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Guias e Dicas
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UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE FINTECHS BRASILEIRAS, Teses (TCC) de Gestão Financeira

Diante das mudanças causadas pela inovação digital no mercado brasileiro de Fintechs, esta pesquisa buscou analisar as demonstrações contábeis e estratégias financeiras de Fintechs brasileiras. Foram selecionadas a Cielo e a Stone, duas Fintechs diferentes do mercado adquirentes de cartão, divisão da indústria de pagamentos. Foi realizada uma revisão bibliográfica de autores que abordam o mercado das Fintechs e dos meios de pagamentos, assim como os estudos de análise financeira de empresas. Através da análise dos relatórios financeiros cedidos aos investidores, foi possível identificar índices de liquidez, endividamento e rentabilidade das duas companhias. Foi percebida uma aversão à retenção de caixa pelas duas adquirentes de cartão, principalmente pela Cielo, apesar de demonstrar ser uma empresa sólida, grande e de margens seguras. A Stone apresentou um perfil estratégico mais arrojado, indicado pela sua prática de reinvestimento e seu alto grau de alavancagem financeira

Tipologia: Teses (TCC)

2022

Compartilhado em 14/05/2023

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feliphe-rodrigues-1 🇧🇷

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Baixe UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE FINTECHS BRASILEIRAS e outras Teses (TCC) em PDF para Gestão Financeira, somente na Docsity! MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA – UFRA CURSO DE BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO FELIPHE RODRIGUES LOPES GONÇALVES UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE FINTECHS BRASILEIRAS PARAGOMINAS 2022 FELIPHE RODRIGUES LOPES GONÇALVES UMA ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS DE FINTECHS BRASILEIRAS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte das exigências do Curso de Bacharelado em Administração, campus Paragominas, para obtenção do título de Bacharel em Administração. Orientador: David Costa Correia Silva PARAGOMINAS 2022 Dedico este trabalho a DEUS que me me proporcionou graça e força para superar os limites e obstáculos, e à minha família que me apoiou e me ajudou a chegar até aqui. RESUMO Diante das mudanças causadas pela inovação digital no mercado brasileiro de Fintechs, esta pesquisa buscou analisar as demonstrações contábeis e estratégias financeiras de Fintechs brasileiras. Foram selecionadas a Cielo e a Stone, duas Fintechs diferentes do mercado adquirentes de cartão, divisão da indústria de pagamentos. Foi realizada uma revisão bibliográfica de autores que abordam o mercado das Fintechs e dos meios de pagamentos, assim como os estudos de análise financeira de empresas. Através da análise dos relatórios financeiros cedidos aos investidores, foi possível identificar índices de liquidez, endividamento e rentabilidade das duas companhias. Foi percebida uma aversão à retenção de caixa pelas duas adquirentes de cartão, principalmente pela Cielo, apesar de demonstrar ser uma empresa sólida, grande e de margens seguras. A Stone apresentou um perfil estratégico mais arrojado, indicado pela sua prática de reinvestimento e seu alto grau de alavancagem financeira para um crescimento acelerado, o que ocasionou um endividamento elevado e prejuízos acumulados, gerando um risco maior para a empresa. Estudos futuros poderão apresentar a relação entre as estratégias financeiras de outras Fintechs e as demais estratégias organizacionais. Palavras-chave: Fintechs; Demonstrativos Financeiros; Estratégias Financeiras. ABSTRACT Given the changes caused by digital innovation in the Brazilian Fintech market, this research sought to analyze the financial statements and financial strategies of Brazilian Fintechs. Cielo and Stone were selected, two different Fintechs in the card acquiring market, a division of the payments industry. A bibliographic review of authors who approach the Fintechs market and the means of payment was carried out, as well as studies of financial analysis of companies. Through the analysis of financial reports given to investors, it was possible to identify liquidity, indebtedness and profitability indexes of the two companies. An aversion to cash holding was perceived by the two card acquirers, mainly by Cielo, despite proving to be a solid, large company with secure margins. Stone presented a bolder strategic profile, indicated by its reinvestment practice and its high degree of financial leverage for accelerated growth, which resulted in high indebtedness and accumulated losses, generating greater risk for the company. Future studies may present the relationship between the financial strategies of other Fintechs and other organizational strategies. Keywords: Fintechs; Financial Statements; Financial Strategies. LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Resultados do Capital Circulante Líquido (em milhares de reais)..........46 Gráfico 2 – Resultados da liquidez imediata............................................................46 Gráfico 3 – Resultados da liquidez corrente.............................................................47 Gráfico 4 – Resultados do grau de alavancagem financeira (GAF).........................48 Gráfico 5 – Resultados da participação de capital de terceiros................................49 Gráfico 6 – Resultados da composição do endividamento.......................................50 Gráfico 7 – Resultados do endividamento geral.......................................................51 Gráfico 8 – Resultados do giro do ativo....................................................................52 Gráfico 9 – Resultados da margem EBITDA............................................................52 Gráfico 10 – Resultados da margem líquida............................................................53 Gráfico 11 – Resultados da rentabilidade do ativo (ROA)........................................54 Gráfico 12 – Resultados da rentabilidade do patrimônio líquido (ROE)...................55 LISTA DE SIGLAS BACEN – Banco Central Do Brasil CMN – Conselho Monetário Nacional MDR – Merchant Discount Rate SBP – Sistema Brasileiro De Pagamentos SFN – Sistema Financeiro Nacional SPE – Secretária de Políticas Econômicas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..............................................................................................11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA....................................................................13 2.1 Inovação e mercado.....................................................................................13 2.2 Fintechs........................................................................................................15 2.3 Sistema brasileiro de pagamentos.............................................................20 2.4 Análise de demonstrações financeiras......................................................24 2.5 Indicadores...................................................................................................26 2.5.1 Análise vertical e horizontal............................................................................26 2.5.2 Indicadores de liquidez..................................................................................27 2.5.3 Indicadores de endividamento.......................................................................29 2.5.4 Indicadores de rentabilidade..........................................................................30 3 MATERIAIS E MÉTODOS.............................................................................33 4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DO RESULTADOS....................................36 4.1 Empresas analisadas..................................................................................36 4.1.1 Cielo...............................................................................................................36 4.1.2 Stone.............................................................................................................36 4.2 Análise vertical e horizontal........................................................................37 4.3 Análise da liquidez.......................................................................................45 4.4 Análise do endividamento...........................................................................48 4.5 Análise da rentabilidade..............................................................................51 5 CONCLUSÃO...............................................................................................56 REFERÊNCIAS.............................................................................................59 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nos próximos subtópicos, serão apresentados os principais aspectos relacionados às características e ao mercado das Fintechs. Em seguida, os modelos de análise de demonstrações financeira serão demonstrados conforme suas aplicações neste estudo. 2.1 Inovação e mercado As estruturas de mercado de diversos setores da economia são alteradas constantemente pelas inovações tecnológicas alcançadas através de estratégias de empresas que buscam a competitividade. Em especial, o sistema financeiro global tem passado por diversas mudanças provocadas por novas tecnologias. Novos produtos, novos serviços, soluções especializadas, automatizações, sistemas integrados e praticidade estão entre os resultados da evolução tecnológica do mercado financeiro. A demanda crescente por serviços financeiros de alta performance abriu espaço para o crescimento do setor, que é denominado, segundo Santana (2019), por Finanças 4.0, um mercado em crescimento acelerado e alto potencial que abriu espaço para a atuação de um novo modelo de empresas mais tecnológicas. Segundo Schumpeter (1997), as inovações provocam uma cisão na economia, uma revolução nas estruturas produtivas e criam diferenciação para as empresas. Seu modelo científico compara uma pequena empresa criada por um empreendedor e uma grande empresa consolidada e conclui que a grande empresa consolidada inova rotineiramente a partir de pesquisa e desenvolvimento (P&D). Logo, o autor argumenta que os processos de inovação são facilitados quando as empresas são relativamente grandes e o mercado está concentrado. Segundo a teoria de Schumpeter, a inovação empresarial é essencial para o crescimento econômico das organizações (SCHUMPETER, 1997). O acesso e investimento na tecnologia traz inovação, que tem resultado em uma completa transformação do sistema financeiro, pois os serviços priorizam dupla eficiência e baixo custo, sem comprometer consultas, saques, taxas, descontos, tudo online, o que mostra claramente que a Internet tem seu espaço permanente, tanto 14 na tarefa de garantir um melhor trabalho do cliente remotamente, como no processo eletrônico. Em meio a este contexto de inovação no mercado financeiro, o Relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central do Brasil (BACEN, 2019) salienta que fatos como os mencionados acima incentivam o desenvolvimento de novas tecnologias no mercado financeiro e estimulam a concorrência de mercado, o que possibilita oferecer produtos a preços mais baixos, atendendo a uma parcela maior da população. Assim, é enfrentado o desafio de transformar o sistema financeiro e, ao mesmo tempo, incentivar as instituições participantes a se desenvolverem além da zona de conforto. Ainda de acordo com Relatório de Estabilidade Financeira do BACEN (2019), deve-se reconhecer a importância tanto do uso de novas tecnologias cuja aplicação pode ser estendida a todo o setor, incluindo métodos de pagamento, compensação e liquidação, quanto a importância de formas inovadoras de prestação de serviços. Por outro lado, o BACEN é cauteloso em relação à introdução de inovações que possam ter consequências para a solidez do sistema financeiro, já que essas novas formas de prestação de serviços significam a necessidade de um método já existente de monitoramento de seu uso e um marco regulatório aprimorado em tempo hábil para garantir o bom funcionamento do sistema financeiro nacional (SFN) e da infraestrutura de mercado. A revolução nas mídias digitais em relação à pandemia mudou a forma como as pessoas utilizam os serviços financeiros, pois as empresas também tiveram que mudar suas formas de pagar e receber. As transações de pagamento digital no Brasil cresceram 50% entre maio de 2019 e abril de 2020, segundo a Fintech de Tecnologia de Serviços Financeiros (FIS), provedora de soluções tecnológicas para estabelecimentos comerciais, bancos e empresas do mercado de financeiro em todo o mundo (LIMA E FRANCISCO, 2021). Deste modo, surge o conceito de Startup, o qual o Dicionário Financeiro define como como empresas inovadoras com crescimento acelerado, com um modelo de negócio replicável, se baseando na inovação, com objetivos que resultam em rápido crescimento e conquistam o mercado criando um produto ou serviço inovador ou de nicho. Deve-se lembrar, que esse termo - que em inglês significa “começar algo” - 15 surgiu na década de 1990, quando, graças à bolha da internet, algumas startups de tecnologia surgiram e se desenvolveram. Como exemplos destas startups que se tornaram unicórnios (startups com um valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares) podemos citar: o Uber, Airbnb, Dropbox, Snapchat, Pinterest, Spotify, entres outros (LIMA E FRANCISCO, 2021). Percebe-se que Startups contrastam com a ideia anteriormente apresentada de Schumpter (1997), uma vez que surgem com grandes inovações de pequenos grupos de pessoas com pouco investimento, ao invés de grandes setores de P&D de empresas dominantes de mercado. As mudanças estão relacionadas à forma como as necessidades são atendidas, onde as startups têm uma atuação ampla e diversificada no mercado e oferecem soluções para diferentes tipos de requisitos. Desta maneira, há uma alavancagem da inovação das startups em finanças, em mercados pouco explorados por grandes bancos. Por isso, há uma necessidade urgente de difundir esses novos conceitos e soma-los à capacitação de indústrias que representam setores transversais e estratégicos, os quais buscam produtividade e inovação de produtos e serviços (SANTANA, 2019). 2.2 Fintechs Com alta aplicação tecnológica no mercado financeiro, a startups do setor se diferenciaram das outras startups através do termo Fintech, definido pela Secretaria de Política Econômica (SPE) como: Fintechs são empresas que combinam finanças com tecnologia. Elas agregam as tecnologias mais avançadas aos serviços financeiros. As Fintechs atuam em diversos segmentos financeiros, como: pagamentos, gestão financeira, empréstimos e investimentos. É um mercado em expansão em todo o mundo e com seu desenvolvimento espera-se uma mudança na forma de se oferecer serviços financeiros à população, agregando maior eficiência e redução de custos a estes serviços. A regulamentação desse mercado é tema relevante para as instituições que regulam o mercado financeiro brasileiro, e faz parte das atribuições da SPE formular e avaliar as políticas públicas voltadas para essas instituições (BRASIL, 2019). Este modelo de empresas que une serviços financeiros com alta tecnologia (“fin” e “tech” de finanças e tecnologia, em inglês) passaram a cobrir nichos que antes eram dominados somente por grandes instituições. Para a Fintechladb (2016), as Fintechs aliam tecnologia e serviços financeiros enquanto levam inovação tanto para 18 Abaixo serão apresentados resumos de alguns estudos já realizados por diferentes autores sobre as Fintechs e seus aspectos. Em um estudo de Dall'agnola e Verschoore (2019), buscou-se identificar as características das abordagens estratégicas adotadas pelas Fintechs brasileiras para competir no setor de pagamentos eletrônicos. Foram realizadas entrevistas com seis gestores de instituições financeiras e Fintechs por meio de análise qualitativa comparativa e um software fsQCA. Os resultados apontaram para três características mais importantes, como: tecnologia digital, agilidade e experimentação. As características, visão e emergência, revelaram-se relativamente menos frequentes. Sobre os facilitadores e barreiras enfrentadas pelas Fintechs para pagamentos móveis no contexto brasileiro, Braido, Klein e Papaleo (2019) buscaram identificar nove empresas desse segmento. Eles identificaram vários fatores que atuaram como facilitadores da entrada e desenvolvimento de Fintechs, tais como: conveniência e foco da solução oferecida, inovação no uso da tecnologia e colaboração e parceria entre Fintechs. Também identificaram diversos obstáculos, a saber: questões regulatórias, necessidades de investimento, dificuldades em encontrar parceiros e conflitos de interesse com grandes players do mercado financeiro. Carneiro (2021) analisou os dados sobre a percepção dos especialistas em relação às Fintechs, e concluiu que este tipo de empresa utiliza as redes sociais como principal estratégia de comunicação com seus clientes, visando agilidade e experimentação com tecnologias digitais na aquisição de novos usuários. Em relação à percepção dos usuários de Fintechs, destacou-se que a satisfação e a intenção de continuar usando estão relacionadas positivamente. Aspectos econômicos e fluidez das transações são fatores determinantes para que os clientes utilizem as Fintechs. No Brasil, o modelo de Fintech foi regulamentado pelas Resoluções 4.656 e 5.657 do CMN, em abril de 2018, que estabeleceram, em especial, crédito direto e parcerias de crédito entre pessoas, permitindo que essas operações fossem realizadas por meio de plataforma eletrônica, definindo regras e operando procedimentos. (NASCIMENTO, 2019) Apesar disso, por ser um setor novo e em constante desenvolvimento, é difícil classificar esse mercado de forma única e chegar a um consenso sobre o segmento 19 das Fintechs. No entanto, antes da regulamentação do CMN, a CB Insights (2014) desenvolveu o que ficou conhecido como “The Periodic Table of Fintech”, traduzido livremente como “A Tabela Periódica das Fintechs”, que nada mais é do que um modelo de apresentação do ecossistema das Fintechs no mundo. Os segmentos são representados por 13 cores diferentes Figura 2: Tabela Periódica de Fintechs Fonte: CB INSIGHTS (2014) O quadro abaixo traduz o gráfico de forma otimizada, e apresenta os 13 diferentes segmentos de Fintechs conforme seus objetivos como empresas: Quadro 1 – Segmentos de Fintechs Segmento Objetivo Empréstimos e financiamentos Focadas em soluções e plataformas de empréstimos e financiamentos, fazendo uso muitas vezes de tecnologias como o aprendizado de máquina para avaliar os clientes e o seu crédito disponível. Pagamentos Foco em soluções que facilitem o processo de pagamentos. 20 Financiamento pessoal Busca ajudar os usuários a administrar suas finanças pessoais, de forma digital, inteligente e prática. Transferência de dinheiro São plataformas de transferência de dinheiro em tempo real, a qualquer hora do dia. Moeda digital Empresas que atuam com criptomoedas. Ferramentas para empresas Fintechs que atuam como fornecedora de ferramentas para outras instituições financeiras. Financiamento de capital coletivo Plataformas que permitem que indivíduos realizem aportes de capital em projetos ou empresas. Capital de risco Aquelas que fazem investimentos de capital de risco em outras Fintechs, visando obter retornos no futuro. Investidores corporativos Incluem empresas que fazem investimentos diretos no setor. Investidores anjos São investidores individuais que oferecem capital em estágio inicial e consultoria para as Fintechs, muitas vezes em troca de participação acionária. Incubadoras Geralmente oferecem uma combinação de investimento de capital, consultoria e recursos para que pequenas startups se desenvolvam. Adquirentes de Fintechs Grandes empresas que compraram Fintechs nos últimos cinco anos. Saídas relevantes Aqui são listadas todas as principais empresas do setor que foram adquiridas ou abriram seu capital nos últimos cinco anos. Fonte: Adaptado de Brito (2020) Neste estudo, traremos foco a um segmento específico de Fintechs, correspondente a soluções e serviços para o processo de pagamentos. A fim de melhor entendimento, o próximo tópico aprofundará os detalhes desta indústria, assim como seus principais eventos. 2.3 Sistema Brasileiro De Pagamentos A indústria de pagamentos no Brasil é “conhecida por ser concentrada e ter relações verticais complexas” (PEREZ E BRUSCHI, 2018). Tomemos como exemplo 23 Figura 3 – Funções dos responsáveis pelo mercado de cartões em 2010 Fonte: ABECS (2019) De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV, 2019), a tarifa do cartão cobrada pela adquirente do contratante do serviço também é conhecida como tarifa MDR, que significa Merchant Discount Rate. Essa taxa é um percentual que o adquirente deduz do valor final de venda do fornecedor da máquina de cartão, a qual é repassado diretamente para a empresa. O custo da operação se divide em três componentes: Interchange Fee (taxas de intercâmbio), Assessments e Markup (IDV, 2019). Interchange Fee é uma taxa que o adquirente paga ao emissor do cartão que foi utilizado na transação, esse valor é determinado pela bandeira. O Assessments é um conjunto de taxas que são repassadas para a bandeira, que irá variar de acordo com o tipo de venda, como por exemplo, uma venda online ou internacional. Markup é a taxa que o adquirente coloca em cima desses custos operacionais para obter lucro, ou seja, é o valor que sobra após o repasse das taxas mencionadas (IDV, 2019). 24 Hoje, o mercado de adquirentes é formado por alguns players de destaque, entre eles, se destacam a Stone e a PagSeguro, startups que alcançaram alto valor de mercado, e Cielo, Redecard e GetNet, representantes do grupo tradicional e consolidado por grandes bancos investidores. 2.4 Análise de demonstrações Financeiras A análise das demonstrações financeiras envolve duas características principais: estática e dinâmica. No caso de um elemento estático, o status da organização em determinado período é demonstrado. Já no contexto dinâmico, o foco está no processo evolutivo da organização no mercado, comparando os resultados atuais com os resultados anteriores, e considerando seu potencial evolutivo para o futuro econômico-financeiro da organização no mercado (REIS, 2009; PADOVEZE, 2010; ASSAF NETO, 2015). As demonstrações financeiras devem seguir um processo de análise padronizado, para que o processo de auditoria forneça informações claras e detalhadas. Isto envolve um processo crítico na organização das demonstrações financeiras, compilando-a e simplificando-a para fins de análise, coletando relatórios semelhantes, auxiliando na identificação de potenciais erros sistêmicos e, em especial, aos envolvidos nas demonstrações financeiras, desde que utilizadas de forma adequada, para obter resultados efetivos sobre o gerenciamento do negócio (AMARAL, 2019; MATARAZZO, 2010) O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) define esta padronização das demonstrações contábeis. De acordo com a Resolução CFC nº 1.055/05 de 7 de outubro de 2005, o CPC tem como objetivo: O estudo, o preparo e a emissão de documentos técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. O Balanço Patrimonial é o relatório mais importante na contabilidade, pois através do mesmo pode-se identificar em um momento estático a saúde financeira e econômica da empresa. Este relatório é analisado geralmente no fim do ano, principalmente por ser obrigatório para divulgação pela Bolsa de Valores. A maioria 25 dos indicadores financeiros serão elaborados a partir de informações do Balanço Patrimonial. Quadro 2 – Estrutura do Balanço Patrimonial ATIVO PASSIVO Bens e Direitos Obrigações Ativo Circulante - AC Passivo Circulante - PC Passivo Não Circulante - PNC Ativo Não Circulante - ANC Patrimônio Líquido - PL Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2015, p.130). A DRE retrata diretamente o fluxo econômico, o qual afeta todos os itens patrimoniais. As receitas, por exemplo, causam aumento do Ativo, o que aumenta o Passivo Total através do Patrimônio Líquido (PL) da organização. Já as despesas reduzem o PL, pois ocorre um aumento do Passivo sem compensação no Ativo (MATARAZZO, 2010). Entre os modelos de demonstrações e contas conhecidas, o quadro abaixo exemplifica algumas das principais operações observadas nas instituições financeiras: Quadro 3 - Principais atividades das Instituições Financeiras Operações Ativas Operações Passivas • Carteira de Títulos e Valores Mobiliários • Operações de Crédito • Provisão p/ crédito de Liquidação duvidosa • Recursos transitórios de terceiros • Permanente • Depósitos a vista, a prazo e poupança. • Obrigações por empréstimos e repasses junto a depositantes e aplicadores: letras de câmbio, letra imobiliária, CDB, letra financeira etc. • Recursos transitórios de terceiros • Passivos de funcionamento • Patrimônio Liquido Fonte: Adaptado de Assaf Neto (2015, p.320). Maior Exigibilidade e Liquidez Menor Exigibilidade e Liquidez 28 a capacidade financeira da instituição de satisfazer toda a demanda por recursos monetários, pois avalia a capacidade da entidade contábil de liquidar suas obrigações de curto e longo prazo por meio da realização de seus direitos (ASSAF NETO, 2015). O capital circulante líquido traduz em valores reais a diferença entre o ativo circulante e o passivo circulante, o qual é chamado também de capital de giro. Um saldo positivo indica que empresa pode honrar seus débitos de curto prazo sem precisar adquirir novas obrigações financeiras. No entanto, se o saldo da subtração do passivo circulante pelo ativo circulante for negativo, significará que a organização não tem a capacidade para quitar as dívidas de curto prazo (ASSAF NETO, 2015; ROSS et al, 2015) Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante O Índice de Liquidez Corrente é amplamente usado na análise de demonstrações contábeis, sendo calculado da seguinte forma: Liquidez Corrente = A liquidez corrente tem como objetivo avaliar a capacidade da empresa de pagar suas contas de curto prazo. Esses indicadores, portanto, incidem sobre ativos e passivos circulantes. Os indicadores de liquidez são, por razões compreensíveis, particularmente interessantes para os credores de curto prazo. Compreender esses indicadores é fundamental porque os gestores financeiros estão constantemente lidando com bancos e outros provedores de financiamento de curto prazo. (ROSS et al, 2015) Já a liquidez imediata, ou liquidez seca, demonstra a capacidade de pagamento imediato das dívidas do passivo circulante (realização em até 1 ano), com bens de alta liquidez, como as disponibilidades. (ASSAF NETO, 2015) Ativo Circulante Passivo Circulante 29 Liquidez Imediata = A liquidez de uma empresa diz muito sobre a segurança de um investimento na empresa. A seguir, os indicadores de endividamento complementarão a análise da origem de capital em uma empresa. 2.5.3 Indicadores de endividamento Empresas alavancadas são aquelas que possuem recursos de terceiros em sua estrutura de capital (ROSS et al, 2015). Assaf Neto (2018, p. 132) afirma que “alavancagem pode ser definida como a capacidade de recursos de terceiros de aumentar o lucro líquido dos proprietários". Matarazzo (2010) sugere o cálculo do Grau de alavancagem financeira da seguinte forma: Grau de Alavancagem Financeira = O ROE é indicador que marca a rentabilidade do patrimônio líquido, enquanto o ROA demonstra a rentabilidade do ativo. Os dois indicadores serão apresentados nas próximas subseções. Matarazzo (2010) propõe o índice de participação do capital de terceiros como indicador da relação entre o passivo exigível e o patrimônio líquido. Quanto maior seu valor, maior sua dependência de dívidas. O cálculo se baseia em: Participação de Capital de Terceiros = O cálculo do índice de composição do endividamento contribui para a análise das obrigações que vencerão no curto prazo, que pode ser calculada dividindo-se as obrigações de curto prazo, pelo capital do terceiro (MATARAZZO, 2010). Composição do Endividamento = Disponibilidades Passivo Circulante Capital de Terceiros Patrimônio Líquido Passivo Circulante Capital de Terceiros ROE ROA 30 O índice de endividamento geral indica, de modo percentual, quanto do ativo está sendo financiado com capital de terceiros. Quanto maior o percentual, maior o risco de inadimplência (ASSAF NETO, 2015). Endividamento Geral = Após conhecer a capacidade solvência de uma organização, assim como seu risco através de suas obrigações a terceiros, devemos analisar os índices que demonstram o retorno financeiro desta empresa. 2.5.4 Indicadores de rentabilidade O giro do ativo (GA) indica a taxa pela qual os ativos são vendidos, ou seja, quanto o faturamento representa do ativo. Se o ativo for representado por R$ 10 milhões de reais, um GA de 15%, significaria que a empresa faturou R$ 1,5 milhão no período. Giro do Ativo = Ross et al (2015) apresenta outro indicador de rentabilidade comumente utilizado, denominado margem EBITDA. Também denominado LAJIDA, o EBITDA é o resultado operacional deduzido dos impostos. Ele adiciona custos não monetários de volta ao lucro e exclui impostos e custos de juros. Como resultado, a margem EBITDA está mais diretamente ligada ao fluxo de caixa operacional do que o lucro líquido e não inclui o efeito da estrutura de capital ou impostos. A margem EBITDA é calculada como: Margem EBITDA = A margem líquida demonstra quantos centavos para cada 1 real vendidos sobram após a dedução dos custos e despesas administrativas, com isso, quanto maior a margem melhor. A margem representa a eficiência de despesas em relação às vendas, pois quanto menores as despesas, maior será a margem de lucro (MATARAZZO, 2015). Passivo Exigível Ativo Receita Líquida Ativo EBITDA Receita Líquida 33 3 MATERIAIS E MÉTODOS Quanto a metodologia utilizada, foram definidos os objetivos, procedimentos e a abordagem do problema. Os procedimentos metodológicos abaixo foram definidos conforme a obra de Beuren (2003) que estuda métodos de trabalhos monográficos em contabilidade e ciências sociais. Este trabalho é definido como descritivo na medida em que tenta descrever, analisar e comparar informações de instituições financeiras sem a intervenção de pesquisadores. Como este estudo é baseado em documentos publicados por instituições financeiras e não requer coleta de dados de membros de instituições financeiras, ele conta com um estudo documental. Ao utilizar obras de autores do assunto para trabalhar os conceitos e modos de análise das estratégias financeiras, utiliza-se também o estudo bibliográfico (BEUREN, 2003). Em relação a abordagem, a quantitativa é adequada ao estudo, pois o mesmo utiliza indicadores financeiros e demonstrações contábeis para tirar conclusões sobre solvência, risco, capital, rentabilidade e lucratividade das instituições analisadas. No entanto, também pode ser descrito como pesquisa qualitativa que complementa a análise quantificável por meio de relatórios e informações não quantificáveis sobre a estratégia de uma empresa. Quanto à coleta de dados, definiu-se o método não probabilístico com amostragem por acessibilidade, levando em consideração os relatórios financeiros cedidos obrigatoriamente ao público pelas Fintechs listadas em bolsa de valores. No contexto financeiro, a contabilidade é uma ferramenta responsável por fornecer informações sobre os processos decisórios organizacionais, tanto em assuntos internos quanto externos. Tem objetivo de auxiliar os gestores a analisar, gerenciar e refletir os aspectos econômico-financeiros, bem como as mudanças ocorridas em relação ao patrimônio das organizações. Estas demonstrações contábeis demonstram os aspectos econômicos e financeiros de uma organização, bem como para fornecem à administração as informações necessárias sobre o processo de tomada de decisão no dia a dia do mercado. (MATARAZZO, 2010) Neste estudo, a contabilidade assume um papel fundamental. Os relatórios contábeis produzidos pelas organizações serão o principal meio de análise do desempenho financeiro das mesmas. O período analisado pelos relatórios será de 2 34 anos, ou seja, 4 exercícios contábeis diferentes. O objetivo é analisar uma amostra atual de dados das empresas, apurando o desempenho das mesmas de forma detalhada. O quadro abaixo demonstra os principais índices financeiros a serem utilizados neste estudo nas empresas analisadas, abordando aspectos de liquidez, endividamento e rentabilidade. As fórmulas dos coeficientes foram formadas conforme os autores revisados. Quadro 4 – Fórmulas usadas para o cálculo dos indicadores financeiros de desempenho Coeficiente Fórmula L iq u id e z Capital Circulante Líquido Ativo Circulante – Passivo Circulante Liquidez Imediata (Seca) Disponível Passivo Circulante Liquidez Corrente Ativo Circulante Passivo Circulante E n d iv id a m e n to Grau de Alavancagem Financeira Rentabilidade do Patrimônio Líquido Rentabilidade do Ativo Participação de Capitais de Terceiros Capitais de Terceiros x 100 Patrimônio Líquido Composição do Endividamento Passivo Circulante x 100 Capitais de Terceiros Endividamento geral Passivo Exigível Ativo R e n ta b ili d a d e Giro do Ativo Receita Líquida Ativo Margem EBITDA EBITDA Receita Líquida Margem Líquida Lucro Líquido x 100 Receita Líquida Rentabilidade do Ativo Lucro Líquido x 100 Ativo Rentabilidade do Patrimônio Líquido Lucro Líquido x 100 Patrimônio Líquido Fonte: Assaf Neto (2015), Matarazzo (2010), Padoveze (2010), Ross et al (2015). Também será utilizada a análise horizontal e vertical das organizações, a fim de analisar a evolução das contas e suas participações dentro da estrutura de capital 35 das organizações. No modo de análise vertical é calculado a proporção de uma conta em relação às outras contas ou aos grupos em que está inclusa, enquanto a análise horizontal compreende a evolução histórica daquela conta, como o aumento, redução ou estabilidade. Essas informações, apesar de não se incluírem em indicadores padronizados, devem ser observadas com muita atenção a fim de se reconhecer as estratégias e acontecimentos na gestão financeira da empresa. Os relatórios de auditores independentes, relatórios de administração e notícias de informativos de negócios e finanças também serão analisados de forma complementar, uma vez que ajudarão a conhecer a confiabilidade das informações contábeis e o modelo de negócio da empresa analisada. É importante ressaltar que este estudo leva em consideração todo o modelo de negócio das empresas, assim como seus produtos e serviços, para que se tenha uma compreensão completa das estratégias financeiras adotadas pelas mesmas. O rol de empresas analisadas será composto pelas principais empresas denominadas Fintechs, dentro dos segmentos pagamentos, especificamente do ramo de adquirentes de cartão. A primeira empresa analisada, a Cielo, representa uma Fintech tradicional e consolidada, originada de um grande player do mercado financeiro. A segunda empresa será a Stone, Fintech originada de uma startup, que se diferenciou pelo seu modelo de negócio e inovação. A disparidade entre uma Fintech advinda de um banco tradicional e um mercado exclusivo, em relação a uma Fintech inovadora desde o seu nascimento, que busca ser competitiva com menor capital, trará uma riqueza de informações sobre as diferentes estruturas e estratégias financeiras de dois modelos diferentes de Fintechs. 38 Intangível 9.234.092 8,80% 9.734.557 9,69% Total do Ativo 104.977.733 100,00% 100.422.635 100,00% Fonte: O autor (2022) Cada conta ou grupo do balanço patrimonial apresenta ao seu lado direito o percentual que o mesmo representa em relação à soma de todos as contas, formando o total do ativo. Nos quadros seguintes, este total também poderá ser representado pelo total do passivo. No quadro acima, vale ressaltar a participação do ativo circulante, que representa 87,03% do ativo em junho de 2022. No entanto, o ativo circulante volumoso não indica necessariamente um caixa alto. Neste caso, podemos perceber que as disponibilidades formam somente 0,07% do ativo, enquanto o total de contas a receber no curto prazo chega a 83,33% do total. É demonstrado um alto giro de capital com os recebimentos dos serviços, porém, o caixa tem um valor baixo. Quadro 6 - Análise vertical do ativo Cielo em junho/2021 e dezembro/2020 ATIVO (em milhares de reais) jun/21 A.V. % dez/20 A.V. % Circulante 77.724.056 84,40% 75.760.144 83,68% Disponibilidades 261.157 0,28% 127.969 0,14% Instrumentos Financeiros 11.249.086 12,22% 3.617.998 4,00% Contas a receber (rendas, impostos a recuperar etc) 66.323.366 72,02% 72.251.279 79,81% Provisão para Créditos incobráveis -280.614 -0,30% -304.582 -0,34% Outros Valores e Bens 171.061 67.480 Não Circulante 14.363.180 15,60% 14.770.445 16,32% Realizável a Longo Prazo 3.223.749 3,50% 3.219.044 3,56% Instrumentos Financeiros, incluindo derivativos 458.367 0,50% 457.892 0,51% Contas a receber (rendas, impostos a recuperar etc) 1.187.252 1,29% 1.182.165 1,31% Depósitos Judiciais 1.578.130 1,71% 1.578.987 1,74% Investimentos 0,00% 121.890 0,13% Imobilizados de Uso 1.042.845 1,13% 986.756 1,09% Intangível 10.096.586 10,96% 10.442.755 11,54% Total do Ativo 92.087.236 100,00% 90.530.589 100,00% Fonte: O autor (2022) Nos períodos anteriores, foi possível perceber um padrão na estrutura de seu ativo circulante. Apesar de em junho de 2021 as contas registrarem seu menor percentual em dois anos, as disponibilidades não passaram dos 0,28% de participação no ativo, uma vez que os instrumentos financeiros (títulos do mercado financeiro) ganharam maior relevância dentro do ativo circulante. 39 Quadro 7 - Análise vertical do passivo da Cielo em junho/2022 e dezembro/2021 PASSIVO (em milhares de reais) jun/22 A.V. % dez/21 A.V. % Circulante 78.332.347 74,62% 74.552.988 74,24% Empréstimos 3.576.704 3,41% 2.912.802 2,90% Instrumentos financeiros derivativos 6.701 0,01% 0 0,00% Outras Obrigações 74.748.942 71,20% 71.640.186 71,34% Não Circulante 5.706.313 5,44% 5.611.155 5,59% Obrigações por empréstimos 3.370.957 3,21% 3.382.302 3,37% Outras Obrigações 2.335.356 2,22% 2.228.853 2,22% Passivo Exigível 84.038.660 80,05% 80.164.143 79,83% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 5.700.000 5,43% 5.700.000 5,68% Reserva de Capital 66.733 0,06% 77.030 0,08% Reserva de Lucros 5.073.458 4,83% 4.542.989 4,52% Outros Resultados Abrangentes -167.889 -0,16% -330.852 -0,33% Ações em tesouraria -122.309 -0,12% -98.578 -0,10% Ações de Não Controladores 10.389.080 9,90% 10.367.903 10,32% Total do Patrimônio Líquido 20.939.073 19,95% 20.258.492 20,17% PASSIVO TOTAL 104.977.733 100,00% 100.422.635 100,00% Fonte: O autor (2022) Em junho de 2022, o passivo circulante da Cielo representava 74,62% do ativo, com destaque para o grupo de contas de “outras obrigações”, formado majoritariamente por contas a pagar para os estabelecimentos. Este aspecto é comum a empresas ligadas à indústria de pagamentos, pelo alto giro de capital de outros participantes do mercado. Quadro 8 - Análise vertical do passivo da Cielo em junho/2021 e dezembro/2020 PASSIVO (em milhares de reais) jun/21 A.V. % dez/20 A.V. % Circulante 64.589.965 70,14% 67.097.518 74,12% Empréstimos 3.055.018 3,32% 40.960 0,05% Instrumentos financeiros derivativos 7.138 0,01% 2.079 0,00% Outras Obrigações 61.527.809 66,81% 67.054.479 74,07% Não Circulante 14.591.916 15,85% 10.827.359 11,96% Obrigações por empréstimos 5.803.375 6,30% 8.903.652 9,83% Outras Obrigações 8.788.541 9,54% 1.923.707 2,12% Passivo Exigível 79.181.881 85,99% 77.924.877 86,08% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 5.700.000 6,19% 5.700.000 6,30% Reserva de Capital 68.728 0,07% 67.529 0,07% Reserva de Lucros 4.304.754 4,67% 4.031.907 4,45% Outros Resultados Abrangentes -165.231 -0,18% -223.767 -0,25% 40 Ações em tesouraria -100.968 -0,11% -84.815 -0,09% Ações de Não Controladores 3.098.072 3,36% 3.114.858 3,44% Total do Patrimônio Líquido 12.905.355 14,01% 12.605.712 13,92% PASSIVO TOTAL 92.087.236 100,00% 90.530.589 100,00% Fonte: O autor (2022) Nos períodos de junho de 2021 e dezembro de 2022 pôde-se perceber a menor participação do patrimônio líquido no passivo da Cielo. O volume do ativo não circulante explica a menor participação do patrimônio líquido no total de valores, devido às obrigações de longo prazo pela empresa, chegando a ser quase 10% mais expressivo do que no ano seguinte. É possível concluir que a empresa pôde quitar suas obrigações de longo prazo, uma vez que a estabilidade do ativo circulante indica que tais dívidas de longo prazo não se tornaram de curto prazo ao adentrarem o último ano de prazo, e sim que se transformou em patrimônio líquido. Quadro 9 - Análise horizontal do ativo da Cielo em junho/2022 a dezembro/2020 ATIVO (em milhares de reais) jun/22 A.H. % dez/21 A.H. % jun/21 A.H. % dez/20 Circulante 91.359.760 5,57% 86.543.162 14,23% 77.724.056 2,59% 75.760.144 Disponibilidades 73.252 -79,08% 350.104 173,59% 261.157 104,08% 127.969 Instrumentos Financeiros 3.872.685 -25,89% 5.225.593 -44,43% 11.249.086 210,92% 3.617.998 Contas a receber (rendas, impostos a recuperar etc) 87.478.173 7,95% 81.033.032 12,15% 66.323.366 -8,20% 72.251.279 Provisão para Créditos incobráveis -200.639 -2,20% -205.161 -32,64% -280.614 -7,87% -304.582 Outros Valores e Bens 136.289 -2,37% 139.594 106,87% 171.061 153,50% 67.480 Não Circulante 13.617.973 -1,88% 13.879.473 -6,03% 14.363.180 -2,76% 14.770.445 Realizável a Longo Prazo 3.384.390 6,64% 3.173.765 -1,41% 3.223.749 0,15% 3.219.044 Instrumentos Financeiros, incluindo derivativos 286.955 0,69% 284.999 -37,76% 458.367 0,10% 457.892 Contas a receber (rendas, impostos a recuperar etc) 1.518.553 15,73% 1.312.123 10,99% 1.187.252 0,43% 1.182.165 Depósitos Judiciais 1.578.882 0,14% 1.576.643 -0,15% 1.578.130 -0,05% 1.578.987 Investimentos 0 0 121.890 Imobilizados de Uso 999.491 2,92% 971.151 -1,58% 1.042.845 5,68% 986.756 Intangível 9.234.092 -5,14% 9.734.557 -6,78% 10.096.586 -3,31% 10.442.755 Total do Ativo 104.977.733 4,54% 100.422.63 5 92.087.236 1,72% 90.530.589 *Os valores estão representados em milhares de reais. Fonte: O autor (2022) A análise horizontal apresenta a evolução histórica de cada conta no balanço patrimonial. Os valores percentuais à direita do valor monetário demonstram a sua variação percentual em relação ao valor da mesma conta no período anterior, o qual pode ser positivo ou negativo. 43 Outros Valores e Bens 183.551 0,64% 0 0,00% Investimentos 2.720.867 9,44% 2.247.983 8,64% Imobilizados de Uso 632.720 2,20% 498.750 1,92% Intangível 141.180 0,49% 107.445 0,41% ATIVO TOTAL 28.807.730 100% 26.003.772 100% Fonte: O autor (2022) No período anterior, pôde perceber uma proporção parecida entre as contas do balanço, com destaque novamente para os instrumentos financeiros e os investimentos em empresas controladas. Ambas as contas, apresentam dependência do valor patrimonial e de mercado dos ativos que possui, como títulos e empresas. Este fator pode apresentar um risco para investidores na empresa que tenham receio de crises econômicas. Quadro 13 – Análise vertical do passivo da Stone em junho/2022 e dezembro/2021 PASSIVO (em milhares de reais) jun/22 A.V. % dez/21 A.V. % Circulante 29.052.900 95,62% 30.576.820 94,02% Depósitos e demais instrumentos financeiros 28.735.849 94,58% 30.330.029 93,27% Outras Obrigações 317.051 1,04% 246.791 0,76% Não Circulante 152.355 0,50% 747.219 2,30% Instrumentos Financeiros 0 0,00% 593.033 1,82% Outras Obrigações 152.355 0,50% 154.186 0,47% Passivo Exigível 29.888.204 98,37% 31.324.039 96,32% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 869.445 2,86% 869.445 2,67% Reserva de Capital 260.814 0,86% 195.212 0,60% Reserva de Lucros 166.734 0,55% 250.087 0,77% Outros Resultados Abrangentes -118.658 -0,39% -118.658 -0,36% Total do Patrimônio Líquido 1.178.355 3,88% 1.196.086 3,68% PASSIVO TOTAL 30.383.590 100% 32.520.125 100% Fonte: O autor (2022) Em contraste com a Cielo, o passivo circulante constitui menos de 3% do total do passivo, fechando em 0,50% em junho de 2022. Esta participação do passivo circulante tem participação de 6 a 30 vezes menor do que o passivo circulante da Cielo em relação ao passivo acrescido do patrimônio líquido. Isto significa que as obrigações com terceiros da Stone são majoritariamente de curto prazo. Quadro 14 – Análise vertical do passivo da Stone em junho/2021 e dezembro/2020 PASSIVO (em milhares de reais) jun/21 A.V. % dez/20 A.V. % Circulante 27.049.767 93,90% 24.193.177 93,04% Depósitos e demais instrumentos financeiros 26.883.486 93,32% 23.981.007 92,22% 44 Outras Obrigações 166.281 0,58% 212.170 0,82% Não Circulante 523.741 1,82% 543.107 2,09% Instrumentos Financeiros 406.914 1,41% 404.055 1,55% Outras Obrigações 116.827 0,41% 139.052 0,53% Passivo Exigível 27.573.508 95,72% 24.736.284 95,13% PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 869.445 3,02% 869.445 3,34% Reserva de Capital 131.657 0,46% 87.011 0,33% Reserva de Lucros 395.234 1,37% 431.202 1,66% Outros Resultados Abrangentes -162.114 -0,56% -120.170 -0,46% Total do Patrimônio Líquido 1.234.222 4,28% 1.267.488 4,87% PASSIVO TOTAL 28.807.730 100% 26.003.772 100% Fonte: O autor (2022) O patrimônio líquido da Stone tem um valor percentual baixo de participação. Este aspecto evidencia um pouco da história e da estratégia da empresa, já que o seu baixo capital social evidencia o potencial de crescimento da empresa, enquanto pratica o reinvestimento do seu capital na própria empresa ou instrumentos financeiros. Quadro 15 – Análise horizontal do ativo da Stone em junho/2022 a dezembro/2020 ATIVO (em milhares de reais) jun/22 A.H. % dez/21 A.H. % jun/21 A.H. % dez/20 Circulante 25.047.805 -8,65% 27.419.420 10,36% 24.844.969 8,22% 22.957.655 Caixa e equivalentes de caixa 107.309 -90,47% 1.126.454 20,19% 937.247 -26,13% 1.268.754 Instrumentos Financeiros 24.447.347 -5,83% 25.961.360 9,33% 23.744.906 10,27% 21.534.058 Outros Créditos 369.515 57,34% 234.857 292,57% 59.825 -45,00% 108.769 Outros Valores e Bens 123.634 27,79% 96.749 -6,06% 102.991 123,53% 46.074 Não Circulante 5.335.785 4,61% 5.100.705 28,72% 3.962.761 30,09% 3.046.117 Realizável a Longo Prazo 877.671 20,27% 729.732 55,93% 467.994 143,82% 191.939 Instrumentos Financeiros 66.505 88,31% 35.317 -69,65% 116.374 147,83% 46.957 Outros Créditos 648.851 20,41% 538.852 220,61% 168.069 15,92% 144.982 Outros Valores e Bens 162.315 4,34% 155.563 -15,25% 183.551 - 0 Investimentos 3.437.559 1,73% 3.379.231 24,20% 2.720.867 21,04% 2.247.983 Imobilizados de Uso 844.488 1,38% 832.966 31,65% 632.720 26,86% 498.750 Intangível 176.067 10,89% 158.776 12,46% 141.180 31,40% 107.445 ATIVO TOTAL 30.383.590 -6,57% 32.520.125 12,89% 28.807.730 10,78% 26.003.772 Fonte: O autor (2022) A análise horizontal dos ativos da Stone denuncia a volatilidade dos instrumentos financeiros de longo prazo, apesar de estabilidade da mesma conta no ativo circulante. 45 Quadro 16 – Análise horizontal do passivo da Stone em junho/2022 a dezembro/2020 PASSIVO (em milhares de reais) jun/22 A.H. % dez/21 A.H. % jun/21 A.H. % dez/20 Circulante 29.052.900 -4,98% 30.576.820 13,04% 27.049.767 11,81% 24.193.177 Depósitos e demais instrumentos financeiros 28.735.849 -5,26% 30.330.029 12,82% 26.883.486 12,10% 23.981.007 Outras Obrigações 317.051 28,47% 246.791 48,42% 166.281 -21,63% 212.170 Não Circulante 152.355 -79,61% 747.219 42,67% 523.741 -3,57% 543.107 Instrumentos Financeiros 0 -100,00% 593.033 45,74% 406.914 0,71% 404.055 Outras Obrigações 152.355 -1,19% 154.186 31,98% 116.827 -15,98% 139.052 Passivo Exigível 29.888.204 -4,58% 31.324.039 13,60% 27.573.508 11,47% 24.736.284 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social 869.445 0,00% 869.445 0,00% 869.445 0,00% 869.445 Reserva de Capital 260.814 33,61% 195.212 48,27% 131.657 51,31% 87.011 Reserva de Lucros 166.734 -33,33% 250.087 -36,72% 395.234 -8,34% 431.202 Outros Resultados Abrangentes -118.658 0,00% -118.658 -26,81% -162.114 34,90% -120.170 Total do Patrimônio Líquido 1.178.355 -1,48% 1.196.086 -3,09% 1.234.222 -2,62% 1.267.488 PASSIVO TOTAL 30.383.590 -6,57% 32.520.125 12,89% 28.807.730 10,78% 26.003.772 Fonte: O autor (2022) A volatilidade dos instrumentos financeiros segue alta, com uma queda de 100% de dezembro de 2021 para junho de 2022, o que deve significar uma liquidação das obrigações relacionadas a esta conta durante os 6 meses. Destaca-se o forte e contínuo crescimento do valor da reserva de capital da empresa, chegando a aumentar 51,31% de dezembro de 2020 a junho de 2021. Nesta subseção foi possível avaliar conta por conta do balanço patrimonial, segundo sua relevância em valores financeiros e sua evolução, no entanto, é importante lembrar que tais modos de análise são complementares. A análise da Cielo e da Stone por meio dos indicadores financeiros junto às análises vertical e horizontal trarão informações importantes para a análise de suas demonstrações financeiras, de modo que será possível alcançar melhores resultados. 4.3 Análise de liquidez Ao conferir os relatórios da Cielo e da Stone, é possível perceber algumas diferenças, como o volume de capital. Os indicadores de liquidez evidenciarão a situação da empresa nos aspectos relacionados à sua solvência, atributo que independe de volume de capital para demonstrar seu desempenho. Os gráficos a seguir mostrarão os coeficientes resultantes das fórmulas apresentadas anteriormente para calcular os indicadores. Serão exibidos em cor azul, os coeficientes da Cielo, e em cor verde, os coeficientes encontrados na Stone. 48 4.4 Análise do endividamento Os indicadores de endividamento são capazes de demonstrar a situação da empresa em relação ao financiamento das suas atividades. Como já abordado, a Cielo nasceu há 27 anos da iniciativa de grandes bancos com alto volume de capital para investir. Hoje, a mesma se encontra em uma posição de maior autonomia, onde comercializa suas ações na B3, bolsa de valores brasileira. No caso da Stone, a mesma nasceu de um capital social reduzido, e pôde crescer através de investimentos externos, onde chegou a abrir seu capital na NASDAQ, bolsa de valores no Estados Unidos. Gráfico 4 – Resultados do grau de alavancagem financeira (GAF) Fonte: Autor (2022) Observe no gráfico acima, que a Cielo, apesar de ser uma empresa maior e com melhores índices de liquidez, apresentou um grau de alavancagem inferior à Stone. O GAF demonstra a capacidade de aumentar o lucro da empresa com o capital de terceiros. Em junho de 2022, a Stone apresentou um GAF 5 vezes maior que o da Cielo. Em tendência descendente, a Cielo apresenta uma dificuldade de crescimento com o uso do capital de terceiros, enquanto a Stone segue uma tendência ascendente, com um crescimento baseado no financiamento por terceiros. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 20,52 23,34 27,19 25,78 Cielo 7,18 9,85 4,96 5,01 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 49 Gráfico 5 – Resultados da participação de capital de terceiros Fonte: O autor (2022) Apesar do coeficiente favorável para Stone quanto à sua alavancagem financeira, isto indica também uma alta dependência do capital de terceiros. A participação do capital de terceiros sobre o patrimônio líquido da Stone superou o coeficiente de 26,19 em dezembro de 2021. Tais dados indicam que a Stone está sujeita a condições de terceiros para financiamento das suas atividades, uma vez que utiliza pouco do seu capital próprio para financiar seu crescimento. Um aumento nas taxas de juros pode ser prejudicial à Stone por afetar diretamente o custo de seu financiamento. Em oposição a esta situação, a Cielo pode enfrentar um crescimento mais lento, porém, mais sólido, uma vez que já utiliza com mais frequência o seu próprio capital para crescer. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 19,52 22,34 26,19 25,36 Cielo 6,18 6,14 3,96 4,01 0,75 5,75 10,75 15,75 20,75 25,75 30,75 50 Gráfico 6 – Resultados da composição do endividamento Fonte: O autor (2022) Conforme visto na análise vertical anteriormente, foi observado que o passivo circulante da Stone constituía o passivo total em quase sua totalidade. Enquanto a Cielo quitou suas dívidas de longo prazo entre junho de 2021 e dezembro do mesmo ano, e passou a ter uma parte expressiva do passivo como passivo circulante, estabilizando em 93%. Em relação às dívidas empresariais, quanto menor o valor e maior o prazo, mais confortável a situação da empresa. É válido afirmar que tanto a Stone, quanto a Cielo estariam em situações desfavoráveis quanto à composição de suas dívidas, no entanto, devemos lembrar que a conta de maior destaque no passivo circulante das duas empresas são as contas a pagar aos estabelecimentos. Esta conta é proporcional ao valor a receber no ativo dos mesmos estabelecimentos. Esta operação apresenta pouco risco de realização, logo, as empresas não enfrentam graves problemas para a realização de suas dívidas. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 98% 98% 98% 97% Cielo 86% 82% 93% 93% 75% 80% 85% 90% 95% 100% 53 A Stone apresentou uma margem EBITDA preocupante nos últimos exercícios, pois passou de uma margem positiva de 30%, para atuais 6% negativos. A Cielo apresentou um crescimento da sua margem EBITDA, chegando a dobrá-la em 2 anos. O resultado desfavorável da Stone compromete seu fluxo de caixa operacional, conforme Ross et al (2015). Gráfico 10 – Resultados da margem líquida Fonte: O autor (2022) A lucratividade apresentada pela margem líquida da Cielo é ascendente e positiva, demonstrando ser um bom retorno para um potencial investidor. A Stone apresentou uma margem negativa nos últimos 3 exercícios, e se encontra em uma situação complicada perante seus stakeholders que percebem a lucratividade mais frequentemente do que outros indicadores, e isto afeta sua relação com os mesmos, que podem perder a credibilidade na empresa. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 16% -5% -7% -4% Cielo 9% 12% 12% 18% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 54 Gráfico 11 – Resultados da rentabilidade do ativo (ROA) Fonte: O autor (2022) Devido à queda da margem líquida da Stone, seu retorno financeiro sobre o ativo foi prejudicado. A mesma atingiu um valor negativo sobre seu ROA devido à situação de prejuízo acumulado, e indica que a aplicação do ativo da empresa não está gerando lucro para a mesma. A Cielo se encontra em uma tendência de alta sobre seu ROA, e caso se estabilizasse em 1,82% de rentabilidade do ativo, a empresa renderia um lucro correspondente ao valor atual do ativo em quase 55 anos. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 1,13% -0,30% -0,63% -0,55% Cielo 1,08% 1,06% 1,34% 1,82% -1,00% -0,50% 0,00% 0,50% 1,00% 1,50% 2,00% 55 Gráfico 12 – Resultados da rentabilidade do patrimônio líquido (ROE) Fonte: O autor (2022) A rentabilidade sobre o patrimônio líquido da Cielo, no entanto se encontra em uma posição estável, com 9% de ROE no último exercício, ou seja, a Cielo rende 9% ao ano do valor investido pelos acionistas. A Stone, apresenta desde junho de 2021 um ROE negativo devido ao prejuízo acumulado pela empresa no mesmo período. Porém, vale ressaltar que a Stone apresentou 23% de ROE em dezembro de 2020, período em quase a crise sanitária do covid-19 estava em alta, afetando principalmente os pequenos comerciantes, principal público da Stone. O coeficiente de 23% era um valor altamente favorável de rentabilidade para qualquer empresa, no entanto passou a ter prejuízo enquanto a empresa continuou crescendo. É possível supor que a empresa tenha investido uma grande parte dos seus lucros no crescimento da mesma após este período, buscando se diferenciar e alcançar novos mercados. dez/20 jun/21 dez/21 jun/22 Stone 23% -7% -17% -14% Cielo 8% 10% 7% 9% -20% -15% -10% -5% 0% 5% 10% 15% 20% 25% 30% 58 Esta pesquisa mostrou análises que contribuirão em todos os âmbitos para o estudo de demonstrações contábeis das empresas ou no estudo do mercado financeiro, principalmente em relação às Fintechs. Por fim, futuras pesquisas poderão aprofundar as análises financeiras em outras Fintechs, e também integrar o estudo das estratégias financeiras das Fintechs às outras estratégias organizacionais, como comerciais e processuais. 59 REFERÊNCIAS ABECS – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE CARTÕES DE CRÉDITO E SERVIÇO. 13º Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento. 2019. Disponível em: https://api.abecs.org.br/wpcontent/uploads/2019/09/Balanc%CC%A7o-do-Setor- 2018.pdf. Acesso em: 10 jul. 2022. ABECS. CPI DOS CARTÕES DE CRÉDITO. Maio, 2018. Disponível em https://www.abecs.org.br/app/webroot/files/media/3/a/b/ada8385f34698738b130bac9 21a73.pdf. Acesso em: 10 jul. 2022. AMARAL, Bruna Fiuza do. Análise das demonstrações contábeis e as correlações entre os principais indicadores de desempenho. Orientador: Thiago Eliandro de Oliveira Gomes. 71 f. 2019. Monografia (Especialização em Engenharia Econômica) – Universidade Federal do Pampa, Campus Alegrete, Alegrete, 2019. 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