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Guias e Dicas
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A Dinâmica das Vilas Coloniais Brasileiras, Esquemas de História Moderna

Uma análise detalhada da formação e dinâmica das vilas coloniais brasileiras, destacando a importância da religião católica, a presença de diferentes grupos sociais (indígenas, africanos, cristãos-novos) e a instituição da escravidão como elementos fundamentais na configuração desse universo colonial. O texto aborda a pluralidade cultural presente nas vilas, as práticas religiosas e mágicas, a atuação da inquisição, o papel da mulher e a resistência dos escravos indígenas e africanos. Essa riqueza de informações permite compreender de forma abrangente a complexidade da sociedade colonial brasileira e suas transformações ao longo dos séculos xvi a xviii.

Tipologia: Esquemas

2022

Compartilhado em 16/05/2024

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gabriela-andrade-bz8 🇧🇷

Pré-visualização parcial do texto

Baixe A Dinâmica das Vilas Coloniais Brasileiras e outras Esquemas em PDF para História Moderna, somente na Docsity! - -1 HISTÓRIA DO BRASIL COLONIAL O COTIDIANO NAS VILAS COLONIAIS - -2 Olá! Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Identificar a dinâmica das vilas que compõem o universo colonial brasileiro; 2. detectar a atuação da religião como elemento integrante da vida colonial; 3. determinar os principais atores que compõem o universo colonial; 4. relacionar o papel do escravo no universo das vilas coloniais. A formação das primeiras vilas coloniais está associada ao início das atividades urbanizadoras, constituídas principalmente nas Regiões Sul e Sudeste, assumindo então a configuração de fortes, de protetoras, com poucas ruas, uma igreja e algumas casas, fator que mudou depois para a formação de cidades que passaram a ser integrantes de toda a dinâmica da colônia. Inicialmente, as vilas tinha um papel secundário, limitando-se muitas vezes às funções administrativas e religiosas. Sua base era a escravidão, inicialmente dos indígenas e depois dos africanos, e sua história foi escrita, sobretudo, a partir de documentos administrativos portugueses, que visavam primordialmente aos aspectos relevantes para a dominação colonial, relegando a segundo plano aspectos importantes do universo colonial, principalmente no que concerne à dinâmica das vilas coloniais, nosso assunto da aula de hoje. A primeira vila colonial surgiu com a vinda da expedição de Martim Afonso de Souza e denominou-se São Vicente. Nesse início de colonização, introduziu-se na colônia o cultivo de cana-de-açúcar e construíram-se os primeiros engenhos, surgindo assim o modelo de colonização que iria caracterizar a colônia nos primeiros séculos de sua existência. A formação das vilas coloniais foi um fator importante para a ocupação da colônia portuguesa na América, tendo sido o cerne das futuras cidades que aqui se constituíram. Nelas conviviam brancos, índios, mestiços, negros, ricos, pobres, em uma mescla de indivíduos que caracterizou a pluralidade de atores na formação da sociedade colonial. 1 Religiosidade na vila colonial A Igreja Católica detinha os monopólios ideológico e religioso na organização da sociedade colonial e regulamentava o cotidiano das vilas pela orientação ética, pela catequese, pela educação, pelo ritmo semanal e - -5 PRIORE, Mary Del. Ao Sul do Corpo. Condição feminina, maternidades e mentalidades do Brasil Colônia. Rio de Janeiro: J Olympio/UnB, 1993. p. 31. Na vida diária, as mulheres pertencentes às elites não passeavam pelas cidades. Elas saíam acompanhadas por seus maridos, filhos e escravos e somente para ir às missas, procissões ou à igreja se confessar. Reclusas, expunham-se, apenas, em dias de festa. Entretanto, as escravas, as forras (negras alforriadas), ou brancas pobres faziam parte do mundo do trabalho. Vendiam os seus serviços como mucamas, lavadeiras, doceiras, rendeiras, prostitutas, parteiras, cozinheiras, sempre ocupando posições de inferioridade na sociedade colonial. Nas irmandades de pretos e pardos, que se constituíram na colônia, as mulheres negras participavam ativamente, no entanto, não atuando na tomada das decisões, atribuições que eram restritas apenas aos homens. 3 A escravidão A escravidão era um item importante dentro da dinâmica colonial, tendo a escravidão indígena ocupado papel de impacto na colônia. Sua origem remonta a meados do século XVI, focada principalmente na questão militar e de mão de obra. Eram frequentemente utilizadas as expedições militares para derrotar focos de resistência ao aprisionamento e garantir um maior número de cativos para a empresa colonial, pois, devido principalmente ao grande número de epidemias que assolavam constantemente as tribos indígenas, gerando um ciclo intensamente devastador, era cada vez mais reduzido o número de índios para o trabalho. Uma forma de compensar o reduzido número de indígenas era fortalecer as expedições de apresamento, uma excelente forma de conseguir mais cativos e que resultou em considerável fluxo de índios para a economia colonial. Havia ainda as tropas de resgate que serviriam para libertar os índios cativos de outras tribos e que seriam alvos de sacrifícios, fator que só ocorria na teoria, pois essa libertação se traduzia no início de uma outra forma de escravidão. As formas de resistência dos indígenas à escravidão eram variadas, desde fugas, abandonando a região do litoral local onde facilmente eram encontrados e capturados até fugas dos cativeiros, furtando os seus senhores e vizinhos. Invadindo propriedades, negociando produtos livremente, buscando estabelecer alguma independência de ação frente à estrutura escravista, desenvolvendo um mercado comercial paralelo. A escravização dos índios causou grande insatisfação nos jesuítas, religiosos católicos que vieram para atuar na ampliação da fé católica, abalada pela Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero na Europa. A presença dos jesuítas acirrou fortemente o conflito entre os missionários e os colonos, pois acabou por gerar um conflito de interesses entre ambos, o que acabou desembocando na sua expulsão definitiva. O declínio da escravidão - -6 indígena foi provocado pela diminuição no número de apresamentos e pelo descobrimento de ouro na região das Minas Gerais. NEGRO No que concerne à escravidão de africanos, a mesma se desenvolveu devido a uma intensa necessidade de mão de obra para o cultivo do açúcar, haja vista as constantes resistências dos indígenas para esse tipo de trabalho. Na colônia, eles eram vistos como um objeto de luxo, indicando posição de status para os que os possuíam. No universo colonial, era imposta aos negros a rígida forma de uma sociedade estamental de um lado e do outro havia um rol de atalhos por onde os escravos seguiam como principal via de acesso a distinções e dignidades. Essa via de acesso era pertencer a uma irmandade religiosa. As irmandades eram instituições religiosas compostas por leigos que tinham por objetivo ajudar a comunidade e seus membros. Seguiam regras sancionadas pela Igreja e qualquer pessoa podia ser membro de uma irmandade, fosse rico ou pobre, livre ou escravo, homens e mulheres de todas as raças. No século XVII, era uma das poucas formas de associação permitida aos negros pelo império português e muitos pretos as procuravam por ser o único espaço onde podiam se reunir longe do controle da Igreja, do Estado e das irmandades de brancos que os excluíam religiosa e socialmente. Ao chegarem a colônia, os africanos sofriam um intenso processo de dessocialização para assim ser definitivamente inserido no processo de colonização do Brasil e pertencer a uma irmandade era também uma forma de manterem sua união enquanto grupo, trocar experiências e manterem sua unidade cultural, mantendo vivas assim suas tradições, embora adaptadas ao universo católico. Os recursos para a manutenção das irmandades vinham de doações, esmolas deixadas em testamento, cotas de inscrições, anuidades, exercendo ainda um rígido controle sobre todas as suas finanças, que eram gastas no auxílio aos necessitados que pertenciam àquele grupo, nas festas para comemoração dos santos, sendo as mais famosas as de Nossa Senhora do Rosário, Santo Elesbão e Santa Efigênia. Como vimos, a vila colonial apresenta uma pluralidade intensa, marcada pela presença de diferentes atores em seu universo e com atividades culturais que marcaram a história do Brasil colonial de forma intensa e curiosa. Saiba mais Filme A Missão, filme britânico de 1986, dirigido por Roland Joffé, com Robert de Niro e Jeremy Irons, que retrata o universo do conflito entre religiosos bandeirantes a região das missões. - -7 Agora, convido você a buscar mais informações sobre o universo cultural das vilas coloniais e ler mais sobre o assunto. Certamente, você se impressionará com as diversidades cultural e religiosa que caracterizou esse período da história do Brasil. Até a próxima aula! O que vem na próxima aula •A política adotada pelo Marquês de Pombal no Brasil Colonial; •a inserção da colônia brasileira na dinâmica comercial portuguesa; •uma pequena revisão do visto até agora. CONCLUSÃO Nesta aula, você: • compreendeu a dinâmica que caracterizou a vida colonial na América portuguesa; • analisou o papel da religião Católica no universo colonial; • elencou os principais personagens que compuseram o universo colonial da América portuguesa; • analisou a escravidão dentro da dinâmica das vilas coloniais brasileiras.