Baixe Segunda Guerra Mundial e outras Redação em PDF para Sociologia, somente na Docsity! Segunda Guerra Mundial:
O Ambiente Internacional
que Ameaça a Paz, Gera a
Guerra e Desencadeia o
Genocídio
Tullo Vigevani
& Instituto de
Estudos
Ie Avançados da
Universidade de
São Paulo
s opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessariament Ea ições do IEA /USP.
“Téxto publicado em 1995
SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: O AMBIENTE INTERNACIONAL QUE AMEAÇA
A PAZ, GERA A GUERRA E DESENCADEIA O GENOCÍDIO
Tullo Vigevani!
I. Introdução
As comemorações de 1995 relativas aos cinquenta anos, decorridos desde
1945, do término da Segunda Guerra Mundial, 29 de abril rendição das tropas
alemães na Itália, 8 de maio rendição incondicional da Alemanha, 2 de setembro
capitulação sem condições do Japão, oferecem a possibilidade de repensar
aquele conflito com um razoável distanciamento histórico. Sabemos que o bem e
o mal então desenhados , as emoções provocadas por aquela guerra ainda estão
longe de estarem afastadas de todos nós. Nem se trata da busca do
distanciamento, às vezes sugerido como necessário, para a compreensão dos
grandes acontecimentos. O que tentaremos nesta reflexão é entender as causas
da guerra. Em particular, até porque a isto estamos instigados pelos impasses da
política internacional contemporânea, entender como a Europa e, logo depois, a
humanidade inteira, puderam ser tragadas pelas chamas sem, aparentemente,
nada ter feito para impedi-lo.
A questão do porquê das guerras intrigou inúmeros pensadores ao longo
dos séculos. Talvez em razão de que apenas cinquenta anos se passaram desde
o fim da Segunda Guerra Mundial, parece não ter havido ainda a possibilidade
para o estabelecimento de um corpo teórico suficientemente denso que, partindo
de uma precisa pesquisa histórica, desse conta das razões de fundo, conceituais,
filosóficas, políticas e econômicas que empurraram para o abismo. Com isso
queremos dizer que esta obra se faz necessária. Mas, ao mesmo tempo, pelas
* Tulio Vigevani é professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), professor visitante do
Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP (1993-1995), pesquisador do Centro de Estudos de
Cultura Contemporânea (Cedec) e autor de A Il Guerra Mundial (Editora Moderna), História e
Conceito de Terceiro Mundo (Editora Ática), organizador de Rosa de Luxemburg (Editora Unesp).
e Otomano, em nome dos direitos nacionais e da autodeterminação dos povos.
Assim, quando a Alemanha, com todo o ímpeto a partir de 1933, inicia uma ação
internacional voltada ao restabelecimento dos seus direitos nacionais e de
potência européia, que considerava alienados pela força, encontra um clima
internacional, uma opinião pública, classes médias e govemos que claramente
emitiam sinais de debilidade no tocante ao estabelecimento de limites para a
política revisionista e restauracionista.
Colocada a questão desta forma simplificada, resultará difícil captar a
complexidade da situação, onde outros fatores igualmente relevantes tiveram um
peso incalculável. Lembremos dois: (a) o cálculo que governos conservadores
europeus, particularmente Grã-Bretanha e França, faziam quanto à possibilidade
de utilização da Alemanha nazista como barreira à expansão da União Soviética;
(b) a fusão na Alemanha de reivindicações sentidas como próprias pelos
segmentos majoritários de seu povo com a tradição militarista prussiana e, mais
grave, com uma Weltanschauung que contrapunha ao conceito iluminista de
nação por contrato (Vertragsnation) o conceito de nação por herança (Erbnation),
com origem no romantismo alemão.
Estamos nesta parte do texto buscando retomar em rápidas pinceladas o
quadro às vésperas da guerra, de forma a explicar alguns dos impasses então
existentes e algumas das questões que atormentavam os seres humanos, as
classes, os partidos políticos, os dirigentes dos Estados. Em outras palavras,
colocava-se para a humanidade de então, inclusive para os alemães que não
compunham o núcleo duro do regime nazista nem tampouco passaram à
oposição, liberais, conservadores, populares, uma questão persistentemente
clássica e atual: a prevalência dos valores morais ou a prevalência da razão de
Estado. Parece que colocada a questão da guerra desta forma, estaremos em
melhores condições de compreendê-la e, se quisermos, de extrair ensinamentos
úteis. Em outras palavras, não é aconselhável interpretar a Segunda Guerra
Mundial com os valores inerentes aos juízos ex-post. Se tivermos em conta os
juízos ex-ante (VITA, 1993), então se tornará mais compreensível porque deixou-
se o nazismo alcançar o poder que atingiu.
Utilizando a interpretação elaborada por Terra (1980) do pensamento de
Kant, pode-se sugerir um conflito entre os momentos determinante, reflexionante
e político-estético. Isto é, a posição de parte substancial da opinião pública inglesa
e de outros países atinha-se ao julgamento determinante, que ao ter como
referência uma particular visão do direito e da justiça, no caso em tela os direitos
históricos alemães, não pôde ter em conta o juízo reflexionante. Este poderia
sugerir, através de uma avaliação perspectiva de resultados, no caso os riscos
implícitos à política nazista, o que poderia advir. Neste caso haveria, ainda,
dubiedade no que se refere à ética, pois, para muitos, os riscos apontados no
tocante ao nazismo, ao menos até 1938, soavam como julgamento de intenções.
Mesmo a Kristalinacht (Noite dos Cristais), de novembro de 1938, o maior ataque
anti-semita até então, soou como um pogrom. Goebbels havia recebido de Hitler a
autorização para queimar sinagogas, lojas e propriedades, mas não a autorização
para atacar pessoas. Mais importante, até março de 1939, quando as tropas
alemãs ocuparam a Boêmia, a Moravia e Praga, a política exterior de Berlim
declarava-se voltada apenas à restauração da integridade nacional.
O encadeamento de acontecimentos que levaram à Segunda Guerra
Mundial, inclusive os atos alemães que passaram à história como exemplos de
agressividade nazista, foram em grande medida legais frente à ordem
“ intemacional existente ou, ao menos, foram cobertos por acordos pré-existentes
ou elaborados ocasionalmente, garantindo-se, assim, a chancela do
establishment internacional de então. Se hoje, com os olhos postos no passado e
com a leitura que a guerra e o pós-guerra induziram, olhamos para a década de
trinta como a um cenário de violações do direito internacional, de aceitação do
uso da força, porque isto não terá perecido tal à geração madura de então? A
justificativa dos “Estados de poder”, as potências insatisfeitas, apresentada pelos
seus dirigentes políticos, mas certamente apoiados por boa parte da população,
concentrava-se no fato de que os Tratados existentes eram não tanto o resultado
de um determinado equilíbrio desfavorável a seus interesses, determinado pela
sorte das armas, mas que mesmo nestas condições eram injustos: portanto a
justiça e a moral internacional deveriam levar ao reconhecimento da necessidade
de revisão dos acertos e das regras existentes. Mas todos os Estados, os de
democracia liberal, os totalitários e a União Soviética, mesmo quando mantinham
um discurso ideológico como pano de fundo de sua política exterior, não tolhiam a
validade da definição de Morgenthau de balança de poder (balance of power): “A
aspiração por poder de parte de muitas nações, cada uma buscando manter ou
alterar o status quo, leva necessariamente a uma configuração que é chamada
balança de poder e a políticas que visam preservá-la” (MORGENTHAU, 1985,
p.187).
Carr, em 1939, apontou alguns dos pressupostos do realismo que se
constituiriam em referencial teórico nas relações internacionais depois da
Segunda Guerra Mundial. O que importa assinalar é que este realismo partia
exatamente da observação dos acontecimentos prévios à guerra. Para Carr, era
imprescindível à correta análise da situação européia e mundial dissipar a ilusão
de que a política dos Estados que estão satisfeitos com o status quo, defensores
do valor segurança como referência básica, fosse diferente e menos preocupada
com a força do que a política dos Estados insatisfeitos. A política de poder se
aplicaria, portanto, a todas as partes. “Esta ilusão (a respeito da expressão
popular 'política de poder”), que exerce uma atração quase irresistível sobre os
publicistas das potências saciadas, é responsável por muitas das idéias confusas
sobre política internacional. A busca da 'segurança', pelas potências saciadas,
tem sido frequentemente motivo de flagrantes exemplos de política de poder.
Tendo em vista assegurarem-se contra a vingança de um inimigo derrotado, as
potências vitoriosas, no passado, recorreram a medidas como a tomada de
reféns, a mutilação ou escravização de homens em idade militar, ou, nos tempos
atuais, o desmembramento e ocupação de território ou desarmamento forçado. É
profundamente errôneo representar a luta entra as potências saciadas e as
insatisfeitas como uma luta entre a moral, de um lado, e a força, do outro. É uma
refere à situação que levou ao desencadeamento da Segunda Guerra Mundial, é
evidente que prevaleceu, como a teoria realista gosta de enfatizar, a moral de
Estado, que não passava da hegeliana razão de Estado. Para Carr, a questão
alcançou tal nível instrumental que, finalmente, “a moral internacional, como
exposta por muitos outros anglo-saxões contemporâneos, tornou-se pouco mais
do que uma arma conveniente para invectivar contra os que atacavam o status
quo" (CARR, 1981, p.142).
O appeasement britânico não pode ser compreendido como circunstancial,
nem pode ser interpretado como uma tendência oportunista da liderança torie dos
anos Trinta. Algumas elaborações sobre relações internacionais surgidas depois
da Segunda Guerra Mundial, em diferentes perspectivas, insistem, ainda que
centralmente preocupadas com as relações de equilíbrio sistêmicas ou com o
papel dos Estados Unidos, no significado da hegemonia. A Grã-Bretanha após
1914 já não era responsável pelo que havia sido a Pax Brittanica no auge de seu
imperialismo. Ainda assim, o neutralismo norte-americano e a específica situação
soviética contribuiram para um papel central da Grã-Bretanha no sistema
internacional, ainda que não hegemônico, mas que não deixava de ser efetivo em
algumas circunstâncias, como, por exemplo, em seu papel de principal fiador da
Sociedade das Nações. Portanto, além dos aspectos ideológicos considerados
negativos do nacional-socialismo, o autoritarismo, a opressão das minorias, o
racismo ariano, o anti-semitismo, o próprio militarismo e o nacionalismo, uma
reabilitação da Alemanha para um papel apropriado no cenário europeu não era
considerada negativamente. Para o governo de Londres e para parte da opinião
pública não se tratava em nenhuma hipótese de abdicar de alianças tradicionais,
em especial com a França, mas apenas de restabelecer equilíbrios considerados
mais realistas, adequados às relações de poder existentes (econômicas,
demográficas, territoriais, culturais etc.). Na percepção britânica esta adequação
resultaria em possibilidades novas, incluindo-se entre elas a de uma paz mais
estável e duradoura.
Post facto este enfoque, que tanto peso teve na precipitação dos
acontecimentos na direção oposta daquilo que pretendia alcançar, é facilmente
criticável. O que queremos aqui destacar é que do ponto de vista da Grã-Bretanha
em absoluto deve ser visto como absurdo ou até covarde, como o senso comum
posterior tende a apresentar.
Os interesses do governo de Londres às vésperas da Segunda Guerra
Mundial eram típicos de uma potência ex-negemônica em declínio. A crise de
1929, a dívida britânica para com os Estados Unidos, as dificuldades de fazer
prevalecer o que era considerado o direito internacional afiançado pela Sociedade
das Nações, como acontecera em ocasião das crises da Abissínia e da Espanha,
eram todas facetas que demonstravam, para seus dirigentes políticos, a
necessidade de alcançar novos equilíbrios que evitassem um declínio maior e, ao
mesmo tempo, pudessem ser alcançados com os menores custos. Isto é, o
declínio, como analisou Nye (1990), pode estimular, por um lado, a tendência à
manutenção da liderança coletiva, que, porém, para ser efetiva, necessita, nas
novas condições, contar com a colaboração ativa de outros países. Por outro lado,
o declínio pode estimular fenômenos de interdependência, através dos quais se
fortaleceriam as tendências que levariam a políticas coptativas em relação aos
países resistentes à cooperação com acenos à possibilidade de sua satisfação
por meio de acordos em que suas vantagens seriam, ao menos
proporcionalmente, superiores às dos demais cooperantes. Sem dúvida, a política
britânica em relação à Alemanha, até março de 1939, partia destes pressupostos
que, como sabemos, não deixam de ter forte incidência em épocas mais recentes.
IV. A política da Alemanha nazista
Servindo de contraponto ao que dissemos das políticas britânica e
francesa, é preciso esboçar algumas considerações sobre a política da Alemanha
nazista. A política de Appeasement, apesar das considerações de seus
defensores, acaba sendo, de fato, um estímulo ao revanchismo alemão. Halifax,
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em viagem a Berlim em novembro de 1937, reconheceria haver entre os dois
países um ponto central de entendimento, que era o anti-bolchevismo. O governo
britânico, de acordo com a documentação, aceitava “modificações no quadro
europeu, listando, entre essas, questões como Dantzig, a Áustria e a
Checoslováquia, porém subordinando a solução não apenas a um processo de
evolução pacífica, mas, ao mesmo tempo, a um retorno da Alemanha à
Sociedade das Nações e a um projeto de desarmamento” (NOLTE, 1988, p.227).
A política alemã vinha sofrendo modificações aceleradas a partir de 1936.
A denúncia do Tratado de Locarno e a saída da Sociedade das Nações, mesmo
sem terem sido anulados outros acordos e tratados, liberou, a partir de 1936, a
Alemanha para uma política de rearmamento de características espetaculares.
Isto permitiu a Hitler, em novembro de 1937, uma guinada que significava a
passagem a uma política exterior ativa. O objetivo sempre declarado de
autodecisão dos alemães deveria ser alcançado com meios pacíficos, mas, a
partir daquele momento, implicaria o uso da ameaça de guerra e sua efetiva
utilização em caso de necessidade. No tocante à Áustria e à Checoslováquia,
falava-se sempre de uma solução da questão alemã e, ao mesmo tempo, de
conquista de um maior espaço vital. Em discurso de janeiro de 1939, no
Reichstag, Hitler sistematizava de forma mais acabada suas concepções: “para
ele, o anti-bolchevismo, o anti-marxismo e o anti-semitismo constituíam um todo
unitário que não tinha como objetivo simplesmente a revisão de Versalhes, a
afirmação do direito de autodeterminação para o povo alemão ou a formação de
um espaço vital para um 'Reich germânico" na Europa Ocidental” (NOLTE, 1988,
p.235), mas, como resultado de tudo isso, formulava uma chamada doutrina de
“libertação do mundo”.
Foi exatamente neste período, que vai de Munique à ocupação de Praga,
de outubro de 1938 a março de 1939, que a opinião pública britânica, mas
também os governos de Londres e Paris, passaram a considerar a possibilidade
efetiva de guerra. Esta modificação de atitude e de expectativas não pode ser
compreendida apenas como consequência da elevação do tom das ameaças e
“
motivações do nazismo, ou melhor, algumas das bandeiras que soube levantar,
não eram estranhas nem às idéias de alguns dos revolucionários de outubro nem
aos pressupostos de uma parte das elites dos países de democracia liberal.
Particularmente o reconhecimento de fundamento ao sentimento de injustiça de
que padeciam os alemães, desde Weimar até Hitler, fazia parte do senso comum.
A questão que se coloca é porque, então, nada de fundamental foi feito para
superar a questão, ou, ao menos, não foi possível qualquer acordo geral nesta
direção.
A resposta, acreditamos, a apresentamos ao longo do texto. Uma
intransponível tensão entre segurança, interesses nacionais e incertezas produziu
a catástrofe. Produziu sobretudo o imobilismo. Uma conclusão de inestimável
valor para a análise das relações intemacionais posteriores a 1945, até nossos
dias, é a de que a defesa do status quo não é uma política que possa durar muito
com sucesso. Mesmo no caso em que dure, isto só será possível a custos
incomensuráveis, até, eventualmente, o limite da insuportabilidade. Este limite
será alcançado não só pelo aumento dos custos diretos, mas também pelas
consequências que se determinarão no campo social e econômico interno e
internacional. Para Carr, “estabelecer meios de mudança pacífica é, portanto, o
problema fundamental da moral e da política internacionais” (CARR, 1981, p.206).
Hoje podemos afirmar que tanto a política de appeasement quanto a recusa de
qualquer negociação não produziram os resultados desejados.
De qualquer forma, cabe ressaltar que a diferenciação entre “Estados de
poder e “Estados de bem-estar” apenas parcialmente é útil à compreensão da
Segunda Guerra Mundial. Buscamos entender as razões das posições
intemacionais dos Estados, mas isto está longe de ser suficiente para a
explicação da evolução intema dos regimes. A debilidade francesa e britânica a
partir de 1936 fortaleceu as características específicas do nazismo, ao permitir
que o “orgulho nacional”, restabelecido em níveis inimagináveis, pudesse ser
capitalizado pelo nacional-socialismo e por Hitler em particular. A guerra permitiu,
por inúmeras razões, o fortalecimento do grupo dirigente e instigou até o limite
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máximo a busca de sobrevivência do regime, levando-o rapidamente, sobretudo a
partir do momento em que a guerra se torna mundial, junho de 1941 ataque à
URSS, dezembro de 1941 Pearl Harbour, a um enfrentamento entendido não
apenas como militar, mas entendido como de sobrevivência nacional e humana.
Nestas condições, o ambiente internacional, somado às características do
nazismo e da própria Alemanha, leva à destruição total, ao genocídio,
considerando-se a aniquilação do inimigo interno previamente criado, a partir de
1942 os judeus sobretudo, elemento imprescindível de sobrevivência, única
alternativa à própria morte. Passava-se a linha demarcatória que a humanidade
ao longo dos séculos havia estabelecido para a guerra.
A busca da compreensão da Segunda Guerra Mundial indica quão difíceis
são os caminhos para o estabelecimento de parâmetros de política internacional.
Fonseca Júnior e Lafer, em contexto totalmente diferente, sugerem ser a
tolerância um valor chave para o encaminhamento da construção de uma ordem
internacional justa (LAFER e FONSECA JÚNIOR, 1994). Mas eles próprios
acrescentam reconhecer a complexidade epistemológica do tema, visto o valor
tolerância conter em si relação com a natureza da verdade. Poderemos concluir
que, a partir de 1945, alguns dos ensinamentos do realismo político foram
absorvidos ao longo da Guerra Fria, tanto no polo liderado pelos Estados Unidos
quanto no polo liderado pela URSS, com conseguências ao mesmo tempo
positivas e negativas. Mesmo com o crescimento do debate sobre os valores
cooperação internacional e interdependência e mesmo com suas reais
implementações, não é possível desconhecer que para avançar nestas direções
os Estados, ao menos os que têm condições para isso, atuam sem desconhecer
que o poder, ainda que não em sentido militar, continua sendo um instrumento
necessário quando se quer alcançar objetivos e diminuir as incertezas
desestabilizantes.
Enfim, as dificuldades para se definir políticas, como vimos ao rever os
grandes impasses registrados às vésperas da Segunda Guerra Mundial, parecem,
apesar de tão modificadas as circunstâncias, permanecer. Os caminhos para se
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alcançar uma ordem internacional justa não estão claramente estabelecidos.
Aspectos do realismo e do idealismo se fazem ainda necessários às análises
modernas.
Bibliografia
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Vita, Álvaro de. Justiça Liberal: argumentos liberais contra o neoliberalismo. Rio
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