Resumo: Espaços Vetoriais
Espaços Vetoriais
Os espaços vetoriais são os fundamentos da Álgebra Linear. Os espaços vetoriais são uma generalização dos espaços de vetores V3 que é mais usado na Geometria Analítica. Por isso, você precisa entender as principais definições e propriedades de espaços vetoriais para conseguir entender os assuntos que virão.
Neste resumo você aprenderá uma intuição do que são os espaços vetoriais, a definição de espaço vetorial, como reconhecer espaços vetoriais, quais são as principais propriedades de espaços vetoriais e quais são os espaços vetoriais mais relevantes que você precisa conhecer.
É importante que você tenha domínio do conteúdo de vetores e de sistemas lineares para que entenda este resumo. Caso contrário, clique nos links para saber um pouco mais.
1. Uma intuição sobre espaços vetoriais
Dentro da Geometria Analítica, estamos acostumados a trabalhar com os vetores em três dimensões, no espaço chamado de V3. Agora, dentro da Álgebra Linear, podemos lidar com um espaço mais arbitrário, que chamaremos de espaço vetorial.
Chamamos de espaço vetorial pois os elementos deste espaço terão muitas propriedades parecidas com os vetores de V3 (e de fato, vamos chamar os elementos deste espaço de vetores). Por exemplo, da mesma forma que lidamos com soma de vetores e multiplicação por escalar, podemos fazer com polinômios, matrizes ou até mesmo funções.
Assim como fizemos para o V3 , podemos definir dependência linear e base para espaços vetoriais arbitrários, assim como usar estratégias parecidas, como o escalonamento. Mas o mais importante que você precisa ter em mente é:
Um Espaço Vetorial é um conjunto onde seus elementos se comportam de forma parecida com os vetores de V3
2. Definição de Espaço Vetorial
Já vimos uma intuição sobre o que são os espaços vetoriais, agora veremos a definição formal de espaços vetoriais, e você verá que faz todo o sentido com a intuição descrita acima.
Um espaço vetorial é um conjunto não vazio V, cujos elementos chamaremos de vetores, com duas operações definidas nele: soma e produto por escalar. Estas operações devem satisfazer algumas propriedades (as mesmas dos vetores de V3 ), que são as seguintes:
I) Fechadas
O conjunto V deve ser fechado com relação à soma de dois vetores e produto de um vetor por um escalar. Isto é, se u,v∈V e α é um escalar, então
u+v∈Veα⋅u∈V
Isto significa que, ao realizar estas duas operações, você sempre continuará dentro do conjunto V, e nunca sairá dele.
II) Propriedades da Soma
A soma de vetores em um espaço vetorial V deve satisfazer as propriedades a seguir. Se u,v,w∈V , então:
- Associatividade:
(u+v)+w=u+(v+w)
- Comutatividade:
u+v=v+u
- Elemento neutro/nulo: Existe um elemento neutro 0V∈V para a soma.
u+0V=u
- Elementos opostos: Todo vetor possui um elemento oposto em V.
∃x∈V:u+x=0V
Simbolizaremos este elemento por x=−u , como já estamos acostumados.
III) Propriedades do Produto por Escalar
O produto por escalar em um espaço vetorial V deve satisfazer as propriedades a seguir. Sejam u,v∈V e α,β escalares. Então:
- Associatividade:
(α⋅β)⋅u=α⋅(β⋅u)
- Distributividade com relação à soma de escalares:
(α+β)⋅u=α⋅u+β⋅u
- Distributividade com relação à soma de vetores:
α⋅(u+v)=α⋅u+α⋅v
- Elemento Neutro: Multiplicar qualquer vetor pelo escalar 1 resultará no próprio vetor.
1⋅u=u
3. Reconhecendo Espaços Vetoriais
Vimos na seção anterior que um espaço vetorial é um conjunto V com operações de soma e produto por escalar que satisfazem as propriedades listadas. Para reconhecer que um conjunto com tais operações definidas nele é de fato um espaço vetorial, você precisa testar que todas as propriedades acima valem para o seu conjunto. Se você encontrar alguma propriedade que não é satisfeita, já pode garantir que não é um espaço vetorial.
Por exemplo, considere o conjunto V=[−2,2]⊂R , com as operações de soma e produto usuais de R . Como V é um subconjunto de R , todas as propriedades de soma e produto por escalar valem em V , pois valem em R . Porém, considere os seguintes dois vetores: 1,2∈V . Veja que, ao somar os dois, obtemos o número 3 , que não é elemento de V , assim, V não é fechado com relação à soma (é fácil mostrar também que não é fechado com relação ao produto por escalar, tente fazer isto), logo, não é espaço vetorial.
Se tivermos a soma usual e o produto usual, basta testar apenas as propriedades fechadas (seção 2.I). Se a soma e a multiplicação forem fechadas, então o conjunto é espaço vetorial.
4. Propriedades dos Espaços Vetoriais
Vamos mostrar, nesta seção, algumas propriedades que seguem diretamente da definição de espaço vetorial dada na seção 2.
A) Unicidade do Elemento Neutro/Nulo
Só existe um vetor que é o elemento neutro da soma 0V.
∃!0V∈V:u+0V=u,∀u∈V
B) Unicidade do Elemento Oposto
Para cada u∈ V, existe um único elemento, denotado por −u∈V tal que:
u+(−u)=0V
C) Lei do Cancelamento para Soma
A regra que aprendemos na escola de "passar para o outro lado da equação" vale para vetores em um espaço vetorial.
u+v=u+w⟺v=w
D) Regularidade do Elemento Neutro
Um vetor multiplicado por um escalar resulta num vetor nulo se, e somente se, o vetor é o vetor nulo ou o escalar é 0.
α⋅u=0⟺u=0 ou α=0
E) Lei do Cancelamento para Produto por Escalar
A regra que aprendemos na escola de "passar pro outro lado da equação" vale para os escalares que multiplicam vetores em um espaço vetorial.
Se α̸=0, enta˜o α⋅u=α⋅v⟺u=v
Saber todas as propriedades listadas nesta seção é útil para conseguir reconhecer mais rapidamente que determinado conjunto não é espaço vetorial. Basta verificar que não satisfaz alguma das 5 propriedades acima. Porém, para provar que determinado conjunto é, de fato, um espaço vetorial, não é suficiente provar que valem estas 5 propriedades. Você precisa usar as definições dadas na Seção 2.
Para ver um exercício resolvido sobre reconhecimento de espaços vetoriais, clique aqui.
5. Espaços Vetoriais mais Relevantes
Aqui vamos apresentar os espaços vetoriais mais importantes que você precisa conhecer para o futuro de Álgebra Linear.
1) Espaço Euclidiano
Denotaremos por Rn o conjunto de todos os vetores de n coordenadas reais. As operações de soma e produto por escalar são as mesmas às quais estamos acostumados no V3 . O elemento neutro é o vetor com zero em todas as entradas.
Por exemplo, vale que (2,−1,0,3)∈R3.
2) Polinômios com Coeficientes Reais
Denotaremos por Pn(R) o conjunto de todos os polinômios de grau menor igual a n com coeficientes reais. As operações de soma e produto por escalar são as mesmas que estamos acostumados em polinômios. O elemento neutro é o polinômio nulo.
Por exemplo, vale que p(x)=a+bx+cx2∈Pn(R).
3) Matrizes com Entradas Reais
Denotaremos por Mm×n(R) o conjunto de todas as matrizes de tamanho m×n com entradas reais. As operações de soma e produto por escalar são as mesmas que estamos acostumados em polinômios. O elemento neutro é a matriz que possui zero em todas as suas entradas.
Por exemplo, vale que (1−130)∈M2×2(R).
4) Funções Reais
Denotaremos por F(R,R) o conjunto de todas as funções f:R→R . As operações de soma e produto por escalar são as mesmas que estamos acostumados a fazer em funções. O elemento neutro é a função constante igual a zero.
Por exemplo, vale que f(x)=ex∈F(R,R).
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