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Guias e Dicas
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Interpretação de Exames-Lab01, Notas de estudo de Enfermagem

Curso de Interpretação de Exames Laboratoriais Módulo 01 Apostilas

Tipologia: Notas de estudo

2010

Compartilhado em 27/08/2010

guivan-da-silva-gomes-1
guivan-da-silva-gomes-1 🇧🇷

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Baixe Interpretação de Exames-Lab01 e outras Notas de estudo em PDF para Enfermagem, somente na Docsity! O Portal Educação e a Sites Associados ma de Educação uada a Distância urso de pretação de Laboratoriais O» Portal Educação rso de pretação de Laboratoriais ÓDULO | iá disponível apenas como parâmetro de estudos para da, é proibida qualquer forma de comercialização do i contido são dados aos seus respectivos autores 2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação Como já foi dito, a amostra de sangue recomendada para análises laboratoriais é a amostra venosa e para tal pode-se puncionar qualquer veia do corpo e as preferidas são as veias do antebraço: * Veia Basílica, * Veia Mediana, * Veia Radial Uma observação importante é com relação ao “Teste do Pezinho”, que posteriormente será abordado. A amostra de sangue coletada pode ser obtida por punção venosa, não sendo necessária a punção no calcanhar do bebê. Tal procedimento é algumas vezes escolhido pela quantidade de sangue a ser coletada, já que a punção no calcanhar além de mais dolorida pode ser insuficiente para a realização de todos os testes (preenchimento dos espaços no cartão-teste). A punção não deve ser realizada no braço ou lado em que a paciente realizou mastectomia (retirada do seio) ou onde o paciente recebeu uma infusão intravenosa recentemente (soro, etc.). O mais importante em uma coleta de sangue é que a mesma seja realizada sem traumatismos para se evitar a hemólise ou coagulação do sangue, pois em algumas análises tais eventos interferem nos resultados. Nunca se deve aplicar “tapinhas” no local a ser puncionado, tal procedimento era utilizado para facilitar a palpação da veia, porém acarreta sérios problemas como hemólise e em idosos portadores de ateroma (placas de gordura nas veias) pode-se deslocar as placas e causar sérios problemas. A assepsia deve ser realizada utilizando-se algodão embebido em álcool 70% em sentido único: de cima para baixo ou de baixo para cima. O garroteamento é utilizado apenas para facilitar a punção, pois se aumenta a pressão de retorno venoso no braço fazendo com que as veias se encham de sangue e possam ser mais facilmente puncionadas. O garroteamento prolongado leva a uma hemoconcentração de todos os elementos do sangue refletindo em resultados falsamente elevados e, para evitá-la deve-se garrotear o braço do paciente por não mais que 1 minuto. A coleta deve ser realizada mediante uso de seringas e agulhas descartáveis ou mais apropriadamente com tubos a vácuo (os tubos possuem vácuo próprio para aspiração de volumes determinados de sangue, além de anticoagulantes próprios para 5 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores O» a Portal Educação cada dosagem). Outra grande vantagem na coleta a vácuo é a eliminação do processo de transferência do sangue da seringa para o tubo de realização dos testes. A istem I vá Tubos para coleta a vácuo Sistema de coleta a vácuo Fonte: Greiner Bio-One Brasil — Fonte: www.ufrj br www.gbo.com Os anticoagulantes são substâncias que impedem a coagulação do sangue. O sangue fora das veias sofre um processo chamado de coagulação, na qual aglomera os elementos figurados (sólidos) para impedir o “vazamento” do mesmo, tal processo é importante para estancar sangramentos, porém impossibilita a realização de diversos exames cujos elementos figurados do sangue são importantes (no coágulo estão presentes basicamente as células do sangue e o fibrinogênio). Para a maioria das dosagens bioquímicas, hormonais e imunológicas, utiliza-se o soro sanguíneo, que nada mais é que o sangue sem os elementos figurados e sem o fibrinogênio, ou seja, é o sangue menos o coágulo. É importante ressaltar que para obter o soro deve-se centrifugar o sangue após a coagulação, utilizando-se centrífugas, que são equipamentos que centrifugam o Centrífuga de sangue, separando seus constituintes pela densidade. o Laboratório Fonte:Fanem (www.fanem.com.br) 6 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação Algumas dosagens utilizam o plasma sanguíneo, que nada mais é que o sobrenadante (parte superior) do sangue colhido com anticoagulante e centrifugado, ou seja, é o soro com algumas proteínas a mais (basicamente o fibrinogênio) e sem os elementos figurados. Resumindo: Soro: Quando o sangue é coletado sem anticoagulante, ocorre à coagulação do mesmo, o material é então centrifugado e o sobrenadante é soro. Para facilitar a coagulação, após a coleta pode-se colocar o tubo de ensaio contendo o sangue em um banho-maria a 37 ºC por cerca de 20 minutos e então proceder a centrifugação. Plasma: O sangue é colhido com anticoagulante, homogeneizado e então centrifugado, o sobrenadante é o plasma. O material recebe nomenclaturas diferentes de acordo com tipo de anticoagulante utilizado: Plasma citratado (plasma obtido após tratamento com o anticoagulante Citrato), Plasma heparinizado (plasma obtido após tratamento com Heparina), etc. Em tubos de coleta a vácuo, os anticoagulantes já estão preparados e são vendidos prontos para uso (no interior do tubo de coleta e na concentração própria para o volume de sangue a ser coletado). Existe uma padronização dos tubos de coleta, independentemente da marca, com relação ao anticoagulante presente no seu interior, sendo que a diferenciação é feita pela cor da tampa do tubo. Os mais utilizados são: Tampas Anticoagulante Setor Material f EDTA Hematologia Vidro ou Plástico Sorologia < Gel separador . am . . e Vidro ou Plástico com ativador de coágulo o Bioquímica 7 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação função renal do paciente. Para obter a urina de 24h, precede-se da seguinte maneira: esvazia-se a bexiga em uma determinada hora (oito da manhã, por exemplo), desprezando-se essa micção; a partir daí coleta-se toda a urina emitida até o dia seguinte inclusive a micção das oito horas, (ou da hora que iniciou a colheita do dia anterior). Os procedimentos para a coleta de Urina Tipo |, como higiene e desprezar o primeiro jato, obviamente não são aplicadas nestas análises. Em crianças pode-se coletar a urina em coletores de plástico próprios e estéreis. Em casos extremos utiliza-se também a coleta por punção suprapúbica, onde a urina é aspirada diretamente da bexiga. Kit para coleta de urina Fonte:Sanobiol (www.sanobiol.com.br) 2.3 Fezes: A coleta de fezes para exame parasitológico não possui muitas recomendações. A mais importante delas é em caso de suspeita clinica: devem-se coletar várias amostras em dias alternados para se evitar o chamado período negativo. As amostras podem ser coletadas em dias alternados até completar três amostras, podendo ser coletadas e enviadas ao laboratório a cada coleta ou conservadas em uma solução denominada Solução de MIF, um líquido de coloração alaranjada que permite a conservação da amostra de fezes. Os parasitas possuem ciclos de reprodução e desta forma, a postura de ovos, cistos, etc., também segue ciclos e o período negativo reflete o período em que não há reprodução do parasita, não havendo postura de ovos, formação de cistos, etc. Nesses casos o paciente pode estar sendo parasitado e seu exame parasitológico de fezes pode ser negativo. Existem outros exames realizados nas fezes, porém o mais conhecido é o parasitológico em que são pesquisadas formas diversas de diversos parasitas que 10 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação causam doenças em humanos. Alguns parasitas observados no exame não causam doenças, porém devem ser relatados, pois refletem o contato do paciente com alimentos, água e outros contaminados e indicam uma maior possibilidade de infecção futura por outras parasitas. Dentre os outros exames realizados nas fezes está a pesquisa de sangue oculto e para tal exame devem ser observadas rigorosamente as seguintes instruções durante três dias que antecedem a coleta da amostra para realização do exame: * Não comer carnes vermelhas, cenoura, abóbora, nabos, rabanetes, * Não utilizar medicamentos como Aspirina, Vitamina C, Ferro. Tais recomendações ajudam a reduzir o número de resultado falso-positivo e ao mesmo tempo providenciam a absorção de alimentos de difícil digestão, facilitando a descoberta de lesões que possam sangrar apenas intermitentemente. 2.4 Líquor: A coleta de Líquido Cefalorraquidiano, LCR, ou Líquor é realizada apenas por profissionais médicos especialistas e geralmente é realizada por punção lombar ou punção cervical. A análise do líquor possui basicamente duas investigações: a primeira é na suspeita de meningite bacteriana ou viral e a segunda é na suspeita de doenças como Esclerose Múltipla ou Mieloma Múltiplo, que serão posteriormente analisadas. 2.5 Esperma: A coleta de esperma é, sem dúvida, a coleta de material biológico mais constrangedor para o paciente e ainda que o ideal seja a coleta no próprio laboratório, a maioria dos pacientes ainda prefere a coleta em domicílio. O grande problema da coleta em domicílio é a demora na entrega ao laboratório e consequente demora na realização do exame, o que reduz consideravelmente o número de espermatozóides vivos na amostra (móveis). O ideal é que o exame seja realizado em no máximo 20 minutos após a coleta, observando algumas recomendações importantes sendo a principal delas a abstinência de 3 a 5 dias. Esse tempo é preconizado, pois é o tempo que os espermatozóides levam para terminar sua maturação. Outra recomendação importante é evitar a perda do material, ou seja, todo o material deve ser coletado no frasco, pois o u Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação volume do ejaculado é importante em uma série de cálculos no exame. Além dessas recomendações o paciente deve realizar higiene prévia das mãos e do pênis, a coleta deve ser por manipulação auto-erótica (masturbação), não usar quaisquer tipos de lubrificantes e vedar o frasco imediatamente após a coleta. 2.6 Secreções em Geral: A análise de secreções, como cultura geral, cultura para fungos, micológicos, bacterioscopia, etc., é a que sofre maiores interferências da coleta. Uma coleta inadequada interfere diretamente no resultado do exame, seja falso-positivo por contaminação da amostra durante a coleta seja falso-negativo por coleta inadequada. Cada coleta microbiológica possui sua particularidade e como o objetivo do curso não o aprofundamento de cada coleta e sim a interpretação dos resultados, serão abordadas aqui apenas as de maior relevância pela frequência com que são solicitadas pelos clínicos. Os exames de bacterioscopia, ou seja, a análise em microscópio de bactérias, células, etc. O local da lesão pode ser feito de duas maneiras: a fresco e corado. A bacterioscopia a fresco deve ser coletada com auxílio de um swab estéril e imediatamente transferida para um tubo estéril contendo solução salina e a análise deve ser realizada o mais rápido possível uma vez que a Vo. Swab estéril grande vantagem na realização deste exame é a possibilidade de identificar os patógenos pelo movimento. A microscopia de campo escuro é uma variação da bacterioscopia a fresco, pois utiliza um microscópio especial denominado microscópio de campo escuro e tal técnica é útil na identificação do movimento de espiroquetas sendo a bactéria desta classe de maior importância o Treponema pallidum. A bacterioscopia corada é uma ferramenta muito utilizada que conta com o auxílio dos corantes para realização da identificação bacteriana e, diferentemente do exame a fresco, é necessária a confecção de duas lâminas no momento da coleta, realizando movimentos delicados e circulares com o swab contendo amostra sobre as 12 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação ou à tarde. Variações menos significativas são observadas na dosagem de Ferro sérico e no Hemograma. * Exercícios: A realização de atividades físicas anteriormente à coleta eleva as dosagens de Lactato, Creatina Quinase (CPK), TGO e LDH. * Jejum: O não cumprimento do jejum mínimo de 8 horas interfere em vários exames, com destaque para as dosagens de Glicose e Triglicérides. Jejum muito prolongado (48 horas) eleva a concentração de bilirrubina sérica e após 72 horas o organismo não é mais capaz de manter a concentração plasmática de glicose. * Dieta: A alimentação rica em gordura eleva os resultados de potássio, triglicérides e fosfatase alcalina, já uma dieta rica em proteínas eleva a concentração de uréia, amônia e uratos. * Consumo de álcool: O uso de etanol eleva as taxas de lactato, urato, triglicérides, Colesterol HDL, GamaGT e o VCM (volume corpuscular médio). * Tabagismo: O hábito de fumar eleva a concentração de hemoglobina, eritrócitos, leucócitos e o VCM. * Ingestão de drogas: Diversos medicamentos interferem nos resultados dos exames. * Posição no momento da coleta: O volume de sangue em um adulto em pé é cerca de 600-700 mL menor que em posição deitada. * Garroteamento: O garroteamento maior que um minuto eleva a concentração de lactato, enzimas séricas, proteínas, colesterol, sódio, potássio, cálcio e triglicérides. * Stress e Ansiedade: Causam a elevação de lactato e leucócitos. 3.2 Variáveis Analíticas: As variáveis analíticas são todas aquelas relacionadas à análise propriamente dita e, dentre as mais importantes estão: * Coleta inadequada: A hemólise ou coagulação do sangue durante a coleta resulta em uma série de alterações que impossibilitam a realização de determinados exames, por exemplo: A concentração de íons potássio no interior das células é maior que no interstício e, com a hemólise (rompimentos dos eritrócitos) tem-se um aumento considerável na dosagem de potássio sérico. De maneira geral, a maioria das 15 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação interferências observadas é devido à presença de hemoglobina (hemólise causada por dificuldade na coleta), lipemia (elevada concentração de gordura no sangue — dieta) e bilirrubina (alterações patológicas do paciente). Estas três substâncias têm interferência direta em praticamente todos os testes colorimétricos que tenham pico de absorção no mesmo comprimento de onda de uma das três substâncias. Em outras palavras, os testes para dosagem de glicose, por exemplo, cuja leitura no equipamento seja feita em um comprimento de onda de 480 nm sofre interferência de uma eventual hemólise, uma vez que a hemoglobina também possui um pico de absorção próximo deste comprimento de onda. Com o avanço no desenvolvimento de novas metodologias analíticas, novos testes estão sendo desenvolvidos, cujas leituras são realizadas em regiões próximas à do infravermelho (600 nm ou maior) o que reduz consideravelmente a interferência destas três substâncias nas dosagens analíticas. CU) E Hemoglobin à Sai [a PAN Rae] Gráfico Absorbância X Comprimento de onda Synermed Inc. - www.synermed.com.br A coagulação do sangue no momento da coleta impede a realização de todas as análises celulares, como principalmente o hemograma e análises genéticas. Os testes de coagulação também são inviabilizados caso haja coagulação in vitro. * Calibração: A calibração correta dos equipamentos é o fator mais importante de variável analítica, uma vez que um equipamento que não esteja corretamente calibrado é um gerador de erro sistemático, já que todos os resultados liberados pelo equipamento não serão confiáveis. 16 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação 3.2 Variáveis Pós-Analíticas: As principais variáveis pós-analíticas são aquelas relacionadas à digitação do resultado. Após o correto preparo do paciente, coleta e realização do exame, o valor obtido deve ser corretamente transcrito e/ou digitado. A troca na inserção de resultado entre pacientes é outro fato importante e, embora pouco comum, é responsável por um enorme transtorno para o laboratório. As variáveis pós-analíticas são evitadas com a implementação da automação, onde é gerado um código de barra único para cada paciente em cada coleta e assim, todos os equipamentos do laboratório fazem à leitura do mesmo e os resultados obtidos são automaticamente inseridos no sistema, não havendo digitação de resultados. Falhas na impressão geram resultados duvidosos bem como laudos confusos para o clínico. Tais falhas devem ser evitadas adotando-se a implementação de impressoras de qualidade, e adoção de laudos claros e com conteúdos essenciais tanto para o paciente quanto para o clínico. 4. Controle de Qualidade: O controle de qualidade (CQ) em laboratórios clínicos deixou de ser um diferencial e passou a ser essencial em qualquer laboratório clínico, pois a qualidade na realização de um determinado exame reflete diretamente no correto diagnóstico do paciente bem como no correto tratamento e acompanhamento do mesmo. O Controle de Qualidade Total ou Garantia de Qualidade Total é um termo genérico aplicado a vários segmentos e a definição é: “Prática que inclui todos os esforços, procedimentos, formatos e atividades dirigidas para assegurar que uma qualidade ou produto especificado seja alcançado e mantido”. Para que seja alcançado, deve-se controlar as variáveis pré-analíticas, analíticas e pós-analíticas, monitorar todos os equipamentos do laboratório para obter o máximo em precisão e exatidão dentre outras inúmeras ações. Para acompanhar e padronizar o CQ em Laboratórios Clínicos há diversos órgãos que através de programas de qualidade certificam as empresas que se adequarem aos procedimentos exigidos para obtenção de suas certificações. Dentre as 17 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação 1. Avaliação da Amostra: A avaliação da amostra é a visualização da amostra, principalmente alguns dados importantes para realização do ensaio como o recipiente de coleta, volume da amostra coletada, etc. Alguns laboratórios relatam nos laudos o volume urinário da amostra, porém clinicamente não tem significado algum, apenas serve como dado nos casos em que a análise urinária tenha sido prejudicada devido ao volume insuficiente para a realização do exame, fato em que deve solicitar nova amostra ao paciente, o que conclui a ausência de significado clínico o volume urinário da amostra. Outra informação não muito relevante ainda observada nos laudos de urina é o odor. O cheiro característico da urina recentemente emitida tem sido atribuído a ácidos orgânicos voláteis presentes e, com o envelhecimento, o cheiro torna-se amonical. A alimentação interfere diretamente no odor da urina, mas em todos os aspectos atualmente não se relatou importância clínica para o odor da urina. 2. Análise Física: 2.1 Densidade: A densidade ajuda a avaliar a função de filtração e concentração renais, bem como o estado de hidratação do corpo. É obtida por meio de densímetros, no caso chamado de urinômetro, de refratômetro ou mesmo verificada na própria fita de análise de urina. Normalmente a densidade da urina oscila entre 1,015 e 1,025. O rim normalmente é capaz de diluir ou concentrar a urina conforme a ingestão de líquidos, se maior ou menor, podendo a densidade variar entre 1,001 e 1,030 ou mais. Tornou-se hábito, em nosso meio expressar a densidade da urina em milhar 1.015 ou 1.020, por exemplo, quando o correto é 1,015 ou 1,020 (um vírgula zero quinze ou um vírgula zero vinte). A densidade urinária depende diretamente da proporção de solutos urinários presentes (cloreto, creatinina, glicose, fosfatos, proteínas, sódio, sulfatos, uréia, ácido úrico) e o volume de água. Normalmente varia entre 1.015 a 1.030. Densidades diminuídas podem ser encontradas na administração excessiva de líquidos por via intravenosa, reabsorção de edemase transudatos, insuficiência renal crônica, uso de drogas, quadros de hipotermia, aumento da pressão intracraniana, diabetes insipidus e 20 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores (ad Portal Educação hipertensão maligna. Densidades elevadas podem ser encontradas na desidratação, diarréia, vômitos, febre, diabetes mellitus, glomerulonefrite, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência supra-renal, proteinúria, síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético (SIHAD), toxemia gravídica, uropatias obstrutivas e no uso de algumas substâncias, como contrastes radiológicos e sacarose. 2.2 Aspecto: O aspecto normal é límpido, entretanto, uma ligeira turvação não é necessariamente patológica, podendo ser decorrente da precipitação de cristais e de sais amorfos não-patológicos. A turvação patológica pode ser conseguência da presença de células epiteliais, leucócitos, hemácias, cristais, bactérias e leveduras. Pode ocorrer a presença de depósito por excesso de muco em função de processos inflamatórios do trato urinário inferior ou do trato genital, ou pela presença de grande quantidade de outros elementos anormais. A urina deixada em repouso por algum tempo, forma um pequeno depósito (constituído por leucócitos) denominado nubécula. Esta é mais acentuada nas mulheres. Límpido Opaco Turvo 24 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação 2.3 Cor: A cor da urina é variável e depende da maior ou menor concentração dos pigmentos urinários, de medicamentos ou elementos patológicos nela eliminados e de certos alimentos. A cor habitual da urina é amarelo citrino, o que se deve, em sua maior parte, ao pigmento urocromo. Essa coloração pode apresentar variações em situações como diluição por grande ingestão de líquidos, o que torna a urina amarelo-pálida. Uma cor mais escura pode ocorrer por privação de líquidos. Portanto, a cor da urina pode servir como avaliação indireta do grau de hidratação e da capacidade de concentração urinária. Em condições patológicas (estado febril, por exemplo) o teor de uroeritrina aumenta e a urina torna-se acentuadamente vermelha. As urinas ácidas em geral são mais escuras do que as alcalinas. Em estados patológicos a urina pode apresentar diversas colorações. Os glóbulos vermelhos serão verificados ao microscópio, após centrifugação, ou mesmo pela sedimentação espontânea. A hematúria de origem glomerular (glomerulonefrite aguda) jamais apresenta coágulos, ao passo que, em outros tipos de hematúria, como no traumatismo ou tumor, eles frequentemente estão presentes. A urina de aspecto leitoso pode resultar da presença de pus, ou grandes quantidades de cristais de fosfato. O uso de diversos medicamentos e a ingestão de corantes alimentares também pode causar alteração da cor da urina. Há numerosas possibilidades de variação de cor, sendo a mais frequente a cor avermelhada (rosa, vermelha, vermelho-acastanhada). Em mulheres, deve-se sempre afastar a possibilidade de contaminação vaginal. A cor avermelhada pode acontecer na presença de medicamentos, hemácias, hemoglobina, metaemoglobina e mioglobina. As porfirias também podem cursar com coloração vermelha ou púrpura da urina. Também é frequente a cor âmbar ou amarelo- acastanhada, pela presença de bilirrubina, levando a urina a se apresentar verde-escura em quadros mais graves. Este materiai N tudo deste du seus respectivos autores Q Portal Educação ausente nas icterícias por hemólise. Alguns casos de doença biliar obstrutiva crônica podem cursar com níveis alterados de bilirrubina sérica e ausência de bilirrubina na urina. Falso-negativos podem ser induzidos pelo uso de ácido ascórbico e exposição da urina à luz intensa por longo tempo. 3.3 Urobilinogênio: O vrobilinogênio é um produto de redução formado pela ação de bactérias sobre a bilirrubina conjugada no trato gastrintestinal. A maior parte do urobilinogênio é excretada nas fezes. Pequena parte é reabsorvida através da via êntero-hepática e reexcretrada na bile e na urina, onde rapidamente se oxida a urobilina. Os níveis urinários de urobilinogênio geralmente são maiores do início ao meio da tarde, mantendo-se em níveis inferiores a 1 mg/dL. O aumento do urobilinogênio na urina indica a presença de processos hemolíticos ou disfunção hepática. Acha-se elevada também na policitemia, no cisto hemorrágico do ovário, na doença hemolítica perinatal, em alguns estágios da malária, na insuficiência cardíaca e na cirrose hepática. 3.4 Hemoglobina: A presença de hemoglobina na urina pode ser proveniente de diferentes estados de hemólise intravascular, em que uma quantidade excessiva de hemoglobina satura a capacidade de ligação com a haptoglobina. Nessas condições, fica livre no plasma, sendo filtrada pelo glomérulo e em parte reabsorvida pelo sistema tubular. O restante é excretado na urina. A outra causa é a presença de hemácias liberadas no trato urinário por pequenos traumas, exercícios extenuantes ou patologias das vias urinárias, em que as hemácias são lisadas, liberando hemoglobina. A verdadeira hemoglobinúria é rara, sendo mais frequente a segunda situação, em que a hemoglobinúria é acompanhada pela presença de hematúria. 3.5 Glicose: 25 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação Vários hidratos de carbono (glicose, lactose, galactose, frutose) podem ocasionalmente estar presentes na urina. O mais frequente é a glicose, constituindo a glicosúria. A glicose presente na urina reflete os níveis séricos da glicose associados à capacidade de filtração glomerular e de reabsorção tubular. Normalmente, a glicosúria só se manifesta quando os níveis séricos se encontram acima de 160/180 mg/dL. A glicosúria pode ser causada tanto pelo diabetes mellitus como por outras patologias, como doenças renais que afetem a reabsorção tubular e nos quadros de hiperglicemia de outras origens que não a diabética. 3.6 Nitrito: A presença de nitrito na urina indica infecção das vias urinárias, causadas por microrganismos que reduzem o nitrato a nitrito. O achado de reação positiva indica a presença de infecção nas vias urinárias, principalmente por bactérias entéricas. 3.7 Proteínas: Em indivíduos normais, uma pequena quantidade de proteína é filtrada pelo glomérulo (albumina, alfa-1 e alfa-2-globulinas), sendo sua maior parte reabsorvida por via tubular e eliminada em pequenas quantidades pela urina. São considerados normais valores de até 150 mg/ 24 h. O aumento da quantidade de proteínas na urina é indicador inicial de patologia renal. Entretanto, não são todas as patologias renais que cursam com proteinúria, a qual não é uma condição exclusiva de doença renal, podendo aparecer em patologias não-renais e em algumas condições fisiológicas. As proteínas são excretadas em velocidades diferentes e em momentos variáveis durante o período de 24 horas, sendo maior durante o dia e menores durante a noite. As proteinúrias podem ser classificadas, quanto à sua origem, como pré-renal, renal e pós-renal. Pré-renal: Algumas patologias não-renais, como hemorragia, estados febris, algumas endocrinopatias, distúrbios convulsivos, neoplasias, queimaduras extensas, mioglobinúria, hemoglobinúria, mielomas, superexposição a certas substâncias (ácido sulfossalicílico, arsênico, chumbo, éter, fenol, mercúrio, opiáceos), lesão do sistema nervoso central, leucemia (mielocítica crônica), obstrução intestinal, reação de hipersensibilidade, toxemia, toxinas bacterianas (difteria, escarlatina, estreptocócica 26 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação aguda, febre tifóide e pneumonia) podem levar a proteinúrias ditas pré-renais. A proteinúria transitória pode surgir em conseguência de estados não-patológicos, como estresse físico (exercícios intensos) ou emocional, desidratação, dieta (proteínas em excesso), exposição ao frio e posição do corpo (proteinúria ortostática). Renal: Pode ocorrer em decorrência de comprometimento glomerular, tubular ou intersticial, glomerulonefrites, síndrome nefrótica, nefro-patia diabética, hipertensão (maligna, renovascular), amiloidose, doença policística, lúpus eritematoso sistêmico, nefropatia membranosa, pielonefrite (crônica), tumores, malformações congênitas, síndrome de Goodpasture, trombose da veia renal, acidose tubular renal, necrose tubular aguda, intoxicação por metais pesados e algumas drogas. Pós-renal: Contaminação por material de área genital (uretral e genital), infecções do trato urinário superior e inferior (uretrites e cistites) e prostatites. 4. Análise Microscópica do Sedimento: Para proceder ao exame microscópico do sedimento urinário, a urina deve ser recente, ao contrário, os elementos organizados (cilindros, hemácias, leucócitos) perdem sua estrutura normal, dificultando ou tornando impossível a identificação. Sempre que possível à urina deve ser mantida no refrigerador até o momento da centrifugação. Para obtenção do sedimento, mistura-se a mostra de urina, de preferência a primeira da manhã e coloca-se 10 ml em um tubo cônico, resistente, levando à centrífuga. Centrifuga-se, durante 5 minutos, a cerca de 1.500 rpm. Formado o sedimento, por meio de centrifugação, decanta-se o líquido sobrenadante, agita-se o resíduo que fica no fundo do tubo, transfere uma pequena porção para lâmina e recobre com lamínula. Leva-se a lâmina, assim preparada, ao microscópio e examina-se com luz reduzida e pequeno aumento para visão de conjunto e, em seguida com objetiva de 40X, para identificação e contagem dos elementos observados. A finalidade da análise microscópica é detectar e identificar os elementos insolúveis. Esses elementos incluem: eritrócitos, leucócitos, células epiteliais, bactérias, leveduras, parasitas, muco, espermatozóides, cristais e artefatos. Como alguns não têm significado clínico e outros são considerados normais, a menos que presentes em 27 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Nu Portal Educação 4.3 Leucócitos: Podem estar presentes em pequena quantidade na urina normal (5 a 10 por campo). Normalmente neutrófilos. Quantidades aumentadas indicam a presença de lesões inflamatórias, infecciosas ou traumáticas em qualquer nível do trato urinário. Deve- se sempre excluir contaminação por via genital. Embora os leucócitos, assim como as hemácias, possam passar para a urina através de uma lesão glomerular ou capilar. O número elevado de leucócitos na urina é chamado de piúria e indica a presença de infecção ou inflamação no sistema urogenital. Entre as causas mais frequentes de piúria estão às infecções bacterianas, tais como pielonefrite, cistite, prostatite e uretrite, mas a presença de leucócitos também pode ser observada em doenças não-bacterianas, como a glomerulonefrite, o lúpus eritematoso e os tumores. Os leucócitos são maiores que as hemácias, medindo cerca de doze mícrons de diâmetro. São mais facilmente observados e identificados porque contêm grânulos citoplasmáticos e núcleos lobulados. 4.4 Cristais: É um achado frequente na análise do sedimento urinário normal, raramente com significado clínico e com ligação direta com a dieta. Os cristais são formados pela 30 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Q Portal Educação precipitação dos sais da urina submetidos à alteração de pH, temperatura ou concentração, o que afeta sua solubilidade. A principal razão para a identificação dos cristais urinários é detectar a presença de alguns tipos relativamente anormais, que podem representar um sinal de distúrbios físico-químicos na urina ou têm significado clínico específico, como os de cistina, leucina, tirosina e fosfato amoníaco magnesiano. Podem também ser observados cristais de origem medicamentosa e de componentes de contrastes urológicos. A cistina está ligada ao defeito metabólico cistinúria, além de responder por cerca de 1% dos cálculos urinários. Como a tirosina e a leucina são resultados de catabolismo protéico, seu aparecimento na urina sob a forma de cristais pode indicar necrose ou degeneração tecidual importante. Os cristais de fosfato amoníaco magnesiano estão relacionados a infecções por bactérias produtoras de uréase. Apesar de não existir uma relação direta entre a presença de cristais e o desenvolvimento de cálculos, alguns autores apontam à existência de diferenças morfológicas entre os cristais dos pacientes que desenvolvem calculose com uma apresentação de formas maiores, agregadas e bizarras. O recurso mais útil na identificação dos cristais é o conhecimento do pH da urina, pois ele determinará o tipo de substâncias químicas precipitadas. Os cristais geralmente são classificados não só como normais e anormais, mas também segundo a urina em que está presente: ácida ou alcalina. 4.4.1 Cristais Normais: * Urina ácida: os cristais mais comumente encontrados na urina ácida são os uratos, constituídos por ácido úrico, uratos amorfos e urato de sódio. Como o nome indica, os uratos amorfos são constituídos por grânulos castanho-amarelados organizados em grumos. Os cristais de oxalato de cálcio também são frequentes na urina ácida e são facilmente reconhecidos como octaedros incolores em forma de envelope. * Urina alcalina: a maioria dos cristais observados na urina alcalina é formada por fosfatos, como o fosfato triplo, o fosfato amorfo e o fosfato de cálcio. Os cristais de fosfato triplo são talvez os mais facilmente identificáveis, porque costumam ser constituídos por prismas incolores denominados “tampa de caixão”. 31 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Portal Educação 4.4.2 Cristais Anormais: Os cristais anormais mais importantes são: cistina, colesterol, leucina, tirosina, bilirrubina, sulfonamidas, corantes radiográficos e medicamentos. A maioria dos cristais anormais tem formas características, sendo também encontrados em urina ácida ou neutra: existem provas bioquímicas para sua possível identificação. Este mater ectivos autores Q Portal Educação Produzido pelo epitélio do túbulo renal e células epiteliais. A presença excessiva de muco decorre de processos inflamatórios do trato urinário inferior ou do trato genital. O muco é um material protéico produzido por glândulas e células epiteliais do sistema urogenital. Não é considerado clinicamente significativo e sua quantidade é maior quando há contaminação vaginal. Microscopicamente, é visto como estruturas filamentosas com baixo índice de refração, o que exige observação em luz de baixa intensidade. 4.8 Leveduras: As leveduras, geralmente Candida albicans, podem ser observadas na urina de pacientes com diabetes mellitus, de mulheres com candidíase vaginal. São facilmente confundidas com hemácias e por isso deve-se observar atentamente se há brotamentos. 4.9 Parasitas: O parasita encontrado com mais freguúência na urina é o Trichomonas vaginalis, devido à contaminação por secreções vaginais. Esse organismo é flagelado, sendo facilmente identificado por seu movimento rápido no campo microscópico. Contudo, quando não se move, o Trichomonas vaginalis pode ser confundido com um leucócito. 4.10 Espermatozóides: 35 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Nu Portal Educação Por vezes encontram-se espermatozóides na urina após relações sexuais ou ejaculação noturna: não têm significado clínico. 4.11 Cálculos Renais: O achado de grumos de cristais em urina quente, recém eliminada indica que existem condições para a formação de cálculos, tendo-se observado aumento da cristalúria nos meses de verão em pessoas que formam cálculos renais. A análise de cálculos renais excretados é importante no tratamento do paciente. Aproximadamente 75% deles contêm oxalato de cálcio, sendo possível evitar formações futuras através de mudanças da dieta. 4.12 Artefatos: Podem ser encontrados contaminantes de todos os tipos na urina, principalmente nas amostras colhidas em condições impróprias ou em recipientes sujos. O que mais confunde os estudantes são as gotículas de óleo e os grânulos de amido (pó de talco), por se parecerem com hemácias. =ecanooo FIM MÓDULO | ---------- 36 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores
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