Baixe Documento estudo científico e outras Exercícios em PDF para Direito Constitucional, somente na Docsity! ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES DA FACULDADE ARAGUAIA A PAIXÃO DO TORCEDOR COMO COMPORTAMENTO APREENDIDO Mayanna Marcelle Negrão – Publicidade e Propaganda – Faculdade Araguaia – Unidade Bueno RESUMO: Na construção histórico-social é evidente que o comportamento do torcedor possibilita uma identificação, mas o que há por traz dessa construção ideológica? Este estudo propõe que a paixão do torcedor deriva de um comportamento apreendido e para isso será apresentada uma leitura antropológica introdutória, desenvolvimento comportamentalista e, então, o desfecho mercadológico como consequência desse comportamento. Esses apontamentos ambicionam indicar caminhos de compreensão nas opções de escolha e no marketing direcionado. ABSTRACTO: Construcción histórico-social es evidente que el comportamiento del partidario permite la identificación, pero ¿qué hay detrás de esta construcción ideologica? Este estudio propone que la pasión de la afición se debe a un comportamiento percibido y que una lectura antropológica de introducción, el desarrollo conductual y la comercialización de los resultados como consecuencia de este comportamiento se presenta. Estos puntos ambicionan indicar caminos de comprensión en las opciones de selección en la comercialización dirigida. E-mail para correspondência:
[email protected] PALAVRAS-CHAVE: Paixão do torcedor, comportamento apreendido, Marketing direcionado. PALABRAS-CLAVE: La pasión de los fans, comportamiento apoderó, targeted marketing. Artigo Original Recebido em: Nov/2014 Publicado em: Mar/2015 Publicação Sistema Integrado de Publicações Eletrônicas da Faculdade Araguaia – SIPE v.3 ∙ 2015 ∙ p. 12-20 A paixão do torcedor como comportamento apreendido ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES DA FACULDADE ARAGUAIA 13 Identidade e seus conceitos: iluminista, sociológico e pós-moderno As questões de identidade podem ser definidas por diversas vias conceituais, sendo uma delas a de que a identidade é a negação e a afirmação do que o indivíduo acredita ser e dentro desse panorama serão vislumbradas concepções de sujeito. Esse tema contemporâneo foi abordado por Kobena Mercer ao definir que “a identidade somente se torna urna questão quando está em crise, quando algo que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza” (IBID, MERCER, 1990, p.43). É considerável evidenciar que existem três concepções relevantes de identidade. Em primeiro sujeito do iluminismo, que entende o indivíduo como ser centrado, unificado, de consciência e de ação centrada no entendimento do ser humano por ele mesmo, uma concepção individualista do sujeito e da construção de sua identidade. A segunda percepção de sujeito é o sociológico, que reflete a complexidade do mundo moderno e a consciência de sua insuficiência como ser autônomo. Passa a valorizar o outro que variava para ele sentido em valores e símbolos, ou seja, a cultura; nasce à teoria da concepção interativa da identidade e do “EU” em que o próximo era a razão, sabendo quem era o outro, o indivíduo diferiria e indentificaria quem era ele por suas semelhanças e diferenças. Por fim a releitura da fala de HALL (1987), eis o terceiro sujeito que é o pósmoderno, esse tem o conceito de não ter uma identidade fixa, essencial ou permanente. Ele interpreta a identidade como uma celebração móvel formada por metamorfoses contínuas em relação às formas em que as pessoas são representadas ou interpeladas nos processos culturais em que vivem. Sucintamente o iluminista configura como (a busca individualista de identidade), o A paixão do torcedor como comportamento apreendido ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES DA FACULDADE ARAGUAIA 16 A necessidade humana de pertencimento e suas variáveis A constante tendência de generalização do indivíduo oprime-o, enquanto indivíduo, desumaniza-o e dissolve o seu eu em meio à multidão, como que dissolvesse algo heterogêneo, porém a singularidade de cada construção mista de DNA, processos culturais e histórico-sociais não permitem que o indivíduo seja absorvido por completo pela massa. Porém, esse mesmo, sendo único e insubstituível, segue a busca autodestrutiva de pertencimento como afirma Kierkegaard ao dizer que “este desesperado esquece-se a si próprio, esquece o seu nome divino, não ousa crer em si próprio e acha demasiado ousado sê-lo, é muito mais simples e seguro assemelhar-se aos outros, ser uma imitação servil, um número, confundido no rebanho” (KIERKEGAARD, 1979, p. 210). É composto à massa em que algumas sociedades se caracterizam no mundo atual. Questões emocionais vinculadas ao esporte em foco na sociedade vigente São aplicados como ESTIMULOS externos processos de reforço positivo ou punição, isto é, quando o esporte ou grupo esportista que o torcedor admira vence uma determinada competição, o êxtase de alegria é imenso, porém, os outros grupos desfavorecidos na competição passarão por um processo de dor, entristecimento e angústia. Os esportes geram momentos memoráveis ou trágicos que diferem os dias comuns a gloriosos. Sob essa ótica GUYAU (2009) evidência que “O prazer ou a dor são na verdade rupturas de equilíbrios em um ponto e tende essencialmente a propagar-se”. Um organismo particular constitue por assimilações e transmissões de vibrações nervosas e dos estados mentais constantes, sobretudo entre aqueles agrupados em sociedade, isso advém de uma maneira consciente ou inconsciente, A paixão do torcedor como comportamento apreendido ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES DA FACULDADE ARAGUAIA 17 direta ou indireta, ou seja, por intermédio de sinais interpretáveis sendo estes considerados como reforço positivo ou punição. O mover de uma máquina emocional no esporte Apesar das diferenças o ser humano sempre se reconhece no outro, porém essa distância entre eles é visto por Damatta (1987) como fundamental na percepção de igualdade entre os homens. Desse modo quando o homem vê um costume diferente ele se reconhece pelo contraste do seu próprio costume. Nesse nosso sistema intermediário em que ao mesmo tempo em que individualiza também permite aproximação e expressão de coletividade. Contém também papéis sociais transmitidos como: nomes próprios e de grupos de pessoas com os mesmos nomes que desempenham os mesmos papéis, com isso, o torcedor que participa de um grupo de torcida se identifica e comporta como membro ou célula do grupo movendo e sendo movida pelo objetivo comum, incentivar o grupo à vitória. Pode se notar a existência de uma diferença crucial entre assistir a um jogo em casa ou em um estádio, isso ocorre por ser o toque a via mais primitiva e mais segura de comunicar, harmonizar, de socializar dois sistemas nervosos, duas consciências, duas vidas. Assim ao comemorar um gol em casa há certa alegria, porém, no estádio há um constante mover, é um grupo que canta a mesma canção e influi diretamente no indivíduo causando uma motivação para propagar tal comportamento reforçado pelo grupo de pertencimento. Estudo de caso Promoção Arquibancada Itaú (“Ola”) Conforme a fonte: futebolmarketing.com.br uma pesquisa nacional inédita da Sport Marketing realizada com 8.214 pessoas em todo o país (Brasil) revela que os bancos estão em A paixão do torcedor como comportamento apreendido ANUÁRIO DE PRODUÇÕES ACADÊMICO-CIENTÍFICAS DOS DISCENTES DA FACULDADE ARAGUAIA 18 alta no futebol. O Itaú e, logo depois, da Nike, patrocinadores oficiais da seleção, estão no topo do ranking, levantamento realizado desde 2009. A participação do indivíduo no grupo reflete também a necessidade de pertencimento, ninguém cobre completamente evento algum, conforme citado ao referenciar os jogos olímpicos por Bourdieu (1997) “ninguém vê os jogos olímpicos em sua totalidade e ninguém vê que ele não é visto”, assim ocorrem em todos os eventos esportivos. Porém, o que fica implícito ao comportamento do indivíduo é que vale mais pertencer a um grupo, que ter o melhor ângulo de visão ou de cobertura do evento. Quando o indivíduo é exposto a uma ação publicitária que informa e instiga sua participação aos eventos de esporte como expectador/participante de um estádio. A publicidade cumpre seu papel ao induzir a aceitação e incorporação daquela ação como um diferencial, essa propaganda reforça o comportamento do torcedor participante, frequentador de estádios e promove a possibilidade de pertencimento deste. É importante ressaltar que a peça publicitária se inicia por meio de uma “ola” que é um fenomeno cultural vinculado a eventos esportivos e que move o grupo em ação coletiva que pára ao focar em cadeiras vazias de cor azul, as demais estão ocupadas por pessoas vestidas com as cores da bandeira do Brasil. Posteriormente surgem os torcedores como gladeadores com bandeiras, vestimentas com as cores da bandeira e instrumentos de torcida e esses ocupam as vagas até então vazias, assim, a ola continua, e por fim surge a marca, é o logo do Itaú. Tudo isso no intuito de dizer que para ser um dos torcedores a ocuparem as vagas os “correntistas” deviam se cadastrar no site e concorreriam as centenas de vagas fornecidas pelo banco. Fica nítido que o indivíduo pertence àquele grupo e que esse o aguarda com expectativa para que participe do movimento, a presença dele torna possível o espetáculo.