os resultados apontam a fragilidade existente no processo de ensino-aprendizagem que não consegue, entre outras coisas, estabelecer relações entre teoria e prática. Indicam também que apesar de todas as dificuldades a Química não parece ser para os alunos o bicho-de-sete-cabeças que comumente se pinta. Palavras-chave: Contextualização. Ensino-aprendizagem. Itapetinga. Química. Introdução A sociedade atual caracteriza-se por um desenvolvimento técnico-científico cada vez mais exigente. Para nela viver - e sobreviver - circulando com desenvoltura, o indivíduo precisa adquirir inúmeras habilidades. Cabe às instituições de ensino favorecer aos seus alunos um aprendizado significativo que lhes permita desenvolver tais habilidades, e assim, participar ativamente, como reais cidadãos, da sociedade na qual estão inseridos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio - PCNEM (BRASIL,

  1. ressaltam que os conteúdos abordados no ensino de química não devem se resumir à mera transmissão de informações, a qual não apresenta qualquer relação com o cotidiano do aluno, seus interesses e suas vivências. Considerando que o processo de ensino aprendizagem de qualquer conteúdo refere-se a uma atividade intencional, o ponto de partida é sempre uma reflexão que fundamenta a tomada de importantes decisões: o que ensinar, como ensinar e porque ensinar. Sendo assim, *Graduando do Curso de Licenciatura em Química pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia - UESB/Itapetinga. ** Professora Efetiva do Departamento de Estudos Básicos e Instrumentais – DEBI/UESB/Itapetinga. Orientadora de Estágios no Curso de Licenciatura em Química.

os temas trabalhados devem sempre estar vinculados à realidade dos alunos, tendo como prioridade sua contribuição no que diz respeito a prepará-los para vida, tornando-se instrumentos de cidadania e competência social. Segundo Maia (2005, p.44) os professores têm que buscar tornar a aprendizagem do aluno significativa, promovendo interações entre os novos conhecimentos e os já existentes na estrutura cognitiva dos alunos. (...) A Química, assim como outras ciências, tem papel de destaque no desenvolvimento das sociedades, pois ela não se limita à pesquisa de laboratório e a produção industrial (...). Embora às vezes não se perceba, esta ciência está presente no nosso dia- a- dia e é parte importante dele, pois a aplicação dos conhecimentos químicos tem reflexos diretos sobre a qualidade de vida das populações e sobre o equilíbrio dos ambientes da terra”. (UESBERCO & SALVADOR, 2002, p.3) Os autores, portanto, consideram essencial que o conhecimento químico faça parte da vida cotidiana das pessoas, a fim de que elas possam, criticamente, contribuir para a preservação e a conservação de todas as formas de vida, inclusive da espécie humana. Entretanto, quando analisamos a trajetória do ensino de química verificamos que, ao longo dos tempos, muitos alunos vêm demonstrando dificuldades em aprender. Na maioria das vezes, não percebem o significado ou a validade do que estudam. Usualmente os conteúdos parecem ser trabalhados de forma descontextualizada, tornando-se distantes, assépticos e difíceis, não despertando o interesse e a motivação dos alunos. Alguns professores de Química, talvez pela falta de formação específica na área, demonstram dificuldades em relacionar os conteúdos científicos com eventos da vida cotidiana. Suas práticas, na maioria das vezes, priorizam a reprodução do conhecimento, ou seja, a cópia e a memorização, acentuando a dicotomia teoria-prática presente no ensino. Partindo deste pressuposto, Andrighetto e Richter, (2009, p.1545) ressaltam que muitas vezes também o método de avaliação tem um caráter reducionista, limitando-se a um instrumento de coleta de informações, fundamentado numa concepção de educação que confunde aprendizado com capacidade de memorização e reprodução. Autores como Trevisan e Martins (2006), no entanto, ressaltam que propostas mais progressistas e sistematizadas indicam a possibilidade de se buscar a produção de conhecimento e a formação de um sujeito crítico e situado no mundo.

valores em percentual 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Questão 1 Questão 2^ questão 3^ questão 4 Questão 5 Questão 6 Questão 7 Questão 8 Questão 9 Questão 10 Alternativa A Alternativa B Alternativa C Alternativa D Percentuais atribuídos a cada resposta obtida através do questionário – E.F. e E.M. Indagados sobre a importância das aulas de Química para a sua formação, constatamos que 54% dos alunos consideram-nas indispensáveis para a sua formação, enquanto 40 as consideram de importância regular, 2,5% acham irrelevantes e 3,5 não souberam dizer. Entretanto, quando indagados sobre a importância da Química para a o seu dia-a-dia, 40% responderam que ela é realmente importante, 47% que é de importância regular, 10% consideraram-na irrelevante e 3% não souberam responder. Este dado nos leva a um paradoxo: ao mesmo tempo em que a Química é considerada, por um percentual significativo de alunos, indispensável para a formação, os mesmos consideram-na de importância regular para o seu cotidiano. Este fato possibilitou-nos formular pelo a seguinte hipótese: os alunos atribuem à Química uma importância apenas “teórica” – talvez eles a estejam vendo como conteúdo importante para passar de um ano a outro na instituição escolar, no entanto, não conseguem compreender sua importância prática ou o seu papel no cotidiano. É possível observarmos, ainda, que embora o percentual de alunos que consideram a Química irrelevante para o seu dia-a-dia seja pequeno, ele é maior que o apresentado nas respostas à pergunta anterior. Dado este que nos leva a corroborar com a afirmação de Uesberco & Salvador (2002, p.3) “alguns professores de Química, talvez por não terem formação específica na área, demonstram dificuldades em relacionar os conteúdos científicos com eventos da vida cotidiana”. Em outras palavras, a dicotomia entre teoria e prática estar impedindo aos alunos compreenderem a importância desta área de conhecimento para o seu cotidiano.

Em relação à primeira impressão quanto ao ensino de química, 56% dos alunos responderam que tiveram uma boa impressão, 21% disseram que foi regular, 15% ruim e 8% indiferente. No entanto, quando perguntamos sobre como consideram as aulas de Química atualmente, observamos um acréscimo no número de alunos que as consideram interessam: 63%. Para 17% as aulas são regulares, para 14% são chatas e para 6% indiferentes. Esses dados demonstram que, mesmo sendo significativos os percentuais dos alunos que avaliam as aulas como chatas e indiferentes, parte majoritária deles refere não apenas ter tido boa impressão por ocasião do primeiro contato escolar com a área de conhecimento, mas que esta impressão inicial se mantém. Em relação à forma como são avaliados na disciplina, 29% dos alunos responderam que consideram a avaliação eficiente, 50% regular, 6% ruim e 15% não souberam responder. Esse elevado índice dos alunos que considera regular corrobora com a afirmação de Andrighetto e Richter, (2009, p.1545) que ressaltam que muitas vezes o método de avaliação vem sendo utilizado de forma errônea, reducionista, limitando-se a um instrumento de coleta de informações. Quando indagados de que maneira suas dúvidas em sala de aula a respeito do conteúdo de Química são respondidas, 42% dos alunos responderam que as mesmas são respondidas de forma eficiente, 44% de forma regular, 8% deficiente e 6% disseram nunca terem dúvidas. Os dados explicitam que nem sempre esses alunos estão saindo das aulas com suas dúvidas respondidas de maneira satisfatória pelos professores, o que, segundo Maia (2005, p.44) pode levá-los a não compreenderem os assuntos das aulas seguintes. Neste sentido, cabe aos professores buscarem formas de tornar a aprendizagem do aluno mais significativa, favorecendo a interação entre os novos conhecimentos com aqueles que os alunos já possuem. Quanto às aulas práticas, 8% dos alunos responderam que as têm mensalmente, 3% quinzenalmente, 50% semanalmente e 39% responderam nunca ter participado de uma aula prática. Observamos certa confusão quanto à esta questão, os alunos parecem não ter muita noção sobre o que é uma aula prática. Observação esta que reforça a idéia de que a dinâmica da sala de aula parece mesmo ser a das aulas expositivas, que priorizam a memorização de conceitos em detrimento da compreensão dos fenômenos. Esta hipótese é reforçada na análise dos dados da questão seguinte, pois quando indagados sobre a estrutura que a instituição oferece para o desenvolvimento de atividades práticas e didáticas, apenas 28% dos alunos

Apesar de todas as dificuldades aqui apontadas, o presente trabalho serviu-nos também como alento, pois desmistifica, de certa forma, a idéia de que a Química é um bicho-de-sete- cabeças para os alunos. Muitos deles afirmaram interesse pela área. Cabe a nós, educadores, através de ações educativas significativas, favorecer que este interesse se mantenha e se solidifique. Embora o trabalho aqui apresentado não esgote a discussão sobre a temática, possibilita novas reflexões e a busca de estratégias que visem tornar mais eficaz e eficiente o ensino de Química nas escolas públicas tanto de Ensino Fundamental quanto de Ensino Médio. Referências: ANDRIGHETTO,Marcos Jose. RICHTER,Cleiton Jose. Avaliaçao escolar. 1 Simposio nacional de Ensino de Ciencias e Tecnologia.2009. Disponivel em: http://www.pg.utfpr.edu.br/sinect/anais/artigos/13%20Formacaodeprofessoresnoensinodecie nciaetecnologia/Formacaodeprofessoresnoensinodecienciaetecnologia_artigo3.pdf. Acessado em 13/05/2010. BRASIL, MEC. As Novas Diretrizes Curriculares que Mudam o Ensino Médio Brasileiro, Brasília, 2002. MACHADO, Jorge R.C. A história da ciência nos livros de química: muletas ou pilares?. Belém, UFPa, 1995. MAIA, Daltamir J. et al. Um experimento para introduzir conceitos de equilíbrio químico e acidez no Ensino Médio. Química nova na escola. , N° 26, 2005. p.44-46. TREVISAN, Tatiana Santini e MARTINS, Pura Lúcia Oliver. A prática pedagógica do professor de química: possibilidades e limites. UNIrevista. Vol. 1, n° 2 : abril, 2006. _Disponível em: http://www.unirevista.unisinos.br/pdf/UNIrev_Trevisan_e_Martins.pdf Acessado em 13/05/2010. USBERCO, João. SALVADOR, Edgard. Química. Volume único.5 ed. p.3, São Paulo:Saraiva, 2002.