Baixe Realismo, naturalismo e suas obras e outras Notas de estudo em PDF para Português (Gramática - Literatura), somente na Docsity! BY LUIZA MIANO Resumo de Literatura REALISMO-NATURALISMO – 1881-1993 (Brasil). Reação contra o romantismo, onde havia a apoteose dos sentimentos. Questão Coimbrã: polêmica travada em 1865 entre literatos portugueses. De um lado estavam os românticos e do outro os naturalistas (principalmente a juventude), cada qual defendendo seu ponto de vista e troca de cartas entre os opositores. CONTEXTO Nascimento da psicologia. Consolidação da burguesia e do capitalismo. 2ª Revolução Industrial. RJ como capital; movimento abolicionista; e ritmo da ciência, progresso e razão. CARACTERÍSTICAS O movimento buscava ver a verdadeira face do ser humano, no Brasil, procurou analisar a sociedade brasileira e suas tipificações, descrevendo a realidade e a hipocrisia das elites. Aprofundou a visão biológica do mundo = zoomorfização. Crítica à burguesia e ceticismo (crítica ao clero). Contenção emocional: explicação lógica e científica para o comportamento. Personagens esféricas: com profundidade psicológica. Predomínio de sensações: realistas, sensoriais e sexuais. Objetivismo e materialismo. Temas contemporâneos: mazelas e críticas da sociedade. Narrativa lenta. Preocupação formal: correção gramatical, predomínio de denotação. Realismo: machado de Assis Naturalismo: Aluísio de Azevedo e Raul Pompéia. A figura feminina deixa de ser idealizada e se torna misteriosa, exagerada e até adúltera. CORRENTES DA ÉPOCA Positivismo: “Ordem e progresso”, ciência é o caminho para alcançar o Estado positivo (mais evoluído). Evolucionismo: Darwinismo social, seleção natural e instinto biológico. Determinismo: comportamento humano é determinado por forças biológicas, sociológicas, ambientais e históricas, além da circunstância. Comportamento primordial advém da família. OBRAS REALISTAS (você nasce já sendo o que é para ser, se é alguém ruim, já nasce ruim, não se torna): MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS – MACHADO DE ASSIS Defunto autor > memórias de além-túmulo. Inaugura a fase realista de Machado. Ideias: desprezo pelas idealizações românticas e exposição do caráter fraco do sujeito. Ruptura com a linearidade e estilo enxuto, em 1ª pessoa. 160 capítulos construídos por um encadeamento de reflexões do personagem > autobiografia. Muitas citações e alusões históricas. Possui dedicatória (ao verme que corroeu suas entranhas) e aviso ao leitor. Brás Cubas pertence à elite, é muito rico, mimado, nunca trabalhou, fez faculdade ‘nas coxas’, não tem sorte no amor, quer se envolver na política, tem escravos. Metalinguagem: dentro do livro ele fala do próprio livro. Humor ácido: ‘já morreu mesmo’. Brás representa a elite brasileira muito preocupada com a opinião alheia e com o julgamento da sociedade. Envolve-se com a prostituta Marcela - “me amou durante 15 meses e 11 contos de réis”. Depois fica noivo de Virgília, mas esta o troca por um político importante, Lobo Neves, Brás se apaixona por uma moça, mas esta é coxa. Depois de um tempo ele e Virgília se tornam amantes (se encontram em uma casa na Gamboa) e o marido descobre. Quando resolve se casar com Nhã-Loló, mas esta morre. Melhor amigo: Quincas Borba. Emplasto Brás Cubas. Saldo positivo com a vida: não teve filhos, portanto, não transmitiu a nenhuma criatura a miséria da sociedade brasileira. + Zoomorfização: homem é um caso animalesco, ou seja, o instinto predomina sobre a razão. + Mostra o que há de mais degradante do homem: taras, vícios, sedução, traição, ‘homossexualismo’, alcoolismo, ganância. + Émile Zola. O CORTIÇO – ALUÍSIO DE AZEVEDO Defende que pessoas convivendo muito juntas terão os mesmos costumes e atitudes. Perda da dignidade dos indivíduos. Momento da vinda de imigrantes. Narrador observador onisciente. Discurso indireto livre. O espaço é o microcosmo de uma sociedade em formação (cortiço X sobrado). A força do sexo, que degradante e humilhante. Cenas sórdidas. O CORTIÇO é como um personagem. Espaço é dividido em: Espaço físico: o espaço em si, a habitação coletiva. Espaço simbólico: Alegoria do Brasil > luta capitalista, lucro. Espaço social: mistura de raças, choque social. Começa com João Romão se torna amante de Bertoleza (escrava fugitiva), e ela passa a trabalhar na quitanda dele. Bertoleza junta um dinheiro para sua alforria e dá para João comprar, mas ele falsifica a carta e pega o dinheiro. Como vizinho tem o Miranda, um português rico (sobrado), casado com uma mulher que tinha status (Estela), e eles têm uma filha chamada Zulmira. + João Romão e Miranda discutem por um terreno. João Romão começa a construir o cortiço com materiais roubados com a ajuda da escrava e mais pra frente compra uma pedreira e monopoliza a região. No sobrado mora também Henrique, um estudante de medicina que se envolve com Estela e Botelho (agregado parasita). No cortiço morava Pombinha, de 18 anos, que ainda não havia menstruado, portanto a mãe não podia casá-la. Um dia chega Léonie, uma prostituta de luxo e seduz a Pombinha, no dia seguinte, a menina menstrua e casa, mas com isso ela percebe que na verdade ela deseja Leone e então se torna prostituta também. Tornou-se lésbica porque se deixou tocar. Rita Baiana era uma mulher que adorava ser cortejada, uma brasileira sensual, noiva do capoeirista firmo, mas chega no cortiço o português Gerônimo (com a esposa e o filho). Rita e Gerônimo ficam, Firmo descobre e quer matar G, mas G mata Firmo. João Romão quer entrar para a sociedade e começa a cortejar a Zulmira e a pede em casamento, mas tem que se livrar da Bertoleza, para isso encontra os donos dela, mas não quer voltar a ser escrava, então se mata. Briga entre dois cortiços e o cortiço de João Romão pega fogo e ele ainda lucra com isso e quer trabalhar com um novo público – ‘cortiço morre’. A última cena é João Romão se encontrando com jovens da sociedade abolicionista. SITUAÇÃO DA MULHER Objeto: usada (Bertoleza e Piedade). Sujeito: independente, faz suas próprias regras (Leonie e Pombinha). Objeto-sujeito: ora usada, ora independente (Rita Baiana). O ATENEU – RAUL POMPÉIA - 1888 Publicado no fim da escravidão e início da república. Realista e naturalista (principalmente). Expor as mazelas sociais com uma dose de pessimismo. Parcialmente biográfico – história do autor. Narrador personagem – Sérgio – romance memorialista – narra as memórias da infância. Marcou um embate entre Raul (gay) e Olavo Bilac (necrófilo). Raul se mata jovem e deixa duas as cartas, a primeira para o jornal, dizendo que é um homem honrado e para o pai, falando que ele é gay e que a culpa é do pai, por tê-lo colocado naquele colégio. Critica as instituições monárquicas, e a visão mercadológica da educação. Entrou no Ateneu (colégio interno - Abílio) aos 11 anos de idade, para ter sua formação como homem. É o microcosmo da sociedade, equivalente ao mundo > reflexo da sociedade e patologia social. Quando ele entra na escola, para ser protegido é obrigado a aceitar importunações sexuais dos meninos mais velhos. Aristarco: dono e diretor do Ateneu, é mesquinho, corrupto e autoritário. Só havia duas mulheres, que permeavam o imaginário dos meninos: Ema: mulher de Aristarco, é anagrama de mãe. Ângela: funcionária erotizada. Sérgio conta dessas relações para Aristarco, mas ele nega que aquilo existe. Colegas importantes: Rebelo: garoto honrado, alertou Sérgio, e não se deixava levar pela homossexualidade. Franco: a quem Sérgio se une > ‘bode expiatório’. Sanches: o primeiro ‘protetor’, mau caráter. Bento Alvez: segundo ‘protetor’. Egbert: terceiro ‘protetor’ > relação mais próxima de um romance. Crítica à religião, que não consegue ‘curar’ ninguém. Dúvida de Sérgio ao ter sonhos eróticos com Ema. Episódio da goiabada, que são trocadas por bananadas. O colégio pega fogo (desejo dele), e quando Aristarco sai isso representa a queda da monarquia, mas as famílias pagam para a reconstrução, mostrando que a estrutura se perpetua. O Ateneu é um elemento central da obra. Sexo como objeto de poder > fazer o que é preciso para sobreviver. + Se Sérgio fosse negro, tivesse nascido em outra época ou não fosse rico, ele não teria ido para um colégio interno e consequentemente não se tornaria homossexual. Passa a ideia de liberdade na obra > Raul era republicano e abolicionista.