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Guias e Dicas
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Quem é Gurdjief por Olavo de Carvalho, Notas de estudo de Filosofia

Olavo de Carvalho desvenda a figura de Gurdjief

Tipologia: Notas de estudo

2021

Compartilhado em 14/04/2021

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Baixe Quem é Gurdjief por Olavo de Carvalho e outras Notas de estudo em PDF para Filosofia, somente na Docsity! Transcrição: QUEM É GURDJIEFF? por Olavo de Carvalho "O diabo também tem os seus contemplativos, como Deus tem os d'ele." THE CLOUD OF UNKNOWING "No esoterismo islâmico, diz-se que aquele que se apresenta a uma certa 'porta 1, sem ter chegado a ela por uma via normal e legítima, vê essa porta fechar- se diante dele e é obrigado a voltar para trás, não, entretanto, como um simples profano, o que é doravante impôss fvê l, mas como sãher ( feiticeiro ou mágico que opera no domínio das possibilidades sutis de ordem inferior ). O último grau de hierarquia 'contra- -iniciática 1 ê ocupado pelos chamados 'santos de Sati 1 ( awltya esh-shaytán ), que são de certo modo o inverso dos verdadei ros santos ( awltya er-rahmin ), e que manifestam também a expressão mais completa possível da 'espiritualidade as avessas RENÊ" GUÊNON Raramente alguém menciona Gurdjieff sem acrescentar, levantando as sobrancelhas, que se trata de uma figura "misteriosa", "polêmica", e outras coisas do gênero. Para nós ele não é nada disso. Quem quer que tenha tido a oportunidade de acesso aos ensinamentos espirituais das tradições reveladas (1) não encontra a menor dificuldade em identificá-lo como aquilo que ele verdadeiramente é. A atmosfera de mistério em torno do seu nome é 'apenas fruto da ignorância, embora nem sempre se trate de ignorância natural e inata, e sim de ignorância artificial e propositadamente fomentada pelos interessados na manutenção do mistério. 1. A "doutrina" Gurdjieff passou por muitas escolas esotéricas, umas autênticas, outras degeneradas, sem permanecer em nenhuma delas por tempo suficiente para alcançar qualquer resultado espiritual apreciável ( como diz Bayazfd al-bistãmi, quem começa a abrir um poço aqui, depois outro ali, não encontra nada, ao passo que aquele que cava continuamente na mesma direção acaba por encontrar água abundante ). No entanto, ele não estasra realmente interessado em resultados espirituais C dos quais alguém como ele está e sabe que está -- excluído ji priori e irremediavelmente ), e limitou-se a colher, de cada uma, certo número de técnicas e palavras-chave, referentes aos aspectos mais periféricos e vistosos da doutrina, para com eles compor um amálgama denso, opaco e obsauro, que veio a ser conhecido como a "doutrina Gurdjieff". (2) Ela é constituída, no exterior, de algumas iscas para atrair os curiosos e descontentes, e, no interior, de uma série de camadas concêntricas de enigmas e charadas progressivamente indeslindãveis, até chegar ã escuridão total. Tais enigmas são construídos com elementos simbólicos, doutrinais e rituais extraídos das tradições espirituais autenticas, mas oferecidos numa ordem propositadamente falsa e com uma sucessão de pequenos mas crescentes desvios, equívocos e. rodeios, de modo que o emprego das técnicas deles derivadas não possa nunca levar aos resultados benéficos que deveria normalmente produzir numa via espiritual tradicional. O fascínio exercido sobre a mente dos intelectuais ocidentais pelo desafio de decifrar o enigma Gurdjieff ê praticamente irresistível, mas ele não foi feito para ser decifrado, e sim para devorar a quem acredite na possibilidade de decifrá-lo. (3) - 2 - O estudo dessas "doutrinas" e a pratica desses "métodos" leva a um estado de dúvida crescente e cada vez mais opressivo; e ã medida que as trevas se adensam na sua mente, o estudante não raro cai na ilusio de estar-se "aprofundando" no conhecimento, quando em verdade está afundando na ignorância e no esquecimento. Incentivado pela crença dominante no preconceito "cartesiano" que concede i dúvida a primazia sobre a certeza, ele avalia seu avanço no conhecimento pelo critério subjetivo e individualista da sua própria dificuldade de entender as questões, ao invés de guiar-se pelo critério tradicional da evidência e universalidade das respostas; e, levado também por um fundo de complexo de inferioridade que os instrutores Gurdjieff sabem habilmente explorar, ele cai na armadilha de avaliar, paradoxalmente, a pretensa luminosidade da doutrina pela densidade da sombra que ela projeta sobre a sua mente; o que vale dizer que a sabedoria, do "mestre" é avaliada pela confusão e imbecilidade que produz nos discípulos; e ha mesmo um certo prazer masoquista no tom de apatetada consternação com que estes se confessam constantemente driblados pelo "mestre" e frustrados no seu intento de entender o que está se passando: "Mas ele ê um bruxo!" dizem eles. A ilusão de poder algum dia sair desse emaranhado e tornar-se por sua vez um bruxo leva o estudante a permanecer, ^i - 3 - indefinidamente sob o fascmio de tais "ensinamentos". Sem perceber que o "mestre" é por sua vez otário nas mãos de outro mais maligno, e assim por diante até o cume de uma curiosa "hierarquia espiritual as avessas"; sem dar- se conta de que está sendo induzido em erro pelas contradições e falsas pistas propositadamente semeadas ao longo do caminho, e também parcialmente premido pela ambição de descobrir algo que ninguém jamais soube ( sem reparar que isto o afasta para sempre da universalidade do quod omnibus, quod semper, quod ubique credita est, e o aprisiona irremediavelmente na estreiteza subjetiva J, ele vai desenvolvendo um senso crescente e exagerado da complexidade e dificuldade das questões, até que as verdades mais corriqueiras e patentes lhe pareçam sujeitas a caução, No começo, isto pode parecer ate mesmo um amparo contra o tédio, uma arma contra a opressão da "vida cotidiana", contra a tirania das crenças estabelecidas do mundo burguês; mas, longe de libertar o homem, acaba por conduzi-lo a um apalermado senso da impotência e da impossibilidade de conhecer o que quer que seja, até mesmo a sua identidade individual e os laços de sentimento que o ligam às pessoas mais próximas. Embora este estranhamento em face de quase tudo esteja nos antfpodas da universalidade tradicional, que faz o homem compreender a todos os seres e coisas como se fossem letras ou palavras no "discurso evidente" (4) que Deus dirige sem parar a todas as criaturas, - k - como as sensações ou os sentimentos ), ou ainda pela estimulaçio propositadamente incoerente de duas ou mais faculdades. Não vamos descrever aqui os processos de defasagem artificial gerados pela escola Gurdjieff, porque eles são bastantes conhecidos evidentemente, sob o rotulo de exercícios para a integração das faculdades superiores do homem. Estudos recentes provaram que muitas seitas aberrantes -- pura ampliação popular do gurdjieffismo -- empregam dei iberadamente o jogo da informaçio e contra- informação para criar estados de confusão e dependência em seus discfpulos. Gurdjieff foi, em nosso século, o pai de todas essas técnicas. Ao nomear-se "o arauto do bem vindouro" ( The He rã l d of the Corning Good ),,ele mostrava estar consciente da breve invasão do mundo pela pestilência dos Moon, Rajneesh, etc. Só para dar um exemplo de como a coisa funciona, pode-se imaginar o quanto de defasagem é possfvel gerar quando se ordena que alguém trace com os pés uma figura geométrica baseada na sucesslo 2x1 = 6,2 x 2 = 1 2,2 x 3 = 2 2,a o mesmo tempo que recita em voz alta a seqüência 2x2= l, 4x4= 13, 5x5= 28; ou quando se manda alguém derrubar um grosso pinheiro a golpes de colherinha de café ao mesmo tempo que decora um poema e recita interminavelmente um man t rã. São realmente exercícios Gurdjieff, e o atrativo que eles despertam - 10 - em muita gente reside tão-somente na expectativa que só se cumpriria se tais exercícios não tivessem sido concebidos especialmente para jamais chegar a um desenlace feliz e se não fossem continuamente substituídos por novos e mais intrigantes "desafios". A habilidade do instrutor Gurdjieff reside em trocar esses exercícios ( que podem ser dados inclusive sob a forma de situações vividas, sem que ninguém avise que se trata de exercícios ), exatamente no momento em que a vítima esta a ponto de desistir e de confessar sua derrota. Isto cria um estado de permanente anseio sem satisfação: a ampliação da fome acaba por constituir um ersatz de comida. O próprio Gurdjieff dizia que era preciso manter os discípulos "ã beira do colapso nervoso". Certa vez Gurdjieff, fazendo-se de irritado, perguntou a seus discípulos: "Vocês pensam que eu estou aqui para lhes ensinar a masturbaçao?" Nenhum dos presentes foi sábio o bastante para perceber que a única resposta verdadeira era: "Sim". O excesso masturbatõrio de desafios sem proveito leva a um estado que os gregos denominavam hybris, que significa a esterilidade a que é levado aquilo que, pelo exagero, esgotou suas possibilidades de nascimento harmônico e normal. A cada passo, o aluno é convidado a avançar mais outro na escala da esterilidade. A passagem a um grau cada vez maior de complexidade e dificuldade é explicada então como uma ascensão na hierarquia esotérica, e a satisfação assim dada ao orgulho do discípulo funciona como uma compensação para a derrota sofrida pela inteligência - 11 - e pela vontade. O empedramento da inteligência e a inflação orgulhosa do ego são os critérios de "ascensão espiritual" nesta singular "escola mística". Compreende-se então o sentimento de "aprofundamento" que os discípulos experimentam, e também o fato de que se alg leguem detentores de enormes "segredos" ao mesmo tempo em que vão dando mostras cada vez mais evidentes de degenerescencia intelectual, que chegam mesmo, em casos extremos, ao nfvel da estupidez. Numa curiosa inversão dos processos tradicionais, onde o desvelamento de mistérios leva a um estado de evidência, de plenitude da inteligência, de transparência do real, o que acontece com as vítimas Gurdjieff é que nelas se desenvolve, pela opacidade crescente, um senso de amor ao segredo enquanto tá!. que, ao invés de terem desvendado algum segredo, ao contrário: (3 que era patente aos olhos de todos tornou-se segredo para elas. (10) Como símbolo da capacidade de visão espiritual, a águia está para os místicos assim como o avestruz está para os gurdjieffianos. O processo ê acompanhado de um senso -- igualmente "secreto" de impotência e revolta ( sobretudo de revolta contra a inteligência normal capaz de expressar-se em formas transparentes ), e ê deste sentimento obscuro, rancoroso, soturno, que provém a impressão de intensidade emocional - 12 - que essas pessoas transmitem, e que não raro assusta os espectadores, os quais caem por sua vez no trágico engano de tomá-la como sinal de "intensa vida interior" e de acreditar que quem pode atemorizá-los também deve ter algo para lhes ensinar. E assim vai-se perpetuando o engodo (11), até atingir-se o ideal da estupidez perfeita coroada pelo grau máximo de orgulho, pretensão e arrogância. Em suma, Gurdjieff transforma ouro em chumbo: é um professor de esquecimento, um vidente da opacidade. Mais que um cego guia de cegos, ê um transmissor de cegueira. 3 Inversão dos sfmbolos Essa alquimia invertida não nos espanta, aliás, porque não é somente nisto que ele toma as coisas às avessas. Ele faz o mesmo com um grande número de símbolos tradicionais. Por exemplo, nas obras escritas que compendiam a ''doutrina" gurdjieffiana, Hussein -- nome do neto do Profeta Mohammed ( Maomê, fundador do Islam e, a fortiorí, do sufismo;) -- passa a ser o nome do neto de Belzebu; Judas é apresentado como "o maior santo da Cristandade"; e o ser humano passa a ser "um corpo que nasce sem alma" ( sõ podendo adquirir uma mediante os exercícios Gurdjieff e mediante -- é claro -- uma certa quantia em dinheiro ), ao passo que nas doutrinas tradicionais a alma antecede lógica e ontologicamente o corpo, - 13 - que nio é mais que sua cristalização provisória; e assim por diante. Tomar as coisas as avessas é o trabalho por excelência do "Adversário" ( ad versus = "pelo verso" ), ou, em árabe, Shai tan, que se traduz habitualmente como Satã o que nio quer dizer que Gurdjieff seja Satã, e sim apenas um satanista. Prova de que ele não ê o capeta em pessoa ê que seu dei frio de grandez o levou somente a rotular-se Belzebu, ao passo que Belzebu se proclama um segundo Deus. Se ele toma o esquecimento como conhecimento, é de se esperar que tome também a fraqueza como força, e seu famoso handblezoin corrente sutil de "energia" com que ele fascinava e perturbava profundamente seus discípulos -- não é na verdade senão o efeito, sensível fisicamente, na pele, de um certo tipo de degeneração celular provocada pela contínua quebra da harmonia orgânica. Esta degeneração atinge todos os órgãos do corpo -- na autópsia de Gurdjieff não se encontrou um único órgão que não estivesse podre, numa curiosa inversão da incorruptibilidade dos corpos de santos e seu efeito é tão devastador que a presença do doente provoca tremores, calafrios e sensação de fraqueza nas pessoas presentes, sem que estas entendam o que se passa.(12) Se tais pessoas, ao invés de comparecerem ao encontro predispostas a - 14 - defrontar-se com um "mestre", estivessem avisadas de que se tratava apenas de alguém excepcionalmente doente, essas sensações não seriam fantasiosamente explicadas como mostras de "poder espiritual"; na verdade, se ha algum poder nisso, ele é do mesmo gênero daquele que os leprosos e tuberculosos também possuem. Esse estado não é somente uma doença, mas o resultado de certas operações que visam precisamente a criar uma capacidade de gerar malestar, capacidade que constitui a base para inúmeras prestidigitaçoes posteriores. A "técnica", arquiconheci da e milhares de vezes denunciada por todas as tradições, consiste sumariamente em cometer transgressões metódicas e crescentes a todas as leis morais, naturais e divinas ( incluindo as leis da lógica e da gramática ), até que o indivíduo se torne uma espécie de foco e compêndio de desequilíbrios e carências, apto a arrastar na voragem a quantos se aproximem, desavisados, da beira do poço. E claro que o personagem de tais operações só se mantém de pé, depois de um certo ponto, graças àqueles que o cercam, e que vlo servindo de contrapeso aos seus desequilíbrios ( ao contrario dos grandes místicos, que por definição apreciam a vida solitária, Gurdjieff jamais ficava sozinho por mais de alguns minutos ), até que eles mesmos passem a necessitar de contrapesos por sua vez, o que explica a voracidade - 15 - com que as organizações Gurdjieff aliciam e consomem discípulos, gerando com uma rapidez espantosa multidões de desequilibrados, ao ponto de em certos casos levantar graves ameaças ã ordem social ( como no caso Rajneesh ). Daí o temor obsessivo que os gurdjieffianos sempre têm de que os outros lhes "roubem suas energias". As ''técnicas" fornecidas para evitar esse pretenso roubo os colocam então numa atitude de permanente suspeiçio e espreita, e as artimanhas mentais que concebem para livrar-se de seus supostos inimigos lhes dá o ar vagamente lupino entre assustadiço e feroz de quem não pode dormir em paz. E este sobressalto permanente e neurótico, tomado, para cúmulo de ingenuidade, como domínio de si e vigflia espiritual, é por sua vez gerador de novos e intermináveis desequilíbrios. O processo funciona mais ou menos como o "moto perpétuo" descrito no capítulo I I dos Relatos de Belzebu: baseado no princípio de que "tudo cai" ( que ele denomina "lei de queda" ), basta, em cada nível cósmico, "retirar as resistências de baixo" para que tudo caia indefinidamente a um plano Judaísmo, o Budismo, o Islam, em suas formulações tradicionais -- e fora disto só é possível tropeçar com gurdjieffs e coisas afins. (2) Tudo o que diremos de Cjurdjieff aplica-se igualmente a seus discípulos e continuadores, quer aqueles que se apresentam formalmente como discípulos, quer aos que se filiam ao "cisma" de Uspensky, quer aos que se disseminaram pelo mundo sob outros rótulos e sem ligação visível com o gurdjieffianismo ( Rajneesh, Oshawa, Pak Subuh, etc. ), quer, finalmente, àqueles que, na maior piada do século, se denominam os seus "mestres" ( Idries Shah, Ornar 'Ali Shah, etc. ). Em todos esses casos, as técnicas e "doutrinas" variam somente em estilo e cor local. (3) Sobre o caráter premeditadamente insolúve] desses enigmas e charadas, v. o Cap. l do nosso livro O Pseudo-Sufismo no Ocidente. (k) Corão, II: 1-2. Sobre este tópico, v., de um lado, Plotino, Enéada II, Tratado I I I, 7, e, de outro, o simbolismo das letras no sufismo, tal como exposto em Martin Lings, A Sufi Saint qf the Twentieth Century, London, Allen & Unwin, 1973, Chap. VI I. (5) V. Seyyed Hossein Nasr, The Long Journey, em Parábola, Vol. X n? 1, feb. 1985. - 22 - (6) O termo "objeto", aqui, deve ser entendido em modo figurado; no processo da realização espiritual, Deus é Objeto e Sujeito ao mesmo tempo. (7) A inconclusividade, a dificuldade extrema de tirar conclusões das premissas mais óbvias, que é um traço proeminente dos discípulos e egressos de tais "ensinamentos", explica-se assim pelo fato de que o "tempo" do raciocínio lógico se torna demasiado lento em face da velocidade vertiginosa em que passa a operar a memória sensível ou afetiva, sobrecarregada de informações; entre duas premissas e uma conclusio, introduz-se uma avalanche de recordações automáticas que dseviam o pensamento do seu objetivo. (8) Toda "irregularidade" parcial é assim reabsorvida na harmonia do todo. (9) Daí" a idealização da "busca infinita do conhecimento", que é a inversão satânica do conhecimento i n f i n i to. (9a) V. Fio Conway and Jim Siegelman, Snapping. America's Epidemic of Sudden Personality Changes, Ney York, Lipprncott, 1978. (10) A seita de Idries e Ornar 'Ali Shah, curiosa organização gurdjieffiana que se faz passar por uma taríqah ( escola sufi, isto é, da mística islâmica ), chega mesmo ao requinte de usar o lema, autenticamente sufi, de que "o segredo se protege a si mesmo". Os discípulos não percebem que, no caso, eles protegem o segredo contra o assédio deles mesmos, incapacitando- se assim para qualquer ensinamento espi ri tual real. - 23 - (11) Mas a raiva tem um dinamismo próprio, e acaba por gerar, no lugar da inteligência, uma malícia, uma astücia capaz de todos os sofismas: a trágica consolação oferecida pela perda da inteligência é a capacidade de confundir, embotar e finalmente sufocar a inteligência alheia. (12) Rom Landau, famoso repórter, descreve estas sensações, que experimentou durante um encontro com Gurdjieff. Tivemos pessoalmente a ocasião nada memorável de sentir as mesmas coisas, em encontros com um notório gurdjieffi ano argentino, que aliás suspeitamos ser mesmo um dos inúmeros filhos que Gurdjieff gerou em suas discípulas no Castelo do Prieuré. (13Í A mesma organizaçio mencionada na nota k confessa abertamente sua técnica de retirar as resistências morais inferiores, após o que seus discípulos se tornam "delinqüentes, ladrões e mentirosos"! ( Cf. O Sufismo no Ocidente, trad. bras., Rio, Dervish, 1983, que ê o "manual" oficial dessa pseudo-tá riqah. ) (14) Whitall N. Perry, Gurdjieff i n the Light of Tradition, Bedfont, Middlesex, Perennial Books, 197Ü ( 2nd. i.mpr., 1979 ), p. 53, n. 18.