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Psicopedagogia: Intervenção na Dificuldade de Leitura com Oficinas, Resumos de Pedagogia

O conceito de psicopedagogia, enfatizando o processo de avaliação e intervenção, com ênfase na oficina de leitura como uma forma de intervenir em uma turma detectada com dificuldade na leitura. Um estudo que mostra o conceito da psicopedagogia, seus métodos de avaliação e intervenção, com ênfase na aplicação da oficina de leitura como uma ferramenta de intervenção.

O que você vai aprender

  • Qual é o objetivo principal do estudo apresentado no documento?
  • Como a Psicopedagogia pode ajudar a melhorar as dificuldades de aprendizagem de leitura?
  • Quais são as vantagens da Oficina de Leitura para a aprendizagem e o desenvolvimento cognitivo?
  • Quais são os métodos de avaliação e intervenção utilizados na Psicopedagogia?
  • Por que a Oficina de Leitura foi escolhida como instrumento de intervenção?

Tipologia: Resumos

2022

Compartilhado em 07/11/2022

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
Andressa Kelly Tavares Candido
OFICINA DE LEITURA COMO INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Orientadora: Prof. Ms.ª Maria Tereza Oliveira Chaves
JOÃO PESSOA
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Baixe Psicopedagogia: Intervenção na Dificuldade de Leitura com Oficinas e outras Resumos em PDF para Pedagogia, somente na Docsity!

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

Andressa Kelly Tavares Candido

OFICINA DE LEITURA COMO INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Orientadora: Prof. Ms.ª Maria Tereza Oliveira Chaves

JOÃO PESSOA

1 INTRODUÇÃO

A psicopedagogia é uma área interdisciplinar que busca a compreensão dos processos de aprendizagem e as dificuldades encontradas pelo aprendente, busca também entender como se dá esse processo e utiliza variáveis métodos de avaliação e intervenção.

A atuação desse profissional se dá em diversos cenários podendo ser nos processos individuais ou coletivos, utilizando-se de várias técnicas e instrumentos, sem descartar a necessidade de uma observação direta ou indireta dos processos de aprendizagem, do corpo escolar, familiar e do próprio aprendente, reunindo aspectos biológicos, psicológicos, pedagógicos e sociais, a fim de organizar essas idéias para a tomada de decisão.

Esse estudo teve por objetivo mostrar o conceito da psicopedagogia, assim como também os seus métodos de avaliação e intervenção, focando na aplicação da oficina de leitura como uma possível ferramenta de intervenção, visto que não temos muitas publicações sobre os métodos de avaliação e intervenção psicopedagogica e a possibilidade de utilização da oficina de leitura como ferramenta de intervenção.

Antes da aplicação da oficina de leitura foi realizada a observação da instituição e somente depois de praticar a observação da estrutura física, da comunidade escolar, dos recursos tecnológicos pedagógicos e estrutura das salas, que ouve o dialogo com os profissionais daquele ambiente e foi identificada a demanda para realização da intervenção que foi a queixa de dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, deste modo escolhemos a turma do segundo ano do ensino fundamental devido às queixas relatadas e foi realizada a observação sobre os alunos, aspectos pedagógicos, atuação docente, interação professor aluno e interação aluno/aluno. Cabe salientar que não foram investigados os contextos familiares nos aspectos de carências afetivas, econômicas e culturais. É sabido que esses aspectos podem ser causadores de bloqueios e também pode influenciar em um baixo rendimento escolar, dispersão, agressividade etc. Foram realizadas observações das aulas da professora, assim como da didática, recursos metodológicos e interação professor/aluno e aluno/professor a fim de saber como seria a interação dessas crianças em dias tidos como “normais” e como seria a interação dos mesmos na oficina. Petit (2006) compreende a Leitura como um instrumento capaz de ajudar as pessoas a superar momentos adversos, contribuindo para a construção ou reconstrução desses sujeitos. A mesma acredita que por meio da leitura é possível que o indivíduo possa buscar formas de melhor enfrentar situações adversas sejam elas boas ou ruins, pelo fato de poder proporcionar ao sujeito a criação de seu próprio espaço psíquico formando conexões entre a história lida e as histórias vivenciadas diariamente pelo sujeito. Seguindo esse pensamento é esperado que a oficina realizada contribua na aprendizagem dos participantes, assim como permita a construção de conhecimento cognitivo promovendo a interação e troca de experiências, criatividade e imaginação, por fim, também é esperado que a oficina estimule o prazer em ler para que no futuro através da leitura esses indivíduos se tornem cidadãos críticos e participativos na sociedade.

2 FUNDAMENTANDO E CONCEITUANDO A PSICOPEDAGOGIA

Devido à aproximação geográfica e a facilidade ao acesso das literaturas por termos uma semelhança em relação à língua, a Psicopedagogia no Brasil tem forte influência da Argentina, entretanto a preocupação com os problemas de aprendizagem teve origem na Europa no século XIX conforme mostra várias literaturas. Segundo Bossa, a Literatura francesa influenciou as idéias sobre Psicopedagogia na Argentina, a qual influenciou a Psicopedagogia brasileira.

A Psicopedagogia chegou ao Brasil na década de 70, em uma época cujas dificuldades de aprendizagem eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos. (BOSSA, 2000, p. 48-49)

Quando se fala em Psicopedagogia o que vem na mente das pessoas que não conhecem seu significado é que seria uma junção dos termos: Psicologia e Pedagogia devido a sua escrita e pronuncia, mas a psicopedagogia não é simplesmente uma junção de dois termos, ela vai muito além, é um curso interdisciplinar que propõe a integração de várias áreas das Ciências Humanas. Para Jorge Visca (1987), a psicopedagogia nasceu como uma ocupação empírica pela necessidade de atender as crianças com dificuldades na aprendizagem, cujas causas eram estudadas pela medicina e psicologia. Com o decorrer do tempo, o que inicialmente foi uma ação subsidiária destas disciplinas, perfilou-se como um conhecimento independente e complementar, possuidor de um objeto de estudo (o processo de aprendizagem) e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios. Segundo DEBESSE; MIALARET (1974) apud SASS (2012), a psicopedagogia incide sobre aspectos distintos da organização escolar, a saber:

I. como modo prático de o professor conduzir, propor, orientar, as atividades dos alunos, a psicopedagogia é compreendida como didática, conforme a referência seja a classe tradicional (escola tradicional), a classe nova (educação nova) ou uma classe ativa (escola ativa) e suas variantes (LEFÈVRE,1974, apud SASS, 2012); II. como modo de distribuir em seqüências, bem como identificar os aspectos biológicos envolvidos no ensino e na aprendizagem de conteúdos das disciplinas escolares, a psicopedagogia é inscrita nas questões referentes à psicologia e ao currículo (LEFÈVRE,1974, apud SASS, 2012); III. como modo institucional de tratar as crianças com problemas de conduta e de aprendizagem por meio da criação de centros psicopedagógicos (LEFÈVRE,1974, apud SASS, 2012); IV. sob a denominação de pedagogia curativa escolar, com inclinações indiscutivelmente terapêuticas, como modo de tratar “ (...) crianças e adolescentes inaptas, que, embora inteligentes, têm maus resultados escolares e para quem os exames feitos levaram a pensar que uma psicoterapia seria inútil ou insuficiente (DEBESSE; MIALARET, 1974, apud SASS, 2012, pag. 03);

2.1 METODOS DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO

A avaliação psicopedagógica é um processo dinâmico, contínuo e preventivo onde tem por objetivo a obtenção de dados e informações sobre o que pretendemos intervir e quais instrumentos e técnicas iremos utilizar. É um processo que permite ao profissional investigar e levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo, recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Essa investigação permanece durante todo o trabalho de diagnóstico por meio de intervenções e da escuta psicopedagógica, para que se possam decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção. (BOSSA, 2000, p. 24) Para se tornar mais rica, faz-se necessário ter visões de diferentes profissionais para a tomada de decisão, a fim de promover mudanças que tornem possível melhorar a situação colocada. As formas de avaliar dependem muito do teórico adotado pelo profissional para sua prática. Conforme tabela abaixo do Esquema Sequencial Proposto pela Epistemologia Convergente, Visca propõe que esse processo se inicie com a entrevista contratual que é realizada com o pai e/ou a mãe e/ou o responsável, logo após faz-se alguns testes, aplica a anamnese e se encerra com a devolutiva.

Ações do entrevistador

EOCA

Testes

Anamnese

Elaboração do Informe

Procedimentos Internos do Entrevistador

1° sistema de hipóteses Linhas de investigação

Escolha de instrumentos 2° sistema de hipóteses Linhas de investigação

Verificação e decantação do 2°sistema de hipótese. Formulação do 3° sistema de hipóteses

Elaboração de uma imagem do sujeito (irrepetível) que articula a aprendizagem com os aspectos energéticos e estruturais, a históricos e históricos que a condicionam.

(VISCA, 1991)

Alguns profissionais iniciam a avaliação com a anamnese como mostra o modelo abaixo de Weiss, porém isso não pode influenciar no resultado final.

1° Entrevista Familiar Exploratória Situcional (EFES) 2° Anamnese 3° Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças)

4°Complementação com provas e testes (quando for necessário) 5°Síntese Diagnóstica – Prognóstico 6°Devolução – Encaminhamento

(WEISS, 1994)

A participação da escola e da família também é de fundamental importância para o sucesso do trabalho do psicopedagogo. É necessário trabalhar a criança levando em consideração o ambiente que ela está inserida. Na escola deve-se levar em consideração a visão do professor e da equipe pedagógica a respeito do aprendente e na família deve-se ser levado em consideração também a visão da mesma sobre a história de vida da criança e seus aspectos individuais, vincular e dinâmico. Segue abaixo alguns fatores que podem causar a dificuldade de aprendizagem:

 Problemas na escola e/ou na família;  Dificuldade em algumas matérias;  Problemas psicológicos (falta de motivação e baixa auto-estima);  Alterações das funções sensoriais;  Doenças crônicas;  Deficiência intelectual;  Transtornos psiquiátricos;  Doenças neurológicas. Dentre os transtornos de aprendizagem, são comuns:  Transtorno específico da leitura (que pode se apresentar em leitura oral lenta, com omissões, distorções e substituições de palavras, com interrupções, correções e bloqueios);  Transtorno da matemática (dificuldade nas tarefas que envolvem competências aritméticas);  Transtorno da escrita (dificuldade de aprendizagem da escrita);  Transtorno na leitura, escrita e matemática (dificuldade em desenvolver atividades das habilidades de leitura, escrita e matemática.

Piaget e Vygotsky contribuíram bastante com suas teorias. Onde Piaget estudou a gênese do conhecimento, e afirmou que o conhecimento se dá através da assimilação acomodação e que o desenvolvimento amplia as possibilidades de aprendizagem sendo assim quanto mais desenvolvidas as estruturas, maiores as possibilidades de aprendizagem. Ele diz

Atuação remediativa:  Realizar orientações individuais tanto para a equipe quanto para o aluno;  Verificar a possibilidade de equipamentos especiais dependendo da instituição;  Promover atividades em grupo;  Promover ajustes na sala de aula;  Realizar encaminhamento a atendimento clínico quando julgar necessário.

A intervenção é um procedimento que conforme o próprio significado da palavra sugere consiste em interferir em algo. Trazendo para a psicopedagogia, a intervenção é um procedimento adotado que interfere no processo do ensino-aprendizado, com o objetivo de fazer a mediação entre o aprendente e seus objetos de conhecimentos. O psicopedagogo não vai ensinar o aprendente a realizar uma atividade como em um reforço escolar, ele vai ser o mediador, o facilitador, fazendo com que o aprendente descubra como realizar a atividade sozinha. A partir do estudo da origem da dificuldade em aprender, o psicopedagogo irá desenvolver atividades que deverão estimular as funções cognitivas que não estão ativadas no aprendente assim como questões afetivas e sociais, a fim de contribuir na construção da autonomia e independência do aprendente. Para Vigotsky (1993, p. 33) todos os seres humanos são capazes de aprender, mas é necessário que adaptemos nossa forma de ensinar.

As causas do não aprender podem ser diversas, e na psicopedagogia entendemos que tudo o que for lúdico sendo planejado com um objetivo, poderá ser usado como recurso terapêutico para que o processo de aprendizagem seja prazeroso e de sucesso, proporcionando assim para o aprendente, uma forma espontânea de aprendizado. Pode ser usado como recurso de intervenção: jogos, dramatizações, linguagem oral e escrita, música, autoconhecimento, artes plásticas, escrita livre e criativa, danças, expressões corporais e todas que atenderem ao desenvolvimento do aprendente. Segundo Piaget (1976), uma ação não é necessariamente lúdica ou adaptativa na sua origem.

Levando em consideração que toda criança gosta de brincar. Qualquer ação pode ser transformada em jogo, de modo que os jogos podem ser mediadores do desejo e são classificados em: motor, simbólicos, de regras e de construção.

O jogo motor não possui representação mental, é somente ação, já o simbólico substitui a ação por pensamento e envolve raciocínio. O jogo de regra permite que o indivíduo entenda que existem regras para todos os jogos e seus jogadores, e o de construção que acontece entre o simbólico e o de regra permite que o aprendente construa e defina como se deve jogar. Segue abaixo algumas técnicas que também podem ser utilizadas como intervenção:

 Eu sou (trabalha a apresentação pessoal);  Outdoor (trabalha a identidade);  Novo ser (trabalha o autoconhecimento, transformação)

 Desenho de polaridades (estimula a imaginação, criatividade e trabalha a representação do inconsciente);  Máscara de gesso (estimula a concentração, ansiedade, tato e a capacidade de construção);  Desenho, recorte e colagem (trabalha o perfeccionismo, frustração e a necessidade de ser controlador).

A arte possibilita, na compreensão de Vygotsky, (1992), a abertura para a expressão de sentimentos e compreensões do mundo que revelam aspectos da produção de sentidos de um sujeito que estão entrelaçados com sua objetividade. Vygotsky ainda completa que exercer a criatividade, a criação e a apreciação artísticas pressupõe um comportamento tipicamente humano que auxilia no entendimento da condição sócio-cultural, historicamente determinada (em processo permanente de construção) que nos caracteriza a todos e a cada um de nós - seres de natureza cultural, criadora, transformadora, simbólica. O psicopedagogo deve se utilizar de todos os recursos disponíveis para alcançar o seu objetivo de ajudar o indivíduo no enfrentamento de suas dificuldades.

Contudo toda intervenção deverá ser planejada e realizada a fim de contribui para a construção da autonomia e independência do mesmo.

2.1.1 Oficina de Leitura

As Oficinas de Leitura de Literatura apontaram a potência da Literatura na função terapêutica e reparadora, como propõem Petit (2006). Segundo o modelo de Frith (1985, 1990) ampliado por Capovilla(2002), existem três estágios necessários para a aquisição da leitura e escrita. O primeiro é o Logofráfico onde a leitura se dá através do reconhecimento visual global das palavras encontradas mais facilmente pela criança, trata- se de um texto como desenho e não uma escrita alfabética.O segundo é o estágio alfabético onde a criança passa a fazer decodificação grafofonêmica, aprende a relação entre letras e sons. O ultimo estágio é o ortográfico, de modo que a criança aprende a fazer a leitura das palavras e as memorizam para o processo de pronúncia e produção ortográfica.

O domínio da língua influencia diretamente na participação social, pois é através desse domínio que podemos significar o mundo e a realidade permitindo a nossa comunicação e a capacidade de defender nossas visões.

Assim como mostra a JANUTH (2008), a linguagem verbal:

  • É constituída na interação entre as pessoas e, portanto, torna-se significativa quando utilizada pelo sujeito para compreender o mundo em que vive e atuar sobre ele;
  • É suporte da dinâmica social e está presente em todas as relações diárias entre os membros de uma comunidade, bem como na atividade intelectual;
  • É o resultado de um trabalho constante de falantes, portanto é viva dinâmica e está sempre se desenvolvendo ou se transformando;

Deste modo ao observar esses pontos para se ter o diagnóstico, é necessário uma observação criteriosa e contínua e não se deve se apegar a único indicador ou situações esporádicas, logo, é necessário o encaminhado aos profissionais especializados.

O hábito e o gosto da leitura podem e devem ser estimulados tanto pela escola como pelos pais.

Bamberger (1991, p. 10) afirma que a leitura é uma ―forma exemplar de aprendizagem‖, pois quando se aprimora a capacidade de ler aprimora-se a capacidade de aprender num todo; indo muito além do ato de ler, ampliando os saberes. Deste modo, fica evidente que ao promover o estímulo, se desenvolve o hábito de ler e desta forma pode-se dizer que a leitura capacita os jovens para exercer melhor o seu papel de cidadão. Da mesma forma, Silva (1998) defende que para promover o desenvolvimento da leitura entre os alunos, não basta apenas teorizar sobre a importância e os benefícios da leitura, é preciso ―professores competentes, que sintam, eles próprios, o prazer da leitura e que possuam um amplo repertório de leitura (...). E Freire, (1921) completa o pensamento dizendo que a leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto.

A leitura estimula a criatividade e a imaginação, auxilia na construção do conhecimento cognitivo promovendo interação e troca de experiências, possibilita participação social e política na sociedade, pois é através dela que se tem a possibilidade de ter acesso a diversos conteúdos para formação do conhecimento, para nos comunicar, expressar, compartilhar, construir e defender nossas visões dos conhecimentos adquiridos, nos tornando um indivíduo pensante com opiniões e embasamentos teóricos para participar ativamente da sociedade. As oficinas psicopedagógicas podem contribuir nas aprendizagens cooperativas, na qual cada aluno possa atingir seus objetivos de forma colaborativa mútua, tendo na integração, a valorização de grupo, a formação do trabalho em equipe como cenário dessa aprendizagem humana.

3 ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

Nos primeiros contatos foi realizado o diagnóstico da instituição, bem como da sua

estrutura física, da comunidade escolar, dos recursos tecnológicos pedagógicos, estrutura da

sala, alunos, aspectos pedagógicos, atuação docente, interação professor aluno e interação

aluno/aluno, depois foi observado o contexto de atuação psicopedagógica, e por fim foi

identificando uma demanda para intervenção e elaborado o plano de atuação.

Foi utilizado o modelo de observação em anexo para coleta de dados e após ter sido

realizado essas observações, identificamos e escolhermos a turma para realizar a intervenção,

planejou-se uma oficina de leitura como intervenção e foram tomados como base as posições

teóricas de Richard Bamberge, Maria Helena Martins, Visca, Weiss, Paulo Freire, etc.

Também trouxeram embasamento para esse estudo alguns componentes curriculares já

estudados no curso de Psicopedagogia da Universidade Federal da Paraíba como Construção

da leitura e da escrita, Psicomotricidade, Distúrbios da aprendizagem, Avaliação

psicopedagógica, Técnicas de intervenção, e Estágio 1, 2 e 3.

4 RESULTADOS

O procedimento realizado na escola foi o de observação da instituição citada

anteriormente, espaço de intervenção: realidade/contexto e perspectivas de intervenção,

identificação de demanda, elaboração de um Plano de atividade e demais instrumentos, assim

como aplicação da intervenção.

No campo de estudo foi observada que sua estrutura física se encontra preservada,

porém existe uma sala de recursos onde é dividida em dois ambientes, sendo a menor ocupada

apenas por uma mesa, quatro cadeiras e algumas estantes de livros onde funciona a biblioteca,

já a maior possui 11 computadores de modo que tem um monitor de informática para auxiliar

os alunos, mas não há aula. A sala pequena além de ser usada para os alunos fazerem

trabalhos, também é usada para fazer o atendimento á crianças.

Existem alguns projetos e programas na escola dentre eles o EJA - Educação de

Jovens e Adultos, e o Mais Educação. Existem também programas do Governo que tem como

base o desenvolvimento de atividades com os alunos, bem como seus registros e que beneficia

toda a escola de forma que promove a integração de todos os funcionários e alunos. A escola

é composta por 909 alunos, o índice de evasão escolar é pequeno.

Na escola existem crianças cadeirantes, laudos de crianças com autismo, síndrome de

Down, hiperatividade, porém entramos apenas nas queixas de professores afirmando terem

alunos com dificuldade na leitura e escrita.

Levando em consideração as observações realizadas na escola e a detecção da

professora e da direção de que alguns alunos do segundo ano do ensino fundamental

apresentam dificuldades na leitura, decidimos intervir no aspecto da leitura, realizando uma

oficina de leitura. Desta forma montamos para os alunos do segundo ano uma oficina de

leitura, na tentativa de contribuir na aprendizagem, na construção de conhecimento cognitivo,

na interação e troca de experiências, na criatividade e imaginação, estimulando assim o prazer

em ler. A oficina de leitura foi realizada em momentos, tais como:

deram para o jacaré, se tinha resolvido e por fim foi perguntado o que devíamos fazer para

não ficarmos com dor de dente como o jacaré.

Logo após foi proposto que a turma desenhasse ou escrevesse sobre a história contada

ou que fizessem as suas próprias histórias, depois alguns alunos socializaram para o grupo

todo e outros falaram sobre suas histórias individualmente para mim.

No final de tudo entreguei dois bombons a cada criança e a professora. Antes da

entrega quando ao falar que tinha trago algo para eles que era doce e que ao contrário do

jacaré eles tinham que depois de comer escovar os dentes, a professora começou a questionar-

los estimulando eles a pensar, perguntou: Algo doce? O que poderia ser? Várias crianças

responderam: bombons, pirulito, Big Big, e ela perguntou Big Big é bombons ou chiclete? As

crianças responderam e uma criança disse acho que não é Big Big é chocolate e a professora

voltou a perguntar: Que tipo de chocolate? Ela disse: Sonho de Valsa e a professora perguntou

a sala quais marcas eles conheciam, e eles responderam: Garoto, Nestlé, Lacta. Perguntou

ainda o preço e cada um disse um preço diferente. Quando revelei que era bombons e comecei

a entregar, a professora voltou a perguntar: quantos cada um está recebendo? A quantidade é

igual? que cor é essa embalagem? E o que está escrito? Qual é o sabor? Doce? Salgado? O

que se diz quando recebemos algo? Deste modo podemos afirmar que existiu uma

interdisciplinaridade de conteúdos (matemática e português).

Nas observações que tinha feito em sua aula já tinha visto que ela buscava associar as

atividades ao dia-a-dia e vi o quanto eles interagem mais quando são estimulados. Em uma

das aulas observadas onde ela realizou um ditado de palavras e depois copiou uma frase no

quadro pediu para eles lerem e foi fazendo a associação da frase com perguntas também, e

depois pediu para que eles desenhassem. Como já falado à experiência de está na escola foi

única, e pude ter a certeza de que a observação é de suma importância, pois nesta sala de aula

se tem queixa de alunos com dificuldade de leitura, e foi verificado que há estímulos, e que a

professora na tentativa de estimular ainda mais deixa todos os dias um aluno responsável por

tirar os livros do armário e colocar no cantinho da leitura (lugar da sala reservado para a

leitura) e esses livros podem ser emprestados, no caso desses alunos foi relatado que a falta de

estimulo está na maioria das vezes em suas casas, onde os familiares não estimulam a leitura

(depoimento da professora da sala).

A experiência de realizar essa oficina com as crianças foi um momento único e de

suma importância, pois tive a oportunidade de vivenciar várias situações onde foi observado o

comportamento de diferentes crianças assim como sua criatividade, a troca de experiências e

suas interações com os outros coleguinhas e comigo mesma. Houve dois alunos que se

negaram a contar sua história ao grupo porém falaram individualmente, um deles tem laudo

de autismo. Em todo momento foi respeitado o tempo deles, pois cada pessoa tem o seu ritmo,

o seu tempo para desenvolver alguma atividade.

5 DISCUSSÃO

A colaboração da professora em sala de aula foi de suma importância na realização desse trabalho, pois em todo o momento ela estava presente observando e fazendo suas contribuições a cerca da leitura e sua importância para os alunos, promovendo a troca de experiências, visto que a escola possui função socializadora, deve promover o encontro de saberes e proporcionar interação e oportunidades para todos.

O aluno que não lê tem dificuldade para compreender textos, resumir, resgatar a idéia principal do texto, analisar e criticar. A oficina de leitura desenvolve a autonomia do aluno nas diversas áreas do conhecimento e o tornará um indivíduo participativo e atuante na sociedade. Cada indivíduo tem um ritmo de aprendizagem e a escola deve preparar os professores para entenderem seus alunos, diferenciar um a um, respeitando o seu ritmo. De acordo com Martins (1986), realizamos a leitura através do conhecimento prévio que temos do mundo; pois mesmo sem saber decodificar letras nos apropriamos do conhecimento a partir da linguagem não-verbal. Kleiman (2008) complementa os pressupostos de Martins (1986) ao afirmar que a leitura é um processo interativo, pois se acionam e interagem os diversos conhecimentos prévios - linguístico, textual e de mundo - do leitor a todo o momento para chegar-se a compreensão do que se lê.

Quando lemos uma série de ações é ativada em nossa mente de modo a extrair informações. Essas ações são chamadas de estratégias de leitura e em sua maioria não são percebidas pela consciência. A mente seleciona somente o que lhe interessa, desta forma nem toda informação que absorvemos outra pessoa absorve.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho contribuiu para se ter uma visão da instituição como mediadora no processo de aprendizagem, mostrando o funcionamento e a importância entre as áreas com equipe multidisciplinaridade e como é importante realizar ações nas quais venham a fortalecer a convivência escolar. Contribuiu para o conhecimento de diferentes métodos de avaliação e intervenção assim como a importância dos mesmos.

Em relação ás dificuldades vivenciadas, foram muitas, porém a maior dificuldade vivenciada em realizar esse trabalho foi convencer a escola á permitir a realização do mesmo. Depois de convencer a escola, outra dificuldade encontrada foi de obter a confiança de todos os envolvidos para que todo o trabalho desenvolvido viessem a contribuir positivamente com esse trabalho, por fim os objetivos foram alcançados, pude realizar as observações e o objetivo de promover uma intervenção na forma de oficina de leitura também foi alcançado.

Durante a leitura do livro as crianças se mostravam surpresas com algumas situações vivenciadas no livro e interagiram com o texto, indagavam, perguntavam, questionavam, estavam atentas e curiosas e ao fazer a atividade de elaboração de histórias algumas

INTERVENTION AS READING WORKSHOP PSYCHOPEDAGOGIC

ABSTRACT: This article is the work of completion of the Psychology course at the Federal University of Paraíba. It introduces the concept of Psychology , as well as the process of assessment and intervention , emphasizing the Reading Workshop as a way to intervene in a class complaining of difficulty in the reading process. Reading workshop was chosen as the focus of attention because of the demand mentioned above and as can be performed with a large number of participants and can contribute to learning in the construction of cognitive knowledge, interaction ( between students , teachers and contents) , the exchange of experience , creativity and imagination , and thus can stimulate the pleasure of reading.

Keywords : Reading Workshop; Intervention; Educational psychology.

REFERÊNCIAS

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