Resumo: Diagonalização de Operadores Lineares
Diagonalização de Operadores Lineares
Um dos assuntos mais importantes de Álgebra Linear é Diagonalização de Operadores Lineares. Uma das motivações para diagonalizar um operador linear é porque as operações com matrizes diagonais são muito mais simples do que as operações com matrizes não diagonais.
Neste resumo você vai aprender o que são operadores lineares diagonalizáveis, o que é multiplicidade algébrica e multiplicidade geométrica de um autovalor e como encontrar a forma diagonal de um operador diagonalizável.
1. Operadores Lineares Diagonalizáveis
Dizemos que uma matriz é diagonal se ela é da forma
A=⎝⎜⎜⎜⎛λ10⋮00λ2⋮0⋯⋯⋱0000λn⎠⎟⎟⎟⎞,
isto é, todas as entradas da matriz que não estão na diagonal são iguais a 0.
Dizemos que um operador T é diagonalizável se existe alguma base B tal que [T]B é diagonal. Isto significa que, na base B, a matriz do operador linear T é uma matriz diagonal (se você precisa relembrar o que são operadores lineares, clique aqui).
Vamos escrever a base B como B={v1,v2,…,vn}. Veja que, se [T]B está escrita na forma da matriz A acima, então temos que:
T(v1)=λ1v1,T(v2)=λ2v2,…,T(vn)=λnvn
Ou seja, λ1,λ2,…λn são os autovalores, e v1,v2,…,vn são os autovetores do operador linear T (você pode relembrar o que são autovalores e autovetores clicando aqui). Assim, obtemos a seguinte informação sobre diagonalização de operadores lineares: Uma condição necessária e suficiente para que um operador linear seja diagonalizável:
Um operador linear é diagonalizável ⟺ Existe uma base de autovetores
2. Bases Formadas por Autovetores
Nesta seção vamos apresentar um algoritmo para encontrar uma base de autovetores de um operador linear T . Para isto, é importante que você lembre o que é o polinômio característico e como encontrá-lo.
O passo a passo do algoritmo é:
a) Encontrar o polinômio caracterísico pT(t);
b) Encontrar as raízes deste polinômio, que são os autovalores;
c) Encontrar os autoespaços;
d) Unir os autoespaços;
e) Ver se formam uma base.
Vamos ver este algoritmo de diagonalização de operadores lineares sendo aplicado em dois exemplos.
Exemplo 1:
Suponha que o operador T , na base canônica, tenha a seguinte matriz:
[T]can=⎝⎛−406020−305⎠⎞.
Para recordar como encontrar a matriz de um operador em uma base, basta clicar aqui.
a) O polinômio característico, então, é pT(t)=−(t−2)2(t+1).
b) Os autovalores são λ1=−1 e λ2=2 .
c) Os autoespaços são V(−1)=[(−1,0,1)] e V(2)=[(1,0,−2),(0,1,0)] (caso tenha dificuldades em encontrar autoespaço, veja mais sobre isto clicando aqui).
d) Unindo os autoespaços encontrados acima, temos C={(−1,0,1),(1,0,−2),(0,1,0)}
e) Como nosso conjunto C possui três vetores L. I., então C é uma base formada por autovetores, e assim, o operador T é diagonalizável (se precisa relembrar alguma coisa sobre bases, você pode conferir aqui).
Assim, nesta base formada por autovetores, a matriz da transformação T é
OBSERVAÇÃO: A ordem importa. Veja que a ordem dos vetores na base C da esquerda pra direita é a mesma ordem dos autovalores na diagonal da matriz [T]C.
Exemplo 2:
Suponha que T:R2→R2 tem a seguinte matriz na base canônica:
[T]can=(1011)
a) O polinômio característico é pT(t)=(1−t)2 .
b) O único autovalor é λ=1
c) O único autoespaço é V(1)=[(−1,0)] .
d) Como o único autoespaço é V(1), então temos o conjunto C={(−1,0)}
e) Como o conjunto C possui apenas um vetor, não pode ser base para R2.
Assim, não existe base formada por autovetores, então T não é diagonalizável.
3. Multiplicidade Algébrica e Geométrica de um Autovalor
Vamos considerar um polinômio característico qualquer de um operador T . Podemos escrevê-lo da seguinte forma:
pT(t)=(t−λ1)r1(t−λ2)r2…(t−λn)rn .
As multiplicidades algébricas são os expoentes r1,r2,…,rn. Por exemplo, a multiplicidade algébrica do autovalor λ1 é r1, do autovalor λ2 é r2, e assim prossegue.
Podemos considerar agora os autoespaços associados a esses autovalores:
V(λ1),V(λ2),…,V(λn)
As multiplicidades geométricas são as dimensões dos autoespaços acima. Por exemplo, a multiplicade geométrica do autovalor λ1 é dim(V(λ1)), do autovalor λ2 é dim(V(λ2)), e assim prossegue (caso queira rever o conceito de dimensão, clique aqui).
As multiplicidades algébricas e geométricas são muito importantes na diagonalização de operadores lineares. Vamos ver estes conceitos aplicados em um exemplo.
Exemplo:
Vamos considerar o operador linear T do exemplo 1 da seção acima. Sua matriz na base canônica é
[T]can=⎝⎛−406020−305⎠⎞ .
Seu polinômio característico é:
pT(t)=−(t−2)2(t+1)1.
Assim, a multiplicidade algébrica do autovalor λ1=−1 é r1=1 , e do autovalorλ2=2 é r2=2 .
Os autoespaços associados são
V(−1)=[(−1,0,1)] e V(2)=[(1,0,−2),(0,1,0)].
Assim, a multiplicade geométrica do autovalor λ1=−1 é dim(V(−1))=1 e do autovalor λ2=2 é dim(V(2))=2.
OBSERVAÇÃO: Em qualquer operador linear, teremos que pra cada autovalor,
multiplicidades algébricas ≥ multiplicidades geométricas.
4. Condições para que um Operador Linear Seja Diagonalizável
Vamos considerar um operador linear em Rn,
T:Rn→Rn .
Primeiro vamos apresentar uma condição suficiente para que T seja diagonalizável.
I) Se T possui n autovalores distintos, então T é diagonalizável.
Esta condição é suficiente, mas não necessária. Isto significa que, se você perceber que T possui n autovalores distintos, você já pode concluir que T é diagonalizável, mas caso perceba que não existem n autovalores distintos, você NÃO pode concluir disso que T não é diagonalizável.
Agora, vamos apresentar duas condições necessárias e suficientes para que T seja diagonalizável.
II) T é diagonalizável ⟺ T possui n autovetores L.I. entre si;
III) T é diagonalizável ⟺ Todas as raízes do polinômio característico são reais, e as multiplicidades algébricas são iguais às multiplicidades geométricas.
Se alguma destas condições for satisfeita, então podemos fazer a diagonalização do operador linear.
Exemplo: No exemplo dado seção 3, todos os autovalores são reais e as multiplicidades algébricas são iguais às geométricas, logo, T é diagonalizável pela condição III).
5. Como Diagonalizar uma Matriz
Seja T um operador linear diagonalizável, com sua forma diagonal sendo a matriz D=[T]C, que é a matriz de T na base C de autovetores. Para obter a matriz D a partir da matriz A=[T]can, que é a matriz de T na base canônica, faz-se uma multiplicação de matrizes da seguinte forma:
A=PDP−1
Onde P é uma matriz quadrada, chamada de matriz de transição.
Esta matriz de transição é a matriz de mudança de base, de autovetores C para a base canônica. Se você precisa relembrar mudanças de base, recomendo os vídeos e os materiais encontrados aqui.
Vamos fazer um exemplo para mostrar como diagonalizar operadores lineares na prática.
Exemplo: Usaremos o mesmo operador linear T usado nas seções 1 e 3 deste resumo. Sua matriz na base canônica é
[T]can=⎝⎛−406020−305⎠⎞ .
Seu polinômio característico é
pT(t)=−(t−2)2(t+1),
Logo, seus autovalores são
λ1=−1 e λ2=2 .
Note que temos apenas 2 autovalores distintos, então não podemos usar o critério a) da seção 4 para concluir que T é diagonalizável, mas também não podemos concluir que T não é diagonalizável.
Os autoespaços são:
V(−1)=[(−1,0,1)] e V(2)=[(1,0,−2),(0,1,0)] .
Veja que temos 3 autovalores distintos, logo, pelo critério II) da seção 4, o operador T é diagonalizável.
A base formada por autovetores é a base:
C={(−1,0,1),(1,0,−2),(0,1,0)},
E a forma diagonal diagonal de T será a matriz de T na base C , logo,
D=[T]C=⎝⎛λ1000λ2000λ2⎠⎞=⎝⎛−100020002⎠⎞ .
Para construir a matriz de transição P basta encontrar a matriz de mudança da base canônica para a base C . Neste caso, como a mudança vai "sair" na base canônica, basta escrever os autovetores na vertical e você obterá a matriz de transição.
P=[I]C,can=⎝⎛−10110−2010⎠⎞.
Assim, com estas matrizes nós obtemos a relação desejada:
[T]can=PDP−1 .
Para mais informações, vídeos e exercícios resolvidos sobre Diagonalização de Operadores Lineares, você pode acessar o site da Estudar Com Você neste link: https://estudar.com.vc/cursos/autovalores-autovetores-e-diagonalizacao?chosen_concept=11634.