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Guias e Dicas
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artigos científicos, Trabalhos de Materiais

artigos cientificos aleatorios para uso de bom grado

Tipologia: Trabalhos

2021

Compartilhado em 30/06/2021

sem-nocao-tv-1
sem-nocao-tv-1 🇧🇷

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Pré-visualização parcial do texto

Baixe artigos científicos e outras Trabalhos em PDF para Materiais, somente na Docsity! AC ES SO LI VR E IN FO RM AÇ ÃO C IE N TÍ FI C A D IG IT AL 309 TransInformação, Campinas, 20(3): 309-318, set./dez., 2008 A RT IG O A RT IG OAcesso livre à informação científica digital: dificuldades e tendências Open access to digital scientific information: difficulties and tendencies Claudia Regina Ziliotto BOMFÁ1 Elis Regina MOCELLIN2 Dorzeli Salete TRZECIAK3 Maria do Carmo Duarte FREITAS4 RESUMO O artigo discute a questão do acesso livre à informação científica digital. São discutidos aspectos conceituais do acesso livre e apresentados os principais movimentos nacionais e internacionais em favor do acesso livre. Identi- ficam-se repositórios de pesquisas científicas baseados no movimento de acesso livre e apresentam-se dificulda- des e tendências. Conclui-se sinalizando mudanças no processo de comunicação científica, com ênfase na amplitude, rapidez e transparência no acesso livre à informação científica. Palavras-chave: acesso livre; informação científica digital; movimentos de acesso livre; repositórios de acesso livre. ABSTRACT The article discusses the open access question to digital scientific information. Conceptual aspects of open access are discussed; the major national and international movements on behalf of open access are presented; scientific research repositories based on the open access movement are identified; difficulties and trends are presented. The article concludes identifying changes in the process of scientific communication, with emphasis on the amplitude, speed and transparency in the open access of scientific information. Keywords: open access; digital scientific information; open access movements; open access repositories. 1 Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Bolsista do CNPq), Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. Correspondência para/Correspondence to: C.R.Z. BOMFÁ. E-mail: <[email protected]>. 2 Mestranda, Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: <[email protected]>. 3 Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção (Bolsista do CNPq), Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: <[email protected]>. 4 Professor Adjunto, Departamento de Ciências e Gestão da Informação, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, PR, Brasil. E-mail: <[email protected]>. BO M FÁ , C .R .Z . e t a l 310 TransInformação, Campinas, 20(3): p. 309-318, set./dez., 2008 INTRODUÇÃO O propósito da comunicação científica está diretamente relacionado à disseminação de informação e construção do conhecimento, tendo como principais motivadores aqueles que desejam conhecer os avanços da ciência e aqueles que precisam comunicar à sociedade os resultados das pesquisas (Silveira; Oddone, 2005). Assim, torna-se crucial o modo pelo qual a sociedade percebe a atividade científica e absorve seus resultados, bem como os tipos e canais de informação científica a que se tem acesso. O surgimento da Internet alterou a forma de comunicação científica e, conseqüentemente, os sistemas de informação em Ciência e Tecnologia (C&T). Diferentes processos sociais, econômicos e tecnológicos se voltam para configurar a situação atual das formas de comunicação científica. Marcondes e Sayão (2002) salientam que os pesquisadores passaram a criar arquivos eletrônicos de preprints (versão de um texto antes de ter sido revisado ou publicado) e posprints (versão de um texto produzido após ter sido avaliado e publicado), como alternativas para a publicação direta de seus trabalhos em texto completo, os chamados open archives (arquivos abertos). Os arquivos abertos, além de permitirem o aumento da visibilidade nacional e internacional da produção científica, melhoram o fluxo da comunicação entre a comunidade científica e ampliam a produção de novos conhecimentos. Os movimentos em favor do acesso livre à informação científica têm gerado muita discussão entre pesquisadores, editores, bibliotecários, autores e leitores, sobre as vantagens e desvantagens do acesso livre à informação científica. Nesse cenário, o presente artigo tem por objetivo identificar dificuldades e tendências no acesso livre à informação científica digital. Para tanto, o artigo baseia-se em pesquisa bibliográfica, abordando o tema acesso livre à informação científica, sobre o qual se apresentam conceitos, em favor do qual se registram movimentos nacionais e internacionais, além de serem apresentados alguns repositórios de acesso livre à informação. ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO CIENTÍFICA Inicialmente, salienta-se que há distinção em relação aos termos arquivos abertos e acesso livre. A respeito do arquivo aberto, Costa (2006, p. 41), baseando-se em Lagoze e Van de Sompel (2001), esclarece que “trata-se da interoperabilidade das máquinas onde estão disponíveis os repositórios de dados, isto é, interface de máquina aberta que facilita tornar disponíves conteúdos de diversos autores”. Esse tema será discutido, brevemente, no item 2.2. Por outro lado, o acesso livre, foco deste trabalho, significa o acesso on-line livre de barreiras financeiras, técnicas e legais para leitores e bibliotecas (Suber, 2002). O manifesto Budapest Open Access Initiative (2002) enfatiza que o acesso livre compreende oferecer gratuitamente os trabalhos científicos, com a possibilidade de ler, baixar, copiar, imprimir, livre de barreiras financeiras, legais ou técnicas. A Public Library of Science (2006) conceitua o acesso livre como sendo a liberdade de acessar e utilizar as informações: [...] os autores e os detentores dos direitos au- torais garantem para todos os usuários o direi- to de acesso livre, irrevogável, mundial e per- pétuo e a licença de copiar, utilizar, distribuir, transmitir e exibir o trabalho publicamente e fazer e distribuir trabalhos derivados deste, em qualquer meio digital para qualquer propósito responsável, com sua própria autoria, assim como o direito de fazer um pequeno número de cópias impressas para uso pessoal. A possibilidade de publicar textos eletrônicos e a preocupação com o acesso a esses arquivos resultaram numa série de iniciativas em todo o mundo. No Brasil, conforme Marcondes e Sayão (2002), pode-se citar a criação da biblioteca digital Scielo (Scientific Electronic Library Online)5, em 1997, que surgiu como resultado de um projeto de pesquisa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), em parceria com o Centro Latino- Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME). Outra iniciativa, no Canadá, diz respeito ao Public Knowledge Project (PKP)6, um empreendimento de pesquisa da University of British Columbia, que disponibiliza gratuitamente o programa Open Journal Systems (OJS)7 para a publicação e gestão de 5 SciElo – Scientific Electronic Library Online - www.scielo.br 6 PKP - Public Knowledge Project - http://pkp.ubc.ca 7 OJS - Open Journal Systems - www.pkp.ubc.ca/ojs AC ES SO LI VR E IN FO RM AÇ ÃO C IE N TÍ FI C A D IG IT AL 313 TransInformação, Campinas, 20(3): 309-318, set./dez., 2008 Conforme o Quadro 1, os movimentos em favor do acesso livre à informação surgiram em conseqüência das dificuldades encontradas pela comunidade científica mundial, apontando como tendência a criação e implementação de políticas públicas de acesso livre. Para amenizar essas dificuldades, torna-se necessário o compromisso, por parte de toda a comunidade científica, de apoiar o movimento mundial em favor do acesso livre à informação. Esse compro- metimento deve envolver autores, editores, pesqui- sadores, agências de fomento e instituições acadêmicas, para que os resultados das pesquisas estejam disponíveis livremente para acesso, tendo, como consequência, maior visibilidade das pesquisas, dos pesquisadores e das instituições. A seguir, são apresentados alguns repositórios, criados a partir da filosofia desses movimentos, com ênfase no acesso livre às informações. REPOSITÓRIOS DE ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO De acordo com Lagoze e Van de Sompel (2001), o termo arquivos passou a ser usado pela Open Archives Initiative (OAI)11, num sentido mais amplo, para definir os repositórios de informações armazenadas. Crow (2002) explica que tais repositórios permitem acessar, coletar, preservar, possibilitar o acesso e disseminar grande parte do conhecimento científico, ampliando a visibilidade das pesquisas. Os repositórios, conforme Santos, Teixeira e Pinto (2005), surgiram pela necessidade de preservar documentos digitais, possibilitando seu acesso a um amplo público. As iniciativas de criação desses repositórios tiveram início em 1991, antes da Convenção de Santa Fé, quando surgiu o ArXiv12, sendo o primeiro repositório de documentos eletrônicos baseado na filosofia de arquivos abertos, tendo como criador o físico Paul Ginsparg, do Laboratório de Los Alamos (Novo México – Estados Unidos) (Triska; Café, 2001). O ArXiv possibilitou à comunidade científica internacional uma alternativa prática para a publicação gratuita dos trabalhos de pesquisa, garantindo assim autonomia dos autores em relação aos grandes editores internacionais (Ginsparg, 1996). Com o crescimento dos repositórios, tornou-se necessário pensar em tecnologias que se adequassem ao novo meio de acesso livre às informações. Com esse objetivo, foi realizada a Convenção de Santa Fé, Novo México, em outubro de 1999, um encontro com representantes das organizações que gerenciam provedores de serviços de eprints. Os resultados desse encontro foi a implementação dos arquivos abertos (Open Archives Initiative - OAI). Essa iniciativa teve como objetivo desenvolver e promover a implantação e a disseminação dos conteúdos dos arquivos de eprints. Segundo Triska e Café (2001), os princípios básicos de arquivos abertos e de uma nova filosofia para a publicação científica definidos nessa Convenção foram: - auto-arquivamento: o autor envia o texto para publicação, sem a intervenção de outras pessoas. O objetivo é ter publicações eletrônicas acessíveis rapidamente e com grande abrangência; - revisão pela comunidade: tem como propósito a transparência das críticas e sugestões que são feitas aos textos eletrônicos depositados no repositório. Assim, o ambiente possibilita que toda a comunidade tenha acesso ao processo de revisão e versões de textos gerados com base nas sugestões; - interoperabilidade: relaciona-se aos formatos de metadados, à arquitetura de sistema que permanece subjacente a essas escolhas, à sua abertura à criação de serviços de bibliotecas digitais para terceiros, à integração com o mecanismo estabelecido de comunicação científica/acadêmica, á sua possibilidade de uso em contextos transdisciplinares, à sua habilidade em contribuir para um sistema métrico de uso e citação. Ainda em se tratando da filosofia para a publicação científica, Triska e Café (2001) destacam 11 OAI - Open Archives Initiative - www.openarchives.org 12 Repositório ArXiv - http://arxiv.org BO M FÁ , C .R .Z . e t a l 314 TransInformação, Campinas, 20(3): p. 309-318, set./dez., 2008 os aspectos que devem ser levados em conta quando se trata de interoperabilidade e criação de repositórios, os quais são apresentados a seguir. Interoperabilidade: - definição de um conjunto mínimo de metadados; - concordância no uso de uma sintaxe comum XML, para transportar e representar dados; - definição de um protocolo comum para extrair dados. Criação de repositórios: - mecanismo de submissão; - sistema de armazenamento a longo prazo; - políticas de gestão, observando as normas de publicação e preservação digital; - interface aberta, permitindo coletar dados; - uso de software open source. Vários repositórios de acesso livre foram surgindo ao longo do tempo, em diferentes áreas de conhecimento, conforme Quadro 2. 13 CogPrints - http://cogprints.soton.ac.uk 14 NCSTRL - Network Computer Science Technical Reference Library - www.ncstrl.org 15 NDLTD - Network Digital Library Thesis and Dissertations - www.ndltd.org Quadro 2. Repositórios de acesso livre. CogPrints13 Network Computer Science Technical Reference Library (NCSTRL)14 Digital Library Thesis and Dissertations (NDLTD)15 Scientific Eletronic Library - Scielo Descrição Localizado na Universidade de Southampton, no Reino Unido. Segue o modelo do ArXiv e usa o software e.print. Abrange as áreas de Psicologia, Lingüística, Neurociências, Ciência da Computação, Filosofia e Biologia. O célebre Stevan Harnard é quem faz uma avaliação preliminar dos trabalhos enviados. Coleção internacional de relatórios de pesquisa em ciência da computação. É uma rede construída segundo um modelo descentralizado. Os documentos são armazenados em repositórios distribuídos e disponibilizados por serviços também distribuídos, via protocolo Dienst. Biblioteca eletrônica de teses e dissertações autorizadas por estudantes das instituições membros da rede. As pesquisas desenvolvidas para a criação desta rede envolvem assuntos como a criação de um fluxo (workflow) para submissão de Electronic Theses and Dissertations (ETD), o desenvolvimento de XML e de Document Type Definition (DTD) para ETDs e o suporte para a biblioteca digital de teses e dissertações eletrônicas. Pioneira no movimento mundial de acesso livre e a primeira em países em desenvolvimento. É uma biblioteca digital que dá acesso ao conteúdo completo de periódicos científicos. Utiliza uma metodologia desenvolvida pelo Centro Latino-americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), a Organização Pan-americana da Saúde (OPAS) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Faz parte de um projeto da BIREME, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Repositório AC ES SO LI VR E IN FO RM AÇ ÃO C IE N TÍ FI C A D IG IT AL 315 TransInformação, Campinas, 20(3): 309-318, set./dez., 2008 A existência desses repositórios levou à necessidade de criar ferramentas de recuperação da informação. Nesse cenário, surgem os mecanismos temáticos de busca. Como exemplo, no Brasil, cita-se o Holmes, que é um mecanismo de busca em repositórios de acesso livre a arquivos abertos e a periódicos que utilizam o protocolo OAI. É um “detetive digital”, que pesquisa e indexa trabalhos acadêmicos de diversos repositórios e periódicos da Ciência da Informação (e áreas correlatas) em um único mecanismo de busca (Holmes, 2006). Em nível internacional, destacam-se o Google acadêmico e o Oaister. No Google acadêmico é possível pesquisar literatura acadêmica relevante e abragente de maneira simples. Pode-se pesquisar artigos revisados por especialistas, livros, teses, resumos e artigos de editoras acadêmicas, organizações profissionais, bibliotecas de pré-publicações, universidades e outras entidades acadêmicas em um só lugar (Google..., 2006). O Oaister, por sua vez, é um serviço de busca, baseado no protocolo OAI-PMH. Foi desenvolvido pela University of Michigan Digital Library Production Service. A partir de uma única interface, permite aos usuários acessar e-prints e outros documentos eletrônicos em arquivos e repositórios de cerca de 600 instituições de diferentes países (Oaister, 2006). cont. Quadro 2. Repositórios de acesso livre. Research Papers in Economics (RePEc) Directory of Open Access Journals (DOAJ)16 LivRe17 Iniciativa dos pesquisadores da área de economia. Citando apenas um dos três significados que Krichel atribui ao termo “RePEc”, trata- se de uma coleção de arquivos na web ou em ftp que provê dados estruturados sobre documentos impressos e eletrônicos na área de economia. Existem 100 voluntários, em 25 países, contribuindo para a existência do RePEc. Mantido pela Lund University Libraries, é o mais importante repositório de revistas de acesso livre. E tem como missão incrementar a visibilidade e a facilidade de uso das revistas científicas de acesso livre, promovendo o seu uso e impacto. Portal desenvolvido no Brasil pela CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear, através do CIN - Centro de Informações Nucleares, para facilitar a identificação e o acesso a periódicos eletrônicos de acesso livre na Internet. DescriçãoRepositório 16 DOAJ - Directory of Open Access Journals - www.doaj.org 17 LivRe! - Portal para periódicos de livre acesso na Internet - http://livre.cnen.gov.br/Inicial.asp Conforme pode ser verificado, é evidente o crescimento dos movimentos, das iniciativas e dos recursos tecnológicos em favor do acesso livre. Estatísticas apresentam mais de duas mil revistas científicas eletrônicas, além de centenas de repositórios de acesso livre contendo trabalhos científicos (Kuramoto, 2006). No entanto, muitos aspectos a respeito da infra- estrutura, padrão de qualidade, direitos autorais, dentre outros, ainda estão sendo debatidos. Dessa forma, as dificuldades e as tendências do acesso livre à informação serão discutidas a seguir. DIFICULDADES NO ACESSO LIVRE À INFORMAÇÃO Silveira e Oddone (2004) salientam que um dos primeiros problemas enfrentados pelas publicações eletrônicas foi o da credibilidade. Porém, a partir do momento em que grandes bases de dados como MEDLINE e EMBASE (ambas da área de saúde) começaram a indexar as publicações eletrônicas, conferiram-lhes um atestado de qualidade, pois essas bases utilizam padrões de qualidade na indexação das publicações. A preservação da informação também merece atenção. Questões relacionadas a links, que num dia

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