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Retrata a escravidão no Brasil e luta pela libertação dos escravos, o movimento a abolicionista.
Tipologia: Notas de estudo
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Não perca as partes importantes!
Castro Alves Índice:
A bainha do punhal (Fragmento) Salve, noites do Oriente, Noites de beijos e amor! Onde os astros são abelhas Do éter na larga flor... Onde pende a meiga lua, Como cimitarra nua Por sobre um dólmã azul! E a vaga dos Dardanelos Beija, em lascivos anelos As saudades de 'Stambul. Salve, serralhos severos Como a barba dum Paxá! Zimbórios, que fingem crânios Dos crentes fiéis de Alá! ... Ciprestes que o vento agita, Como flechas de Mesquita Esguios, longos também; Minaretes, entre bosques! Palmeiras, entre os quiosques! Mulheres nuas do Harém!. Mas embalde a lua inclina As loiras tranças pra o chão Desprezada concubina, Já não te adora o sultão!
"Aquelas terras tão grandes, Tão compridas como o mar, Com suas poucas palmeiras Dão vontade de pensar ... "Lá todos vivem felizes, Todos dançam no terreiro; A gente lá não se vende Como aqui, só por dinheiro". O escravo calou a fala, Porque na úmida sala O fogo estava a apagar; E a escrava acabou seu canto, Pra não acordar com o pranto O seu filhinho a sonhar! ............................ O escravo então foi deitar-se, Pois tinha de levantar-se Bem antes do sol nascer, E se tardasse, coitado, Teria de ser surrado, Pois bastava escravo ser. E a cativa desgraçada Deita seu filho, calada, E põe-se triste a beijá-lo, Talvez temendo que o dono Não viesse, em meio do sono,
De seus braços arrancá-lo! A criança Que veux-tu, fleur, beau fruit, ou l'oiseau merveilleux? Ami, dit l'enfant grec, dit l'enfant aux yeux bleus, Je veux de Ia poudre et des balles. VICTOR HUGO (Les Orientales) Que tens criança? O areal da estrada Luzente a cintilar Parece a folha ardente de uma espada. Tine o sol nas savanas. Morno é o vento. À sombra do palmar O lavrador se inclina sonolento. É triste ver uma alvorada em sombras, Uma ave sem cantar, O veado estendido nas alfombras. Mocidade, és a aurora da existência, Quero ver-te brilhar. Canta, criança, és a ave da inocência. Tu choras porque um ramo de baunilha Não pudeste colher, Ou pela flor gentil da granadilha? Dou-te, um ninho, uma flor, dou-te uma palma, Para em teus lábios ver O riso — a estrela no horizonte da alma. Não. Perdeste tua mãe ao fero açoite
Não precisa de ti. O gaturamo Geme, por ele, à tarde, no sertão. E a juriti, do taquaral no ramo, Povoa, soluçando, a solidão. Dentre os braços da cruz, a parasita, Num abraço de flores, se prendeu. Chora orvalhos a grama, que palpita; Lhe acende o vaga-lume o facho seu. Quando, à noite, o silêncio habita as matas, A sepultura fala a sós com Deus. Prende-se a voz na boca das cascatas, E as asas de ouro aos astros lá nos céus. Caminheiro! do escravo desgraçado O sono agora mesmo começou! Não lhe toques no leito de noivado, Há pouco a liberdade o desposou. A mãe do cativo Le Christ à Nazareth, atix jours de son enfance Jouait avec Ia croix, symbole de sa mort; Mère du Polonais! qu'il apprene d'avance A combattre et braver les outrages du Sort. Qu'il couve dans son sein sa colère et sa joie Qu’il ses discours prudents distillent le venin, Comme un aime obscur que son coeur se reploie À terre, à deux genoux, qu'il rampe comme un nain
(MICKIEWICZ - A Mãe Polaca) Ó mãe do cativo! que alegre balanças A rede que ataste nos galhos da selva! Melhor tu farias se à pobre criança Cavasses a cova por baixo da relva. Ó mãe do cativo! que fias à noite As roupas do filho na choça da palha! Melhor tu farias se ao pobre pequeno Tecesses o pano da branca mortalha. Misérrima! E ensinas ao triste menino Que existem virtudes e crimes no mundo E ensinas ao filho que seja brioso, Que evite dos vícios o abismo profundo ... E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas, O raio da espr'ança... Cruel ironia! E ao pássaro mandas voar no infinito, Enquanto que o prende cadeia sombria! ... II Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme, Com o verbo sublime do Mártir da Cruz! O pobre que rola no abismo sem termo Pra qu'há de sondá-lo... Que morra sem luz. Não vês no futuro seu negro fadário,
Que ataste nos troncos do vasto palmar. III Ó Mãe do cativo, que fias à noite À luz da candeia na choça de palha! Embala teu filho com essas cantigas... Ou tece-lhe o pano da branca mortalha. A órfã na sepultura Minha mãe, a noite é fria, Desce a neblina sombria, Geme o riacho no val E a bananeira farfalha, Como o som de uma mortalha Que rasga o gênio do mal. Não vês que noite cerrada? Ouviste essa gargalhada Na mata escura? ai de mim! Mãe, ó mãe, tremo de medo. Oh! quando enfim teu segredo, Teu segredo terá fim? Foi ontem que à Ave-Maria O sino da freguesia, Me fez tanto soluçar. Foi ontem que te calaste... Dormiste.. os olhos fechaste...
Nem me fizeste rezar! ... Sentei-me junto ao teu leito, 'Stava tão frio o teu peito, Que eu fui o fogo atiçar. Parece que então me viste Porque dormindo sorriste Como uma santa no altar. Depois o fogo apagou-se, Tudo no quarto calou-se, E eu também calei-me então. Somente acesa uma vela Triste, de cera amarela, Tremia na escuridão. Apenas nascera o dia, À voz do maridedia Saltei contente de pé. Cantavam os passarinhos Que fabricavam seus ninhos No telhado de sapé. Porém tu, por que dormias, Por que já não me dizias "Filha do meu coração?" 'Stavas aflita comigo? Mãe, abracei-me contigo, Pedi-te embalde perdão... Chorei muito! ai triste vida! Chorei muito, arrependida Do que talvez fiz a ti.
"Sê mãe da pobre infeliz." Inda lembras-te! dizias, Sempre que a reza me ouvias Em prantos de a sufocar: "Ai! têm orvalhos as flores, "Tu, filha dos meus amores, "Tens o orvalho do chorar". Mas hoje sempre sisuda Me ouviste... ficaste muda, Sorrindo não sei pra quem. Quase então que eu tive medo... Parecia que um segredo Dizias baixinho a alguém. Depois... depois... me arrastaram... Depois... sim... te carregaram P'ra vir te esconder aqui. Eu sozinha lá na sala... 'Stava tão triste a senzala... Mãe, para ver-te eu fugi... E agora, ó Deus!... se te chamo Não me respondes!... se clamo, Respondem-me os ventos suis... No leito onde a rosa medra Tu tens por lençol a pedra, Por travesseiro uma cruz. É muito estreito esse leito? Que importa? abre-me teu peito — Ninho infinito de amor.
— Palmeira — quero-te a sombra. — Terra — dá-me a tua alfombra. — Santo fogo — o teu calor. Mãe, minha voz já me assusta... Alguém na floresta adusta Repete os soluços meus. Sacode a terra... desperta!... Ou dá-me a mesma coberta' Minha mãe... meu céu... meu Deus... A visão dos mortos On rapporte encore qu'un berger ayant été introduit une fois par un nain dans le Hyffhaese, l'empereur (Barberousse) se leva et lui demanda si les corbeaux volaient encore autour de la montagne. Et, sur la réponse afíirmative du berger, il s'écria en soupirant: i1 faut donc que je dors encore pendant cent ans"! H. HEINE (Allemagne) Nas horas tristes que em neblinas densas A terra envolta num sudário dorme, E o vento geme na amplidão celeste
Da lua pálida ao fatal clarão. "Brutus renega a tribunícia toga, O apost'lo cospe no Evangelho Santo, E o Cristo - Povo, no Calvário erguido, Fita o futuro com sombrio espanto. Nos ninhos d'águias que nos restam? - Corvos, Que vendo a pátria se estorcer no chão, Passam, repassam, como alados crimes, Da lua pálida ao fatal clarão. "Oh! é preciso inda esperar cem anos... Cem anos... " brada a legião da morte. E longe, aos ecos nas quebradas trêmulas, Sacode o grito soluçando, - o norte. Sobre os corcéis dos nevoeiros brancos Pelo infinito a galopar lá vão... Erguem-se as névoas como pó do espaço Da lua pálida ao fatal clarão. Adeus, meu canto I Adeus, meu canto! É a hora da partida... O oceano do povo s'encapela. Filho da tempestade, irmão do raio, Lança teu grito ao vento da procela. O inverno envolto em mantos de geada Cresta a rosa de amor que além se erguera...
Ave de arribação, voa, anuncia Da liberdade a santa primavera. É preciso partir, aos horizontes Mandar o grito errante da vedeta. Ergue-te, ó luz! — estrela para o povo, — Para os tiranos — lúgubre cometa. Adeus, meu canto! Na revolta praça Ruge o clarim tremendo da batalha. Águia — talvez as asas te espedacem, Bandeira — talvez rasgue-te a metralha. Mas não importa a ti, que no banquete O manto sibarita não trajaste —, Que se louros não tens na altiva fronte Também da orgia a coroa renegaste. A ti que herdeiro duma raça livre Tomaste o velho arnês e a cota d'armas; E no ginete que escarvava os vales A corneta esperaste dos alarmas. É tempo agora pra quem sonha a glória E a luta... e a luta, essa fatal fornalha, Onde referve o bronze das estátuas, Que a mão dos sec'los no futuro talha ... Parte, pois, solta livre aos quatro ventos A alma cheia das crenças do poeta!... Ergue-te ó luz! — estrela para o povo, Para os tiranos — lúgubre cometa.
Sobre o ovo da utopia Que guarda a ave do porvir. Eu sei que o ódio, o egoísmo, A hipocrisia, a ambição, Almas escuras de grutas, Onde não desce um clarão, Peitos surdos às conquistas, Olhos fechados às vistas, Vistas fechadas à luz, Do poeta solitário Lançam pedras ao calvário, Lançam blasfêmias à cruz. Eu sei que a raça impudente Do escriba, do fariseu, Que ao Cristo eleva o patíbulo, A fogueira a Galileu, É o fumo da chama vasta, Sombra — que o século arrasta, Negra, torcida, a seus pés; Tronco enraizado no inferno, Que se arqueia escuro, eterno, Das idades através. E eles dizem, reclinados Nos festins de Baltasar: "Que importuno é esse que canta Lá no Eufrate a soluçar? Prende aos ramos do salgueiro A lira do cativeiro, Profeta da maldição, Ou cingindo a augusta fronte Com as rosas d'Anacreonte Canta o amor e a criação.. ."
Sim! cantar o campo, as selvas, As tardes, a sombra, a luz; Soltar su'alma com o bando Das borboletas azuis; Ouvir o vento que geme, Sentir a folha que treme, Como um seio que pulou, Das matas entre os desvios, Passar nos antros bravios Por onde o jaguar passou; É belo... E já quantas vezes Não saudei a terra — o céu, E o Universo — Bíblia imensa Que Deus no espaço escreveu? Que vezes nas cordilheiras, Ao canto das cachoeiras, Eu lancei minha canção, Escutando as ventanias Vagas, tristes profecias Gemerem na escuridão?! ... Já também amei as flores, As mulheres, o arrebol, E o sino que chora triste, Ao morno calor do sol. Ouvi saudoso a viola, Que ao sertanejo consola, Junto à fogueira do lar, Amei a linda serrana, Cantando a mole tirana, Pelas noites de luar!